1. Nakajima

Quem são os Nakajima? É a questão. Desde de muito tempo existia um clã de nome Nakajima para os lados de Uzushiogakure. Era um clã conhecido por ser ótimos shinobis e praticamente em todas as eras produzirem um, ou dois, shinobis de enorme gabarito. Uma história que vem de um passado bem longo. Mas também sabe-se que é desse mesmo clã que nasceram os novos Nakajima. Um clã que herdou a vontade do país do fogo, segundo relatos e mitos, e que se viu obrigada a fugir da sua vila, Uzushiogakure, devido ao ataque da guerra que pôs um ponto final na mesma. Ao contrário de grande parte dos residentes, os Nakajima sentiram-se mais protegidos a Este, Kirigakure, do que a Oeste, Konoha. Nos primeiros anos foi complicado, porque existia uma espécie de revolta na sociedade por ter aceite pessoas tão diferentes. Até porque grande parte dos Nakajima têm uma particularidade física: Cabelos vermelhos. E nesses primeiros anos era complicado aceitar estes novos residentes. Só o clã foi aceite depois de um antigo lider, de nome Osh, defender e morrer pelos interesses de Kiri. Foi o início de uma longa amizade entre os forasteiros e a enevoada vila de Este.

Osh, aquele que morreu por Kirigakure, é conhecido como um dos fundadores do clã. Mesmo não sendo na verdade, actualmente o clã rejeita qualquer ligação ao continente e a Uzushiogakure. Ficando-se pela a ilha de Kiri e nada mais. Por esse motivo, Osh é o líder. O líder que se seguiu a Osh foi um dos mais carismáticos de sempre: Taiki. O Líder que orgulhou a ideia de Osh e fez com que uma pequena garota, de seu nome Mei que mais tarde seria Mizukage, aprendesse a nobre arte da Lava. Sim porque os Nakajima são conhecidos por enormes mestres do controlo da lava. Taiki serviu o clã durante longos anos tendo-se afastado do cargo devido à idade e cedendo a sua posição ao seu filho: Taichi. Taichi é o líder actual, sempre recorrendo ao seu pai para opiniões mais acertadas, este líder é sem dúvida um enorme shinobi mas acima de tudo um shinobi de enormes capacidades de relação. É fácil ver Taichi a impressionar o povo com as suas capacidades de discurso.

Este líder tem actualmente três filhos: O mais novo, que não passa de uma criança de sete anos de idade, Nakajima Taiki: Tal como o seu avô. O do meio, com 14 anos de idade, Isamu Nakajima. Este que é sem dúvida nenhuma um génio, um pequeno génio, que rapidamente se tornou num dos membros mais falados para mais tarde se unir ao pai e consequentemente assumir a liderança do seu clã. Sem falar que é um dos melhores shinobis que Kirigakure viu recentemente. Por fim, com mais idade, Nakajima Airi. A filha mais velha do líder. Ao princípio sofria com a pressão de ser melhor de ter de provar que era uma Nakajima, contudo com o aparecimento do seu pequeno irmão Isamu, desapareceu um pouco. As expectativas estão do lado de Isamu e não da garota de 16 anos.

Um clã tal e qual como os outros, história, lideranças e sucessões. Sem falar nas tradições. Sim, porque uma das tradições mais velhas do clã residente em Kirigakure era a passagem do testemunho, ou sendo mais preciso, a cedência da Kusanagi. Não deixava de ser como as outras Kusanagis, uma espada normal, contudo tinha pequenos detalhes meramente decorativos. Com uma cor viva: vermelha que simbolizava a lava e várias letras que desenhavam a história dos Nakajima. Uma Kusanagi que tem, segundo histórias dos mais velhos, mais de 100 anos de história. Uma espada oferecida pela vontade da Lava, ou do fogo. Isto dependia sempre de quem contava a história, se pessoas com mais de 50 ou 60 anos.

O dia era de névoa. Tal como todos os outros em Kiri. A noite estava a dizer adeus e o sol tentava raiar entre névoas dispersas. O dia era de tradição. A cedência da Kusanagi estava prestes acontecer. O portador da espada ainda era o antigo e velho líder, Taiki. Apesar de todos saberem para quem ia mais ou menos, ou para o líder Taichi ou para o jovem Isamu, todos esperavam aquele momento em que a Kusanagi conhecia o novo dono. Airi teve por momentos esperança de a receber, durante 6/7 anos da sua vida, contudo o jovem Isamu resolveu aparecer do nada e vencer na estatística de possível dono.

