Tinham voltado a estrada, depois daquele ataque os três queriam chegar o quanto antes a Yukigakure, a aldeia do gelo. O caminho já estava longo, e ainda iria ser demorado tendo em conta a caminhada lenta que eles tinham para prevenir futuros ataques. Natsuko estava com os olhos em todos os lados, enquanto Daisuke preocupava-se em preparar a receção com o líder da aldeia para, como publicitar Kumogakure junto dos sábios de Yukigakure. Já Denkou, o jovem Sennin, não parava de pensar no rosto do homem. Alguma coisa dentro dele percebeu que aquele homem que o atacou, já com uma idade, era de Yukigakure e quando chegasse ao destino iria-se confrontar com ele, ou com a história dele. Mas o certo é que os habitantes de Yukigakure não tinham, de todo, uma fama de protecionistas, apesar de serem considerados um povo frio e sem muitas emoções. Continuava com os olhos postos no céu, pois acreditava, que não iria haver outro ataque pois aquele confronto não foi para matar, mas sim para alertar. Uma coisa o jovem sennin tinha a certeza, estava a ir para a boca do lobo.
...
A neve estava mais calma em Yukigakure, e uma pequena kunoichi de cabelos amarelos, quase brancos, e uns olhos azuis cristalinos, estava na janela com os olhos afogados em lágrimas. As suas vestes denunciavam a sua posição na classe social de Yukigakure, era de uma família rica, da família mais influente de toda a Yukigakure. Aiko, era o nome dela. Ela estava triste, pois estava na altura de conhecer o seu marido. E para não fugir a tradição da família, Aiko não deveria escolher o seu marido e futuro companheiro de vida, mas sim o seu pai, para assim manter a honra, fama e poderio da família Watanabe.
- Aiko-san? - Uma voz doce ouviu-se naquele quarto que apenas era iluminado pela a luz do sol que rasgava as nuvens carregadas de neve.
- Pronta?. - Como é que ele é? - Perguntou a jovem de cabelos claros, sem tirar os olhos da janela e da paisagem coberta de branco.
- O ideal, o seu pai escolheu bem. Escolheu para continuar uma linhagem que não pode parar. - Explicou a mulher da voz doce, com um sorriso carinhoso e confiante.
- Sacrificada. - Disse Aiko como um murmúrio.
- Diga senhora? - Perguntou de imediato, porque o murmúrio tinha sido quase silencioso e não tinha conseguido ouvir.
- Sou uma sacrificada. - Disse Aiko agora com um tom de voz mais elevado. A senhora não teve capacidade para responder, e começou a encarar o chão. Ela sabia que Aiko iria ser uma sacrificada pela a linhagem.
- Até você sabe que eu o serei. Até você reconhece que esta vida é uma merda, nasci com o meu destino traçado, e por mais que eu tente lutar por alguma coisa, eu serei sempre a mesma, e terei sempre o mesmo futuro.
A senhora da voz doce, uma das empregadas de Aiko, não teve capacidade para responder e continuava a encarar o chão, desejando que aquela conversa não chegasse aos ouvidos de Aiko, pois se isso acontecesse: A jovem de cabelos louros estava em maus lençóis.
- Mas obrigações são obrigações. - Capacitou-se. Aiko sabia que não podia fugir, encarou o futuro. Mas as lágrimas não tinham desaparecido.
...
- Yukigakure. - Exclamou Daisuke com uma felicidade tremenda, aquela viagem tinha acabado. Natsuko começou a caminhar, deixando Denkou e Daisuke para trás e entrou de imediato na aldeia.
- Que engraçado. - Comentou Denkou a olhar para todos os lados. Aquele comentário fez com que Daisuke se interrogasse, e começou a olhar para o Sannin com uma cara de confuso, e Denkou teve de imediato a liberdade para explicar. - Yukigakure é mesmo bonita!
- Para quem gostar de neve... - Comentou Daisuke sorrindo, piada essa que também arrancou umas gargalhadas ao Denkou. Mas quem não se ria era Natsuko.
- Pessoal... - Chamou Natsuko não acreditando naquele que estava a ver. Denkou e Daisuke rapidamente colocaram as atenções todas na kunoichi do grupo, e aperceberam-se do que ela estava a querer dar a entender.
- Bem vindos a Yukigakure. - Era o velho. O Velho que os tinha atacado a noite passada estava ali. Estava ali a dar as boas vindas aos três juntamente com um grupo de 7 shinobis. Todos eles com um sorriso carinhoso e afetuoso. - Espero que tenham feito boa viagem!
- Ele só pode estar a brincar! - Comentou Natsuko, mas Denkou de imediato mandou-a calar, colocando a mão no ombro da kunoichi. Ela olhou para o Sannin de Kumogakure, e amigo, e ele falou-lhe bem baixinho.
- Alguma coisa aqui se passa, não parece a mesma pessoa! - Como é que tens a certeza disso? - Continuava a conversa num tom baixo. Para ninguém ouvir, enquanto Daisuke apresentava e falava com o grupo de shinobis.
- Menos cicatrizes na cara. - Comentou Denkou, e na verdade: Ele estava correcto.