Num dia enevoado em kirigakure no sato um jovem deixava a sua casa em direção aos penedos com pequenos passos semelhantes aos de uma marcha fúnebre, o luto do rapaz era facilmente notável nas suas roupas e na sua cara. A tristeza abatia-se dele a cada passo que dava em direção ao exterior da vila do nevoeiro. Estivera estes dias bastante doente, como se o seu selo amaldiçoado o estivesse a ligar ao seu parente partilhando a dor dele no seu corpo. A seu lado a sua magnifica namorada nunca o deixara de o tratar, tinha uma devoção imensa pelo rapaz e não gostava de o ver sofrer e por essa razão custara-lhe bastante aceitar a decisão do jovem. Ia haver uma guerra entre dois clãs e Zehel seria quem estaria mais activo nela sendo aquele que guardava mais raiva dos seus oponentes. Muito estava prestes a mudar... Restava saber se o jovem estava pronto para tal.
De novo encontrava-se na entrada do local fatídico onde tudo começara, a grande encosta da perdição, os seus afazeres no local ainda não haviam sido acabados. Preso ao seu cinto possuía um saco de serapilheira que rapidamente agarrava tendo já o seu plano traçado, não olhava para a destruição tentando não ser apanhado de novo pela mão esquelética e fria da tristeza, dirigiu-se para o local de pesquisa do seu familiar encontrando de novo a visão sangrenta. Cobrindo a sua boca com a mão Zehel tentou impedir o vómito que o cheiro pútrido que se sentia na divisão. O corpo dos humanos estava cheio de larvas e de moscas contrastando com o corpo do canino que não apresentava traços de decomposição, era um ser diferente isso era certo e nem as moscas queriam tocar-lhe, olhando em redor do pequeno quarto o rapaz procurava a cabeça dos dois homens esperando obter alguma identificação.
- Tsc, eles não são parvos... - concluía o Kendoca ao ver os corpos mutilados possuindo as cabeças desaparecidas, para grande desilusão do Zetsubõ ainda não tinha uma pista concreta de quem podiam ser estes Hantã no me então guardou o seu saco pois não iria ser necessário por enquanto, não ia ser enganado da próxima vez... Sentindo-se tentado a procurar por mais algo que os identificasse, uma tatuagem, uma deformação, um objecto, o rapaz forçou-se a não o fazer ao olhar para os seus corpos podres e provavelmente cheios de doenças. Dirigiu-se então para a bola de pêlo negra e pegou nesta segurando o seu peso morto às costas, no seu tronco era facilmente notado os diversos cortes realizados pelo seu atacante. O seu físico ainda estava um pouco debilitado da doença recente que sofrera e por isso o seu próximo desejo seria um pouco mais doloroso de cumprir, suportando todo o peso do canino o rapaz iniciava a sua caminhada saindo do hideout e subindo a montanha verdejante e húmida. A típica humidade da zona ia ser um grande obstáculo para o kirinin uma vez que além da terra ficar mais escorregadia sob a forma de lama qualquer maciço rochoso que fosse necessário subir iria apresentar-se com uma dificuldade extraordinária ao levar o peso do companheiro do seu familiar às costas, era algo que Zehel queria fazer, como um tributo ao canino do seu clã que tão fiel fora que se sacrificou no local do ataque. Demorou ainda algum tempo até conseguir alcançar o topo da montanha, chegando lá no momento em que o sol atingia o seu ponto mais alto. A vista era esplêndida naquele pequeno espaço de terra, estavam acima do nível das nuvens e a porção de terra que lhes dava apoio aos pés não devia ter de raio mais de 20 metros, conseguiam ver a 360 graus o fim do espaço e a queda que se seguiria.
- Aqui está meu bom amigo, um lugar digno de ti. - afirmou o rapaz sacando as suas coisas que trazia, retirava uma pá que trazia presa à sua mochila e começou a trabalhar a terra retirando-lhe grandes pedaços. - Um lugar acima das nuvens onde poderás sempre ver tudo o que se passa lá em baixo. Aqui terás sempre o sol a brilhar sobre ti e a lua a guardar te na noite. Que encontres aqui a paz que em vida te foi tirada e que no mundo seguinte aguardes a minha vinda e de Ashura, nunca sairás do nosso lado podendo agora acompanhar-nos sempre que assim o desejares. Com a tua proteção daremos continuidade ao nosso clã e reconstruiremos tanto a minha linhagem como a tua. - proferia Zehel numa despedida fúnebre para o canino que seguia o seu parente para todo o lugar. Colocando o corpo negro dentro do buraco que faria de seu tumulo cobriu toda a abertura com terra e espetou a pá o mais fundo possível na terra assinalando o local onde a sepultura estava.
