" Outro treino com o vôvô..." pensou Zehel ao acordar do seu sono. Amanhecera recentemente em kirigakure e o avô de Zehel já o importunava aquela hora da matina para o obrigar a levantar " a bunda pesada, da cama." usando as palavras do velho. Como sempre trazia o seu kimono e hakama vestido e o bokken na mão. Franzindo o sobrolho questionou-se "Será que o velho também dorme com aquilo vestido?" De facto era uma boa pergunta, porque o homem tinha um enorme arsenal de kimono's prontos a usar no dojo.
- Mexe-me esse rabo Zehel, não tenho o dia todo!- gritava o homem a Zehel que pegava o seu pequeno almoço.
- Exxxtou a irrrrrr..... - dizia o rapaz com a torrada enfiada na boca, ainda vestia a sua camisa negra e na sua cintura a katana pendia descoordenadamente de um lado par ao outro. Saíram ambos apressadamente de casa de Zehel, partindo em direcção à rua central, como sempre o movimento desta era notável, várias pessoas se deslocavam pelo empedrado em negócios ou simplesmente passeando. Deixando a rua principal para trás chegaram ao dojo, a sua porta de correr pintada de branco não se alterara nem um pouco.
- Fica aqui.- ordenou o velhote, deixando Zehel ali a porta o homem entrou no escuro recinto onde decorriam os treinos de kendo do rapaz, como sempre o homem já tinha tudo arranjado e não demorou tempo nenhum a regressar trancando de novo o dojo. Abandonaram a rua do dojo e dirigiram-se para a húmida floresta de kirigakure. "Que estranho, nunca tive um treino ao ar livre, isto vai ser bem interessante!" obviamente o rapaz já imaginava mil e uma coisas que o seu avô iria pedir-lhe, mas apenas passavam disso, pensamentos, previsões e o velhote sempre fora um mistério de se ler. Penetraram na névoa que rodeava toda a floresta, procurando um local adequado, na frente seguia o homem de cabelos cuja cor já o deixava e atrás deste, olhando muito atento para tudo seguia Zehel agora já pequeno-almoçado e com as roupas ajeitadas. O velho pausou a sua marcha olhando para trás.
- Escusavas de te ter arranjado assim tão perfeitinho, vais tirar a parte de cima para o treino. - Zehel tinha acabado de ajeitar a sua gola mas diabos o mordessem aquilo era gozar com o ceguinho, a viagem toda veio-se arranjando e chega ali e o trabalho fora todo em vão.
- Sério avô, sério que fizeste isso, tristeza... - resmungou o rapaz reabrindo a sua camisa negra e retirando a sua roupa superior.
Finalmente alcançaram o local ideal, segundo o velhote, para o treino, um circulo livre de árvores, porém sem se ver o céu, a folhagem das árvores em seu redor cobria o superior da área.
- Como sabes é bem necessário para os praticantes de kendo uma boa resistência corporal, com certeza já apanhaste com um bokken sólido... - e dizendo isto aproximou-se do rapaz e aplicou-lhe um golpe com o seu bokken maciço nas canelas. -... nas canelas. - terminou o homem. Uma dor apoderou-se da perna de Zehel, era como se um cão lhe tivesse e continuasse a morder a canela.
- Bolas vovô, não podias ter ficado apenas pelas palavras? - questionou algo indignado o jovem.
- Não vai ser fácil este treino mas terás de o suportar se quiseres resistir bem às pancadas. Bem menos conversa... mais trabalho. - dizia o homem brandindo o seu bokken acima do nível da cabeça e atingindo o rapaz na zona das costelas. Um vergão vermelho apareceu na zona de contacto do bokken com a pele e os seus nervos gritavam ao cérebro que aquilo doía, iria ser bem puxado.
- Se te defenderes pode ser que evite as zonas de maior dor, no entanto irei te atingir com mais força. - declarou o velhote investindo de novo ás pernas do rapaz, puxando a sua arma ao seu centro apontou a ponta desta á canela de Zehel, movendo-a para trás o rapaz evitou que o impacto fosse tão prejudicial, era difícil de evitar que um ataque às canelas, que tivesse de acertar nestas, doesse menos, surpreendendo o rapaz o seu avô avançou para junto dele e acertou lhe com um potente punho nas costelas.
- Aguenta rapaz! - gritou vendo a cara de dor do jovem, brandiu a sua arma de novo e com uma rotação total do seu corpo aumentou a potencia do seu ataque, o corte foi direcionado ao peito e se o rapaz não tivesse colocado o braço a proteger provavelmente teria ficado com diversas costelas partidas, a arma de madeira atingiu com imensa força o braço, aquela com certeza que iria deixar marcas, os ataques continuaram sem cessar, provocando ondas de dor no rapaz, o velhote sabia mesmo onde doía e a extrema precisão do homem também não estavam a favor de Zehel, o homem conseguia simular um ataque vindo da esquerda ao seu tronco e subitamente inverter a sua posição para acertar no lado direito do rapaz, mais precisamente acertou no pescoço do jovem, o choque provocou o desabamento deste, a sua solida posição foi quebrada e este recuou um pouco dando algum tempo para se recompor.
