Caminhada
Eram 4 da manhã. A noite estava quente e escura e não se via nenhum movimento na vila. Tirei debaixo da cama uma mala e abri-a. Verifiquei se estava tudo certo e fechei-a quando confirmei estar tudo arrumado. Coloquei a máscara preta que apenas permitia ver-se os olhos e passei as mãos pelo conjunto da mesma cor da máscara. Pus a mala ás costas e abri a janela do quarto. Olhei para dentro do quarto, inspirei e saltei para o outro telhado. As telhas estavam um pouco soltas e por isso eu escorreguei em algumas quando aterrei. Recompus-me e iniciei uma corrida pelos telhados. Utilizando diferentes acrobacias ia conseguindo saltar de telhado em telhado sem ser notado. Por último, saltei do telhado para o chão e tentei passar despercebido, escondido dos guardas do portão. Era tarde e eles estavam a tentar entreter-se um ao outro a conversar, a jogar cartas, mas com alguma atenção a um membro desconhecido ou ataque surpresa. Esgueirei-me lentamente para o muro do portão e encostei-me a ele:
- Byakugan.... - murmurei
Ativei o meu Byakugan para ter uma clara visão de o que me rodeava. Fiquei nas sombras, esperando o momento certo para fugir. Pouco tempo depois esse momento chegou. Um guarda estava a baloiçar na cadeira e caiu. O seu parceiro desatou a rir e o outro estava caído no chão a rir-se também. Aproveitei e desatei a correr para a floresta. Concentrei chakra e saltei para o tronco de uma árvore. Com uma agilidade, que nem eu sabia ter, alcancei os ramos superiores e aí iniciei uma nova corrida de ramo em ramo. Eu tinha de chegar ao porto o mais depressa possível.
"Eu vou acabar com isto tudo..."
A minha marca começou a arder e de repente todo o meu braço parecia estar a ser queimado. Perdi a concentração de chakra e caí da árvore. Dei uma pirueta e voltei a concentrar chakra nos pés. Rapidamente agarrei-me ao tronco e fiquei suspenso pelos pés. Subi para um ramo grande e sentei-me nele. Lentamente levantei a manga do fato e assustei-me com o que vi. A marca estava vermelha e brilhante e todo o meu fraco estava com enormes manchas vermelhas de queimaduras. Fechei os olhos e virei a cabeça para cima. A dor era horrível e só me apetecia arrancar o braço:
- Se pensas que me vais controlar por esta marca estúpida estás muito enganado! - gritei
Levantei a mão direita e apertei o braço direito com ela. Como esperado a dor desapareceu de imediato.
"A marca passa genjutsus....."Puxei a manga para baixo. Estava todo a suar e ainda conseguia sentir, mentalmente, as dores que aquilo me provocara, mas eu não podia parar. Havia muita coisa em jogo e desistir não era uma opção. Voltei a iniciar a corrida pelo cimo dos ramos o mais rápido que consegui e em breve eu estaria em Kiri. Dei um salto num ramo baixo e desci a árvore até ao chão. Sentei-me perto do tronco e tirei um mapa da mochila:
- Ora Konoha é aqui.... eu devo estar...
Olhem em volta com o Byakugan e voltei para o mapa:
- ...aqui! Hum-hum.... estou a quase dia e meio do porto, depois ainda tenho de passar por Kiri e depois... - suspirei - ...Tudo acaba.
Arrumei o mapa na mochila.
"Não posso perder mais tempo"Decidi continuar a viagem por terra, sempre à máxima velocidade que o meu corpo permitia.
(...)O sol já nascera há algum tempo e aquecia toda a floresta. Tinha dormido pouco e o que comi não era suficiente para me aguentar até ao porto "diretamente". Acordei sobressaltado com um barulho na árvore. Olhei para cima e vi apenas um grupo de pássaros a abandonar os seus ninhos. Estiquei os braços e estalei as costas, ao mesmo tempo que dava o bocejo matinal. Agarrei na mala e tirei umas bolachas do bolso direito. Abri o pacote e comecei a comê-las. Subitamente senti uma comichão no pulso direito. Coço e quando olho vejo no relógio que faltavam 10 minutos para as onze e meia da manhã. Já estava mais do que atrasado e agora não chegaria no tempo previsto ao porto:
- Merda, merda, merda... - resmungava ao mesmo tempo que corria, novamente, pela copa das árvores.
Precisava de menos de meio-dia para chegar ao porto do País do Fogo, mas adormeci e agora já não conseguiria chegar a tempo. Fiz um selo e mantive-o, fazendo de seguida várias sequências de shunshins.
(...)O Sol já se escondera á muito atrás dos montes e dava lugar a uma bela e pálida lua cheia. O porto estava a alguns metros de mim e a brisa fresca do mar acalmava o meu espírito sedento. Avancei para uma pequena casinha com um balcão para o exterior e um vidro retângular com dois círculos para se poder falar. Por cima desse vidro está um letreiro que diz " Kaikō (Porto) ". Dirigi-me ao balcão e puxei o tecido, que me tapava a boca, para baixo:
- Boa noite, queria, por favor, um bilhete para Kirigakure. Só ida....
O homem escreveu algo numa folha e retirou um pequeno bilhete azulado. Nele dizia
"País do Fogo - (0D) 21h42m ため País da Água - (1D)18h53m":
- São seis ryos e meio, por favor...
Puxei da bolsa e tirei algumas moedas:
- Aqui tem.
- Obrigado e boa viagem.
Pela maneira com que falou parecia que estava a dizer aquilo porque era obrigado. Os pensamentos foram dissipados quando o homem gritou:
- Todos a bordo! Vai partir para Kiri! ÚLTIMO AVISO! TODOS A BORDO! VAI PARTIR PARA KIRI! - gritava
Voltei a colocar o tecido para cima e corri para o homem. Subi a prancha que levava para o barco e chamei o homem:
- Aqui tem o meu bilhete. - disse-lhe enquanto entregava o bilhete
O homem olhou para ele e deu-lhe um leve rasgão na ponta:
- A viagem vai ser longa, por isso se quiser pode ir deitar-se lá embaixo numa das camaratas. Se quiser comer alguma coisa temos também uma pequena cozinha e alguns alimentos básicos: pão, conservas... Só não parta nada, não roube e não arranje desacatos. Obrigado.
Deu meia-volta e foi falar com uns colegas. Subiu, depois, para o leme e gritou:
- VAI PARTIR! LEVANTAR AS ÂNCORAS, IÇAR AS VELAS, DESFAZER AS AMARRAS!
O marinheiros rapidamente puseram mão á obra. Em pouco tempo o barco estava a começar a navegar pelo vasto oceano em direção a Kiri. Levantei a manga e olhei para a marca com ódio:
- Nunca mais irei responder ao teu chamamento....Koshi....
Baixei a manga e fiquei a olhar para as ondas que refletiam a lua.
"Já falta pouco...."Continua....