- Encontrei isto no meio das vossas coisas, suponho que sejas tu e Ashura quando eram mais novos. - referia Zehel retirando uma moldura com duas figuras presentes na fotografia, um canino como Cereberus e uma pessoa bastante semelhante a Ashura mas ambos estes com menos alguns valentes anos em cima. Da sua mochila também um bouquet de rosas brancas fora retirado, aquela era o tributo da família de Zehel Matsuri, incluindo Ykarus, todos eles contribuíram para formar o bouquet que o rapaz pousara junto à pá e à foto permanecendo posteriormente de pé uns momentos em silêncio prestando homenagem ao defunto.
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Algures num sitio bem afastado de kirigakure uma residência mal iluminada dava lugar a um encontro de emergência entre grandes potências da área que dominavam.
- Uma guerra está a ser travada. - começava a falar uma voz rouca e fraca levantando a sua mão coberta de ligaduras. - Por favor sentem-se meus amigos. - pedia o homem deitado numa cama onde descansava todo enrolado em ligaduras.
- No mundo dos humanos está-se a aproximar uma guerra entre os Hantã no me e os Zetsubõ, ao que parece não fomos os únicos a sobreviver desde aquela catástrofe, peço-vos que avisem todos aqueles que estão ligados a nós que a guerra vai estoirar de novo e que podem-se juntar ás nossas armas ou afastarem-se, a escolha é deles. Ashura já fez um bom trabalho ao reunir-se com o meu filho e dar-lhe poder ligando-o ao mesmo tempo a nós, ele é a última esperança dos Zetsubõ, é o último sangue puro, nascido de dois Zetsubõ vindos da linha continua de sangue não manchado por outro DNA, ele contém dentro do seu corpo o puro DNA do nosso clã, sem mancha. Por isso peço-vos que o guardem pois se o miúdo não deixar descendência, os Zetsubõs vão iniciar a sua extinção, é muito raro o gene da nossa linhagem ser o Dominante, graças a Deus que o pai do irmão dele era um bastardo de linhagem fraca, podendo assim a mãe dos dois rapazes ter deixado a linhagem também a Nagasuke.
- De facto és um pai preocupado. - afirmava rindo uma sombra que se deslocava serpenteando pela sala. - Nós avisaremos aqueles que nos ajudarão e anunciaremos que estes devem procurar o salvador dos Zetsubõ se desejarem lutar. Nós conseguimos dar a volta a isto dessa vez, não seremos silenciados de novo pelos shinobis, não te esqueças que desta vez temos mais gente como shinobi, por isso temos a oportunidade de reescrever a história.
- Não te preocupes mano, nós tratamos de tudo, agora tenta descansar um pouco, tens de recuperar as forças. Não penses na guerra apenas descansa, fecha os olhos e dorme, não tentes sempre salvar toda a tua gente pois se o fizeres vais esquecer-te de salvar quem realmente precisa de ser salvo. - declarava uma voz sábia feminina que estava sentada mesmo à cabeceira da cama guardando o homem que se encontrava em repouso.
- Talvez um dia... o veja a reerguer-se no meio dos corpos tombados, vitimas de uma guerra cruel e gananciosa e aí vê-lo-ão como um grande ninja e um grande homem, declarando vitória sobre os seus inimigos. Aí sim saberei que a minha missão em vida terminou e que deixarei ao mundo um filho forte que se consegue erguer pelas suas próprias pernas e andar pelo mundo fora, espalhando a paz e combatendo as injustiças. Os nossos antepassados foram cruéis e frios, no entanto os tempos eram outros, tempos de guerra trazem sempre dor e frieza ao mundo, agora os tempos mudaram é o período correcto para endireitar o nosso clã, peço te uma coisa Mira, minha irmã, quando o rapaz estiver na beira do precipício, toma a ação correta e não o deixes cair, orienta-o na sua jornada. - pedia o homem elevando a sua mão para tocar nas feições da mulher fazendo-lhe aquele pedido com as lágrimas nos olhos cinzentos e sem luz.
- Meu irmão, prometo-te que não deixei a nossa esperança esmorecer, farei daquele rapaz o mais forte possível, para que os nossos inimigos não lhe façam frente. Irei treiná-lo até ele não puder mais e até os seus músculos começarem a queimar de tanto esforço, irei poli-lo em termos de astúcia e farei dele um grande shinobi. Um chunnin Shiken aproxima-se para todos os shinobis do mundo, vamos dar este tempo de pausa para ver como o rapaz se safa e após a sua longa batalha vamos começar a investir nele ao máximo!
Continua