Após um breve e comovente momento de alegria, pai e filho resolvem que já está na hora de saírem dos escombros da nefasta mansão Yumi, local onde vários estratagemas malignos foram concebidos no decorrer dos anos. Juntos, como uma verdadeira família, eles partem de Kirigakure e travam seu caminho para Suna, local onde eles poderão recomeçar suas vidas.
O caminho de volta a Suna pode parecer tortuoso e cansativo para boa parte das pessoas, no entanto, quando se está na companhia de alguém querido o implacável tempo parece correr mais depressa, fazendo com que distâncias imensuráveis pareçam apenas breves momentos de caminhada pacata e descontraída, as quais Brian aproveitou para dialogar bastante com seu pai, lhe dizendo como evoluiu na manipulação do elemento suna; como Pai Mei, ou melhor, seu avô havia se tornado seu mestre e havia lhe ensinado várias técnicas poderosas; e, sobretudo, falou sobre sua experiência em tirar a vida das pessoas, e como fazer isso soava fácil para ele.
Os dias foram passando, a própria natureza parecia estar satisfeita com a reintegração da família Borges, de forma que o caminho até Suna não foi prejudicado com nenhuma tempestade (de chuva ou areia), sendo sempre um clima agradável e sereno. Logo, numa bela noite de quinta-feira, os Borges puderam avistar a vila oculta da areia no horizonte, fato que encheu o coração do jovem gennin, antes repleto de ódio, de um grande alívio, como uma pessoa que bebe o primeiro gole de água após passar vários dias perdido no deserto.
-Finalmente, estamos de volta! É difícil acreditar que senti falta desse calor infernal. _ discorre Brian, que se tornou um pouco mais sociável após o reencontro com seu pai.
-Sim, já faz muitos anos desde minha partida e parece que nada mudou. Tudo continua da mesma forma que estava quando eu saí, isolada, quente e imprestável. _ fala Zetsu, mostrando um estranho ar de arrogância em sua voz.
-Imprestável? Bem, acho que o choque por vê-la depois de tanto tempo possa estar lhe causando alguma confusão mental, pai. Por falar nisto, tem duas coisas que eu queria lhe perguntar mais estava esperando o momento que nós estivéssemos os mais próximos possíveis de Suna, pois não queria correr o risco de... _ Brian para de falar por um momento. -Você ir embora de novo. _ completa o jovem, de forma ríspida.
-Não meu filho, eu nunca mais irei lhe deixar. Mas, me faça suas perguntas, eu realmente fiquei curioso. _ Zetsu responde, enquanto esboça um longo e acolhedor sorriso para seu filho.
-Primeiramente, como o senhor me achou? Tanto meu avô como o bastardo do Yumi disseram que há muito tempo havia perdido seu rastro, como se você tivesse sumido. Então, não teria como você saber onde eu estava.
-Assim como eu pude retirá-lo do Limbo, eu também posso saber exatamente onde você está. Admito que antes de você conseguir dominar o hijutsu de nossa família eu não conseguia saber sua localização, nem saber como você estava. _ diz Zetsu, sem tirar os olhos de Suna. -Contudo, assim que você se tornou devoto de Jashin eu pude sentir você imediatamente assim como acessar sua mente. _ completa o espadachim.
-Então, quer dizer que, o tempo todo, a voz na minha cabeça foi...
-Sim, a voz em sua mente sempre fui eu! A partir do momento de sua iniciação você nunca mais esteve sozinho, eu sempre o observava atentamente e, nos momentos de necessidade, eu sempre fiz o possível para ajudá-lo, inclusive lhe fazendo despertar alguns dos maiores poderes da nossa religião, mesmo que isso possa ter lhe causado algum sofrimento... _ termina o Borges mostrando um pouco de lamentação, visto que provocar o aumento precoce dos poderes de seu filho quase lhe causou sua morte.
-Não precisa mais se lamentar por isto pai, eu não guardo nenhum rancor pelas “ajudas” que você me deu. Porém, se sempre foi o senhor a voz na minha cabeça, então porque você disse para eu matar meu avô quando ele tentou me impedir? _ pergunta o ceifero, mostrando um pouco de desconfiança.
-Como eu já lhe disse, quando eu derrotei o irmão de Yusuke eu liberei uma grande quantidade de energia negativa, o que meu deixou poderoso, mas me custou uma grande parte da minha humanidade. Quando você aderiu ao Jashinismo eu ainda estava possuído pelo meu próprio ódio, por isto eu falei essas palavras insanas. Mas, ao ver toda a sua coragem e confiança em me trazer de volta a razão, eu consegui transcender, recuperando a minha sanidade. _ fala o atual líder da família Borges, enquanto esboça um pequeno e discreto sorriso no canto direito da boca.
-Entendo... Bem, eu só tenho mais uma pergunta a lhe fazer. Na sua lápide cerimonial, eu encontrei uma mensagem oculta que continha uma charada sobre um possível legado de nossa família, e no templo de Jashin na nossa casa eu encontrei sua carta dizendo que o nosso hijutsu era apenas uma parte do meu legado. Então, qual é o verdadeiro legado da nossa família? _ pergunta o jovem, se mostrando bastante curioso com esta estranha charada.
-Eu desconheço completamente essa inscrição nesta minha... Lápide. _ diz Zetsu, se mostrando estar tão confuso quanto Brian.
-Mas, se você não sabe nada sobre esta inscrição, qual é o legado que você mencionou na sua carta?
-O legado da minha carta diz respeito a um antigo reino sobre as areias, um reino que já foi conhecido por seu vasto poder e influência. Porém, este paraíso foi aos poucos sendo corrompido pela cobiça desenfreada de seus suseranos, que valorizavam mais a quantidade de ouro sobre seus pés do que a segurança dos seus protegidos cidadãos. Aos poucos, o que já foi chamado de paraíso se tornou num antro da mais sórdida corja de moribundos e assassinos, local onde os vermes se deliciam com a carne e o sangue dos inocentes, mortos sem qualquer razão ou culpa. _ fala o espadachim, para em seguida retirar sua enorme katana das costas com apenas uma mão, enquanto fica olhando para sua lâmina com um olhar totalmente mudado, um olhar doentio.
Perante tal cena, Brian começa a sentir o mais terrível dos calafrios, como se soubesse que algo muito errado está acontecendo. O jovem recua alguns passos para trás, como se não quisesse acreditar no que via, seu corpo está agora suando frio e cada centímetro de seu corpo, até a ponta dos dedos, parecem ficar totalmente estáticos. Assim, temendo pelo pior, ele fala:
-Pai... O que isto significa?
-Significa meu filho, que Suna já ficou na escuridão por tempo demais. Agora, está na hora de nós, os Borges, o clã mais poderoso da história do país dos ventos, tomarem de volta seu lugar de direito como verdadeiros governantes de Suna. Mas, antes disso, é preciso preparar o terreno para o nosso retorno.
-Não... Você não está sugerindo...
-Sim Brian, EU VOU DESTRUIR SUNA!
Continua...