A Escolha
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" Entregue sua mão ao coração do guerreiro, sinta, compreenda e aceite só assim conseguirá o que procura. "
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- Anteriormente...:
Senti algo a me olhar e imediatamente interrompi a leitura, olhando todo o cômodo em volta, parei os olhos sobre a pintura de um dragão (no estilo chinês) que estava pendurado na parede de meu quarto. Céus! Estou duvidando de pinturas agora! Talvez eu estivesse enlouquecendo mesmo, talvez devesse fazer algumas coisas que Emi disse para distrair. O sono me alvejava à aquela altura e por fim decidi ir deitar, e assim o fiz, adormecendo alguns minutos mais tarde, mas antes, senti novamente como se estivesse sendo espionado por alguém.
OST
https://www.youtube.com/watch?v=nmcWe2SrkuY&list=PL1tFM4hAoC6X7SFGasRWx_RxDGnN6BTTT
Tudo estava tão frio e sem vida, nenhuma alma caminhava por aquele vale seja humana ou animal. O vento implacável consumia-me a cada brisa gélida que me atingia, as montanhas altas que quase tapavam o céu e um enorme sol no horizonte, horizonte este muito distante, era isto que meu coração dizia, que eu sentia. O branco pintava todo o cenário, contrastando com o preto das poucas árvores espalhadas pelo local.
Onde eu estava? Olhei para mim mesmo, estava normal, com minhas roupas comuns, todavia uma mancha negra surgiu do mecanismo de meu automail se estendendo para minha omoplata e clavícula, assim como na parte superior de corpo foi na inferior, se estendendo para minha coxa até chegar em meus pés até no fim um espelho surgir em minha frente e eu estar todo coberto de preto, melhor, eu era apenas um aglomerado de matéria negra com uma silhueta humana e em meu peito – mais precisamente onde fica o coração – e em minha testa – onde ficava meu cérebro – um ponto branco, pequeno demais para ser notado por olhos destreinados.
" Onde eu estou? " — perguntei-me mentalmente. De repente, o espelho rachou-se no centro e gradualmente a rachadura inicial formou suas ramificações no material quebrando-o pouco a pouco a cada segundo, para no fim, explodir num pó de vidro onde se re agrupou e mutou de forma, formando uma raposa vermelha e quieta, assim como uma águia preta e branca com um bico amarelo, asas imponentes e olhar aguçado. Erguendo voo a águia foi em direção ao horizonte, seguindo o céu. A raposa, confusa, cambaleou ao tentar andar e virou-se na direção contrária, afundando-se cada vez mais nas profundezas escuras e gélidas das montanhas, se esgueirando por entre as árvores mortas que atrás de mim eram numerosas.
— Ei! Espere, por ai não! Volte! — gritei para a raposa em desespero, ela não devia ir por ali, não, ali só parecia ter... esquecimento, escuridão... Corri em sua direção tentando trazê-la comigo mas simplesmente não consegui. As árvores se mexeram, soltando-se do solo e formando um bloqueio em minha direção. Ergui o punho tentando acertá-las para tirarem de meu caminho, entretanto me apavorei quando rostos surgiram nos troncos com expressões de morte, tristes ou com medo, cai sob a neve me rastejando para trás e foi neste momento que a águia guinchou aquele seu som que percorria as montanhas em segundos e atingia meus ouvidos, e estranhamente, eles me ajudaram a levantar-me, ela guinchou novamente, olhei para ela e notei seus olhos a me analisarem por alguns segundos até se virar em direção ao sol.
— Quem é você é uma boa pergunta... O que você deseja é uma ótima pergunta... O que fará é a pergunta essencial. — soou uma voz estranha, não sabia definir se era feminina ou masculina, parecia ser um misto dos dois com a diferença de ser arranhada e com pausas.
— Sou Hiroshi... — tentei, porém fui interrompido.
— Não, garoto. Olhe para si mesmo, conheça-te a ti mesmo e depois faça estas perguntas e então, quando estiveres pronto, retornará para cá e fará tua escolha. — disse a voz novamente, para então uma nevasca surgir por todo o cenário e me erguer me possibilitando visualizar as pegadas da raposa e o voo da águia, foi então que despertei.
— Arghhhhh... O que... — iniciei, naquela altura meu coração estava apertado e o diário de Katsumoto aberto numa página qualquer, com a palavra guerreiro sublinhada e uma frase: Entregue sua mão ao coração do guerreiro, sinta, compreenda e aceite só assim conseguirá o que procura.
— O que você quer que volte? — surgiu outra voz advinda da janela, era Osamu. Ele estava sentado na batente da janela, com sua roupa e equipamentos ninjas com seus olhos a me encararem, enquanto dava pequena olhadelas para o diário aberto tentando espionar o seu conteúdo. Fechei o diário e coloquei embaixo do travesseiro, encarando-o seriamente.
— O que está fazendo aqui? — perguntei.
— Ah! Érr.. Emi nos chama, parece que o Raikage tem uma missão para nosso time, parece ser algo bom. — ele disse "nosso" time. Tch.
— Não é nosso time, é simplesmente time, você não faz parte dele, é um substituto, uma ferramenta usada para substituir alguém importante que logo retornará e com retorno desse alguém sua presença será esquecida. Não se iluda. — retruquei me levantando.
— Óh.. Não creio que isto vá acontecer, mas vou deixar você se iludir, e a propósito isso feriu meus sentimentos! Vá para o gabinete, resto do NOSSO time estará lá. — devolveu da maneira mais odiosa e zombeteira possível. Fechei o punho em ódio, pronto para socá-lo e atirá-lo a metros a fio mas ele sumiu numa fumaça branca.
— Tch. — peguei o diário de Katsumoto, indo me preparar para ir até o gabinete e receber a missão com o time e com Osamu.
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Entrei no gabinete do raikage, com todos meus equipamentos que geralmente usava. No cômodo, estava Emi, Chikako, Osamu, Darui-sama e sua assistente. Cumprimentei a todos, com exceção de Osamu, tanto pelo desgosto e repulsa pelo seu jeito como por já ter visto ele invadindo minha casa.
— Tenho uma missão Rank A. O irmão mais novo do daimyo do País do Arroz virá para o País do Trovão tratar de negócios econômicos com o daimyo de nosso país, para tanto ele precisa de escolta, mesmo não sendo o daimyo ele representa alguma parcela de poder e dinheiro, mesmo que quase minúscula, e como está representado seu irmão mais velho que governa o país ele exigiu shinobis de nossa vila para acompanhá-lo até aqui e reforçar a escolta dos ninjas do som que também o acompanharão. Vocês partem imediatamente. — finalizou Darui, entregando um pergaminho a Emi e dispensando a nós.
— Nos agruparemos no portão norte, preparem suas coisas com tudo essencial. Encontro vocês lá após o almoço. — disse Emi, a me encarar o tempo todo com sua carranca de raiva e seriedade. O que ela estava pensando? Eu ia ceder? Após ela dizer isto, virei-me e atolei as mãos nos bolsos das calças indo até o hospital para me despedir de Inoue.
Continua...
Considerações: Façam perguntas se não entenderam o filler...