O cabelo espigado e loiro de Arata dança com o movimento do vento passageiro. O professor move-se, cautelosamente, para a direita, calculando com grande precisão a distância entre si e Ishida. As palmas, cobertas por duas camadas de extensas ligaduras, encontram-se estendidas para a sua pupila, com os dedos dobrados para o centro das mesmas.
Ishida olha para os movimentos do seu ex-professor, não escondendo o nervosismo de olhar para a deficiência do mesmo, os três olhos… Arata é forte devido à sua deficiência peculiar, os comuns dois olhos, com a adição de mais um, no centro da testa. Com isto, o homem possuí três Kashikogan`s, dando-lhe ainda mais poder corpo-a-corpo, como mais desgaste a nível cerebral. É devido aos efeitos colaterais que o Fukeru vê-se obrigado a cobrir os olhos com ligaduras, incapaz de desativar a Kekkei Genkai.
- O Fuuton de colisão dele contra o meu cortante… - Pensa a Fukeru adotada, apontando o seu pequeno leque na direção do seu mestre - Fuuton: Kazekiri! - Grita a adolescente, varrendo com o seu leque e criando uma potente lâmina de ar que voa na direção de Arata.
O homem inspira profundamente, olhando para os movimentos de Ishida, calculando todas as esquivas que ela podia tomar, como as podia fazer, até onde as podia fazer, entre outras informações, tudo numa fração de segundos. Expira todo o ar comprimido num potente fluxo contra o solo, empurrando-o com o impulso na direção do teto. Com as suas palmas, este manipula o ar à sua volta para rodar o corpo e assim embater com os pés na superfície acima. A lâmina de Ishida passa a rasar-lhe pelas costas da camisa, dando-lhe luz verde para iniciar a corrida no teto, como uma aranha em busca da presa na sua teia.
A portadora do leque percebe de imediato a atitude do seu professor, preparando-se para sair daquele local o mais rapidamente possível.
- Ela vai para a esquerda depois de soltar uma rajada de vento a cinquenta centímetros à minha frente… - Calcula, sem erro, o Fukeru, cancelando a concentração de chakra na sola dos seus pés para cair sobre o solo. Segundos depois, Ishida atingia o local com uma rajada de vento, tal como ele havia calculado - Previsível…
Num movimento limpo, Arata estica a palma em frente, soltando uma rajada de vento que impacta com o corpo da sua pupila, projetando-o contra os destroços da parede atrás dela, levando-a a grunhir de dor. Ainda não estava inconsciente. À medida que a rapariga se levanta, o professor sente uma pequena dor de cabeça a surgir, levando a que a própria visão fraquejasse num breve momento. Apoia uma das mãos sobre a zona dolorida, esperando um pouco para que se sentisse normal mais uma vez.
- O Kashikogan dele é diferente dos outros… - A adolescente passa um pouco de vento sobre os seus braços, limpando-os da poeira e de algumas pedras que neles se aglomeraram após o impacto - Permite-lhe aprofundar mais a análise sobre o corpo do inimigo. Kimera ensinou-me a lutar contra o Kashikogan, mas não contra este! - A adolescente afasta o leque do seu corpo, agitando o ar à sua volta e comprimindo-o à sua frente - Fuuton… - Tinha o professor na sua mira, mas ele já não estava no local de há pouco, surpreendendo-a pela ação inesperada - Ele desviou-se antes de eu atacar?!
O Fukeru surge à sua frente, atingindo-a com uma palmada na barriga, seguida por outra ascendente no peito, que lhe elevava o corpo para o ar. Aí, ele arremessa uma dupla rajada de vento que impacta com o corpo da adotada, arremessando-a contra o teto, ricocheteando-lhe depois o corpo contra o solo. Um pequeno rastro de sangue forma-se pelo caminho, mas mesmo assim Ishida levanta-se sobre a cortina de poeira formada. Contorcia o corpo para a frente, devido às dores ao longo do dorso, e limpa o sangue que lhe foge da boca, olhando para Arata assustada e determinada.
