O delicioso farfalhar das folhas enfeitava aquela corrida desesperada, Azura acelerava seu passo como quem fugia da morte, realmente, a morte já havia o alcançado a muitas luas. Seu corpo movia-se quase em um padrão sincronizado, seus braços para trás equilibravam seu peso e suas pernas poderosas o jogavam para frente comendo com facilidade metros e metros na escuridão daquela floresta intocada.
Luz e poeira por vezes atingiam sua face, sim, luz. O sol ainda estava alto no céu e a poeira no chão só era visível ao toque silencioso da luz, ainda assim a escuridão abatia o local tal como a mais negra das noites. As copas das árvores e as plantas oportunistas formavam quase que um teto vegetal a muitos metros do chão, uma noite eterna.
O ruivo olhou para sua direita em meio aos seus arfares cansados, duas sombra continuavam a segui-lo, sua esquerda estava limpa e sua costa estava muito provavelmente repleta de inimigos... Sua situação era mais que desesperadora.
Kunais voaram no ar e por pouco não acertaram o kirinin, na verdade, por pouco não o matavam. A ponta afiada passou a milímetros do pescoço do jovem que corria a toda. Seu corpo cambaleou e o que parecia mais uma queda tornou-se uma vantagem.
Azura jogou-se no chão rolando muito rapidamente e quando parou seu movimento virou-se abaixado como quem feriu a perna. As sombras pararam de mover-se imediatamente, era um grupo pequeno de disformes criaturas negras que encaravam o arfante shinobi através de uma fenda em suas pálidas máscaras bicudas.
- Não pense que escapará assim tão facilmente, jovem. – Uma das sombras sussurrou enquanto escondida pelas sombras de uma árvore semi-caída espreitava a presa. Ela deu um passo para frente e excitou um galho seco em um estalido mais que eterno naquela silenciosa floresta...
- Eu... Eu acho que... Vocês estão encurralados... – Azura respondeu em meio as sua respiração acelerada. – Por que...
- E porque diabos estaríamos em desvantagem? Você esta só! – A sombra mais próxima pronunciou-se em escárnio.
- Eu... – Azura tentou levantar-se, mas voltou a cair e para apoiar-se estendeu seu braço como um pilar no chão. – Eu sozinho sou mais que o suficiente para vocês. – Ele falou em um sussurro confiante.
- Mas o que! – Um dos inimigos disse em uma irritação conveniente. – Como se atreve...? – Ele exclamou indignado e furioso.
-Vais pagar por ter falhado, rapaz! – Outro inimigo cantou em um sibilo hostil. – Ataquem! – Ele ordenou sendo obedecido quase que imediatamente em um salto conjunto e brutal.
E como se o tempo tivesse parado, a mente do jovem funcionou tão rápida quanto deveria. O chuunin levantava-se triunfante e erguia do solo a mão que outrora usara para não cair, porém, um brilho metálico passava sobre seus dedos. Sua mão ergueu-se e o sorriso eterno da máscara e sua face fez jus ao momento.
O fio excitou o mecanismo e em uma velocidade quase calculada ativou-se. Antes mesmo que os horrorosos inimigos pudessem sequer tocar um dedo no rapaz, uma rede outrora invisível no abundante húmus daquele solo dourado elevou-se esplendidamente.
Os adversários, agora presos, resmungavam e sorriam admitindo sua derrota. Palmas ouviram-se do ar e aos poucos aquilo aconteceu. O mundo ao seu redor; folhas, arvores, terra e tudo mais. De uma forma quase surreal, os elementos que outrora constituíam aquele mudo sumiam em uma espécie de pó intangível, e o que antes era uma floresta, o que antes era matéria, agora transformava-se naquele gigantesco salão de treinos, o habitual templo de recuperação.
Próximo as paredes do local, dezenas de shinobis com selos em mãos agora descansavam e relaxavam depois de ter finalizado o complexo e difícil jutsu. A equipe de apoio aparecia, um punhado de pessoas vestidas de azul-claro que invadiam a sala de treinos uma vez mais para curar quem estivesse ferido, quer eles sejam os que outrora eram inimigos ou o próprio azura.
- Excelente treino, garoto. – Uma voz ecoava alto no local, não muito longe dali em uma câmara protegida por um espelho, o velho Amagi observava a tudo com os olhos experientes de um homem milenar. – Agora vá tomar um banho e tratar estes arranhões, quero você na sala de reunião em trinta minutos.
Azura acenou a cabeça em obediência e acompanhado pela equipe de apoio dirigiu-se ao seus aposentos, com uma calma digna de Buda tomou um banho e vestiu-se pronto para uma missão, equipou os scrolls que iriam ajudá-lo posteriormente e dirigiu-se à sala a qual o velho Amagi o havia mandado ir.
Suas mãos empurraram a porta com lentidão e quando o rapaz adentrou a sala uma onda de choque atingiu seu corpo como mil facas trespassando seu couro. Azura deu um passo para trás e apoiou-se lateral da porta para não cair e desmaiar. Ali no centro da luxuosa sala dois homens encaravam-se em uma disputa mental. Amagi-san olhava calmamente o jovem que o peitava em uma expressão ameaçadora, Okashi apertava as mãos controlando sua fúria em um ódio mortal.
- Que bom que ele chegou Amagi, sua cobra velha, podemos então continuar a discussão. – Okashi disse cerrando os dentes. – Explique-se! – Sua voz saiu com a autoridade de um Kage.
- Explicar o que, senhor? – O moustache de Amagi arqueou-se em um sorriso falso.
- Merda Amagi! Como diabos queres ignorar o fato de teres feito sabe deus o que para levar meus conselheiros a aprovarem um maldito projeto de super-soldado! – Ele aumentava o tom de voz. – COMO OUSA PISAR NA MINHA AUTORIDADE! – E mais uma onda de choque invadiu a sala, desta vez uma onda mais contida, um chakra mais calmo que o anterior.
- Acalme-se Okashi, eu irei fazer jus ao poder que me foi dado. Você sabe muito bem o perigo que “aquela” organização representa! Deixe nas minhas mãos, criança. – O velho falou com uma paz infinita na voz.
- Ora seu... – Okashi procurou palavras para provocar aquele homem, mas tinha de admitir que o argumento dele era forte demais. O jovem virou-se e foi apanhar o chapéu azul de kage que estava no chão ali perto, pôs na cabeça e dirigiu-se a porta onde estava o ruivo mascarado.
- Espero sinceramente que não me decepcione Amagi, se não irei pessoalmente destruir todas as suas crias junto de você...
Foram segundos tensos e agonizantes, okashi passou ao lado de Azura em um olhar penetrante tal como quem diz “eu estou esperando a menor falha sua para exterminar você...”.
A porta fechou-se atrás do homem e um silêncio constrangedor abalou aos dois homens ali.
- Meu mestre... – Azura começou. – O que queres de mim? – O ruivo o questionou por tê-lo chamado ali.
- Eu queria que você visse rapaz, visse o começo da minha ascensão. – Amagi sorriu e com uma das mãos alinhou os cabelos penteados para trás. – Dirija-se ao seu quarto rapaz, há uma mulher esperando-o, acredito que ela o satisfará.
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Bom, vamos retomar o ritmo dos fillers aos poucos, espero que tenham gostado.