Mais uma vez acordará no meio da noite encharcado de suor, com o coração se expelindo do peito. Infelizmente o que sonhava todas as noites não era apenas um pesadelo, era uma recordação, como um deja vu inverso. Os cabelos loiros apresentavam um tom escuro de tanta umidade e seu corpo ofegava tentando se recuperar do medo, aquilo já havia virado rotina, mas não é como se ele conseguisse se acostumar. Levantou-se empurrando os cobertores que já estavam no chão, tentando encontrar seu sapato branco e percorrendo os olhos de mel pelo criado mudo, a procura de seu cigarro. Toda a noite desde o acontecido Lo fazia as mesmas coisas. Sentava-se na área do fundo e fumava alguns cigarros, até a tensão se encobrir novamente e ele conseguir voltar a dormir. Sua irmã odiava isso, odiava que ele fumasse, que ele não se preocupasse mais em treinar, que ele não fosse mais o mesmo. Ela não entendia o porquê de tal mudança, talvez não existisse mesmo o porquê.

A casa era toda de madeira e um pouco grande demais para só os dois. Já fazia dez anos que seus pais se foram, mas eles decidiram continuar na casa, lembrar é sempre bom. As paredes eram todas decoradas com desenhos e esculturas, coisas da família Okamoto. Lo anda devagar e tentando não fazer barulho algum, nem trocou de roupa pra não arriscar. A porta de seu guarda-roupa está quebrada há dias e sempre cai quando alguém se aproximava. Era melhor passar frio do que ouvir merdas de sua irmã. Seu pijama era uma camiseta grande de manga longa, um beje meio envelhecido que cobria o minúsculo short, deixando o resto das pernas nu. Sentou-se no degrau da área escorando a costa no pilar, de modo que pudesse observar a noite e o quintal e também o interior da casa, pra se preparar pra levar bronca. O gélido vento soprava a fumaça do tabaco pra longe, não se ouvia ruído algum, talvez o barulho de um grilo fugindo algum bicho maior, o quintal era enorme, cheio de plantas, existia até um lago trabalho em ricos detalhes do passado. Há algumas semanas atrás, este quintal motivava o garoto, ele gastava a manhã em pé na beira do lago, desenhando em uma tela de desenhos, coisas sem sentido, coisas que poderiam chegar aos pés da verdadeira arte. Mas ultimamente não sentia isso, desde que seu melhor amigo partiu as coisas estavam complicadas.

Por trás da tristeza

Lo era mais próximo de Remu, seu melhor amigo, do que de sua própria irmã. Os dois cresceram juntos, eram quase amantes da vida, com sonhos loucos, independentes mesmo com baixa idade. Remu era dois anos mais velho que Lo, de longos cabelos ruivos, magro, porém mais forte que o loiro, misterioso e cativante. Nascido em Kumo, poucos conheciam o porquê do garoto morar em Iwa desde pequeno, talvez ninguém além da família de Lo. Os pais de Remu foram exilados de Kumo por tentarem matar o Kage, fugiram antes de serem presos e nunca mais foram vistos. Remu fora encontrado perambulando os montes de Iwa, partes que são da família Okamoto, que acabaram adotando o pequeno. Ele cresceu como um Okamoto sendo considerado um membro de Iwa e nunca agiu de modo suspeito, até se tornar chunnin. Uma semana depois do Exame, Remu se afastou completamente de Lo, de todos. Passava o dia inteiro treinando em lugares afastados, onde pudesse usar técnicas de seu clã.

Fazia certo quatorze dias do fim do Exame, Lo estava pintando um quadro que daria de presente a Remu, o quadro mais difícil que já pintou e acabou sendo o último. Era quase fim de tarde, mas como todos os dias em Iwa, o sol ainda se mostrava em seu melhor ângulo. Utena, a garota alta de cabelos brancos volumosos, já uma jounin e ainda assim irmã de Lo, havia saído pra uma missão longa, deixando toda a casa para os dois garotos. O menor estava se dedicando ao seu quadro, misturando tons de vermelho para chegar à cor ideal do cabelo do mais velho, algo não muito fácil pra um iniciante. Duas mãos geladas tampavam os olhos de mel do loiro enquanto um corpo mais quente o abraçava por trás, tirando toda sua concentração em relação a pintura.
- Remu! Tire suas mãos de mim seu fedorento comedor de lamém barat... AHH! – Fora interrompido por um puxão que o jogara pra baixo, caindo em cima do maior, de frente para o mesmo. Lo media quase a metade de Remu, então seu rosto batia no pescoço do ruivo e seus pés no joelho.