- És uma boa Kunoichi, mas não és uma Fukeru. - Avalia o professor, ofegante pelo uso da sua Genkai, apesar de ter sido em curto tempo, numa tentativa de distinguir o corpo da sua aluna no meio de tantas distorções.
- Arata-sensei, o meu vento é melhor que o seu! - Grita a rapariga, olhando divertida para o braço do seu oponente.
Arata, confuso, segue o olhar da sua aluna (algo ofuscado), vendo um papel bege colado na manga do seu casaco, com o kanji “Vento”. Não teve tempo de proferir uma palavra ou fugir, o kanji ganha uma aura esbranquiçada e, de imediato, um potente fluxo de vento puxa o corpo do Fukeru contra o solo, restringindo-lhe os movimentos e impedindo-o de levantar-se.
Naquela posição, onde nem consegue erguer a cabeça, ouve a voz feminina de Ishida a gritar “Ōkamaitachi”, seguindo-se por o som de um tornado. Fecha os olhos, aproveitando a ocasião para descansar um pouco a sua visão, sentindo o vento a cortar-lhe a carne e a impulsão a ser superior ao papel, arrastando-lhe o corpo até ser a vez de ele embater contra a parede abaixo do escritório de Tadao, causando a sua própria cratera. O seu corpo, após ver-se livre da rajada de vento, cai sobre o solo, coberto por cortes ensanguentados e outros ferimentos graves.
- Não me subestime sensei, por favor… - Pede Ishida, relembrando-se como havia colocado aquele precioso papel na manga do seu professor quando ele lhe havia atingido com uma palmada na barriga.
Uma pedra desliza pela cratera, saltitando entre os destroços até pousar sobre o solo. Outra pedra segue-se, e mais uma vai pelo exato caminho, até que o corpo do Fukeru se ergue no meio da parede destruída, afastando as rochas soltas e algum pó. Vira-se para a sua aluna, fitando-a com ferocidade e dor, apesar de não conseguir vê-la com total claridade.
- Fuuton… - Prepara-se a adolescente, não surpreendida por ver o seu professor ainda de pé, afastando o seu leque para usar mais uma técnica de vento - Perdoe-me!
Não havia nada para perdoar. Ao mesmo tempo que o leque se movia para a frente, uma rajada de vento surgia por debaixo, atingindo-o em uma das faces e projetando-o para o ar. Ishida olhava, estupefacta, para o seu leque que já não se encontrava mais na sua mão, olhando depois em frente e já não vendo Arata. Engoliu secamente, desviando depois as suas órbitas para o flanco direito. Ali estava o seu professor loiro, a criar uma pequena esfera de vento na palma da mão e a terminar com a consciência dela…
- Não foste dotada com o Kashikogan… - Murmura o professor, fechando os seus três olhos e cambaleando para a frente. O seu cérebro já estava muito fraco nesta luta tão pequena, levando-o a sentar-se ao lado do corpo inconsciente da sua aluna, esperando para que a canseira se cansasse dele…

Uma cauda verde rompe o cenário, cravando-se contra uma das garras, também ela verde, do exosqueleto de Kimera. A cauda, vendo que o seu ataque não funciona, contorce-se de volta para o corpo de Tadao, levando a que o homem ajeitasse os seus óculos sobre o nariz.
- O quão boa ficaste, filha? - Pergunta o Fukeru correndo em frente, para próximo da sua familiar - Não é qualquer um que ativa o Namanurui Sasori.
Kimera lê o movimento do seu progenitor, dando um salto para trás, esquivando a estocada da cauda, seguido por outro para a direita, desviando-se da varredela de uma das garras do exosqueleto do seu pai. Dá dois passos atrás, calculando a distância como suficiente para um ataque repentino por sua parte, e tira o cigarro da boca.
- Se falasses menos e lutasses mais não era preciso responder a essa questão! - Grita a loira voltando a colocar o cigarro na boca e apertando ambos os punhos, deixando que o seu chakra esverdeado continuasse a fluir ao longo do corpo.
