Um passo em falso e tudo estaria acabado; é normalmente assim que se resume uma missão realizada por ninjas médicos. Ainda mais quando saem pra fazer missões sozinhos por aí, sem suporte. Algo particularmente preocupante, afinal, minha mãe é uma mednin. E, ela havia partido para uma missão ontem à noite, isso me deixava um pouco perturbado por dentro.

Soporífero; passo a mão sobre os olhos, o agregamento de areia composto no ar, ora ou outra adentrava-o. Um problema que com o tempo, iria acostumar, pelo menos eu acho. Já estava ali a doze anos e até agora aquilo me incomodava. — Pá, essa areia nunca dá trégua, que porra. — Lamentei, trespassando os becos que cortavam as ruas da vila.

Suna era sempre deserta de manhã, na verdade, ela era deserta em todos os sentidos, literalmente. Mas, isso não só naquele horário. Eu nunca havia saído da vila, mas, sempre imaginara o quê encontraria além do deserto. A um tempo atrás havia me dado conta de o quão grande poderia ser o mundo que nos rodeia. A vila representa menos de meio porcento de tudo, eu acho. Talvez menos, muito menos. Seria realmente bacana poder se aventurar por aí sem se preocupar com nada, hierarquia, missões, família e tudo mais. Talvez quem sabe, um dia, eu possa o fazê-lo.

Três minutos já eram o suficiente para percorrer o caminho de minha casa à academia. Morava mais perto do que imaginava, ou era realmente rápido? Nunca parei pra pensar. Ajeitei a camisa cor de vinho que pusera logo mais cedo, e adentrei a sala. Haviam poucas pessoas lá dentro, e as poucas que lá detinham-se,  não fariam quaisquer questão de se interessar em sequer saber quem eu era. Na verdade, ninguém faria. Sou apenas mais um no meio de tantos, nunca me destaquei em público, tampouco em exercícios coletivos entre a turma. Mas para mim, aquilo era normal, eu mesmo não me interessaria por mim se eu não fosse eu. Realmente algo para refletir.  

Demorou um pouco até a sala estar cheia, e quando esteve o sensei se postara centralizado à frente de todos. A aula seria sobre elementos. Eu já sabia o meu, logo, aquilo pouco me importava. Deitei suavemente a cabeça sobre a carteira, enquanto a voz do Chunin ia se tornando cada vez mais baixa, porém, ecoava em minha mente como se aquilo repetisse várias e várias vezes. Gradativamente.