- Você não disse por favor meu rei. – Remu tinha a voz angelical, mesmo fazendo brincadeiras como essas, sua voz cativava, ele convencia os outros apenas pelo tom dela.
Permaneceram no chão, ambos prendendo o riso. Remu tinha lindos olhos vermelhos, não muito grandes, sem muito brilho, um vermelho fosco, algo que dava medo em qualquer um que olhasse por muito tempo, menos Lo. O pequeno deslizava seus dedos sobre as tatuagens que o ruivo tinha no rosto, algo do seu clã ou vila, o loiro nunca tentará entender. Eram como duas setas em baixo de seus olhos, não muito grandes, apenas mais um atributo misterioso do ruivo de cabelos espinhentos. Ficaram deitados ali até recolherem o medroso sorriso e olharem sérios um para o outro. Remu ergueu Lo se levantando junto e colocando-o em pé no chão, segurando agora apenas as pequenas mãos do menino. O ruivo era o único que não se importava com as bocas nas palmas da mão de Lo, ele dizia até gostar, e ele gostava, ele gostava de deixá-lo confortável com tudo, de fazê-lo sentir amado. Até hoje.

- Vamos Lo. – Remu o puxava o levando para fora do quintal, parando apenas para apanhar uma mochila grande e de cor escura. Colocou a bolsa na costa do menor e o montou em sua própria costa, como sempre fazia. Correu pelas ruas mortas da vila, mais próximo a lateral, em sentido à saída. Lo já estava a segurar as lágrimas, não disse nada em momento algum, mas sabia o que aquilo queria dizer, era hora de Remu partir. Os dois conheciam uma saída secreta, escondida entre os parques de treino, coberta por folhes secas, acabaram parando por lá. Lo agora estava de frente para Remu que o encarava, acariciando suas mãos.
- Não vai dizer nada?
- Bem, você quem me trouxe aqui. – Lo continuará olhando para o chão, disfarçar o choro não era bem sua maior força, ainda mais na frente do amado.
- Por favor, só não me odeie. Você sempre soube que eu precisaria partir. E agor... – O maior fora interrompido por gritos e lágrimas.
- Você disse que me amava Remu, por que mentiu para mim? Por que me fez acreditar nisso se sabia que eu não agüentaria. Eu já me sinto tão sozinho, você sabe, eu preciso de alguém que preste atenção, que me diga que me elogie, que me faça sentir bem. Você sabe que eu preciso de você. – O que mais irritava o pequeno em Remu era seu rosto de deboche, como se estivesse segurando para não rir do pequeno, a forma que olha dentro de seus olhos cheios de lágrimas mostrando não se importar tanto. Isso deveria fazer Lo desistir a tempos.
- Não venha com esse drama Lo, já conversamos sobre isso. Apenas se torne forte, mais forte que eu. Então eu voltarei para te buscar. Até lá você poderá contar apenas consigo mesmo.
- NÃO REMU! Você não vai me deixar, você não pode me deixar aqui. Por favor, então me leve contigo, serei útil em seus objetivos, por favor Remu, por favor!
- Já chega Lo, você está me tirando do sério. Você não é mais uma criança que precisa estar em baixo da sombra de alguém, você já tem quinze anos e ainda é um estudante da academia, você me da nojo. Agora saia de perto de mim. – O ruivo não estava sendo verdadeiro, mas ele sabia que se não fosse assim Lo não o deixaria em paz. Terminou a dolorosa frase e enquanto Lo tentava resmungar algo, correu para a traseira do mesmo, dando um soco em sua nuca, desmaiando o pequeno. Lo percebia estar perdendo o controle de seu corpo. Caindo em meio a grama que não fora suficiente para amenizar a dor da queda. Mas no momento não era seu corpo que estava doendo. Antes de cair totalmente e estar realmente desmaiado, o loiro conseguia enxergar de forma embaçada, seu amado partir pela passagem e erguer uma barreira de pedras através de um jutsu para impedir o pequeno de segui-lo.
- Lo, você está fumando de novo, mais que merda. – Utena acordara Lo das lembranças tomando o cigarro quase todo queimado de seus dedos e tragando-o antes de jogá-lo longe. Utena também fumava, esse era um dos motivos dela odiar Lo fumando, ela sabe o quanto é horrível estar viciada em algo. O pequeno não encarava a irmã, mas conseguia ver sua típica saia vermelha, que parecia mais um pano amarrado e decorado com grandes flores, também sua blusa folgada branca, com mais flores, porém menores. Tudo para a garota fica melhor com flores, até seu prendedor de cabelo tinha o formato de uma. A garota agachou ao lado do menor passando a mão em seus cabelos amarelos, já secos.
- Eu não agüento mais Utena, eu tento parar de pensar, mas não funciona. Você não espera que as coisas aconteçam, você não pode controlar nada. – O garoto não conseguia guardar as coisas pra si, tinha sempre um discurso enfeitado por lágrimas pra dizer para alguém. Mesmo estando feliz.
- Lo, já chega. Você não pode mais viver em função dele. Você tem uma vida pela frente e será decepcionado muitas vezes. Mas elas não podem te controlar, não é assim que funciona.
- Eu não tenho um porque pra continuar Utena, você sabe disso.
- Esse drama não me engana mais Lo. Quer algo que te faça continuar, então ta bom. Continue por Remu. Seja forte por ele, treine, lute, se esforce. Se torno o melhor de seus companheiros, seja conhecido no mundo, assim quem sabe ele não volta pra ti. Mas se prepare, pra ele ficar contigo, tu tem que ser mais forte que ele, se não ele irá te matar. – Pela primeira vez Lo se virava para a mais velha, ela não disse nada além do que ele já tinha ouvido, mas agora tudo fazia sentido. Remu o mataria se o encontrasse naquele estado, ele precisava parar de chorar.
- Agora vamos, fumaremos o último cigarro e voltamos a dormir. Amanhã você acordará cedo pra treinar e se tudo der certo, de tarde está com sua bandana.

