Do alto da duna, a lua cheia mostrava o vulto de uma jovem garota que fitava o mar e seu horizonte infinito na escuridão. Através do véu de seda, que deixava apenas transparecer apenas seus lindos olhos castanhos, ela vislumbrava o mar calmo do Atol quando uma rajada de vento fez balançar compulsivamente o pesado manto que vestia. De cor cinza, o manto se abriu rapidamente, deixando à mostra a fina túnica bege que grudava em seu corpo esbelto e bem delineado. Juntando os braços para proteger-se dos arrepios que a noite trazia, Yuka tentava entender os acontecimentos de alguns dias atrás quando o pequeno vilarejo onde morava fora atacado por piratas. - Muitos morreram. - Ela choramingava ao se lembrar dos bárbaros que não perdoaram ninguém. Ela não sabia o que de pior poderia acontecer se a patrulha do País do Fogo não estivesse a postos naquela manhã. Felizmente nenhuma de suas crianças ficou ferida e o templo que fora convertido em orfanato foi salvo por quem menos esperava: Um dos piratas. Um jovem como ela. De olhos claros e valentes. A jovem ruboresceu dentro daquela pesada vestimenta e teve vergonha de seus pensamentos mundanos, virando rosto para o que restara do vilarejo que ainda ardia em chamas. Felizmente, por ironia do destino, todos os pertences de valor dos cidadãos foram poupados do incêndio graças à ganância dos piratas que os agruparam na pequena praça central. Enquanto isso, o restante dos moradores tentava apagar os incêndios com a ajuda dos marinheiros que aportaram à margem para prestar auxílio. Yuka rezou mais uma vez para o Rei Macaco e desejou que tudo aquilo passasse, agradecendo ao estranho que salvara a ela e as crianças do orfanato que cuidava com a sua irmã mais velha.

"Tenho que voltar. Kanma deve estar me procurando." - Pensou a freira, preocupada com o que sua irmã acharia. Guardando as mãos de volta aos bolsos do manto, a jovem se virou e deu os primeiros passos de volta ao vilarejo quando um fraco ranger de passos na areia chamou sua atenção. Agachando-se rapidamente, a freira engatinhou até a beirada da elevação quando viu uma pessoa empurrando um pequeno barco margem à dentro. Como estava bastante escuro, não conseguiu diferenciar se se tratava de outro marinheiro para prestar ajuda ou se era algum outro habitante do local. Apesar de já estarem ali por três anos, as pessoas do vilarejo sempre recebiam visitas de seus entes queridos. Mas não naquela hora da noite. Assim, esgueirando-se com certa agilidade de anos perambulando nos desertos, Yuka se afastou da trilha principal, esperando que a figura misteriosa não a percebesse e passasse por ela sem a incomodar. O vulto, por sua vez, após se assegurar que seu bote não escaparia com a maré, buscou um grande saco dentro da embarcação e o jogou nas costas. Sussurrando algumas reclamações sem sentido, o vulto começou a boa caminhada pela duna até se aproximar. Com receio, a jovem começou a rastejar até um pequeno arbusto seco, esperando que seu manto lhe desse alguma cobertura, mas quando levantou a cabeça para continuar a observar o estranho, uma voz a pegou desprevenida. - O que está fazendo aí no escuro? - Sussurrou Daisuke tentando imaginar o que aquela garota fazia naquela hora e naquela posição. Yuka saltitou apavorada e rodopiou o braço tentando golpear o estranho quando foi imobilizada imediatamente contra o forte peito do loiro que se esforçou para tapar a sua boca antes que ela gritasse.

