Missão 1
O sol tinha nascido naquela pequena planície rochosa coberta pela neve da noite anterior. No interior da pequena casa de pedra já se fazia sentir o calor do carvão incandescente enquanto Keita usava o seu braço esquerdo para forçar o enorme fole de pele a encher e a esvaziar aquecendo a forja. Tinha o tronco nu e gotas de suor escorriam pelo seu corpo bem defenido, a falta do braço direito dava uma aparência estranha ao rapaz que se movimentava com alguma falta de equilíbrio, já fazia uma semana desde que ele tinha começado a ajudar o velho Fuu na forja, algo que ele não gostava nada mas o velhote insistia que fazia parte do seu treino.
A passos rápidos Tali apareceu na cena apanhando o seu cabelo no seu característico enorme rabo de cavalo vermelho, Keita não pode deixar de olhar, visto que esta tinha apenas vestido a sua característica t-shirt de fishnet, aquele olhar incomodou Tali que lhe lançou um olhar desaprovador, mas este não parou, a sua personalidade tinha mudado desde a conversa que tinham tido, tanto que alguns dos dias os dois começavam a dar-se bem um com o outro.
Enquanto isso Fuu dirigia-se para a forja pegando num pequeno pedaço de carvão com umas tenazes e levando-o ao seu cachimbo ascendendo o tabaco que se encontrava no seu interior, depois de dar uma enorme golfada de fumo dirigiu o cachimbo na direcção de Keita, exalando o fumo enquanto falava.
-Já esta bom, podes ir lá para fora treinar.
O samurai balbuciou umas palavras de reprovação e saiu da casa para o frio, em tronco nu, fazia parte do treino do Fuu, dizia que o frio dava mais resistência ao corpo. Depois disso retirou um pedaço de papel do seu avental de couro dando-o a Tali e explicando o seu conteúdo.
-Tens aí a lista de materiais para o que me pedis-te, vai ser algo difícil de construir especialmente o ultimo objecto. Sei que já estas a margem da lei, por isso não te deves importar em “roubar” algumas coisas, mas o ultimo vai ser um desafio.
A samurai examinou a lista fixando os olhos no fim desta.
-Para que precisas disto, não tens os teus próprios desenhos para isto?
O velho lançou uma data de fumo pelo nariz e abanou a cabeça em desaprovação.
-Eu construo coisas inanimadas, não sou mestre em marionetas, mas posso dar um jeito se me trouxeres os planos e o esqueleto desse novo braço de marioneta. Soube por um amigo que uma caravana de Suna vai mostrar esse protótipo a um senhor rico do país do ferro que gosta de marionetes, esta a ser guardados por ninjas de Suna e é muito valioso. Vão passar por Sekitan daqui a três dias, por isso tens dois para conseguir o resto da lista e depois isso. Estás dispensada.
Tali guardou o pergaminho dando uma pequena vista de olhos nos primeiros objectos que tinha de arranjar, que eram eles três lingotes de titânio e dois de ferro.
Juntando as suas coisas e vestindo a sua armadura, colocou um enorme lenço sobre os seus ombros tapando metade da sua cara e corpo, a sua katana recaia no seu lado esquerdo da cintura e foi assim que saiu para a rua, sendo que a sua respiração se tornou num espesso vapor branco.
Sobre passos largos sobre a neve viu do seu lado direito Keita a treinar alguns golpes de taijutsu com o seu braço esquerdo sobre um simples boneco de madeira. Os dois param olhando um para o outro, mas nenhum proferiu uma palavra inicialmente, Keita parou encostando-se sobre o pedaço de madeira e colocando um cigarro na boca acendendo-o com um fosforo e apenas dizendo.
-Boa sorte.
Tali apenas fez um pequeno gesto com a mão continuando o seu caminho. A sua mente prendia-se agora sobre os primeiros objectos da lista, Tali sabia de uma mina ali perto onde a especialidade era a mineração de ferro, já o titânio tinha de tentar roubar alguém que o produzisse. Apenas sabia que se tinha de despachar.
Concentrando algum chakra nos seus pés realizou uma data de shunshins pelas rochas cobertas de neve até chegar suficientemente perto da mina parou, escondendo-se sobre umas rochas que davam para a entrada da mesma. Esta estava guardada por dois guardas que empunhavam duas katanas eles mesmos. Depois de algum tempo a observar a mina a samurai reparou que depois de algum tempo alguém sai da mesma com um pequeno carro de mão transportando uma data de ferro em bruto e depois regressa com um toldo sobre o mesmo carro.
“-Posso usar o carro para entrar dentro da mina sem ninguém dar conta e sair da mesma forma, assim evito lutas desnecessárias.”
