Treino 6 - A Base
O nevoeiro ensopava as ruas cinzentas de Kirirgakure, como era por demais normal naquela altura do ano. Kaoru abriu a porta da cozinha com o seu relaxe habitual e tê-la-ia atravessado, não fosse o balde de água preso na ombreira da porta quase cair-lhe em cima. Desviou-se com um salto, velozmente, apenas o suficiente para ver a sua irmã do outro lado da porta mostrar-lhe a língua e fugir. Lyla era incorrigível, mas tinha de aprender. Aproveitou a sua experiência e com um shunshin aproximou-se dela e passou-lhe uma rasteira ele próprio. Surpreendentemente, a rapariga afastou-se, saltitando como uma pulga e fechou-lhe a porta na cara.
Impedido de a perseguir, saltou pela janela mais próxima, teve o cuidado de espalhar chakra pelos pés e desceu a parede de casa em correria. O teu treino diário esperava-o. O trajecto era simples. Iniciou uma corrida veloz desde sua casa até ao campo de treino 23. Chegado ao lado que teria de atravessar, como para ir a qualquer sítio em Kirigakure, esforçou-se por manter uma camada de chakra entre os seus pés e a água. Algo que todos os Genins daquela vila aprendiam desde cedo.
Os alvos costumeiros lá o esperavam. Saltou alto e arremessou duas kunais, embora apenas uma tivesse atingido o alvo. Avançou sobre o alvo incólume num pontapé certeiro a que chamavam artisticamente de Dynamic Entry. Não correu demasiado bem. Ou melhor, acertou na cabeça do alvo, mas o espantalho já desgastado quebrou, resultando numa queda brusca para Hikaru. Levantou-se de um salto, zangado com o boneco de madeira e desatou numa carga de porrada frenética. Lançou dois socos baixos seguidos de um forte pontapé no peito, que quase o deixou coxo e pôs um fim à sua fúria. Afastou-se saltando alto para uma árvore e fez surgir a sua foice e corrente. Arremessou a foice contra o espantalho e deixou-se tombar da árvore. A foice prendeu-se ao espantalho e o seu peso arrancou-o com um estrondo.
Porém, o seu controlo da arma não foi perfeito e não tivesse ele usado a camada de chakra para se agarrar com pés e mãos ao tronco rugoso da árvore, a queda teria sido abrupta. Não se dando por satisfeito, Hikaru retraiu a corrente e girou-a sobre a corda, lançando-se à árvore mais próxima. Usando a sua foice como uma corda e com a ajuda do seu chakra, lançou-se de árvore em árvore, prendendo-se a um e a outro tronco. Depois de uma volta à floresta deu por si de volta ao campo de treinos.
De volta aos seus inimigos prediletos, os espantalhos. Sentou-se junto a eles enquanto se refrescava. Observava o campo de treinos quando um ruído lhe chamou a atenção. Um cão de pelo farto, preso sob uma árvore caída gania em sofrimento. Hikaru correu veloz até ele e tentou arrastá-lo de debaixo da árvore. Mas como devia ter calculado, se o cão pudesse ter sido arrastado, já o teria feito. Cruzou as mãos num selo rápido e uma miríade de corvos surgiu à sua volta, reunindo-se em 4 clones seus. Rodearam a árvore e tentaram erguê-la. Forçaram-na uma e outra vez, até que caíram os 5 exaustos e sem forças para continuar. Os clones desapareceram em seguida. Hikaru olhou em volta, procurando algo que pudesse ajudar o animal. Observou o campo procurando inspiração. Voltou a sua atenção para o cão, calculando a sua posição sob o tronco. Pela forma como estava torcido, provavelmente apenas uma das patas estaria presa sob o tronco e, nesse caso…
Correu agilmente até à árvore mais próxima e fez surgir a sua foice. Embora não fosse o utensílio ideal, cortou um dos ramos mais grossos que encontrou. Concentrou chakra e fez surgir dois novos clones que o ajudaram a transportar o ramo. Com precisão cirúrgica inseriu o ramo no parco espaço que sobrava a lado do animal e apoiaram sobre ele toda a sua força. A árvore levantou uns míseros centímetros, mas foi o suficiente para o cão se soltar e correr do campo a toda a brida. Os clones desvaneceram-se e Hikaru voltou à solidão do seu treino.
A sua força abandonava-o a pouco e pouco, mas ainda tinha de treinar o seu ninjútsu mais recente. Observou os ramos mais delgados das árvores e concentrou-se. Conduziu o chakra até à ponta dos seus dedos em ambas as mãos e num movimento fluido apontou a mão esquerda ao ramo mais próximo e disparou. O tiro rasou o ramo e falhou, levando consigo uma meia-dúzia de folhas que se achavam por cima. Repetiu o processo com o braço direito, forçando o chakra a concentrar-se na ponta dos dedos apenas e apontando ao ramo delgado uma vez mais. Segundos mais tarde o ramo tombava, com um “baque” seco no chão da floresta.
Como que satisfeito, Hikaru virou-se pronto para regressar a casa. Aproximou-se lentamente do lago que e uma vez mais espalhou o seu chakra numa camada dinâmica entre os seus pés e a superfície da água, por onde caminhou até à vila.
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NOTA: Este é o Treino 1 para efeitos de história, mas como ninguém lê os treinos e eu já tinha alguns feitos antes, mantenho a numeração antiga por um motivo de organização.