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- — "Tudo pronto, agora farei alguns bunshins para os observar à distância, em princípio ninguém se vai magoar nos desafios mas..." — Fez o selo do tigre e libertou chakra, criando uma dúzia de clones. — "...sinto uma presença indesejável neste planalto, ter um aluno atacado no seu primeiro dia de treino seria muito azar, até para mim, não posso deixar isso acontecer." — Pensou no tom mais sério que tinha revelado até agora.
Kenai continuava sentado no centro do planalto a observar pergaminhos que relatavam o progresso dos seus alunos no exame, enquanto que uma multidão de clones dele escondia-se por entre as árvores e outras decorações naturais na extensão do campo de treinos.
O maior papel mostrava quais dos três pergaminhos já foram abertos pelos jovens, passava vinte minutos desde que o kanji que indicava o Norte tinha desaparecido e quarenta minutos desde que kanji oeste seguiu o mesmo fim.
— O pergaminho do norte foi armadilhado com um genjutsu sonífero, apesar disso a ilusão está selada com uma leve quantidade de chakra. A não ser que um deles tenha uma experiência mínima com genjutsu eles estão agora num sono de meia hora. Esta seria a oportunidade perfeita para os inimigos atacarem. — Um largo sorriso desenhou-se na sua cara, virou-se para trás com as costas para a papelada e encarando agora um pequeno urso castanho que também estava sentado de pernas cruzadas, montando uma fogueira. Kenai abriu um dos seus pergaminhos e libertou dele um pão caseiro, chouriço e utensílios para cozinhar e saborear uma deliciosa refeição. — Os meus Kage Bunshins estão espalhados pelo campo, a vigiar ameaças e a observar a
performance deles. Sabes o que isso significa Koda?
— Significa que vamos comer linguiça? — Perguntou o urso num tom jovial, milagrado ao imaginar o sabor daquela carne.
— Sim... E que se eles forem atacados eu saberei imediatamente.
— Opá' tu achas mesmo que alguém tem razão para atacar esses putos? — Antes de continuar, Koda lambeu os seus beiços, revelando os seus dentes incrivelmente saudáveis e brilhantes. — Passa-me masé' esse pão!
***
Perto do pergaminho do norte, os três jovens ainda dormiam.
— Custa a acreditar que Kenai é um Jounin. — Declarou o shinobi mascarado, sobre os corpos adormecidos da equipa nove. — Decidiu vigiar os seus discípulos com meros kage bunshins, que podem ser facilmente enganados com ilusões ópticas e sonoras.
Não muito distante, um clone de Kenai escondia-se em arbustos vigiando aquele local, e mesmo olhando directamente para o Esfolador de Mentes, ignorava completamente a sua existência.
— Sendo assim só ela é que me viu. Ainda bem que ele não me calhou como sensei. — Disse suspirando e executando múltiplos selos, antes de se afastar numa série de shunshins.
***
No seu sono profundo a jovem ainda estava em queda livre ao longo das trevas infinitas. Meditando sobre a sua vida, que até ali tinha sido relativamente pacífica e num só dia tinha sentido todo o tipo de emoções.
Começando na sua equipa nova, dois gaiatos que sempre se deram bem com ela na academia e um tutor despassarado, possivelmente maluco da cabeça.
Depois veio o Esfolador de Mentes, uma presença que mesmo sendo sinistra garantiu-lhe que precisava dela viva. No entanto EM deu-lhe a pior revelação do dia:
Jouhyou, o maior cliente dos Mayaku tinha sido assassinado. A família teria de arranjar milhares de ryos em duas semanas para pagar aos seus superiores, que Sagiri nem sequer conhecia, pois o contacto era mantido unicamente por cartas.
Depois de uma série de mortais no vazio, a Kunoichi aterra perfeitamente em pé, ficando frente a frente a uma imagem dela mesmo, era como se estivesse a olhar para um espelho, mas aquela Sagiri para que ela estava a olhar era um pouco diferente.
No lugar do seu típico sorriso sereno encontrava-se uma expressão fria e séria.
— Sa... giri? - Perguntou, meio atrofiada com a surpresa ao ver-se a si mesma.
— Não. Eu sou tu, mas eu não sou a Sagiri. — Respondeu-lhe a sua cópia.
— O que queres dizer com isso?
— Eu sou a tua verdadeira identidade, personalidade, e instintos. Aquilo que a sociedade te ensinou a ignorar, mas que em tempos de desespero tens de requisitar. — Por mais estranho que fosse, a duplicata dela sorriu após rimar, aliviando a pressão entre as duas.
— Então és tu que me vais dizer o que fazer? Devemos pedir por mais tempo para conseguir o dinheiro?
—
Estúpida! A resposta é óbvia e encontra-se na tua equipa. — Voltou à sua expressão fria.
— A equipa foi assimilada hoje, vamos começar com missões Rank D, essas mal compensam o dinheiro, é impossível alcançar a meta no tempo limite com missões de genins. — Explicou-se a verdadeira Sagiri, duvidando das ideias que os seus instintos lhe davam. — A não ser que... estejas a pensar noutra coisa. Eu nunca faria isso, não é justo.
— É mais justo do que a falência da tua família e a possibilidade de serem assassinados. É a tua única solução. — Ao terminar esta frase a presença dela evaporava-se da sua mente.