A garota sentou ao lado do irmão, pegando um cigarro e dando um a ele. Agora ambos observavam o quadro que estava do outro lado do quintal, na outra varanda. Era o último quadro de Lo. Nele, Remu estava todo vestido de preto, com um roupão de detalhes brancos, fechado, segurando o loiro pela cintura, olhando com aquela cara de deboche para o lado, desviando do olhar do menor. Esse por sua vez, parecia estar pulando, tentando alcançar o rosto do ruivo, dando-lhe um beijo na bochecha. Nas outras noites, a pintura o fazia chorar, mas dessa vez, ele sentia o oposto. Dessa vez, ela o motivava.

Spoiler:

Spoiler:

Não achei tua escrita ruim, Lo, acredite
Particularmente senti-me tocada por este filler (maldita/bendita empatia ). E Lo, Tora também tornou-se gennin tarde, estamos em pé de igualdade, nem se preocupe Manda o próximo, irei acompanhar ^^

A escrit está boa, worry not ^^. Agora só te dou motivação é para continuares a história porque parece ser um romance bem interessante, apesar das semelhanças à Narute/Sasuke.

Continua, vamos lá ver de que maneira Lo vai seguir adiante!

Obrigado vocês. ^^ Sim, copiei descaradamente do anime.rs Mas não pretendo levar esse romance adiante, não por hora, na verdade não tenho certeza de nada né. Vamos ver então. ^^

A escrita está bem boa tirando alguns erros pequenos e com pouca importância. Só houve uma parte em que fiquei confuso, quando dizes que Remu media quase o dobro de Lo. Ora bem, segundo a descrição física que tens na ficha o Lo mede 1,72m portanto o Remu teria de ter no mínimo 2m de altura xP

De resto, achei que escreveste uma boa introdução mesmo tendo essas tais semelhanças com Naruto e Sasuke e vou ler o próximo ^^