Já passava das oito horas quando Lo entrou na sala da Kage, que lhe entregaria a primeira missão. Kurotsuchi estava rodeada de ninjas, o pequeno mal a enxergava se não pelo seu chapéu. Permaneceu na porta até que um jounnin veio a teu encontro lhe entregando um papel. – Aí está o pequeno irmão da Utena, se não fosse o tamanho vocês seriam idênticos. – O jovem de longos cabelos negros analisava Lo com um sorriso estranho e antes que o loiro pudesse falar, continuou: - Bem, a missão é simples, já que é sua primeira missão. Passeie com os cães pela cidade, atenda as ordens da senhora, ela está sempre nos convocando então não a desaponte. Bom trabalho. – O jounnin fechou a porta da sala da Kage na cara de Lo antes que esse pudesse falar qualquer coisa. O garoto assentiu e saio do local seguindo as ordens do papel. A casa não ficava muito longe dali e a senhora já estava esperando o gennin do lado de fora. Era uma velha com o peso além do normal, segurando uma coleira com um cachorro também gordo demais e em seu colo tinha um de tamanho pequeno, que latia desde quando Lo virou a esquina. – Bom dia senhora, sou o... – Sim é o gennin que vai levar meus bichinhos pra passear, rápido, eles já estão estressados. – A senhora deu as coleiras pro menino abraçando os animais e resmungando algumas coisas pra eles. Não falou mais nada e entrou. O cachorro gordo era todo cinza, tinha uma cara de bobo que parecia estar dormindo. O menor tinha a coloração variada entre beje e marrom escuro, não parava de se chacoalhar e dar latidos finos e irritantes, na sua coleira estava desenhado seu nome, Mello.
Andara até a outra esquina, o garoto tinha que praticamente arrastar o cachorro gordo enquanto o pequeno tentava arrastá-lo. Os dois animais pararam pra cheirar um arbusto, do qual saiu um pequeno coelho e por um milésimo de descuido, Mello escapou correndo atrás do coelho. Lo tentou correr atrás, mas parecia estar preso no chão por uma ancora, e estava. O enorme cachorro havia sentado, como se os dois cães tivessem planejado a brincadeira com Lo. – Vamos lá seu bobão, vão alcançar seu amigo, vamos. – Ele puxava com muita força e o cachorro movia poucos centímetros sem se preocupar em levantar. Mais pra frente se via o outro virando outra esquina atrás do animal, forçando Lo pegar o cachorro no colo, usando muito de sua força para erguer o bicho, aquilo não parecia um cachorro. Rapidamente o loiro canalizou chakra na sola dos pés e subiu no muro ao seu lado, correndo por ele em direção ao outro cachorro, observando por cima para não perdê-lo de vista. O gordo que até então não tinha nome, parecia pesar mais que as estátuas das festividades do clã, mas ao menos ele não incomodava, enquanto o outro estava por derrubar os lixos e fazer barulho pela rua. Em mais um descuido, o pequeno escorregou do muro dando sorte de encontrar um galho de árvore grosso o suficiente para segurá-lo, se agarrou no mesmo com uma mão e pressionou o animal para seu peito com a outra, se tomando impulso pelo galho e se jogando pouco em frente ao cachorro menor, que batia com o cara na perda do loiro. Aproveitou o momento e agarrou o cachorro pequeno, dando na mão duas voltas da corda da coleira, para firmá-la e não passar pelo pequeno sufoco novamente. – Muito levado pro seu tamanho Mello, muito levado. – O garoto mais brincava com o cachorro do que brigava, a correria foi tensa, mas foi divertida. Continuou a andar até que um morador o gritou.
- Hey garoto, você não pode fazer essa bagunça na frente da minha casa e sair por assim, ande, arrume já isto. - O velho acenava para a sujeira causada pelo animal e continuava por observar o garoto. “Mas essa agora, que merda em.” Assentiu. Foi em direção ao senhor se desculpar e amarrou os cachorros de forma firme no tronco de uma arvore próxima de si, de modo que pudesse continuar de olho. Tinham muitas sacolas de lixo espalhadas pela calçada, mas poucas rasgadas, não seria lá tão nojento. O garoto agarrou quatro sacolas em uma mão e mais duas que estavam próximas na outra e atirou a lixeira, foi seguindo nesse ritmo. Algumas pessoas olhavam e riam, mas ele lembrou que uma vez, em uma missão, a tarefa da irmã era juntar os lixos da cidade, então não tinha pra que tanto se preocupar. As quatro sacolas rasgadas por sorte ainda tinham o lixo em seu interior, facilitando ainda mais o trabalho. Lo agarrou duas, uma em cada lado, tampando o corte com cuidado e as levou até a lixeira. Fez o mesmo com as outras duas, mas não teve a mesma sorte. Já próximo a lixeira, uma das sacolas rasgou ainda mais esparramando pequenos sacos de carne estragada e escamas de peixe pelo chão. “Claro, sempre pode pior. Merda.” Colocou a outra sacola no pequeno depósito e usou o exterior da rasgada como luva, pra assim conseguir pegar nos restos. Seu estômago embrulhava o obrigado a pegar mais rápido tentando não olhar. Deixou alguns restos de peixe no chão e foi em direção aos cachorros, voltando a olhar para o velho. – Desculpe-me pela confusão senhor. – O portão do homem se fechava na cara do garoto, parece que é uma mania das pessoas dessa vila. Continuou a caminhar, agora segurando com mais força a coleira de Mello.
