Episódio 05 [Filler] Um interlúdio nas margens da carne

- Vamos Marikah, vá para o seu canto e deixe o Raijin em paz - ralhou Ikuza pela milionésima vez, exausto com a agitação da mulher que tentava insistentemente encontrar um lugar para se aconchegar no corpo do homenzarrão.

O grupo dos novos conhecidos de Kamus encontravam-se na clareira duma floresta, preparando-se para dormir. Estavam a apenas algumas horas de viagem de Suna, mas decidiram parar para descansar a noite por causa do desgaste dos meninos, Senshou e Kamus, que foram desafiados a batalhar contra Raijin e terminaram excessivamente desgastados.

Deitado ao léu, o corpo ainda um tanto dolorido, Kamus sorria levemente para a escuridão que se desenrolava infinitamente acima de si. Neste momento já estava completamente desiludido, independente da tentativa de Ikuza em ludibriá-lo, de que qualquer uma das pessoas daquele grupo tivessem algo a ver com quem lhe deixou o recado "misterioso", mas não dava a mínima... Se sentia estranhamente feliz com os rumos que sua fuga havia tomado. Além da curiosidade lhe instigando a mente em torno do peculiar Doujutsu de Ikuza, teria a oportunidade de treinar com pessoas de estilos desconhecidos.

Mas o que mais fazia o Hyuuga se sentir ansioso e animado era a possibilidade de conhecer a famosa Vila Oculta da Areia. Fixando o olhar na negritude do céu diante de si, sua imaginação arrastou-o delicadamente às descrições do solo que se estendia até os confins da visão humana, perpetuamente tingido por uma cor que se enovela no vibrante até se verter no desgastante, o amarelo fosco de onde emana um calor amargo, infindável. Via o convívio diário com essa aridez que enrijece cabelos e peles, a depuração contínua de um ar que inunda os pulmões, mas não o satisfaz. E toda a beleza dessas vidas em constante flerte com o que tende à morte, mas que persistem a respirar, com ardor, desejo e força. Na luta contra a própria monstruosidade da natureza, segura-se, entre dedos rijos, as vértices da esperança, este farrapo duro e ancestral.

Um tanto anormalmente sublimado, tateando com a imaginação todas essas sensações que nunca tinha experimentado na própria carne, mas sobre as quais havia lido apaixonadamente, Kamus sobressaltou-se de repente ao ver de soslaio o que pensou ser um movimento da escuridão.

Estranhou em seguida a própria expressão que lhe veio espontaneamente à cabeça. Movimento da escuridão?, questionou-se, uma sensação absurda e desconhecida tomando-lhe o corpo. O coração disparado, levantou-se sem conseguir evitar um tremor. Com cuidado para não despertar o cochilo sossegado dos outros, pé ante pé caminhando para além da luz emanada pela lua, o garoto carregou-se para a escuridão. Ali, num canto, alguma coisa vibrava, indefinível. Um medo hipnótico empurrava-o para dentro de algo que não tinha dentro, fora de tudo, a matéria da obliteração. Não sabia sequer mais o que lhe passava pela mente. O sangue injetado corria desvairadamente, provocando-lhe tormentosas dores de cabeça. Deu-se conta de que não queria continuar, desejava retroceder, dar as costas, voltar ao conforto, mas já não tinha controle sobre si. Queria gritar, mas o maxilar era uma tumba soterrada no mais profundo da terra.

- Kamus, o que está fazendo? - a voz de Ikuza cortou toda a cena num turbilhão. Desconfiado, aproximou-se, pousando uma mão no ombro esquerdo de Kamus. - Vê algo?

Embora não estivesse com a respiração sôfrega e descontrolada, era escancarada a tensão no corpo do garoto. Levou algum tempo pensando, não sabia como explicar o que havia sentido, nem sabia até que ponto devia tentar fazê-lo.

- Pensei ter visto... - disse devagar. Olhou para o rosto do sensei a quem conhecia há não mais que algumas horas, e reconheceu um novo olhar nele, de uma peculiar serenidade concisa, engendrada. - Sinceramente, eu não sei se foi apenas uma impressão - Kamus sorriu-lhe -, mas não acho que nos causará mal.

Uma expressividade impressionante!

Não contava com este filler, mas acho que fizeste muto bem em publicar, sempre acaba por dar continuidade e mistério ao que poderá ser todo o enredo em volta da história de Kamus.

Episódio 05 [Filler] Um interlúdio nas margens da carne 228942

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GhosTTerroR escreveu:: Uma expressividade impressionante!

Não contava com este filler, mas acho que fizeste muto bem em publicar, sempre acaba por dar continuidade e mistério ao que poderá ser todo o enredo em volta da história de Kamus.

Oh Ghost, enquanto escrevia este filler cheguei a pensar "Preciso avisar o Ghost de que usarei os seus personagens", mas terminei de escrever isto sentindo sono e esqueci-me completamente de falar contigo. Não lhe foi nenhum problema, né? >< oh dear god

Não, sem problema! =)

Sou forçado a concordar com o Ghost, uma expressividade incrivelmente impressionante - como sempre. hahah

- ah e essa trilha, cara... muito bom, realmente muito bom. Episódio 05 [Filler] Um interlúdio nas margens da carne 366618

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Firmeza aí.

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