Mas o certo é que Isamu tinha saído na noite passada, estava a realizar a sua última missão como Gennin pois acreditava-se que seria prontamente indicado para ir ao Exame Chunnin e adquirir a sua súbida no rank shinobi. Airi não iria ao Exame, os especialistas afirmavam que ainda não estava preparada para o duro Exame e teria de esperar, Airi não se importava muito e talvez fosse a Gennin com menos expectativa sobre a sua vida de Kunoichi, porque claramente iria optar por uma vida mais caseira, talvez casar e ter filhos.

Isamu voltaria nesse dia, o pai Taichi estava demasiado ocupado com outros problemas para organizar a festa e tudo sobrou para duas pessoas: A mãe e Airi. A mãe de Airi, de nome Tomo, era desde nascença uma Nakajima de outra vertente. Casou-se com Taichi depois de um bonito namoro de adolescência e assim criaram três filhos. Tomo, de grandes capacidades de luta, rapidamente abdicou dos seus deveres para ser uma mulher de casa e dar todo o apoio a Taichi e era por isso mesmo que, para Airi, Tomo era mais líder do que o seu pai. A sua mãe tinha abdicado do seu futuro por um homem, por amor, e não havia nada melhor que isso.

- Acorda querida. - Uma voz suave fazia-se ouvir desde a porta. Era a sua mãe Tomo, o dia ainda não tinha nascido e ela já tinha de acordar. Hoje era o dia mais feliz para o seu clã. Fazia 30 anos desde a última cedência da Kusanagi e uma coisa era certa, tudo teria de estar bem preparado porque era uma das festividades mais antigas de sempre de Kirigakure. - Dois minutos e encontro-te lá embaixo. - Avisou a mãe, fechando a porta delicadamente.

Airi prontamente levantou-se, com um gesto arrumou o seu longo cabelo vermelho da frente dos olhos, e encarou a janela. Esticou-se uma vez mais, para soltar toda a preguiça e deixou cair as suas vestes de dormir. Revelando um corpo nu e arrepiado por causa do frio. Levou o seu corpo até ao armário e conseguiu vestir a roupa mais informal e mais confortável que achou: Até porque o início do dia era para trabalhar e só logo iria vestir o seu lindo vestido. Abriu a porta e sentiu um silêncio confortável. Apercebeu-se que o seu pai tinha saído cedo, o pequeno Taiki ainda estava a dormir e como disse Isamu estava fora de Kiri. Desceu as escadas que dava acesso à cozinha e sala, e viu a mãe com uma lista enorme de tarefas. Pela porta principal estavam a sair duas pessoas, ajudantes da mãe de Airi. A kunoichi avançou em direção à mãe e deu-lhe um pequeno beijo na bochecha. - Pediste o dia de folga ao sensei? - Perguntou a mãe. Airi avançou em direção a um pão enquanto afirmava apenas com um movimento de cabeça. Porque toda a sua equipa sabia que não era dia de treinar, hoje aquele dia era dedicado ao clã e apenas ao clã. - Muito bem. - Afirmou a mãe preparando-se para ditar ideias e fazeres - Vamos ter cá o Mizukage e grande parte do seu gabinete, alguns amigos do teu irmão, alguns amigos do teu pai, um espaço para as crianças.. - Enumerava os convidados, formando uma lista enorme de pessoas que apenas iam ver uma espada a passar de uma mão para a outra. - Claro que vamos ter de ir buscar o teu avô. Tu encarregas-te disso? - Perguntou a mãe, recebendo como resposta mais uma afirmação vinda apenas de um gesto da cabeça. Porque naquele momento Airi preocupava-se em encher a boca de comida e não de palavras para responder à sua mãe Tomo.

Os preparativos começaram a ser feitos. Tudo isto seria na casa de Airi. A casa era afastada do centro de Kirigakure, tinha uns grandes portões em pedra com o brasão esculpido e mal se entrava nos portões dava-se com um pequeno lago com alguns peixes, alguns deles raros, para "ostentação" do pai. Quem passava pelo lago, seguindo o caminho de pedras, chegava finalmente a casa. Uma casa de dois andares, tipicamente nipónica, com vários detalhes de uma arquitetura não muito usual em Kiri. A casa era escura por natureza, escondida pelo nevoeiro, contudo desta vez tudo era diferente. A mãe de Airi estava decidida em fazer uma das maiores festas que Kiri tinha visto e por essa razão, de uma maneira inacreditável e quase inexplicável, fez com que no meio do jardim brotasse uma cascata, contudo de lava. Uma lava que iluminava várias mesas dispostas no jardim. As mesas tinham acabamentos em ouro e as toalhas, feitas a mão, continham frases que construiam a história dos Nakajima. Sem sombra de dúvida seria uma grande festa e tudo já estava planeado, primeiro a recepção, depois a comida maravilhosamente preparada e por fim: A cedência.