Andou por boa parte de Iwa, aproveitando a brisa da manhã e preferindo lugares mais naturais, sem muitas casas e construções. Vai que Mello aprontasse outra presepada. Sentou-se no chão de um parque pouco mais afastado do centro da vila, este era todo gramado e com algumas árvores com a folhagem completa, algo até raro na vila da pedra. Pela primeira vez teve a oportunidade de acariciar os animais, sofrendo por algumas lambidas de Mello que momento algum parava de pular. Até então estava sendo uma ótima missão.
No papel que o jounnin entregara a Lo dizia que os cachorros tinham que voltar até o meio dia, então o pequeno decidiu por ficar um pouco mais no parque. Já tinha soltado as coleiras dos cachorros que estavam até obedientes, não saiam muito longe e nem corriam muito. O gennin perdeu alguns minutos brincando com o cachorro gordo até encontrar do outro lado de sua coleira seu nome, que era Flofo. Preferiu não pensar no porque de um nome tão estranho e continuou a brincar com o bicho. Pegou um pouco de sua argila e com a boca de uma das mãos, moldou quatro pequenas cobras do material, que rastejavam atrás do cachorro serelepe. Mello brincava com elas, mas não parecia ter coragem de mordê-las. Era até melhor, vai que sem querer uma explode e o machuca. Acaricia a barriga de Floco que parecia estar em um sono profundo, quando ouviu latidos estranhos. – Mello, o que foi? – O serelepe estava sério agora, sem abanar o rabo, olhando fixamente por entre as árvores e latindo, havia até esquecido das cobras de argila. Na direção parecia existir uma confusão, duas pessoas usavam máscaras e cercavam uma menina de longos cabelos claros, que tinha sua boca tampada e suas mãos presas por um dos de máscara. Lo se levantou na mesma hora e foi lentamente em direção, se escondendo em alguns arbustos, resmungou algo para o cachorro ir pra lá e ficar calado, e esse obedeceu. “Mas o que..” Antes de ser visto, sacou três senbous e lançou no garoto mais distante da “vítima”, no mesmo instante sacou outras armas e as lançou em direção ao menino que segurava a garota, que parecia ser mais forte que o outro pelo tamanho de seus braços, mas devia ser apenas um gordo. O mascarado que estava de frente para a menina tirara uma katana que defendia as armas, enquanto o outro, mais lento, foi atingido no braço esquerdo, mas não pareceu sentir tanta dor. No momento do lançamento Lo criou um bushin e usando o Shunshin para escapar rapidamente, se escondeu.
