Karui – Filler 2
'Ladrão que Rouba a Ladrão’
Anteriormente-- Nunca me disseste, porque foste expulso de Kumogakure.
-- Ah... apontei o arco a um colega.
-- Só isso? - Questionou admirada.
-- Naquelas circunstâncias... - Pausei para reflectir, não a conhecia o suficiente para ter tanta confiança a ponto de lhe contar isto. - Vá vai dormir. - E sorri sendo doce, como se ela me estivesse a ver, ou como se percebesse pelo som das minhas palavras que lhe sorria. **
O meu arco estava apontado à sua cavidade ocular, mas tudo se começou a desvanecer e comecei a ganhar consciência. Estava a acordar e o meu sonho a apagar-se, sonhava com aquele momento quase todas as noites, mas agora já era de manhã. Senti um braço em volta de mim e um corpo a aquecer o meu, depois ouvi um ronronar com delicia e carinhoso. Era a Arata que involuntáriamente durante a noite, deve ter procurado calor e não se apercebeu que se abraçou a mim, eu também não me apercebi, mas senti claramente os meus braços em volta do seu corpo, nesse instante corei.
-- Hey, que estás a fazer! - Gritou-me.
-- Uh?! - Fingi que dormia. - Bom dia para ti também, porque estás agarrada a mim?
-- Eu? Olha-me este, aproveitaste o meu sono pesado. - A sua cara parecia furiosa com uma mistura de embaraço, no fundo ela sabia o que realmente tinha acontecido.
-- Então porque é que ainda estás agarrada a mim? - Disse, picando-a aproximando a minha boca dos seus lábios para a seduzir, mas ela não era dessas e eu sabia-o.
Afastou-se de imediato com rápidos e bruscos movimentos. Recompôs as suas vestes e sacudia os vincos da roupa. Já a conhecia, e pela sua expressão consegui prever que ia mudar de assunto o mais rápido que conseguia. Encarou-me e pareceu ter uma ideia, depois prosseguiu.
-- Então, foste expulso de Kumogakure por teres apontado a arma a um colega?
-- Outra vez? - Disse passando a mão pela cabeça com cara de aborrecido. - Sim, foi isso mesmo.
-- Coisa pouca eu acho, não te deram escolha? - Perguntava a Arata, sempre a meter-se onde não era chamada.
-- Deram, deram. Ou era expulso com possibilidades de voltar um dia ou tinha de frequentar terapia de casal?
Agora sim ela estava a rir-se às cambalhotas, a sua cara de gozo era até engraçada de se ver e fez-me libertar um sorriso. Do nada a sua expressão mudou por completo e parecia agora estar curiosa e espantada ao mesmo tempo.
-- Terapia de casal? O teu colega era uma rapariga? - E boom, largou a bom que eu não previra.
Tentei responder, mas algo não estava certo e a minha boca fechou-se antes de dizer qualquer palavra. Os meus olhos semi-serraram como se estivesse a analisar algo, e de facto estava. Abanei a cabeça para a direita incrédulo, abanei a cabeça para a esquerda e nada. Tinha sumido do dia para a noite, literalmente. Os nossos pertences, quer dizer, os pertences que roubámos e que agora eram nossos. Bem, agora já não eram nossos. Desapareceram. Caput. Gone.
-- As cenas que roubámos? - Questionei, podia ter sido ela.
-- Foste tu? - Quis saber ela, também desconfiada.
-- Não, claro que não. Estás parva? - Fiz uma pausa, curta. Ela não disse nada. - Mas olha, ladrão que rouba a ladrão...
-- Tem cem anos de perdão, sim eu sei. - Acabou ela. - Mas pensa, quem será que fez isto?
Ela tinha de razão, quem teria feito isto. Quem sabia que nós tinhamos acabado de saquear uma vila inteira? Quem sabia que nós estavamos escondidos naquela sitio? Só podia ser alguém que nos tinha seguido, e será que nos seguia à vários dias. A minha cabeça estava num turbilhão de perguntas, e pelo olhar da Arata a dela também. Não percebia nada do que estava a acontecer, talvez tenha sido ela e acordara nos meus braços apenas para me persuadir. Não, isso não fazia sentido, ela teria conseguido roubar aquilo tudo sem mim, não me ia pedir ajuda e ter mais trabalho em roubar tudo no final. Tinha sido um assalto limpo, sem grande trabalho para o ladrão que o fez, mas porque não nos matou ele. Não teria havido testemunhas e mais importante, ninguém se importaria com estas mortes.
-- Quem terá sido Arata, consegues pensar em alguém? - Inquiri duvidoso de tudo o que ela me pudesse dizer.
-- Sei, só há uma pessoa que saiba destes esconderijos exceptuando a minha pessoa.
-- Quem?
Uma figura entrava pela porta camuflada, não o conhecia e apontei num movimento muito rápido o meu arco, pronto a disparar. Algo estava estranho, Arata sorriu.
-- Jinkama Oboru. - Sorriu mais abertamente.