Depois de algum tempo um dos mineiros saiu transportando a tal carrinho de mão, se fazer qualquer barulho Tali dirigiu-se para o sitio onde descarregavam o minério, quando este tirava a ultima pazada Tali deslizou para dentro deste tapando-se com um toldo manchado pelo trabalho da mina.
O carro começou a movimentar-se mas parou subitamente com o mineiro a dizer uma data de pragas.
-O carro parece mais pesado do que as outras vezes! Deve ser do cansaço…
Aquilo fez o coração de Tali dar um salto mas o carro começou a mover-se de novo entrando na mina. Depois de algum tempo o carro parou e passos começaram a afastar-se do mesmo, isto deu o sinal a Tali para sair do carro e ir em busca do que tinha vindo buscar.
Agachando-se sobre as sombras deslizou por entre rochas em busca do seu prémio, procurava lingotes de ferro mas apenas via ferro em bruto e sabia bem que o seu mestre não ficaria contente se não lhe trouxesse o que ele pedia, pois fazer os lingotes dava trabalho e o velho Fuu conseguia ser bastante preguiçoso quando queria.
O som de martelar distante chamou a atenção de Tali que se começou a movimentar naquela direção, no fundo da mina o calor começou a subir e os olhos de Tali arregalaram-se quando viu o que queria uma enorme forja estava a ser usada para transformar aço impuro em lingotes de ferro puro, o problema era chegar aos mesmos.
No centro um homem com um corpo enorme batia furiosamente contra uma enorme bigorna soltando faíscas de cor laranja incandescente. Depois de três marteladas o enorme homem parou, olhando para trás onde Tali estava escondida.
-Já sei que estas ai, o que queres?
Aquilo apanhou a samurai desprevenida, mas já fora descoberta então não se podia esconder mais saindo do seu pequeno esconderijo baixando o seu manto que tapava a boca.
-Vim a procura de lingotes de ferro.
Disse a rapariga sem hesitar apontando para um monte deles que ali estavam.
-Tens como pagar?
Retorquiu o homem com voz grossa e arqueando uma sobrancelha e olhando para a rapariga.
-Pois esse é que é o problema, neste momento encontro-me sem fundos para comprar o que quer que seja.
Acabou por dizer encolhendo os ombros. O homem riu-se da situação pegou num enorme martelo que estava ousado ao lado da bigorna, olhou para Tali e depois para os lingotes de aço.
-Acho que podemos arranjar maneira, se tu me conseguires derrotar podes levar o que quiseres.
Tali sorriu e retirou a sua katana num movimento sublime, voltando a colocar o seu lenço sobre a sua cara tapando a sua boca.
-Vamos a isto.
O homem movimentou-se a grande velocidade na direcção da rapariga, isto surpreendeu a mesma, não estava a espera que alguém tão grande fosse tão rápido. Tali teve apenas tempo para fazer um rápido shunshin desviando-se do caminho do homem, mas este não parou e movimentava o seu enorme martelo na direcção de Tali que usou a sua katana para parar o ataque do mesmo.
-Tens aí uma bela lâmina, mas acho que não vai ser suficiente!
Levando a sua mão rapidamente ao cinto de couro repleto de utensílios metalúrgicos pegou num outro martelo mais pequeno que brandiu na direcção de Tali enquanto esta se ocupava de um dos martelos o outro acabou por a atingir no lado lateral do abdómen fazendo-a soltar um gemido de dor e uma lufada de ar para fora.
Esta cerrou os dentes com força recompondo-se, libertou-se do adversário com um salto vertical na sua direcção aterrando com um pé sobre a cara do mesmo e depois caindo sobre as costas deste pronta a desferir um golpe horizontal com a sua lâmina, mas o velho foi mais rápido e o seu pé foi na direcção de Tali projectando-a para trás com um força extrema.
-Para uma samurai pensava que serias mais forte, ahahaha!
Aquilo enfureceu a rapariga que concentrou uma quantidade de chakra no seu corpo e executou uma data de selos libertando uma névoa de vapor húmido preenchendo todo aquele local. O homem voltou a rir-se e pateu com o seu martelo na bigorna e de seguida um lingote de ferro voou na direcção de Tali, esta teve apenas tempo de fazer um rápido kawarimi concentrando chakra no seu corpo e aparecendo na direcção oposta.
O ferreiro voltou a bater com o seu martelo na bigorna e de seguida outro lingote de ferro voou na direção da samurai, foi aqui que ela se apercebeu do que se tratava.