- Podias, pelo menos, evitar usar o cigarro enquanto lutámos! - Grunhe Tadao, dando um salto em frente e esticando uma das garras para a sua esquerda, cravando-a numa das estantes repletas de livros e arremessando-a na direção da sua filha.
- Não me parece! - A loira limita-se a agachar-se contra o solo, esticando as costas para cima, estas que se encontravam cobertas por camadas de chakra verde. A estante quebra-se em pedaços de madeira mal entra em contacto com a primeira camada, revelando-se fútil contra aquela defesa - O Namanurui dá-nos uma proteção perfeita nas costas, mas ficamos totalmente indefesos à frente. Para piorar, estas placas de chakra nas costas são tão pesadas que ficámos demasiado lentos… - Kimera começa a pensar em soluções, analisando todos os movimentos do seu pai com o Kashikogan, apostando que ele fazia o mesmo nela - E os nossos Kashikogan estão a níveis iguais, vai ser fodido…
Tadao sorri, por um breve momento, limitando-se a agarrar nos óculos e retirando-os de frente da sua cara. O chakra verde envolto do seu corpo começava a prolongar-se pelo braço, engolindo também o seu acessório naquela aura pesada. Como se tratasse de um arremesso, o pai de Kimera atira os óculos contra a sua filha, tornando-os num potente projétil que a adolescente mal consegue evitar, obrigando-a a cruzar duas garras em frente do peito, sentindo o forte impacto nos seus seios.
- Namanurui é essencialmente feito de chakra bruto e extremamente pesado. O chakra é capaz de envolver outros objetos mais pequenos e banais, tornando-os em projéteis de curto alcance capazes de destruir defesas muito resistentes… - Na mente da loira, esta revia a informação que tinha sobre a segunda habilidade dos Fukeru, tentando lembrar-se de estratégias para combatê-la - É complicado combater o exosqueleto só com ataques corpo-a-corpo. São praticamente inúteis…
Uma das garras de Tadao move-se para a direita, usando-se como distração para que a sua companheira se projetasse em frente, visando atingir a face de Kimera. Ela reage como esperado, bloqueando o ataque e vendo que a usada como distração se tornara num inesperado ataque por cima. Assim, dá um salto para trás, encurtado pelo peso da armadura, evitando o impacto que, apesar de não causar dano, lhe teria colocado tonta.
Vendo que ambas as garras de Tadao estavam fora das posições, Kimera estende a sua cauda ao encontro do seu progenitor, mas este intersecta-a com a sua. Os chakra verdes de ambas as caudas colidem-se acirradamente, causando uma faísca proveniente pelo atrito entre ambas. Apesar das caudas encontrarem-se a digladiarem-se entre si, pai e filha não ficam quietos à espera de uma vitória tão simples, projetando-se e frente para mais um confronto físico.
A Fukeru abre as hostilidades com um pontapé ascendente a visar o queixo, mas o progenitor reage a tempo, afastando-lhe o tornozelo com as costas das mãos, para depois tentar a sua sorte num pontapé contra a barriga da sua filha. Kimera não lhe é inferior, usando uma garra para tentar separar o pé do seu pai da perna, levando-o a estender também a sua garra para impedir o ato. A cauda da princesa, que se separara da do “rei” a meio do confronto, desce para tentar cravar-se no crânio do seu oponente enquanto a cauda dele descia para o solo, contornando o cenário de luta num círculo imaginário. Para defender-se do ataque, o Fukeru vira-se de costas, deixando que as suas placas de chakra absorvessem o ataque na sua totalidade. Kimera, por seu lado, estava tão focada na luta que não reparava como a cauda do Kage rodeava a sua perna, arrastando-a para o ar, desequilibrando-a e levando-a a colidir contra o solo.
A adolescente grunhe de dor por ter batido com as costas nas próprias placas do exosqueleto, apertando o cigarro na sua boca para que este não lhe escapasse, ou para que não o engolisse descuidadamente.
- Sou um Kage, filha. Não podes simplesmente chegar aqui e quereres roubar-me o lugar - O homem passava as costas da sua mão pela testa, afastando o irritante suor, sorrindo depois para ela - Não consegues derrotar-me…