Um tempo frio misturado com uma chuva fraca e um nevoeiro pouco denso. Esse era o ambiente que se vivia na tarde de uma aldeia onde o movimento se mantinha uniformemente fraco, lenhadores andavam de um lado para o outro tal como cidadãos ou outro tipo qualquer de pessoas, mas nenhum ninja. Nenhum ninja a não ser o rapaz invulgar que acabara de cruzar a entrada da aldeia.
-Kamui disse que estava aqui… - Pensava Tsutao de mãos nos bolsos das calças na tentativa fútil de as aquecer mediante os seus olhos cruzavam-se com todos os edifícios sem darem grande importância às pessoas que passavam por ele.
Finalmente o rapaz estaca à frente de uma taberna que aparentava ter dois andares. Na realidade esta era bastante vulgar, construída de madeira com algumas janelas a distribuírem-se ao longo das paredes exteriores que impediam o frio de entrar e uma única porta que servia de entrada e de saída para os clientes.
O Nukkenin aproxima-se da porta talhada a madeira e rodopia a maçaneta dando de seguida um leve empurrão para que esta abrisse alas ao seu manipulador. Uma brisa fria passageira conseguira apressar Tsutao a entrar de rompante na taberna e a fechar de imediato a porta por detrás de si, pernas e dentes tremiam e o efeito do frio dado por aquela brisa parecia não ser algo passageiro.
Dentro da taberna o ambiente era muito mais reconfortante que fora dela. No primeiro andar o sistema de mesas e cadeira estava mal organizado, sendo que estas eram colocadas de forma atabalhoada, as decorações eram pobres e algumas já gastas sendo essencialmente compostas por alguns tapetes velhos, quadros sujos ou cadeeiros em mau estado ou com as lâmpadas já fundidas. Para contrastar, o melhor da taberna era, sem dúvidas, o calor proveniente da singular lareira que se mantinha presa à parede direita onde vagabundos se aproximavam para se poderem aquecer. As cores do primeiro andar eram uma mescla de castanho com verde-florestal e o cheiro a álcool, vómito e outras substâncias nada agradáveis só tornavam o ambiente pesado para os “amadores” nestes típicos edifícios, tal como Tsutao.
-Muito bem… - Murmurou a custo não conseguindo impedir os dentes de tanto tiritarem enquanto retirava de um dos bolsos das calças um pequeno pergaminho, ao qual se apressava a abrir e ler os kanjis em moderada pressa – Ele está no segundo andar…
O rapaz voltou a enrolar o pergaminho e a guardar no bolso encaminhando-se para as escadas, às quais só reparara agora, olhando para todas as pessoas que cantarolavam, festejavam ou esqueciam naquele sítio.
-AU! – Gritou uma voz feminina após o seu corpo ricochetear com o desatento Uchiha e ambos caírem ao chão, um cigarro desliza da mão da rapariga embatendo contra o solo e deslizando até perto da mão de Tsutao largando para trás um fio de fumo desconfortável ao nariz do rapaz – Vê por onde é que andas palhaço!
O rapaz tinha a mão na testa tentando suavizar a dor mas elevara a sua cara de imediato quando ouvira o insulto daquela voz feminina mas violenta. Foi nela que encontrou a bela rapariga com a qual chocara, um cabelo liso e longo num tom loiro que combinava com as esmeraldas que ela possuía nos olhos. Descendo o corpo notava-se o estranho visual da mesma, um short cortado pelo peito e pela manga direita sendo que a esquerda permaneceu intacta. A barriga estava totalmente descoberta e, para finalizar, ela usava umas calças a fugir para “leggins” negras com uma hitaite de Kusagakure com um risco horizontal por cima da mesma, sinal que era Nukkenin. Os olhos voltaram a subir ao longo do corpo fitando um olhar zangado.
-Vais me ajudar a levantar ou não? – Vociferou a rapariga com aquela típica voz de quem está prestes a irritar-se.
Tsutao suspirou, levou as mãos ao chão e levantou-se sem grande esforço. Estende o braço e a loira apertou-lhe a mão de mau agrado sendo levantada com a ajuda do colega Nukkenin. De pé esta já retirava outro cigarro e colocava à boca, fazendo estalidos negativos com a língua quando reparava que o Uchiha ainda olhava para ela.
-Olha lá eu sei que sou muito gira mas não tens mais ninguém para olhares? – Trovejou a rapariga encaminhando-se para frente quase levando Tsutao à frente de propósito – Baka!
O ex-Chunnin não aguentou um segundo suspiro e voltou a olhar para o segundo andar. Apressou-se a chegar perto das escadas onde o seu progresso fora esbarrado por uma “espécie” de guarda que impedia que qualquer um subisse para o andar superior.
-Desculpe-me meu jovem mas só VIP é que podem subir para o segundo andar – Explicou numa voz serena e calma notando-se uma leve frustração por ter um emprego tão aborrecido como aquele – Se quiser passar tem que ter um passe, ser convidado ou pagar uma quantia um tanto exorbitante, mas se for mesmo um VIP então concordará que não será assim tão grande…
O Nukkenin falara “Sou convidado de Kamui, o Flautista!”, contudo a sua fala fora abafada por um som maior. O som de uma explosão relâmpago que surpreendera todos no local e que demolira por completo a parede onde se situava a lareira. Um misto de poeira e de gritos levantam-se, pessoas levantam-se e berram como histéricas fugindo ou escondendo-se na esperança de se abrigarem. Onde outrora havia diversão, agora era o pânico e terror que se fundiam na sala. Outra explosão acontece e desta vez o edifício treme ligeiramente levando ao chão os mais distraídos. Tsutao agarrara-se a uma coluna que se encontrava perto dele e olhava à sua volta atónito.
-Mas que…
O local à sua volta já estava praticamente vazio só sobrando uma rapariga loira escondida por detrás do balcão e a estalar os dedos das mãos. Aquela rapariga não lhe era estranha o que levou o impulso de Tsutao a obrigá-lo a correr e atirar-se para detrás do balcão acompanhando a loira.
-O que vais fazer? – Perguntou o Uchiha de imediato.
-O que é que achas Ts…? – A rapariga interrompe-se de repente colocando a mão direita à boca e recebendo um olhar desconfiado por parte de Tsutao – É claro que vou defender a minha taberna destes ladrões palhaços de hoje em dia e tu vais ajudar-me lindinho! Chamo-me Kimera Fukeru, prazer!
-Sou Tsutao Uchiha, porque é que haveria de te ajudar? – Perguntou o rapaz ainda desconfiado.
O olhar da rapariga treme ligeiramente quando ouve o nome “Tsutao Uchiha” e preparava-se para lhe responder mas, tal como acontecera com o ex-Chunnin, a sua fala fora abafada por mias uma explosão que elevara outro manto de poeira e sujidade. De imediato dois vultos entram pela taberna e uma cortina de fumo espalha-se….