Como uma serpente à espreita de sua presa, Kimura observava nas sombras o grupo de malfeitores na clareira junto do pequeno riacho que havia sido informado. -
Ótimo. O velho realmente falou a verdade. - Comemorou através da máscara, a exatidão da informação que seu companheiro da Divisão Mocho havia lhe dado. Kurin estava com uma feição séria, afiando uma das duas espadas que trazia às costas. Sentada num pequeno tronco, ela fitava a fogueira que crepitava com as gotas de gordura que o leitão escorria enquanto assava, sem se importar com o grande ruído da comemoração de seus colegas. Eram nove comparsas ao todo. Arrogantes, eles sorriam e brindavam com alegria, enquanto dividiam os lucros de mais um roubo bem sucedido nas imediações. Levando chakra para seus olhos, Kimura ativou seu Kashikogan para estudar melhor o que enfrentaria. Rapidamente as pupilas correram todos os adversários à procura de algo preocupante, mas pela quantidade de chakra que eles tinham apenas a nukenin procurada possuía uma quantidade considerável. -
Ladrões comuns. - Pensou a serpente, aprumando o corpo para iniciar o ataque, quando percebeu uma aproximação atrás dele. Kimura girou o corpo silenciosamente, focalizando chakra nas extremidades para não cair, ele olhou para as raízes da árvore onde estava e viu um dos criminosos urinando à beirada da clareira, utilizando a cobertura dos arbustos como banheiro.
Vendo a oportunidade cair em seu colo, o ANBU não aguardou. Focalizando chakra, ele fez um breve selo para transformar-se no bandido que avistara e então convergiu chakra novamente na tatuagem da mão esquerda, invocando uma linha shinobi que precisamente arremessou rente ao pescoço do bandido. A linha desceu numa trajetória retilínea até foi interrompida por um forte puxão da serpente, que consequentemente fez a linha enrolar por completo no pescoço do bandido distraído. Sem acreditar no que ele via, o homem ainda olhou para cima e viu sua imagem a sorrir. Assustado, ele ainda tentou agarrar a linha enterrada na garganta na tentativa de folgá-la, mas era tarde demais. Contraindo totalmente os músculos das costas e braços, Kimura focalizou chakra nos pés novamente e puxou a linha com tanta força que o objeto cortou suas mãos, mas em compensação, conseguiu elevar o corpo da vítima que se debatia sem poder gritar com a garganta pressionada a alguns metros do chão. Enquanto isso, o ANBU aguardou friamente o corpo perder força em se debater e lentamente morrer. -
Menos um. - Sussurrou o ninja, ao dar um pequeno salto até o chão, usando o corpo do homem como contrapeso. Logo, o corpo do homem subiu para a cobertura da árvore, quando o chuunin focalizou chakra mais uma vez e invocou uma kunai. Girando o braço com força, ele enterrou a kunai no tronco enquanto suportava todo peso do homem com a outra.
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Onde está Hitaro? Não podemos terminar a divisão sem ele! - Gritava um dos bandidos.
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Verdade, aquele malandro nunca iria nos perdoar. - Comentava um outro.
Já prevendo que logo notariam a falta do colega, essas palavras fizeram Kimura agir. -
Socorro! Tem alguém aqui! Ele me atacou! - Gritou Kimura com a aparência de Hitaro. Com uma kunai enterrada no peito, ele saiu correndo dos arbustos à margem da floresta até cair à poucos passos deles, fingindo-se de morto. Surpresos com o ocorrido, Kurin e os bandidos saltaram de suas posições e se armaram enquanto procuravam o agressor nas sombras da fogueira que balançava com o vento. Neste momento, a sorte do chuunin lhe abençoou, pois uma forte brisa balançou as folhagens e o corpo pendurado bateu pesadamente no tronco, num ruído abafado. -
Ali! - Gritou um deles, apontando para a árvore onde o corpo estava. Parecendo assustados, todos os bandidos rapidamente retiraram todo tipo de projétil das bolsas que traziam as costas e atiraram contra a pobre árvore que balançou enquanto era pesadamente alvejada por todos os dez. Logicamente, um desses projéteis atingiu a linha que Kimura havia apoiado para manter o corpo no alto, então, para assustar ainda mais os malfeitores, o corpo se desprendeu, caindo pelos galhos até se estatelar no chão. Confiantes pelos arremessos, Kurin e seus asseclas avançaram até o local, brandindo suas espadas, prontos para trucidar quem acabara de cair. Como previsto, todos se esqueceram do "corpo" de Hitaro e deram as costas para Kimura.
