Filler 2 – O ex-melhor amigo
Tsutao sairá como entrara do local, silencioso, sem grandes esperanças e até deprimido. Era impressionante como se desenrolaram tantos eventos em menos de quatro meses. A morte de muita gente importante, a maldita Shin no San que nunca deixava de impressionar, o rank Chunnin…
Os pensamentos foram afastados da mente quando o Chunnin voltara a estar à frente da sua casa. A vontade de entrar era nula, mas ele queria ver a sua mãe, pelo menos mais uma vez.
Em pequenos passos este abre o portão, encaminha-se até à porta abrindo-a de seguida. Desta vez não descalça os chinelos, não, era desnecessário. Dirigiu-se até à porta e olhou de esquina, não tinha coragem para olhar de frente pois, a poucos centímetros, estava o corpo moribundo da sua mãe. O rapaz acaba por fechar os olhos, sentia um forte aperto na garganta e uma vontade enorme de chorar. Inspirou pesadamente e voltou a abrir os olhos, viu à sua frente a ilusão da família, como ela era feliz, lembrou-se das suas discussões com o seu irmão, como a sua mãe era doce para ele e como o seu pai lhe ensinou muito. E derramou, uma pequena e única lágrima escorreu pela bochecha e desceu pelo traço até pender pelo queixo. Acabou por cair no soalho frio e desabitado.
-Não tarda nada ninjas estarão aqui… - Pensava Tsutao que ficava a olhar mais uns minutos para a sua progenitora. E, por fim, virara-lhe costas, tal como fez com o seu pai, tal como fez com todos os seus amigos…
Saiu de casa a correr, estranhamente estava um belo dia de sol, nada a condizer com este tipo de cenas dramáticas, mas Tsutao não tem o poder de controlar a temperatura.
Foi a pensar na morte da sua mãe que o pequeno Uchiha se lembrou de um amigo, especificamente, lembrou-se de Hayato. Ainda se lembrava da localização da casa dele, e para lá correu. Bateu à porta freneticamente, sentia-se Haya, com o seu latido único, a ladrar e passos leves a encaminharem-se até à porta.
A porta abriu-se por um jovem de dezoito anos, maior e mais musculado com Tsutao, contudo menos inteligente. Tinha o cabelo despenteado, selvagem é como o Hayato lhe chama, e notavam-se as quatro notórias riscas vermelhas que cortam as bochechas, típico dos Inuzuka. Para descontentamento do Uchiha, o Inuzuka lançara-lhe um mau olhar e virara-lhe automaticamente as costas entrando dentro de casa enquanto ordenava para que Haya se calasse.
-Hayato, preciso de falar contigo! – Gritava o jovem de dezasseis anos entrando dentro de casa sem por favor nem outro tipo de formalidades.
-Mas eu não quero falar contigo! – Gritava Hayato dando um pontapé numa cadeira mal Tsutao tenha entrado.
O Uchiha sentira um baque no coração quando vira o estado da casa, desarrumada, inunda, cheia de teias de aranha e o pó já governava em tudo o que era móvel. Tsutao aproximava-se do Chunnin mais velho enquanto este se sentara noutra cadeira com a cara encostada à superfície da mesa e os braços a cobrirem a cabeça.
-Nunca mais foste o mesmo após a morte dela… - Comentava o Uchiha pegando num retrato onde estava uma Yamanaka a rir-se, Himeji.
-Nunca mais fales nela caralho! – Gritava o Inuzuka levantando-se de rompante arremessando a cadeira contra a parede – Eu não te disse que na próxima vez que te visse, te matava?
-Também disseste que seriamos para sempre amigos, não andas a cumprir muitas promessas ultimamente… - Troçava Tsutao tentando fazer o seu amigo soltar um sorriso.
Contudo, a única resposta que este recebeu foi a de ser encostado à parede pelos colarinhos enquanto o Inuzuka lhe rosnava, tal como uma besta. O Uchiha agarrava-lhe nos pulsos e tentava desesperadamente livrar-se da pressão, mas a força do amigo era superior, muito superior.
-Hayato, por favor ajuda-me a combater a Shin no San! Estou sozinho, o meu irmão, Dan Dan e os outros desapareceram, ou morreram e a Miyuki foi raptada… Ajuda-me! – Pedia o Uchiha.
-CALA-TE! – Gritava o Inuzuka à cara do Tsutao enquanto continua a mostrar-lhe os dentes – Não foi a Shin no San que fez tudo isso… FOSTE TU! SOMENTE TU! Senão fosse por culpa tua, nenhuma dessas pessoas estava a sofrer o que agora estava a sofrer! – Dito isto Hayato dá uma volta de trezentos e sessenta graus projetando o corpo de Tsutao contra o solo por detrás dos dois Chunnin – Foi por causa tua que Himeji e Kei morreram, por causa tua e dessa tua maldita Shin não sei quantas!
Tsutao batia com as costas no solo, mas fora um leve golpe e facilmente conseguia levantar-se e fitar Hayato, e fitar a sua fúria, a sua sinceridade nas palavras. Algo que acabou por tocar na consciência do Uchiha “Senão fosse por culpa tua, nenhuma dessas pessoas estava a sofrer o que agora estava a sofrer!”. Não conseguia dizer nada e Hayato permanecia-se calado de igual forma, nas sombras Haya ocultava-se, não era sua vontade meter-se na discussão e certamente não era sua vontade atacar Tsutao, caso assim Hayato lhe ordenasse.
O Uchiha ainda se levantava – Hayato… Não vou falar sobre isso, sim, sinto-me culpado… Ah, esquece, eu não sou bom a discursar… Ajuda-me a combater a Shin no San, não o faças por mim, mas faz para vingar a morte de Himeji, para que a sua morte não seja em vão. Fá-lo!
O Inuzuka desviava o seu olhar para o ninken, que ainda permanecia imóvel. Depois de refletir durante uns tempos, o único que saíra fora um profundo suspiro seguido por uma festa carinhosa a Haya.
-Amanhã à noite vou assaltar uma casa, da Shin no San. À mesma hora de sempre, no mesmo local de sempre, eu vou estar à tua espera. À espera da tua resposta, eu pedi a tua ajuda e espero que saibas os perigos que acarreta se me decidires ajudar… - Finalmente o Uchiha virava costas a um dos que fora intitulado “melhor amigo”.
O período de tensão passara mal Tsutao tenha colocado o pé fora de casa. Inuzuka ainda trocava olhares com o seu ninken, confuso, alheio, mas já tomara a sua decisão…
***
Cartas, algo bastante usado, fácil para se comunicar entre pessoas distantes e fácil a esclarecer certos objetivos de determinadas pessoas. Fora isso que concluíra Hideyoshi, refugiado no seu apartamento, sentado à mesa com a sua habitual chávena de café, bebendo-a aos leves goles enquanto lia e relia a carta que lhe fora entregada após a reunião com Sasuke e Tsutao.
-Ótima altura para começares a agir! – Pensava o Jounnin batendo com um punho fechado na mesa, mas sem nunca largar a folha de papel, criando uma pequena turbulência na superfície que era notória no registo de ondas criado à tona do café – Tenho pena Tsutao, mas não é nada pessoal….
Continua…