Quando abriram a porta mais luz entrava, o que queria dizer que podia ser, muito facilmente, notada debaixo daquela mesa inunda de sangue. Parecia que já tinha vivido aquilo antes. Então tudo voltou. A respiração ofegante. O choro. Tudo como no dia anterior. Será que não ia ter descanso?
As vozes estavam cada vez mais audíveis. As tais pessoas já estavam dentro da cabana. Dirigiram-se aos corpos, obviamente. A mulher, a qual só via as pernas, mandou um pontapé na minha mãe. E disse:
- São horas de acordar, querida. Temos de mudar de casa, fofos. – Riu-se.
A raiva apoderou-se de mim, e com isto veio o choro compulsivo. Cada vez chorava mais, mas não me dei conta que se ouvia. Estraguei tudo. Mas não podia fazer nada! Não me sabia controlar!
A mulher virou-se para a bancada, numa tentativa de descobrir ao que se devia o barulho. Virou-se outra vez. Fechei os olhos e suspirei. Mas de repente, a mesa que me cobria foi levada por um pontapé para o outro lado da cabana, embora esta não fosse muito grande. A minha pulsação acelerou bastante. O medo devorava-me.
Fiquei em choque quando vi, realmente, a pessoa de quem eu tinha afirmado conhecer a voz. Aquela cabra. A Sr. Amaya. Aquela cabra tinha torturado os meus pais, durante estes dois anos, ou lá o que tenha sido? E pretendia continuar?
Recuei o meu corpo para o canto, ou tentei. Mas ela, a Sr. Amaya, agarrou-me pelos cabelos e arrastou-me para perto do tal homem. Este era-me desconhecido.
Ela ria-se imenso, mas ao mesmo tempo eu notava uma certa raiva nos seus olhos. Ela parecia… querer-me morta!
Começaram a bater-me, como se eu tivesse culpa de tudo o que se tinha sucedido. Vários pontapés me acertavam, e murros também. Levei um pontapé na cabeça que me fez desmaiar.


Quando acordei, estava deitada numa bancada de madeira. Sentia-a molhada. Abri lentamente os olhos. Sentia-me muito cansada e, também dorida. Senti o meu corpo a estremecer. Quando consegui ver bem onde estava, assustei-me. Arregalei os olhos. O sitio onde estava era bastante sinistro. Era uma cabana parecida a anterior mas, esta continha mais corpos. Continha mais sangue. Continha intestinos pendurados nas paredes como se fosse um enfeite de natal ou coisa parecida. Sangue escorria pelos intestinos pendurados. Também notava as kunais sujas devido às mortes lentas dos corpos que habitavam aquele espaço. Era uma visão horrível e eu , de certeza, que não tinha nascido para estar neste lugar.
Quando me decidi levantar, não consegui. Algo me prendia. As cordas, eram as cordas que me prendiam fortemente. Nem um pouco me levantei. Comecei a entrar em pânico. Obrigava os meus braços a se elevarem para ver se as cordas me deixavam ir. Mas não, nada dava. Estava presa e bem presa. A minha respiração voltou a ficar ofegante. E eu comecei a entrar em pânico. Tinha as mãos e os pés presos pelas cordas fortes. Não podia lutar mais contra as cordas. Não tinha força para isso. O facto de me terem batido tinha influenciado, agora, a minha reacção corporal.
Ouvi barulhos. E ouvi risos. Ela voltou. Ela voltou para me matar. Pelo menos foi o que pensei. Fechei os olhos, mas percebi que ela estava agora ao pé de mim. Ela sabia que eu estava acordada. Como? Não sei. Ouvia mexer nas kunais. Abri os olhos.
- Minha linda, sabes que não te devias meter onde não és chamada? – Riu-se.
- Deixe-me ir embora!
- Querida, mas eu nem sequer comecei o meu trabalho.
- Por favor! – Tentei soltar-me.
- Desculpa, não posso.
Pegou na kunai e começou a brincar com ela no meu corpo. Passava-a lentamente por toda a minha pele. Esta mulher era insana. Pegou nela, elevando-a e espetou-a na minha perna. Soltei um grito de dor. Voltou a fazê-lo variadas vezes pelo meu corpo todo.
- E agora a ultima facada deste primeiro passo para o grande desenvolvimento do torturamento. – Riu-se maleficamente.
- Por favor, já chega! – Eu chorava bastante. Está cheia de dores. Cada vez o meu corpo jorrava sangue. Os pingos de sangue ouviam-se a cair no chão e pelo qual parecia formar uma grande poça.
Elevou a kunai outra vez e espetou-ma na barriga. Ela sabia que poderia fazer estragos. Soltei ainda um grito de dor, mas desta vez foi mais sentido que o outro. Tentei soltar-me outra vez, mas o meu corpo estava demasiado fraco para tal coisa. Já não me sentia capaz de nada mesmo.
- Bem agora vou deixar-te aqui, por um tempo a perderes sangue. Depois vou-te tratar das feridas e ai estarás pronta para o Inicio do teu processo de torturação, - Foi-se embora.
A minha visão estava turva. Não percebi do que falava. Não compreendia nada. Não conseguia nem estar atenta. As dores estavam a matar-me fortemente. Virava a minha cabeça variadas vezes.
- Não… Não… Não… Não… - Repetia isto variadas vezes. As dores obrigavam-me.
Tentei olhar para o estado do meu corpo, mas mesmo assim nem isso conseguia fazer. Senti os meus olhos fecharem rapidamente. O ultimo pingo que ouvi, caiu no chão, tão lentamente que nem poderia ser realidade. Senti-me a adormecer tão profundamente. Não tinha acabado por ali. Eu sei que voltaria a acordar. Eu teria de me vingar.