O sol desaparecia já no horizonte, mas a luz ainda chegava para mostrar duas pessoas naquele campo de treino. Uma daquelas pessoas era um homem, com o cabelo atado a trás e a outra era um rapazito franzino. O homem chegou-se mais perto do garoto e falou:
- “Já te expliquei a teoria tal como o teu pai já te ensinou, portanto agora é contigo.”
Dito isto, o homem, junta as mãos e a sua sombra começa a movimentar-se, até chegar ao pé do garoto.
–“ É esta a sensação que os teus adversários sentirão quando forem apanhados no teu Kage Mane no Jutsu.” – explicou ele.
Deu dois passos à frente e o mesmo fez o rapazinho.
- “Creio que já chega de demonstrações, agora é a tua vez.” – disse o homem, fazendo a sua sombra recuar até ao estado normal.
- “Certo, é contigo que vou conseguir tio…”
O garoto fechou os olhos, como a concentrar-se e logo de seguida abriu-os, determinado. No entanto, nada aconteceu. Semicerrou os olhos, em sinal de esforço, mas nada. Caiu de joelhos, com as lágrimas a escorrerem-lhe dos olhos.
- “O meu pai tem razão… Sou um desastre… Sou o único da família que não consegue…” – disse o garoto, balbuciando.
- “ Não te vou mentir. Com todo o treino que já tiveste, as aulas com o teu pai, as aulas comigo, já deverias ser capaz de fazer a técnica. O meu irmão pode ter sido duro contigo, mas ele, provavelmente, não te quis dar mais falsas esperanças…” – declarou o homem.
Um silêncio abateu-se entre os dois.
- “Creio que está na altura de enveredares por outros caminhos. E não penses que te estou a abandonar…”
- “Compreendo… Obrigado por tudo tio, muito já fez você…” – interrompeu o rapazinho com as lágrimas ainda no rosto, mas já esboçando um sorriso.
- “Não fales assim para mim, fazes me sentir velho… Acho que já sei quem te poderá ajudar, Taro. E lembra-te, eu estarei sempre disposto a ajudar-te..."
Taro levantou-se da cama, como que a acordar de um longo sono, mas na verdade, estava já acordado há bastante tempo. Vestiu-se calmamente e dirigiu-se de seguida ao quarto de Kijuni. Tal como esperava, ele já não lá estava. Esta situação repetia-se desde há algum tempo. E era isso que o surpreendia: Kijuni era um preguiçoso, mas cada vez mais, se levantava cedo e ia para o vale do lago para treinar, ou sozinho ou com Akimiri, o seu sensei.
Já tivera muitas desilusões por causa da preguiça do filho. Kijuni graduara-se na academia ninja há relativamente pouco tempo. Chumbara várias vezes por dormir nas aulas, de ficar na brincadeira, entre outras traquinices. O seu professor na academia, apesar de todas as chatices que tivera com Kijuni, sempre o achara talentoso. Nas suas palavras “apenas lhe falta o trabalho”.
A graduação na academia, mudou o comportamento do adolescente. Já não era tão preguiçoso e esforçava-se bastante, chegando a cumprir algumas missões ao serviço da aldeia. Como recompensa Taro, ensinou-lhe alguns jutsus. Pensou que Kijuni, demoraria algum tempo a aprendê-las, mas cedo viu, que as dominou facilmente.
Com o pensamento no filho, Taro dirigiu-se para o vale do lago, mesmo sem tomar o pequeno-almoço e lá nesse campo de treino improvisado, viu o filho, sozinho, no meio do lago, sentado. Parecia estar a repousar, até que se ergueu de repente, expelindo uma bola de fogo pela boca.
Taro sorriu. Será que já estava na hora de Kijuni ir a Konoha?