Encerrado em seu quarto estreito, Daisuke passava mais uma noite em claro tentando entender aquele emaranhado de linhas e cálculos. Trajetórias e kanjis que se espalhavam sobre um desenho tosco de uma mão humana sobre o papel higiênico. Um selo e a frequência de chakra. A ordem de energia e da invocação. Tudo aquilo era tão novo para ele, mesmo tendo estudado por algum tempo para realizar seu fuinjutsu mais complicado que libertou o criminoso de seu selo constritor. Graças a isso, como uma gratidão, o homem prometeu ajudá-lo com sua vingança. Contudo, teria que aprender sozinho uma técnica interessante e que tornaria sua vingança mais rápida e insuspeita. Daisuke sabia e ansiava por aprender. Parecia tudo tão fácil. O problema é que não tinha um professor à disposição. Somente os rabiscos de Kazuki sobre sua bancada, iluminados pela fraca iluminação de velas, faziam-lhe companhia durante quase uma semana. A impaciência já reinava em seu íntimo e talvez não pudesse realmente aprender, já que ainda não conseguia dividir suas pesquisas com a ciência dos selamentos. Porém, seu orgulho o fazia continua. -
Droga. Como faço essa porra! - Inquietava-se, freando seu punho para não esmurrar o móvel e chamar a atenção do fiscal que vigiava o corredor dos dormitórios.
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Ainda tentando desvendar o mistério? - Sussurrou Kazuki, reaparecendo às suas costas. O susto fez o ninja saltar de sua cadeira e cair ruidosamente no chão, junto com livros, pergaminhos e anotações.
Idiota. Não demorou muito até que bateram em sua porta. Segurando a gargalhada, Kazuki estirou a mão para ajudar o tokubetsu a se levantar, organizando seu uniforme para lhe dar passagem. Cambaleando até a entrada, Daisuke viu o trinco ser acionado e antes que o guarda pudesse abrir a porta, ele se adiantou, jogando seu ombro contra o metal para impedir seu avanço. -
Está tudo bem. Encontrei um escorpião. Só isso. - Justificou ao homem que fez uma careta sonolenta, retornando pelo corredor até seu posto de vigília. O rapaz suspirou aliviado e reprimiu seu visitante para que não fizesse aquele tipo de entrada. Na verdade, ele ficava encantado com aquela técnica. Somente ela seria suficiente para ajudá-lo na sua vingança, mas sua busca pelo aprendizado sem mestre era bastante árduo. Pelo menos no quesito de entender a posição exata para realizar a tal "invocação inversão". -
Abra sua mão. - Sussurrou o nukenin, apontando para a mão direita. Daisuke obedeceu à contragosto, tentando esconder a frustração. Deslizando os dedos pelo pulso, percorrendo os caminhos que seu chakra deveria atravessar, ele fez um movimento circular na palma para indicar a posição em que o selamento deveria ocorrer.
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Eu já tentei isso. Não funciona. - Reclamou o jovem.
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Faça você agora. Vamos tentar novamente. - Disse, calmamente.
Frustrado, Daisuke tentou mais uma vez e fez sua energia percorrer pelo braço até conseguir manipular os pontos específicos para a feitura do selo, mas que, após realizar o último movimento circular, seu chakra se desestabilizava e nenhum selo era criado.
Uma porcaria. Vendo aquilo, Kazuki analisou em sua mente os movimentos do esforçado rapaz e logo percebeu qual era o problema. -
Vamos até um local... - Disse o prisioneiro, agarrando o pulso do ninja para acionar um dos selos em um de seus inúmeros esconderijos num piscar de olhos. A operação tinha sido tão rápida que Daisuke demorou alguns segundos para perceber que não estava mais em seu quarto. Tudo estava escuro, mas ele já conseguia ouvir o barulho de água corrente a sua esquerda, além de uma brisa gelada que vinda de cima. Nesse momento as tochas das laterais da parede se acenderam como mágica, revelando um grande salão que era sustentado por várias colunas gigantescas adornadas com hieróglifos irreconhecíveis para seu pouco conhecimento. -
Sabe. Tenho uma queda pela antiguidade. - Comentou o nukenin, apontando para as pilastras empoeiradas. Ainda surpresa, o ninja não mostrou nenhum interesse naquele local. Ele estava ansioso para saber qual era o segredo daquela técnica surpreendente. -
Venha. Aproxime-se. - Chamou o nuke. Daisuke caminhou até ele e o viu esticar a mão para colocá-la sobre mão dele. -
Vamos. Tente novamente. - Incentivou.