Kirigakure também ajudava, o sol estava aparecer mais do que o habitual. Pois Kiri não é muito "banhada" por raios de sol e por isso mesmo dava um ponto extra a decoração e sobretudo à alegria de Tomo. A mãe que olhou para um relógio e rapidamente deu sinal a Airi, estava na hora de ir ter com o seu avô. O actual dono da Kusanagi rejeitava por completo a enorme casa dos Nakajima e sempre rejeitou, ainda mais depois da morte da sua querida mulher. Por isso mesmo morava no centro da cidade, segundo ele, era mais fácil para se movimentar e ter contacto com as pessoas e assim não tinha necessidade de estar a pensar constantemente no amor perdido de há anos atrás. Airi adorava a sua relação com o seu avô. É a única neta que percebe o avô, os outros rejeitam por completo conversar mais do que três minutos porque dizem que ele não está funcionalmente bem. Airi conheceu o seu avô antes da morte da avó e percebe perfeitamente o porquê. Uma companhia de vida desapareceu e ele sofre todos os dias com isso, é natural que não esteja funcionalmente bem. E era por isto que Airi tinha uma relação perfeita com o seu avô, porque Airi entendia a dor.

Bateu três vezes a porta e ouviu do outro lado - Está aberto meu amor. - A voz suave e macia do seu avô. Airi entrou e deu como sempre, com o seu avô na janela. A casa completamente arrumada e ele ali esperando alguém. Mas aquele dia era diferente e até para Airi, porque ela iria ter coragem de perguntar quem é que ele esperava na janela - Ainda não chegou quem você tanto espera? - Perguntou colocando a sua mão no ombro dele. O avô encolheu os ombros, com olhar triste, respondeu: - Parece que ainda vai demorar. - Airi sentia que estava a falar da sua avó, mas ele não era "chalupa" ele não era doente mental, e sabia perfeitamente que ela não voltaria. - Como se chama? - Perguntou Airi rezando para não ouvir o nome da sua avó. - Morte. - Respondeu seco. Airi não conseguia acreditar, ouvia da própria boca do avô. É complicado, é complicado quando dentro de nós já nada resta. O avô, para Airi, era a prova viva que o amor era tudo. Pouco são as pessoas que vivem sem amor, e as que vivem acabam por morrer na escuridão.

- Eu cá não sei se a morte vem. - Começou a falar Airi enquanto se sentava num cadeirão enorme - Mas o certo é que está um monte de pessoas à sua espera. - Brincou e nesse momento o seu avô olhou de imediato para ele, olhos nos olhos, disse bem vagarosamente - Pega na espada. Ela é tua. - Airi não queria acreditar, mais uma vez. Ela provavelmente nem fazia parte das contas, ela provavelmente nem era uma candidata a receber a Kusanagi e ali estava: A receber das mãos do dono. - Mas... - Tentou responder Airi mas o seu avô não deixou. - Mas tens de primeiro responder-me a uma questão - Começou o avô deslocando-se para a frente de Airi - Se eu pedir para me enfiares essa mesma espada pela barriga adentro tu fazes? - Pergunta estúpida. Airi levantou-se que nem um foguetão, balbuciando palavras e palavrões e afirmando que o avô devia ser burro, porque ela não iria matar ninguém e tão pouco alguém que ela tanto ama e foi aí que ele se riu, empurrando a neta para se sentar começou a explicar.

- Eu fiz esta mesma pergunta ao teu irmão. - Começou - Ele disse que faria, sem problemas, segundo ele " Tudo pelos membros do clã ". É esta a pergunta que se faz ao longo dos anos, nós prezamos muito o nosso clã mas prezamos ainda mais a vida. Fugimos de Uzushiogakure pela nossa vida, não só pelo o nosso clã. Não matamos ninguém e nunca iremos matar. - Explicou deixando Airi com a boca bem aberta. - Eu quando disse que ele não era um verdadeiro Nakajima, e que tinha falhado no teste e nunca iria ter o meu apoio e a Kusanagi. - O avô preparou-se e por fim declarou - Disse que me iria matar e beber do meu sangue por ter acabado com o sonho dele. - Airi não queria acreditar, nem parecia palavras do seu irmão. Custava-lhe ouvir aquilo.

- O Mizukage já sabe, ele estará na festa, eu estarei na festa, tu estarás na festa e esperemos que o teu irmão não. - Levantou-se e pegou na sua capa - Não queria nada ter de estragar a festa a tua mãe. -

Tudo tinha mudado. Airi não queria acreditar.