Ele se escorou no parapeito da janela, seus olhos fitaram o céu. A noite havia se instalado fria e brumosa, como de costume por aquelas bandas. A escuridão caía num breu aclarado pela cintilante lua crescente, conforme o diadema estelar exalava toda a sua venustidade ao redor daquele corpo celestial mestre.
Seu olhar frio característico ia além da lua, ele não só via, mas também imaginava; tudo. Como uma ilusão, sua mente desenhava o cenário meramente ilustrado por ele mesmo, de maneira que repentinamente a coloração lívida fosse pigmentada por um vermelho intenso, e três vírgulas pretas surgiram sobre a superfície lunar.
Sharingan. Seus olhos cintilaram com fulgor, como se o garoto necessitasse despertar sua principal habilidade natural, mas um ruído por perto tomara sua atenção instantaneamente. Passara entre a abertura da janela num só pulo, desconfiado, mesmo sabendo que sua mente poderia estar lhe aplicando mais uma pegadinha.
Pé por pé, se esgueirou entre a penumbra na direção de onde o ruído viera. Era tarde, a maioria das pessoas estavam dormindo, e pelo que tinha noção, raramente alguém perambulava por ali à noite. De acordo com que fosse se aproximando, viu que eram barulhos de passos pesados, ecoavam no saibro provocando vários toques no solo.
Sinais claros de uma luta? Talvez. Rezou para não ser percebido, escondeu-se atrás de uma casa, de costas para a parede, tentara observar algo dali. Ele viu a silhueta de duas pessoas, a menor parecia uma mulher, notou isso pelos seios avantajados, e a maior um homem, um homem velho; julgando pela postura e maneira que se locomovia.
Parecia ser uma espécie de treino, apesar d'aquilo não ser um hábito entre os Uchihas - treinar tarde da noite. Izumi invejara de longe os olhos escarlates da mulher, ostentavam o segundo nível do Sharingan. Remeteu-se ao silêncio, e observou a luta entre ambos por um tempo e depois voltara para casa, caminhando pelas ruas vazias que delineavam a área residida pelo clã Uchiha.
Quando ele voltou, sua mãe o esperava na porta de seu quarto.
- Filho, onde você estava? Já deveria estar dormindo. - Izumi deitou-se em sua cama, olhando para o teto com as mãos atrás da cabeça.
- Pensei ter escutado algo, não se preocupe. - Disse, soporífero, enquanto bocejava.
- Certo. Só gostaria de te lembrar que amanhã tens o teu primeiro treino com a equipe...
- Sim eu sei, também sei que está um pouco preocupada com isso, relaxe, não farei nada precipitado. - Ele manteve-se austero, mas fora obsequioso.
- Bem, eu já passei por isso uma vez, sei que você está provavelmente um pouco nervoso, fique tranquilo e tudo dará certo. - Ela queria tranquiliza-lo, apesar de seu tom de voz não ser nada tranquilo.
- Tudo bem, também já tenho isso em mente. -
- Boa noite então, e boa sorte amanhã. Estou orgulhosa de você. - Ela afagara sua cabeça, e saía do quarto. Izumi retrucara algo e depois de alguns longos minutos, pegara no sono.
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Ele já estava de pé, quando os pássaros começaram a cantarolar ao vigor da aragem fresca matinal. O orvalho costumeiro despojava-se sobre as folhas verdes, um brilho limpo e puro, e ao fundo, o infinito emergia num chão de nuvens de algodão.
- É realmente hoje... - Murmurara, sentindo da mesma janela, a brisa tocar-lhe a face.
Seu material bélico já havia sido preparado, já estava vestido e já havia tomado café da manhã. Mas algo o prendia naquela casa, o impossibilitava de sair. Mas o quê seria? Ele realmente não fazia ideia. Talvez sua mãe estivesse com total razão, no fundo ele estava nervoso, ou estivesse com medo. Talvez tudo o que ele precisasse agora era um pouco mais de... poder?
Maldito Sharingan. O sangue em suas veias ferveram, então ele partiu, talvez mais nervoso do que deveria estar.
Pelo o que haviam lhe informado, o treino se passaria num conhecido campo de treinos da vila, próximo a sua casa, por sinal. Sua velocidade era aumentada através de uma camada mediana de chakra criada pelo Shunshin, e isso fazia com que ele passasse entre as árvore rapidamente. Circunspecto, executara movimentos tenuíssimos e num último salto entre os galhos das árvores, caíra na grama rasteira, já dentro da clareira.
Haviam duas pessoas ali, Kuroro e Aiko. Ambos afastados um do outro, o garoto às sombras da única árvore evidente, e a garota as margens do riacho que gorgolejava devido à pequena correnteza.
- Então, já estão todos aqui? - Uma voz rouca e suave calhou no local, nenhum dos três conseguiu distinguir de onde ela viera, mas ficaram todos atentos.
Uma mulher? Questionou Kuroro.