Choque
- O paciente está pronto? - perguntava uma voz de homem
- Está sim Doutor. Tem o banho tomado e está arranjado. Mas infelizmente ele está a dormir... - respondeu uma voz feminina
- Hum....esperemos que ele esteja acordado quando o vierem buscar. - concluiu o homem
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- Shin....Shiiin...Acorda...
Abri ligeiramente os olhos:
- Hum?
- Temos de ir. A missão foi adiantada, vem! - disse uma doce voz
Levantei e bocejei:
- Onde estão todos?
- Estão lá em baixo a acabar de comer.
Senti uma espécie de abanão. Olhei para a face da jovem meiga. Num piscar de olhos, os seus cabelos morenos e olhos verdes foram substituídos por uma loira de olhos cinzentos, esticando um comprimido:
- Tome isto.... Vai-te fazer bem
Agarrei no medicamento e engoli-o, com um pouco de água disponibilizada por ela. Comecei a sentir-me zonzo. Todo quarto começou a agitar-se e a mudar de cor rapidamente. Numa explosão de cor, todo aquele mundo caiu de um negro para um branco pálido:
- E-Eu...Eu estou onde? - perguntei
A engermeira sorriu e acenou com a cabeça:
- Por agora estás lúcido com a nova medicação. Podes sentir-te um pouco enjoado nos próximos minutos, mas isso depois passa. Deixaram aqui uma muda de roupa, por isso veste-te, pois está cá a tua família para te vir buscat, tiveste alta.
Ela agarrou no copo vazio e saiu do quarto.
"Alta?"
Eu mal sabia onde estava, mas aquele quarto era-me familiar. Olhei para o placar cheio de desenhos. Aproximei-me deles:
- Fui eu que desenhei isto? - murmurei
Virei-me e vi um espelho que mostrava todo o meu corpo:
- Que roupas são estas?
Estava descalço vestindo apenas uma camisola branca e umas calças de pijama pretas. O meu cabelo estava todo despenteado, a minha cara tinha uma expressão cansada e o meu pulso direito estava com várias cicatrizes:
- O que me aconteceu?
Olhei para as roupas, cuidadosamente dobradas, em cima da cama. Comecei a despir-me e em menos de cinco minutos estava a acabar de me calçar, quando alguém bateu na porta. A janelinha abriu-se e alguém olhou para mim:
- Estás pronto? - perguntou
- Estou....
A janela fechou-se a porta começou a ser destrancada. Levantei-me ao mesmo tempo que a porta era aberta. Atrás dela estava um médico, uma enfermeira, dois guardas e uma mulher que me era muito familiar. O seu cabelo era longo e dourado. A sua pele era delicada e clara e os seus olhos mostravam o Byakugan:
- Shin....Filho... - disse a mulher
Uma explosão de memórias deu-se na minha cabeça:
- Deixem-me! Larguem-me! Eu não quero ficar aqui! SOLTEM-ME! - gritava
Cinco enfermeiros prendiam-me na cama daquele quarto branco. Eu olhava em fúria para uma mulher que chorava em frente á porta aberta:
- Diz para eles me soltarem, Mãe! POR FAVOR! - gritei
- N-Não p-posso - soluçou - D-de-desculpa filho....
- ARGHHH! A CULPA DISTO É TUA! EU ODEIO-TE! FECHAS-ME AQUI E DEIXAS-ME A APODRECER! MORRE!
A minha cara estava roxa de tanta raiva. Finalmente viam-se veios vermelhos nos olhos pálidos e algo que parecia ser uma pupila extremamente contraída.Avancei para a porta:
- O meu nome é Shinuyan e a minha mãe morreu na guerra há 14 anos atrás....
Disse-lhe apenas isso e continuei a caminhada na frente deles. Queria parecer forte, mas por dentro eu estava destroçado. As lágrimas forçavam a querer sair, mas com um rápido gesto eu limpava-as antes de caírem. O meu lábio agitava e um expressão triste preenchia a minha cara. Senti uma mão no ombro:
- Ouve-me filho.... - disse a mulher
Atirei o ombro para a frente, largando-me:
- Eu já disse que não sou teu filho....
Avançámos pela repção e saímos para o exterior. O dia estava solarengo e quente. Inspirei fundo o ar da "liberdade" e finalmente pude sorrir:
- Hyuuga Shinuyan, pára já IMEDIATAMENTE! - gritava a mulher - Tu vais-me ouvir ou levas uma bofetada!
Eu virei-me para ela com um olhar gélido:
- Muito bem, dá-me a bofetada! Vai ser mais uma dor que me provocaste para juntar à coleção...
Ela esticou a mão e lançou-a à minha cara. Um rápido estalo. Atirei a cara para o lado com a bochecha vermelha e a arder:
- Feliz? Realizada? Memoriza bem esta imagem de mim, porque esta foi a última vez que me viste!
Atirei tudo o que tinha na mão para o chão. Virei-me para trás e comecei a correr:
- SHIN! Volta já aqui!
Com um shunshin, atirei-me para um beco. A mulher começou a correr atrás de mim e entrou no beco. Era um beco sem saída, literalmente. No fundo estava um mendigo encostado a uma parede, dormitando. Ela aproximou-se e chamou o homem:
- Desculpe, mas não viu um rapaz a correr por aqui?
Ele olhou para ela, tossiu e respondeu:
- Por ali... - apontando para as escadas de emergência de um prédio
- Obrigado.
Ela saltou para as escadas e subiu-as até ao telhado. Quando a perdi de vista, desfiz o henge e levantei-me do chão. Ri-me da maneira como tinha acabado de enganar um jounin experiente com byakugan. Corri para fora do beco antes que ela me visse.
"Eu tenho de fugir daqui"
Eu não tinha bem um plano para onde devia de ir, por isso improvisei. Corri para a mansão da Família Secundária Hyuuga. Podia-me esconder no quarto e utilizar um henge para me disfarçar de criado. Não era um bom plano, mas tinha de chegar....pelo menos por agora.