- Calma. Calma. Sou eu! - Tentou tranquilizar a moça. O sangue da garota gelou por alguns segundos. Seus olhos se encontraram mais uma vez e enfim conseguiu se acalmar o suficiente para que Hiroshi a soltasse. Arrastando-se pela areia para se afastar do pirata, Yuka parou por alguns constrangedores segundos e sem revelar seu rosto acenou positivamente para o estranho. O nukenin ficou sem graça, afinal, não tinha o que dizer. Então, agarrando o saco que carregava, ele o abriu contra a luz da lua para mostrar o que trazia: Comida, água potável e alguns brinquedos artesanais. - Como estão as crianças? - Perguntou tentando quebrar o gelo e o silêncio incômodo. Sem responder, a garota levou o dedo até a boca sob o véu num conhecido sinal de silêncio e então apontou para o grupo que tentava apagar outras fagulhas que ainda resistiam no vilarejo. Daisuke olhou então para o restante da vila destruída e seu coração ficou pequeno diante tamanha atrocidade. Ele sabia que deveria ter agido para impedir a invasão. Seus pensamentos deixaram-no distraído o suficiente para que a garota pegasse em seu braço para arrastá-lo por uma trilha que circundava a região e desembocava nos fundos do orfanato, onde se conseguia ver através do prédio inacabado, uma pequena lareira acessa para proteger uma dezena de crianças que dormiam tranquilas. Hiroshi sorriu para a cena acolhedora, mas percebeu a aproximação de mais alguém trazendo um cesto de roupas lavadas para o varal do quintal. Rapidamente o jovem saltou para o telhado tão silenciosamente que Yuka ficou sem saber para onde ele tinha ido até que sua irmã surgiu da escuridão apressadamente, tomando um grande susto quando viu a garota sozinha na escuridão.

- Yuka... Já passou da hora de dormir. - Reclamou Kanma.
- Está bem. Estou indo. - Agachou-se para buscar o saco.
- O que é isso? não leve lixo para dentro. - Avisou.
- são doações de um protetor. De um bom rapaz. - Falou Yuka.

Do telhado, Daisuke ouvira todo o diálogo e ficou feliz em saber que ao menos tinha ajudado a amenizar o sofrimento das crianças. Contudo, outro sentimento invadia seu peito de surpresa. Tanto que se pegou suspirando ao lembrar-se daqueles olhos castanhos novamente. O corpo da jovem contra o dele. Suas curvas firmes e macias. Sua voz suave, mas forte na medida certa. Parecia que o jovem carrancudo enfim estava se apaixonando. - Só me faltava essa. - Sussurrou sem graça, enquanto se deitava para olhar a lua por alguns minutos e ter certeza de que Kanma não retornaria com mais roupas. Então, descendo tão silenciosamente quanto subira, ele olhou para os lados e pelas frestas viu Yuka a retirar o manto contra a lareira, deixando sua túnica bege transparecer seu lindo corpo. Daisuke corou na mesma hora e desviou o olhar de maneira infantil. Talvez o rei macaco não aceitasse que ele se interessasse por alguma de suas sacerdotisas, mas mesmo assim aquela linda visão ficou gravada em sua retina por um longo período enquanto retornava ao seu bote e ganhava a escuridão do mar tranquilo, guiando-se pelas estrelas até adentrar novamente na garganta do diabo já com o nascer do sol. Amarrando o bote à beira do Yukikaze ainda a ser reparado, ele procurou pela tripulação que dormia bêbada da noite anterior, o que aliviou sua consciência pela sua ausência ter passado despercebida. Segundo a informação do capitão pirata, a embarcação ficaria há cerca de uma semana para reparar todo o dano recebido e isso lhe daria tempo suficiente para conhecer melhor a garota misteriosa com seus olhos encantadores. Suspirando, ele se deitou na velha rede de sempre e parecia que havia relevado todo aquele fedor, dormindo com tranquilidade por mais algumas horas.

Nossa, ele foi apaixonar-se por uma freira? Agora percebi a cena dos olhos castanhos no Filler anterior, ele não conseguiu esquecê-los quando os viu durante a invasão. Eh pah, criaste aqui um momento muito romântico! O mais engraçado é que Yuka também parece interessado no pirata, o que eu acho um pouco estranho mas completamente válido .

Então o Daisuke vai esquecer o seu bromance com o Lian e tentar umas cambalhotas com a Yuka? Olá, essa história vou seguir .

Continua ^^

Então os olhos castanhos era de uma freira, aquela a qual estava a guardar as crianças do orfanato no templo. Realmente é estranho o Daisuke se apaixonar assim, mas apesar de tudo ele é humano e pode ter outras paixões além da sua Droga  . Vamos ver se essa mulher consegue mudar esse pirata crackudo ^^

Força na Historia!!!