— Volta já aqui! Preciso de uma ideia melhor! Só porque ele é rico não o posso roubar! —Berrou desesperada, soltando finas lágrimas só de imaginar os crimes que teria de cometer para sobreviver.
— Boa sorte com essa ideia melhor,
ingrata. — A sua própria voz ecoou.
— Isto está tão errado. Eu não posso roubar Takino.
***
— A princesa finalmente acordou. — Com a sua visão ainda turva do sono, reconheceu a voz de Kenai.
Sentou-se e esfregou os seus olhos até poder enxergar tudo. Estava novamente no centro do planalto, desfrutando de uma calorosa fogueira e da companhia da sua equipa.
— Já tava' a ver que te tinha de levar para casa. Já foi trabalho mais que suficiente carregar-te pelo campo de treinos.
A kunoichi nem sabia o que dizer, desde que o treino começara tinha estada a receber um turbilhão de informações que parecia não ter fim.
— Estás bem? Pareces um pouco pálida. — Perguntou Kenai, obviamente preocupado.
— Acordei com um pouco de dor de cabeça, é normal para o genjutsu? - Perguntou ela.
O jounin fez um olhar estupefacto antes de responder:
— Não, não é normal. Que coincidência desagradável. Também não planeava que ficasses a dormir tanto tempo. Pensava que conseguirias desfazer o jutsu, sei que fizeste o Kai mas não conseguiste quebrá-lo. Descul... — O sensei parecia ter ficado de consciência pesada.
— Não faz mal. Vamos ao pergaminho do este? Desculpem mas quero despachar isto para ir para casa. - Além da dor de cabeça, Sagiri sentia uma mistura horrível de frio e calor no seu corpo, como se estivesse com febre. Estaria isto relacionado com o jutsu mental de EM? Fazia sentido, mas os seus instintos davam-lhe a impressão de que era algo diferente. Talvez um último problema para se juntar à cadeia de desgraças que aquele dia lhe tinha atirado.
— Já o fizemos. — Disse Aidam, o jovem dos cabelos prateados, revelando os três pergaminhos nas suas mãos.
— Takino superou o desafio do pergaminho do este, revelando grandes aptidões para Taijutsu. — Explicou Kenai. — Mas agora falta revelarem duas últimas habilitações: Raciocínio e trabalho de equipa. Qual é a resposta para a adivinha dos pergaminhos?
Sagiri rezou para que os seus colegas soubessem da resposta, a sua paciência estava mais que esgotada e não seria capaz de contribuir para a descodificação da charada.
— A ordem correcta dos scrolls é norte, oeste, este. Ou seja a adivinha é "O que é negro quando obtido, vermelho quando trabalha e branco depois da morte?" — Explicou Aidam com um ar confiante, indicando que já sabia da resposta.
— É o carvão. — Exclamou Takino acelerado, colocando a sua mão direita no ar.
— Certíssimo! — Confirmou o sensei estranho.
— Ei! Fui eu que descobri a resposta. — Afirmou Aidam, quase ofendido com a atitude do seu parceiro.
—
"Creio que vocês consigam aprender bastante uns com os outros sendo que cada um de vocês tem experiência numa arte ninja diferente. Mas em termos de trabalho de equipa este treino foi uma miséria. Sagiri passou-o a dormir, Takino e Aidam a colidir com as suas personalidades..." — Reflectiu Kenai, enquanto que os jovens argumentavam coisas sem sentido. — Enfim, parabéns por ter vencido o meu exame. Amanhã a kumo nove vai começar a realizar missões!
O sensei parecia ser o mais eufórico do grupo, e a dor de cabeça da kunoichi intensificava-se progressivamente com aquele longo diálogo.
— Amanhã encontrem-me no gabinete do kage às dez horas, por hoje estão livre. Fiquem bem! — Despediu-se Kenai sorrindo, antes de desaparecer numa nuvem de fumo.
— Vamos voltar a kumo então. Estou deserto para me deitar no meu sofá de couro. — Exclamou Takino, mostrando o seu dinheiro e consequentemente os pontos negativos da sua personalidade.
— Sim, vamos. — Respondeu Sagiri cabisbaixa.
— Fodasse já me chega o Aidam ser meco agora tu também.
Por mais que ela tivesse vontade de lhe dar um carolo, a sua má disposição no momento não lhe permitiu.
— Vá desculpem lá, para compensar vamos passar no meu café favorito, pago-vos qualquer coisa.
— Ok ok, mas não te preocupes que eu tenho algum dinheiro. — Disse Aidam.
—
"Aceita! Se queres roubá-lo de forma inteligente tens de ser subtil, forma uma relação forte com ele." - No interior da sua mente, os instintos de Sagiri acordavam. — Só quero é chegar a casa e descansar desta dor de cabeça, mas obrigado.
Os dois rapazes ficaram meio descontentes, mas entendiam claramente o ponto de vista dela.
—
"Estúpida! Achas que os problemas se resolvem sozinhos? O tempo está a contar e desperdiças uma oportunidade destas. Boa sorte a arranjar esse dinheiro, ingrata."- Spoiler:
Depois do meu último filler eu mesmo fiquei sem saber bem como voltar a pegar na história, já que tinha começado aquela charada queria terminar o primeiro treino deles mas não havia mais nada de interessante nele ^^'