Saboreando sua sagacidade, o ANBU esticou as pernas para trás com a força de seu abdome e conseguiu ficar de pé. Fechando o reservatório escondido no quimono que sabiamente deixara aberto para espalhar o veneno durante sua dissimulação, ele viu o grupo de bandidos à sua mercê. Assim, ainda com a aparência modificada, o ninja focalizou pouca energia para realizar outro genjutsu. Enviando o chakra para o cérebro dos dez bandidos, Kimura fez alguns selos e logo todos caíram na ilusão que seus próprios companheiros estavam a vos atacar. A confusão foi geral. Gritos e xingamentos ecoavam pela clareira, enquanto gingavam suas espadas no vazio para perseguir o inimigo invisível. Sem perder tempo, a serpente aproveitou a deixa para atacar. Focalizando chakra nas pernas, ele realizou um veloz shunshin em direção ao primeiro bandido e elevou o braço num soco direto na mandíbula com toda sua força. O homem sentiu sua mandíbula se deslocar com violência, perdendo alguns dentes para então cambalear e cair inconsciente. Como estava rápido demais e tinha pouco espaço para fazer curvas, Kimura jogou as pernas para frente, repousando-as numa rocha à beira do lago e assim a utilizou para ricochetear num rápido baunsubaunsu em direção a um segundo bandido. Distraído com o genjutsu, o bandido sentiu uma poderosa cotovelada que lhe quebrou as costelas. O impacto foi gigantesco, jogando os dois às margens da clareira.
Enquanto o bandido se chocava a uma árvore e caía, a serpente rapidamente focalizou chakra nas tatuagens, invocando duas linhas shinobi com kunais, e antes de se perder nas folhagens da floresta, ele as arremessou na direção a mais dois homens que sentiram as linhas enrolarem em seus pescoços. -
Argh! - Gritaram os dois com o puxão violento. Kimura havia contraído os músculos de seus dois braços para diminuir sua velocidade ao mesmo tempo em que acabava de puxar as linhas com toda força. As linhas resistentes rasparam com o atrito e decapitaram os dois alvos num rápido movimento, ao mesmo tempo em que ajudavam o ninja a diminuir sua velocidade. Levando chakra aos pés, o ANBU aterrissou lateralmente na árvore oposta ao grupo com grande ruído. -
Isso é um genjutsu! Acordem! Argh! - Comandou Kurin com liderança, conseguindo escapar do aprisionamento ao cortar sua coxa com uma de suas lâminas. Todos os seis repetiram a manobra, cortando-se em pontos dolorosos mais que não os punha fora de combate. Ofegante com as manobras, Kimura assistia tudo aquilo com admiração e curiosidade, afinal, parecia que já haviam combatido alguns ninjas. Mas quando todos se viraram para ele surpresos, foi obrigado a se concentrar novamente na batalha. Os rostos de surpresa foram logo substituídos por fúria, pois todos viram Hitaro de pé, o mesmo que há pouco havia morrido na frente deles.
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Quem é você?! Não está ferido?! Onde está Hitaro?! - Gritava a turba ameaçadora. Kimura então desativou o Henge e finalmente desativou o genjutsu que havia realizado antes de correr até eles. A traiçoeira serpente havia focalizado chakra anteriormente para então enviá-lo para as cabeças de todos após um rápido selo, e assim os fez pensar que uma kunai estava enterrada em seu peito. A ilusão surtira o efeito desejado, pois todos ficaram ainda mais surpresos quando o chuunin revelou sua máscara. -
Um ANBU! - Sussurraram temerosos em enfrentá-lo. Kurin por sua vez, fitava o Hebi com impiedosa fúria, pois sabia que não seria um ninja mascarado que a impediria de rever sua querida irmã. Assim, após um breve momento de tensão, a ninja gritou pelos seus seguidores, como se chicoteasse suas costas, pois os quatro bandidos restantes convergiram para atacar Kimura com suas espadas em punho. Sorrindo sadicamente por trás da máscara, Kimura fez alguns rápidos selos para então enviar o chakra focalizado em direção aos cérebros dos quatro, que não perceberam que estava sobre efeito de mais um genjutsu. -
Ela vai adorar ver isso. - Sussurrou Kimura enquanto percebia que Kurin apenas observava a luta com olhos vidrados nele. Levando chakra para realizar um rápido shunshin, a serpente interceptou os bandidos que corriam perfilados, a começar pelo primeiro da esquerda.
Girando o corpo de forma acrobática, o ninja aplicou chakra na tatuagem, fazendo surgir sua presa-de-prata que reluziu na luz da fogueira num mortal balanço. Aproveitando a velocidade do giro, a espada atingiu com toda força a lateral do primeiro bandido que nem vira o que o havia atingido. O sangue espirrou enquanto o corpo se abria quase que por completo. -
Minha nossa! - Gritou o segundo, tentando fugir do próximo golpe. Levando mais chakra à tatuagem no pulso da mão livre, o ANBU trouxe mais um kunai a qual arremessou com toda força em direção ao terceiro homem que tentava alcançá-lo, mas fora atrapalhado pela tentativa de fuga do covarde. O meliante em fuga sentiu o espirro de sangue em seu rosto, quando viu seu colega cair lentamente com a lâmina enterrada até o cabo na cabeça. Assim, Kimura aguardou o quarto bandido se aproximar para então inclinar-se para trás e esquivar do golpe lateral que visava seu peito. Tento agora as costas do homem à sua mercê, a presa-de-prata balançou mais uma vez em direção a perna do homem que baixou sua espada à espera do bloqueio, quando percebeu tardiamente que se tratava de uma ilusão. O sangue espirrou novamente e o homem caiu sem a metade de sua cabeça, para o desespero do único homem de pé. -
Sem testemunhas! - Gritou Kimura, levando chakra para a tatuagem, trazendo uma kunai com uma tarja explosiva agarrada.