- Pega leve avô, irra tem calma com isso. - pedia o jovem agarrado ao seu pescoço.
- Vais gritar como uma menina a pedir piedade numa batalha Zehel? Deixa de ser mariquinha e voltemos ao treino! - o velho parecia estar a gostar da brincadeira, tal como uma criança que têm um novo brinquedo.
Mais meia hora se passou Zehel suportando cada golpe infligido pelo bokken de madeira de carvalho castanho, o seu tronco e as pernas já estavam a ficar com hematomas, uns bem negros, outros nem por isso.
- Ok! - iniciou o velhote. - acho que disto estamos despachados...
O homem colocou a mão dentro do saco branco de pano e retirou 3 bolas de metal com uma forma muito peculiar, as bolas não eram redondas, possuíam picos em toda a sua área, porém um picos não possuíam as pontas afiadas, tinham sido limadas, era um objecto não para espetar mas sim para aleijar. Atirando uma fita branca ao jovem o velho falou.
- Coloca-a a vendar-te, o teu objectivo é tentares apanhar as bolas. - declarou atirando-lhe uma delas, no ar o som de um guizo soou à medida que a bola avançava no ar, esticando a mão o kirinin agarrou a bola com a sua mão, mesmo não tendo as pontas afiadas aquilo aleijara-lhe a mão, a força com que o avô lhe tinha atirado a bola era notável. " Estou tramado! Afirmou o jovem, meu pobre corpo." pensou o rapaz desesperando. Colocou a venda a cobrir a luz aos seus olhos e a escuridão cobriu tudo.
- Bem vamos começar. - afirmou o velhote atirando a primeira bola, o som do guizo a atravessar no ar denunciava a sua posição e Zehel aproveitou isso movendo o seu corpo e colocando a palma da mão aberta para receber a bola, estava confiante no exercício que lhe parecia fácil, no entanto fora atingido pelas irregularidades da bola, em cheio no peito. Várias marcas vermelhas surgiram na zona de impacto que fez o rapaz tossir com a dor causada.
De trás dele de novo o som ouviu-se, concentrando-se nas variações de posição do som o espadachim tentou calcular a trajetória da bola, na sua mente a viagem que esta descrevia estava a ser formada, com mais cuidado desta vez o rapaz estendeu a mão para segurar a bola, apanhou-a dessa vez, porém não lhe doeu a apanhá-la, a textura era diferente.
- Não é esta! - Exclamou Zehel voltando a concentrar-se no som, " Que droga é esta... Ele está a gozar comigo." atrás do jovem a bola de espinhos embateu nas suas costas, provocando mais dor ao rapaz.
-Hey, essa não tem guizo! - queixou-se o espadachim perante a injustiça.
- Acontece Zehel, nem tudo pode ser facilitado. - desculpou-se o velhote.
O barulho de passos chegou à clareira, Zehel notou perfeitamente, e desconfiou do seu avô.
- Avô quem chegou? - perguntou o jovem desconfiado.
- Cedo saberás. - respondeu simplesmente o avô atirando outra bola. O som de novo soou no ar, mais uma vez Zehel experimentou apanhar a trajetória da bola e de novo sem sucesso, era mais complicado do que parecia apanhar uma bola atirada... No instante do embate da bola com a pele de Zehel um novo som juntou-se à festa, parecia água, água a mover-se, mas o que raio fazia ali água? O kirinin cedo descobriu o que esta fazia ali, mesmo quando um chicote feito do líquido o atingiu no peito, fazendo uma linha vermelha aparecer neste, um urro de dor foi soltado da boca do rapaz.
- Estão se mesmo a divertir com isto não estão? Sugiro uma mudança, quero que prendam guizos em vocês também, assim puderei atingir-vos. Parece-me mais justo. - Os dois homens que estavam na clareira entreolharam-se e apenas o avô de Zehel falou.
- Parece-me razoável, mas sendo assim vais ser atacado com tudo. - declarou o vovô.
