O forte sol do meio dia levantava-se, manifestando-se com seus imponentes raios de luz que atravessavam as janelas da farmácia até atingir a cara de Sagiri.
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Vamos lá Jouhyou, já estás dez minutos atrasado... - Pensou ela enquanto que batia sequencialmente com os dedos da mão direita no balcão, revelando a sua ansiedade.
A farmácia era apertada, a sua dimensão era de oito metros quadrados em largura e profundidade, mas toda aquela sala estava recheada de prateleiras, mesas e vitrinas que dificultavam o movimento e davam a sensação de que o espaço era menor.
Toda esta mobília estava requintada com um sortido de poções, comprimidos, ingredientes e livros medicinais.
Finalmente um sino tilintou anunciando a chegada de alguém, uma figura idosa e sorridente emergiu à porta.
- Jouhyou! Que bom vê-lo! - Exclamou a kunoichi quase instantaneamente.
- Sagiri, digo o mesmo. - Disse ele entusiasmado.
Os olhos dela fitaram a porta até que esta se fechasse totalmente, o homem por sua vez avançou até ao interior da farmácia. Assim que a porta bateu a ninja agachou-se e abriu uma gaveta que se encontrava na parte inferior do balcão, trancada a chave. Retirou duas caixas metálicas rectangulares, finas em altura mas com cerca de dez centímetros em largura.
- Aqui está. - Entregou as caixas com a sua mão direita e ao mesmo tempo recolheu dois rolos de Ryous que o idoso lhe entregava para a mão esquerda.
- Muito obrigado. - Disse ele antes de abrir uma das caixas e cheirar o conteúdo. - Excelente! Sublime!
Arrumou a sua compra e voltou à porta de saída acompanhado por ela.
- Sendo assim, repetimos o negócio para a semana? - Interrogou ela antes dele abrir a porta.
- Certo certo. - Confirmou ele, fitou-a na cara e sorriu um pouco. - Sagiri, estás tão crescida.
- Crescida? O que queres dizer com isso, viste-me há dois dias atrás. - Perguntou solenemente, apesar de estar um pouco intimidada por dentro.
- Bem... há dois dias atrás eras como uma criança. - Jouhyou abriu a porta da farmácia, e antes de se ir embora terminou a frase. - Hoje és uma verdadeira Shinobi.
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É verdade, depois de passar o exame genin sou oficialmente uma Shinobi. - Reflectiu orgulhosamente a miúda dos cabelos negros, enquanto que trancou o edifício.
Por trás do balcão encontrava-se uma porta que levava ao corredor da sua casa, assim que fechou esta porta pode ouvir a voz familiar de seu pai.
- Sagiri! Já estás atrasada para o almoço, não podes chegar atrasada ao teu primeiro treino!
- Foi o velho que se atrasou outra vez! Só preciso de dois segundos. - Desculpou-se apressadamente enquanto que se dirigia ao seu quarto.
Já tinha todos os seus acessórios prontos e em cima da cama, colocou a hitaiate à testa e atou-o com firmeza. Abriu a bolsa ninja e confirmou que estavam lá todos os seus shurikens e kunais, e de seguida colocou-a às costas. Foi então que algo fora do normal invadiu a sua visão periférica. Na mesa de cabeceira encontrava-se um envelope branco, no centro tinha a imagem de uma circunferência decorada com três luas crescentes.
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De ninguém, para Sagiri."
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O que raios é isto? Quem? Quando? Como?Olhou em volta até que os seus olhos estacionaram na janela do seu quarto, completamente aberta, levantou-se e espreitou por ela, próxima do chão, até um garoto podia entrar silenciosamente por ali. Não valia a pena tentar achar o culpado. Fechou a janela e a portada correspondente.
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Um momento... eu nunca abro esta portada de manhã...Suspirou, pelo menos não havia sinais de roubo ou qualquer tipo de ataque, apenas aquela carta que podia ter sido entregue de forma menos sinistra. Rasgou o envelope com a ajuda de uma Kunai e puxou o documento para fora, sentiu um intenso formigueiro subir pelas suas costas numa emoção mista de curiosidade e medo.
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Assim que soubemos que te tornaste genin ficamos tão orgulhosos que não resistimos a enviar esta carta. Temos saudades mas a tua segurança é uma prioridade, aconteça o que acontecer não te esqueças do teu verdadeiro nome. Quando a altura certa chegar, segue o teu instinto e vais encontrar a tua família."
A carta terminava ali e nada dela fazia um pingo de sentido, Sagiri sentiu-se um pouco insegura sobre como reagir.
- Pai? Estiveste no meu quarto? - Interrogou num tom alto mas respeitável, que pôde ser ouvido através das divisões do edifício.
- Ninguém esteve no teu quarto, mas vens comer hoje ou amanhã!? - Respondeu ele, aparentando estar mais preocupado do que ela com o seu primeiro treino.
Decidiu que não devia revelar nada daquilo, escondeu a carta e dirigiu-se à cozinha.
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Vamos esquecer este assunto por enquanto, tenho quarenta minutos para almoçar e chegar ao campo de treinos, onde vou saber quem são meus parceiros e conhecer o meu sensei!