O lançamento foi simples, já que o homem que tentava fugir lhe dera as costas. A kunai se enterrou na perna direita do moribundo, fazendo-o cair descoordenadamente ao chão. -
Por favor! Não me mate! - Suplicava o homem. Sem responder a súplica, o ANBU recolheu a lâmina no antebraço e fez um rápido selo, fazendo a tarja explodir num grande estrondo. Foi então que Kimura voltou sua atenção à Kurin, no momento em que gotículas de sangue começaram a se precipitar devido à explosão. O ANBU começava a ver o medo nos olhos da nukenin, que agora saltava agilmente em direção ao pequeno lago atrás do acampamento. Focalizando chakra na sola dos pés, a serpente perseguiu a mulher lago adentro quando uma densa névoa tomou conta de toda a superfície, perdendo-a de vista. -
Merda. - Sussurrou enquanto tentava escutar qualquer som que indicasse a direção, mas somente o vento lhe fazia companhia. Até que num salto, Kurin surgiu às costas de seu perseguidor golpeando-o com destreza com uma espada feita de água. O sangue verde espirrou e Kimura segurou o grito de dor, retomando a posição defensiva. Novamente silêncio e mais uma vez Kurin surgia do outro lado golpeando o braço do ANBU. -
Argh! Chega! - Gritou furioso, mas antes mesmo de contra-atacar, a nukenin já sumira na névoa. Impaciente, ele concentrou chakra fuuton enquanto inspirava grande quantidade de ar.
Fazendo um rápido selo, Kimura expirou uma forte rajada de vento na direção do chão. A força do jutsu fez o ANBU decolar para o alto ao mesmo tempo em que afastava todo o vapor d´água que envolvia a região. -
Achei!? - Comemorou a serpente, que do alto, percebeu que existiam duas "Kurin´s". Surpresas, as duas criaram chicotes de água e os arremessaram na direção do inimigo, enroscando-se em cada braço de Kimura. -
Agora você está preso! - Gritaram as duas pelo sucesso da manobra. Chegando ao chão, Kimura rangeu os dentes por trás da máscara e puxou as duas bruscamente para si usando toda força de seus poderosos braços. As duas foram arremessadas na direção dele, que tentaram aprumar-se desfazendo os chicotes, mas era tarde demais. Kimura já focalizava chakra nas pernas e realizava uma vez shunshin para balançar sua lâmina ferozmente, rasgando a primeira Kurin ao meio. Rapidamente o rapaz girou o corpo e focalizou chakra na tatuagem para invocar uma kunai que foi arremessada no olho esquerdo da outra. Gritos ecoaram na plácida margem do lago, quando as duas se desfizeram em água. -
Bushins. - Sussurrou curioso ao saber onde a verdadeira se encontrava. A verdadeira Kurin então ressurgia a suas costas. Com espadas embainhadas, ela girou o corpo e acertou a retaguarda de Kimura com um fortíssimo soco. O ANBU quicou por duas vezes na água quando arrastou a mão na margem, pondo-se de pé.
Ofegante, Kimura procurou pela nukenin, mas esta já estava em cima dele. Criando água nas mãos, ela estourou numa grande quantidade de esferas d´água quando Kimura se transformou num pedaço de madeira com tarja venenosa que estourou e encobriu a nukenin com uma nuvem escura de veneno. Sem ter para onde ir, Kurin prendeu a respiração e mergulhou nas profundezas do lago quando se sentiu aprisionada por inteira. O ANBU havia realizado o jutsu que lhe garantia bom tempo sem respirar e aguardou o momento em que ela mergulhasse para fugir do veneno, e assim que a viu mergulhar, focalizou chakra e logo uma grande cobra branca saiu da manga de seu quimono, enrolando-se firmemente na nukenin que se debatia tentando escapar do abraço mortal. -
Acabou. - Pensava o jovem, enquanto assistia a nukenin perder a consciência e se afogar nas águas geladas. -
Primeira missão concluída. - Falou ao emergia no lago carregando a mulher sem vida nos ombros, quando o seu contato se aproximou num rápido shunshin e recolheu o corpo da nukenin para então selá-lo num pergaminho. -
Quer tratar dos ferimentos? - Perguntou o velho. Respondendo negativamente, Kimura preferiu apenas aguardar que eles fechassem por si só. Ele queria que uma cicatriz se formasse para lembrá-lo que tinha uma morte de caça em suas costas. -
Kirigakure nunca se esquece dos seus. - Ele se lembrava das palavras de seu capitão quando o enviou.
FIM