“-Ele esta a usar a propagação do som para me encontrar, foi assim que me descobriu da primeira vez. Só preciso de me multiplicar e assim ele não vai saber qual de mim vai ser a verdadeira.”
Desviando-se novamente de outro ataque as mãos de Tali movimentaram-se numa data de selos e depois de concentrar o chakra usou o jutsu Futton Kuron Joki criando três clones de vapor ao seu redor que correram em direcções opostas, o som da bigorna soou de novo, mas desta vez nenhum lingotes voou.
Usando essa abertura Tali e os clones correram na direção do ferreiro, sendo que ele desvendava a sua localização através do som que fazia. Os clones corriam alternadamente sendo que o primeiro explodiu sobre o aço do martelo lançando uma vaga de vapor contra o velho que lançou um gemido vago, o segundo conseguiu chegar mais perto mas bastou um simples movimento do seu braço para o desfazer lançando uma outra onda de vapor contra o seu braço, o terceiro foi acertado por um lingote que voou na sua direcção explodindo longe, mas deu tempo suficiente para Tali chegar ao sitio que queria.
A névoa caiu sobre o seu comando revelando a samurai de katana na mão tocando na barriga suja do homem, que nem se apercebeu da sua aproximação.
-Hahaha, parece que ganhaste. Como disse leva o que quiseres, já há muito tempo que não me divertia assim!
Tali dirigiu-se ao monte de lingotes e retirou dois deles colocando-os na sua mochila e posteriormente dirigindo-se para a saída.
-Já agora não sabes onde posso encontrar titânio?
-Já estas a pedir de mais, mas posso-te dizer onde. Existe uma pequena vila não muito longe daqui, procura pelo ferreiro da aldeia ele é capaz desses feitos, mas temo que não seja barato. E quando saíres diz aos rapazes que estas comigo, assim eles não te vão chatear.
Tali apressou-se a sair da mina e a envergar pelo caminho que o velhote lhe tinha dito, até chegar a uma pequena vila. A grande rua principal estava vazia e vestida com uma fina camada de neve que se derretia a cada passo que a samurai dava. Deambulando pela vila que parecia estar vazia Tali reparou as pequenas portadas a mexerem-se sobre os olhares curiosos da população, a samurai tentou ignorar aquilo e dirigiu-se para o edifício que tinha uma placa a dizer “mestre dos metais”, com alguns toques suaves da sua mão a madeira ressoou mas Tali não obteve resposta depois forçando a madeira da porta abriu-a e dirigiu-se para o interior escuro e poeirento.
-Oh da casa! Alguem aqui?!
A samurai avançou por entre território desconhecido entrando num enorme jardim coberto por varios vidros que deixavam entrar a luz do céu, no centro estava um pequeno homem a martelar incansávelmente e a balbuciar algumas palavras.
-Tenho de continuar. Só faltam mais algumas…
Tali aproximou-se do homem colocando a mão direita sobre o seu ombro, este assustou-se tapando a cara assustado.
-Esta quase! Porfavornacaranão!
A samurai assustou-se, não entendia patavina do que se passava ali, uma vila deserta, um homem maluco.
-Calma velhote, não te vou fazer mal, só estou aqui porque preciso de uma coisa.
O homem ficou surpreendido retirando as mãos que cobriam a sua cara, mostrando uma barba suja e desgrenhada de cor branca, os óculos que este tinha sobre a cara eram feitos com uma data de lentes cada uma com a sua graduação e o seu corpo estava coberto por um kimono velho e desgastado. Ao redor do pequeno jardim encontravam-se todos os utensílios de uma forja e sobre a bigorna estava agora um lingote quase acabado.
-Não, não. Tens de ir, eles estão a chegar tenho de acabar…
O homem deu meia volta e começou a trabalhar no pedaço de minério, mas enquanto se virava uma corrente apareceu no seu pé prendendo os seus movimentos.
Tali precisava de respostas por isso voltou a incomodar o homem perguntando-lhe o que se passava.
-Eles controlam a vila, e usam-na para negócios com os mestres do ferro, vendendo minérios baratos e obrigam toda a gente com jeito para o ferro a trabalhar para eles, quer seja a fazer armas, lingotes ou armaduras.
Os olhos do homem prenderam-se na katana de Tali.
-Tu, tu tens uma espada. Tu podes salvar-nos.
A cara do homem encheu-se de esperança com aquilo e Tali não sabia como dizer não, bem podia obriga-lo a fazer o que ela precisava mas não gostava de ver pessoas presas a uma coisas que elas não gostam então decidiu ajudar o pobre homem.
Este teve a explicar a samurai que eles viriam hoje para levar o carregamento de lingotes por isso podia apanha-los desprevenidos.