Recomeçaram então a luta, do lado direito Zehel ouvia o som da água que formava o chicote, optou por fazer uma estratégia simulada, correu num movimento rápido em direção ao homem de alinhamento suiton, investindo contra este, durante a sua corrida realizou um selo com as suas mãos e quando se aproximou do homem este prendeu-o, com o chicote, pelo pescoço, de trás ouvia-se três guizos soarem, " Então é ai que estás!" concluiu Zehel após ouvir os guizos, No momento do impacto das bolas um tronco tomou o lugar de Zehel fazendo do kawarimi no jutsu um sucesso. Atrás do homem de idade surgia Zehel, conseguira calcular mais ou menos o local de onde este estava tendo em conta o som dos guizos, fizera uma simples triangulação e chegara lá, investia agora com o seu punho em riste para atingir o homem, porém o som do guizo soou mais longe, o segundo homem iniciava o seu movimento em direção a ele. Com uma variação recuou o seu punho e encolhendo o corpo deu um pequeno salto rodando 90 graus, a sua perna esquerda deu um coice potente e potenciado pelo uso de chakra acertando nos braços cruzados do seu alvo, suportando todo o impacto a defesa do homem cedeu, mas Zehel não podia ficar no mesmo sitio muito tempo, especialmente vendado. Assim que colocou um pé no chão focou o seu chakra e saltou para o desconhecido, punha as suas mãos à frente para evitar ir contra alguma árvore e ainda bem que o fez pois alcançou uma rapidamente, atrás deste o barulho da água continuava, parecia que fazia uma curva e tardiamente o rapaz não soube como reagir deixando-se cair da árvore, o chicote mais uma vez acertou na pele do rapaz impiedosamente, provocando mais um vergão vermelho na pele dele e uma onda de dor a queimar-lhe as costas. Tocou o chão desastradamente e iniciou numa corrida ás cegas sendo percorrido pelo som da água que o acompanhava sempre, na sua bochecha direita atingiu-o a bola que não possuía guizo, fazendo aparecer alguns pontos vermelhos na sua cara.
O som de um guizo surpreendeu o rapaz mesmo à sua frente e ouviu algo a cortar o ar, a sua prioridade era como sempre proteger a cabeça e por isso desviou-a do local do guizo, porém o seu ombro ficou exposto e recebeu o ataque de madeira que lhe fora destinado. O velho estava a usar o seu bokken maciço, "Sacana pensou Zehel." a anatomia do kirinin não era a melhor para ataques a ombros, os seus ossos nessa zona estavam mais realçados e este fora atingido mesmo num, uma ardor alastrou-se por todo o seu ombro fazendo com que este se queixa-se, mas aquele não era o tempo de queixas, de novo o chicote de água se mexia bem atrás dele, o som do guizo estridente do user de suiton cobria um pouco do som da deslocação de água o que aumentava a dificuldade de esquiva. Baixando o seu corpo Zehel tocou com as mãos no chão e de seguida realizou a impulsão dos seus músculos elevando-o bem no ar, o choque entre água e o terreno soou dando a Zehel uma sensação de descanso, num movimento rápido Zehel sentiu o ar à sua volta a agitar-se, alguém tinha se movimentado para junto dele, um guizo soou no ar mesmo junto ao ouvido de Zehel.
- Porra! Katton:Hakkei! - gritou o jovem fazendo os selos o mais rápido que pode, rodou no plano horizontal o seu corpo aproximando-se da figura que se deslocara para junto de si e quando o timing foi o correto colocou as suas mãos no peito do homem, rodou mais um pouco apontando o ao chão e finalizou o jutsu. Uma explosão de fogo foi criada projetando o homem para o chão. Mas não acabara por ali, um líquido gelado enrolou-se ao pescoço do rapaz arrastando-o também na direção da terra, sem margem para reação embateu com o peito e a cara no chão, estava farto de dor, e de sofrer ataques.
- Vovô não achas que já chega de apanhar porrada?- perguntou o jovem permanecendo exausto e em dores no chão.
- Ok podes tirar a fita então.- permitiu o idoso dando fim ao treino.
O pedaço de pano foi atirado ao ar e inspirando fundo Zehel desfez aquele " pedaço de pano do inferno" (palavras de zehel) com um katon endan. Quando olhou para mirar quem era o ninja que lhe porporcionara toda aquela tortura em conjunto com o seu avô uma cara conhecida apareceu. O cabelo branco do homem não enganava.
- Ash...Ashura?? - questionou o rapaz algo confuso com o que estava a acontecer.
- Sim jovem fui eu que te fiz sofrer, eu e o teu avô já nos conhecemos à uns anos, desde que o dojo foi comprado pelo teu avô à minha família que mantemos contacto. - Nisto um grande roncar ouve-se na floresta e Ashura agarra-se á sua barriga. - Será que pudemos colocar a conversa em dia num restaurante? - perguntou o homem esfomeado.
Uma gargalhada idosa e sábia ecoou por toda a floresta.
- Meu companheiro continuas alegre como sempre te conheci, venham o almoço é por minha conta! - exclamou alegre o avô de Zehel enquanto deixava a floresta de kirigakure para trás
Fim
Assunto: treino numero 9 - blackout practice 
Qua 15 Ago 2012 - 15:15