Daisuke obedeceu. Utilizando seu conhecimento adquirido pelo treino em fuinjutsus, o jovem enviou chakra para o local, quando começou a perceber a formação do selo em sua mão e novamente realizaria o giro com a energia quando Kazuki manipulou sua própria energia para ajudá-lo a aumentar a circunferência do giro.
Então era isso. Nesse momento, girando como uma chave invisível, seu chakra conseguiu formar os kanjis necessários para realizar o que queria. Enfim, após vários dias de treino, finalmente conseguiu criar o selo. Arregalando os olhos, Daisuke recuou dois passos na direção da vigorosa coluna mais próxima para então tocá-la, transferindo o selo que se misturou às cores do objeto, tornando-o imperceptível para os olhos comuns. -
Consegui! Consegui! - Animou-se, após seu primeiro sucesso. Porém, Kazuki ainda estava cético. Ele não sabia se o rapaz realmente tinha percebido o que fizera para ajudá-lo.
Tente outra vez. O nukenin não precisou falar. Suspirando em concentração, o tokubetsu iniciou o ritual, mantendo o controle de sua energia e quando chegou a hora de girá-lo sobre a palma de sua mão, o giro não foi suficiente e desestabilizou o selo, acabando por se tornar ineficaz. Kazuki ficou desanimado. Talvez tivesse escolhido um aliado não tão talentoso. -
Bom. Melhor se apressar e aprender. Só funcionará com duas pessoas. - Afirmou o homem, aproximando-se do jovem para tocá-lo novamente no pulso. E mais uma vez, os dois retornaram ao quarto da prisão, onde acenaram numa breve despedida antes que o guarda fizesse sua ronda da madrugada.
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Sei que conseguirás. Sua vingança depende disso. - Disse, sumindo novamente.
Daisuke fez uma careta ao se lembrar dos inimigos. Seja como for, certamente aquilo era mais difícil do que quebrar o selo que aprisionava o chakra do nukenin. -
Tá certo. - Balbuciou enquanto olhava para a própria mão tentando entender o movimento circular.
Como uma chave na fechadura. Assim, repetindo o movimento, o ninja se concentrou mais uma vez, iniciando a manipulação de chakra na penumbra, torcendo para que desse certo quando o momento esperado chegou. Girando a energia na palma da mão, ele sentiu a energia girar vagarosamente até atingir seu limite circular. -
Ainda não. - Sussurrou forçado ainda mais o giro para alcançar a ponta do dedo polegar.
Só mais um pouco. E então, num apelo maior de energia, um estalo em sua mente fez surgir os kanjis necessários. Finalmente, após mais de uma semana de treino, tinha conseguido. O ninja mal conseguia conter sua alegria. Levantando a mão para o teto, ele observava a construção do selo enquanto saltitava no estreito espaço entre sua cama e a cômoda. Foi quando mais uma vez bateram na sua porta. -
Vai à merda! - Esbravejou, desconcentrando-se o suficiente para perder a formação do selo. Aquilo o tirou do sério. Ele sabia que tudo não passava de provocação. Principalmente porque ouviu uma gargalhada abafada do outro lado da parede.
Seria bom dar uma espairecida. Esse pensamento o fez abrir um sorriso silencioso e como explicado anteriormente, ele deixou seu chakra fluir pelo corpo como o mesmo procedimento em que estoura uma kibaku fuuda.
Fosh! E o jovem ressurgiu no escuro no local das colunas antigas.
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YATAAAAAAAAAAA!!!!!!!!! - Comemorou ao perceber que conseguiu fazer o selo funcionar...
CONTINUA...