- Ora se não é a garota com pênis. Está enfim fazendo missões Lo? Demorou em. – Lo conhecia aquele tom arrogante, mas não confirmou nada. O garoto que parecia conhecer o loiro, virou em direção ao mesmo e lançou algumas shurikens, fazendo um selo e dizendo Shuriken Kage Bunshin no Jutsu. Logo surgiram várias réplicas das armas que iam em direção ao clone. “Mas que técnica, ele está muito a frente de mim, e ainda tem aquele outro gordo que não sei se é ninja ou não...” Mesmo sem confiança o garoto não hesitou, aproveitou o momento em que o clone explodia em fumo e pulou em direção ao suposto conhecido, mirando-lhe um soco. Este rapidamente se esquivou e começou a golpear Lo, que se defendia aplicando também alguns golpes, não era bom em taijutsu, mas pensou que se atacasse de surpresa seria bem sucedido, e foi. Em um momento de descuido, acertou um soco no estômago do oponente, seguido de uma joelhada em sua face, não tinha muita força, mas foi o suficiente para partir a máscara ao meio. Afastou-se surpreso ao ver quem era. – Renji! Mais que merda. Agora estás a estuprar também seu lixo. – O garoto gritava olhando com raiva para o primo que erguia-se também recuando. “Como não percebi a decoração das máscaras.” Seu olho passava pelo coberto rosto do outro garoto, que ainda segurava a menina, só que agora mais afastado da pequena briga. – O que isso tem a ver com você Lo? Vá terminar sua missão seu viadinho. – Renji se armou mais uma vez com a katana, mas não atacou, esperando uma reação do menor. O loiro concentrou mais uma vez seu chakra e fez dois bushins, os três corriam em direção ao primo, se intercalando para confundi-lo. – Isso é baixo até pra você Renji. – Os clones foram um para cada lado, ameaçando atacar. Lo havia feito isso no treinamento e estava certo que agora conseguiria sucesso, e conseguiu. Renji se confundiu com as ilusões e foi atingido por um forte murro no rosto, sendo lançado para longe. – Renji, vamos embora, antes que mais alguém chegue. – Pela primeira vez o outro tinha se manifestado, chamando a atenção de Lo para si. Desde o começo o gennin havia mandado as cobras de argila que tinha feito para brincar com o cachorro para o local. Uma ficou mais escondida e a outra se enrolou na perda do menino mais gordo, que pareceu não sentir. – Essa cobra que está se enrolando em sua perna é um explosivo, solte a garota ou eu ativarei. – Lo apontava para o menino que pareceu não acreditar, deixando o falso animal enrolar em si. – Largue ela Tushi, ele não está blefando. – A frase de Renji causou um sarcástico sorriso na cara de Lo. O tal Tushi jogou a menina no chão e correu chacoalhando a perna, era até rápido para seu peso. “Katsu!” Lo explodiu a cobra quando já estava um pouco distante de todos, apenas para assustar o garoto que correu gritando.
- Você está bem? – Lo não se aproximou da garota, apenas fez um sinal para que ela fugisse, prestando mais atenção no primo que se levantava. – A garota apenas acenou se levantando e correndo entre as árvores. Renji gritou algo e foi em direção da loira, sendo impedido por um empurrão de Lo. – Tu já me encheste demais Lo, agora vamos brigar sério. – Renji voltava para Lo, dando-lhe socos e derrubando-o ao solo. O garoto estava em baixo do primo, tentando defender os murros direcionados ao rosto, sendo acertado por alguns. – Nunca mais mexa comigo garoto. – Renji acertara um soco forte o suficiente para tirar sangue da boca do pequeno, mas continuou em cima do mesmo. “Preciso fazer algo, se continuar assim ele vai me desmaiar. “Seu braço raspava pela terra causando-lhe desconforto até conseguir alcançar a bolsa de argila. A boca secundária alcançara um pouco de argila e concentrando seu chakra, fez duas pequenas bolas, aquelas que serviam mais para fazer fumaça, e as lançou no rosto do primo. – Katsu! – A pequena explosão atingia a face do outro, o fazendo recuar, Lo agora estava escondido na fumaça, se levantou e correu em direção ao primo, desferindo-lhe um chute no peito, derrubando-o ao chão, próximo a uma árvore. - Fique ai Renji, tu já fizeste merdas demais. – Lo correu para onde estava antes, se preocupando agora com os cachorros. A garota estava a acariciar o cachorro serelepe, parecia estar mais calma.
- Hey,você está bem?
- Melhor agora, então você é o novo empregado que irá passear com os meus cães? – A garota parecia calma demais na verdade. – Não, estou apenas fazendo uma missão, então você é dona deles? Por que diabos não passeia com eles ao invés de ter um empregado para isso ou ter que pagar um ninja para fazê-lo? – O garoto não queria ser grosso, mas percebia depois que falava, sempre fazia isso. A menina pegou as duas coleiras e se levanto. – Bem, eu não posso. Tenho que ficar o dia inteiro naquela merda de Academia Ninja. É um saco. Eles não ensinam nada na verdade. – Respondeu, caminhando com os cachorros para fora do parque, sendo seguida por Lo. – Bem, se você não passar por isso, nunca será uma ninja de verdade, não é? E lá não é tão ruim assim. – Ele se achegou ao lado da menina, tomando uma coleira da mão dela e seguindo para a sua residência. – Vamos, vou te levar pra casa então, antes que você se meta em mais problemas.
- Não sou eu quem esta sangrando não é? – A garota ria, passando o punho pelos lábios de Lo, limpando seu sangue. Seguiram até a mansão conversando e brincando com os cachorros, até esqueceram do acontecido e do primo de Lo, que poderia segui-los, mas não era assim tão burro.
FIM