A neve começara a cair de novo sobre aquele sitio, Tali estava deitada sobre um telhado quando três vultos entraram na rua principal, o que ia na frente tinha o cabelo vermelho os outros dois tinhas capuzes sobre as cabeças.
Tali tinha previamente feito dois clones de vapor que se tinham escondido na rua,a ideia planeada era distrair e atacar de longe com kunais até descobrir o quão fortes seriam e ia ver isso agora. O mecanismo tinha entrado em funcionamento, os clones controlados por Tali correram na direção dos dois capuzes das pontas explodindo em vapor causando algum desconforto e a samurai usou isso para lançar uma kunai a cada inimigo com dois chaveiros explosivos em cada kunai que explodiram em contacto com os corpos. Depois de o fumo assentar os dois tinham desaparecido e surpreendemente a rapariga sentia duas manchas de chakra nas suas costas e com um movimentos rápido teve apenas tempo de se desviar de um golpe coordenado horizontal dos dois saltando sobre as armas.
Sobre os capuzes dois sorrisos apareceram e dois punhos voaram sobre o corpo de Tali atirando-a do telhado a baixo.
-É isto que a vila tem para a defender! Agora vão pagar caro!
Gritava o rapaz do cabelo vermelho enquanto os outros dois caiam sobre o seu lado retirando os respectivos capuzes mostrando o mesmo cabelo em todos eles. E todos falaram em uníssono.
-Um insecto que vai morrer!
O do meio apontou para ela e os outros dois carregaram sobre Tali de katanas em riste, enquanto se punha em pé a samurai deixou uma data de kunais no chão escondidas sobre a neve e sacou a sua katana começando a defender os golpes alternados de cada um dos rapazes. Um dos golpes chegou a atingir Tali na cocha fazendo-a sangrar um pouco mas nada que não a permitisse voltar a defender, até que viu uma abertura e lançouse sobre um dos rapazes iniciando uma investida.
Começou com golpes verticais que recaíram sobre golpes ascendentes e acabou num enorme golpe horizontal afastando um dos rapazes ofegantes, com isto Tali deu um pequeno salto para a direita e riu-se. O plano tinha dado resultado, ela tinha feito o rapaz sempre a volta do local onde deixara as kunais e manteve o rapaz sempre de costas para elas, e com um sorriso espetou a katana no chão iniciando uma vaga de selos e concentrou chakra puxando as kunais todas contra as costas deste com o jutsu Sōshūjin, este por sua vez caiu no chão numa poça de sangue. O segundo investiu sobre Tali mas foi morto rapidamente pois fora desleixado, agora era a vez do ultimo.
-Muito bem, mas não vou ser brando.
O corpo dele movimentou-se com um grande shunshin aparecendo em frente a Tali começando um combo de taijutsu acertando primeiro no abdomen, fazendo a samurai retrair-se, depois um joelho foi na direção dela fazendo o seu corpo endireitar-se e um soco fortissimo projectou-a para trás fazendo-a cair sobre a neve, e duas lâminas deslizaram das mangas do seu casaco, a sua boca retorceu-se num sorriso e avançou sobre Tali.
Esta por sua vez executou um rápido shunshin pondo-se de pé ao seu lado quando o golpe deste acabava a atingir o ar. Um forte pontapé acertou os braços do rapaz desequilibrando-o e com uma rápida investida Tali moveu a sua elegante katana no ar cortando um dos braços resultando num grito enorme e uma poça de sangue no chão. O rapaz incapaz de pensar avançou sobre Tali apenas com o braço barafustando furiosamente com a sua lâmina de pulso. Os golpes eram apressados e descuidados e foi fácil para Tali esquivar-se deles e com um movimento ascendente acabou por cortar o outro braço fazendo o rapaz cair de joelhos enquanto a katana tocava na testa deste.
-Toma.
Dizia a Tali entregando ao rapaz um pedaço de tecido.
-Faz um garrote nisso e vai contar ao teu chefe para não chatear esta vila, ela esta sobre a minha proteção.
O rapaz entre lágrimas pôs-se de pé com dificuldade e saiu a correr. A samurai voltou ao homem retirando-lhe as grilhetas e quando ia a pedir os lingotes de titânio este acabou por dizer.
-Como te posso recompensar?
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A estrada rochosa abria-se perante os seus olhos cinzentos, a mochila pesava-lhe nas costas e quando chegou a cidade que o Fuu tinha dito a caravana já tinha passado.
-Merda, já vou levar na cabeça por causa disso, a não ser que…
Assunto: Missão rank D - Custom 
Ter 25 Mar 2014 - 17:51
