Os seus cabelos negros rugiam ao vento de raiva e saudade. Os seus olhos azuis gemiam levemente de curiosidade. Dividido em dois. No lado direito o seu sorriso era grande e brutalmente cruel. Pela esquerda era humilde e simplesmente espontânio. Por um lado estava a vingança de uma vida e pelo outro a vida ao lado de uma deusa.
- Perdeste o teu instinto de assassino. Os teus olhos não focam o alvo. O teu braço ganhou piedade. O teu rosto está desmotivado. Os teus gestos são moles. Mas acho curioso... Quando o irmão morreu tu ganhaste raiva e poder. Contudo ficaste mais fraco. – Dizia Fear ao irmão que naquele treino não tinha conseguido concentrar-se.
- Por vezes até o melhor assassino ama. Até o melhor vingador lamenta. Até o melhor ninja sente. –respondeu Doom num desabafo disfarçado.
Fear ouve a frase e reage: primeiro respeito enquanto reflete e depois desprezo.
- Já percebi. Podes treinar sozinho hoje. – Dito isto o irmão mais novo desaparece da vista de Doom.
‘Que se passa? Não me consigo concentrar, nada me move, estou preso entre duas vidas. Se existissem dois Doom’s’- Pensava Doom. Mas durante esta reflexão reparou em algo que o motivou. Correu, e após um salto de entusiasmo, caíu perto do irmão e gritou:
- Ensina-me a fazer um clone!!!
- ‘-.-‘!!!
- Vá lá um clone. Por favor!!!
- A minha técnica de clones é um genjutso. O teu baixo nivel nesta matéria impede que tu aprendas este jutso.- Esta foi a resposta de Fear que deixou Doom de rastos no chão.
‘Genjuto... Eu odeio isso. Tem de haver outra maneira...’ – Pensou Doom
Clone de água!!! – Gritou ele eufórico ao descobrir a solução para os seus problemas.
Um lago existia ali perto. A sua pequena ondulação tornava-o um lugar calmo. As suas águas eram beijadas pela costa naquilo que vulgarmente chamamos de uma praia perfeita. Apesar da areia fina e branca aqueles paraisos não eram frequentados. Após viajar por um caminho curto e pacato ele chegou aquele que seria a sua grande área de treino. Concentrou o chakra nos pés e, com um movimento lento, andou sobre a água até ao centro do lago.
-Mizu Bunshin no Jutsu!!! – Gritou ele entusiasmado.
Esta técnica não era comum em Sunagakure, contudo ele já tinha ouvido falar nela. Após concentrar bem o chakra o ninja começou a tentar formar clones. Inicialmente começaram-se a notar pequenas saliências na água. Após algumas tentativas estas massas sem forma começaram-se a assemelhar a humanos e por fim os clones tinham exactamente os mesmos olhos raivosos de vingador que Doom herdara do pai. Os mesmos braços firmes que prometiam libertar sangue no futuro. Exactamente a mesma frieza que Doom aparentava.
- Uma cópia de mim. Quem me dera que pudesses ocupar o meu lugar no mundo. – Dizia Doom com um suspiro de desânimo – Por mais forte que fique vou sempre sentir um vazio. Por mais sensivel que me torne vou sempre sentir raiva.
Doom virou costas com rumo a sua casa. Contudo o seu olhar foi interrompido por um rapaz que se meteu à sua frente. Media pouco mais de um metro e meio. Aparentava ser fraco. O seu cabelo era longo e castanho e complementava o seu olhar que, da mesma cor castanha, era manso.
‘Ele está por cima da água? É certamente um ninja’- pensou Doom
- Tu és certamente o ninja que a aldeia procura. Contudo estão aqui dois alvos. Qual destes irei matar? – A sua expressão tornara-se agressiva e ameaçadora nesta ultima fala como se fosse uma tentativa de intimidação.
Doom reconheceu que ele era uma ameaça e partiu para o ataque. Com um movimento de braços tentou golpear a face do oponente. Este travou o ataque com as mãos. Num piscar de olhos o clone de Doom com um movimento rápido pela água apareceu atrás do ninja e atacou com a sua tanto que não mostrava piedade. O pequeno ninja, em resposta, baixou-se ao nivel da água, libertou um pequeno sorriso cruel e, num salto acrobático, quando estava bem alto, lançou várias kunais contra os seus oponentes. Doom salta para trás, mas sem êxito. Os seus pés estavam presos aos do clone de água com fio. O clone desfez-se e vingador é atinjido com algumas armas.
-Caís-te na minha armadilha. Quando me baixei prendi os teus pés e os do clone juntos. Para voçês se desviarem seria necessário cortar o fio shinobi.
Doom levanta-se de costas para o oponente e cria secretamente um clone que se mantem debaixo de água. Prepara vários shurikens e grita – Este é o teu último segundo!
Perto do rapaz de olhar meigo um clone sai, debaixo de água, na tentativa de agarrar uma perna. Com um bonito movimento acrobático o alvo eleva-se no ar. Ainda de costas Doom lança vários shurikens. Ao ver várias armas a aproximarem-se o rapaz concentra-se para as defender. Quando finalmente as consegue evitar já era tarde. Doom estava atrás dele e, com um golpe forte no pescoço, faz desmaiar o garoto.
- Porque é que desta vez não mataste? – perguntou Fear que tinha assistido à cena toda escondido.
- Não preciso de ser um assassino. – respondeu Doom sem olhar para o irmão.
-Tu mudaste, muito.