- Katsu, Katsu, Katsu! - chamava o ruivo, batendo impacientemente na porta do quarto do seu sensei.
O rapaz criava uma barulheira infernal por todo o corredor e não demorou até a porta abrir-se. O Uchiha esperava ver uma homem alto, de cabelo negro e comprido com algumas marcas na sua cara, mas em vez disso ele fora surpreendido por uma menina baixinha, de olhos esbugalhados e ensonados, com o seu cabelo grisalho totalmente desguedelhado:
- Tio Takeshi? O que fazes aqui a esta hora? Estás à procura do papi? - perguntou na sua voz doce e infantil, ainda a coçar os olhos.
- Sim, sim! Diz-me onde é que ele está pirralhita?
A menina não gostou nada do comentário, mas afastou-se da porta, deixando o rapaz entrar:
- Ele está na sala...
Passou-lhe a mão pelo cabelo e atirei-se para a sala, apresentando-se ao seu professor de braços abertos e com um sorriso enorme no rosto. Ele apenas virou a cara e olhou para ele:
- Que é?
- Katsu arranjei uma maneira GENIAL de ganhar dinheiro rápido e fácil!
Falar em dinheiro não lhe chamava muita a atenção, mas juntar "rápido e fácil", especialmente saído da boca do sue pupilo acabou por despertar a sua curiosidade:
- Ai sim? Então?
- Bom, já viste que atrás da pousada há um pomar grande 'pa caraças?
Ele assentiu:
- Pronto! Eu vou lá roubar uns cestos cheios de maçãs e vendê-las para o mercado, disfarçado claro.
A expressão curiosa que Katsu tinha desvaneceu-se assim que o ruivo explicou o seu plano:
- Então..tu, vai roubar MAÇÃS e VENDÊ-LAS no mercado...És uma valente nódoa comercial.
- O quê? Estás a brincar? As maçãs são ótimas, ontem roubei umas e provei, e sei que vão vender bem! Eu vou fazer uma pipa de massa num estalar de dedos.
O rapaz virou-se, preparando-se para sair:
- E fica a saber que não vou dar-te um único ryou!
Ele saiu do quarto, fechando a porta com força. Não havia uma única ideia de Takeshi que Katsu aceitasse. Todas tinham de vir da sua cabeça. Takeshi tinha a certeza que a sua ideia de ganhar dinheiro era genial e quando ele fizesse dinheiro, Katsu viria a correr. Saindo a correr da pousada, Takeshi tinha ainda que percorrer um caminho verdejante de árvores e alguns metros de vedações e arames:
- Maçãs.....vocês vão ser minhas! - disse enquanto concentrava o seu chakra pela sola dos pés.
Uma fina camada de chakra formou-se por debaixo dos seus pés, enquanto ele moldava o selo necessário para o kinobiri. A tentar ao máximo manter uma constante e precisa concentração do seu chakra nos pés, o Uchiha atirou-se para uma árvore, escalando-a até atingir um ramo alto e forte o suficiente para suportar o seu peso. O pomar que iria sofrer a "lavagem" estava a alguns metros à frente, mas ele conseguia facilmente entrar nele ao saltar de um dos ramos das árvores de fora para um ramo das macieiras junto do enorme muro farpado:
- Ok. 3...2...1...VAI! - disse para si mesmo, saindo disparando com diversos shunshins pelos ramos. A sua agilidade ao esquivar-se de ramos e galhos que lhe podiam magoar a cara era esplêndida. Talvez os treinos com Katsu estivessem mesmo a resultar. Com toda aquela pressa, ele não trouxera cestos, por isso contentou-se com a mochila que trazia ás costas. Do nada ele parou, ao ouvir um cão latir. O latido vinha do pomar, mas ele tentava convencer-se de que era o vento que enganava e trazia o som para aquela direção. Quando Takeshi ia recomeçar a corrida, novos latidos juntaram-se ao anterior:
- Oh merda...cães não...
Cães iram atrapalhá-lo, para além de que seria descoberto se eles estivessem sempre a ladrar. Concentrando o chakra nos olhos, Takeshi ativou a sua principal arma: o sharingan. Com o sharingan ativado, ele poderia ver onde andavam os cães e quem estava no pomar. Saltando mais alguns ramos com auxílio de shunshins, não demorou até ele alcançar o tronco que serviria de base de lançamento para dentro da propriedade:
- Vá cá vai....
Respirou fundo e saltou para o outro lado. Infelizmente, fez mal as contas e quase que caía no chão, se não se tivesse agarrado á extensão da árvore com as mãos. Usando toda a força que conseguiu depositar nos braços, ergueu-se e sentou-se no ramo, agora em segurança:
- Que comece a caça ás maçãs!!!
Abrindo a mala, Takeshi começou a despojar toda a macieira, arrancando os frutos das folhas e atirando para dentro da mochila:
- Isto vai custar, mas vai valer a pena!
---
Ele já estava na sua terceira árvore quando algo lhe chamou a atenção:
- Oh não...Vocês não!
Um trio de cães vinha a descer o pomar, correndo e ladrando na sua direção. Rapidamente, Takeshi tinha de arranjar uma maneira de distraí-los para encher o resto da mochila e fugir. Pensou bem e decidiu usar a poderosa audição dos cães contra eles. Concentrando uma porção de chakra nas suas cordas vocais, Takeshi começou a assobiar uma música estranha, mas à qual ele já estava habituado. Não demorou até o som invadir os tímpanos dos cães que começaram a abrandar o seu ritmo até pararem de andar e de ladrar. As suas pernas ficaram fracas e os seus sentidos baralhados. Esquecendo-se que a propriedade do seu dono estava a ser "arrombada", os cães preocuparam-se mais com a sua cabeça e com o que se passava com ela, virando-se e começando a correr para direções aleatórias. Aproveitando as suas fugas, Takeshi recomeçou o seu demorado processo para roubar as maçãs. Quando finalmente colocou a última, todo ele suava e já era perto das onze da manhã. Experimentou levantar a mochila e finalmente sentiu o peso de todo aquele roubo. Colocou a mochila às costas e saiu como entrou: concentrando o seu chakra nos pés e saltando de ramo em ramo com shunshins, mas a meio do caminho teve de parar. A força que empregara ao carregar a mochila era demasiada, por isso, decidiu despejar algumas maçãs para o chão para continuar o seu caminho:
- Desculpem... Prometo que vou vingar as vossas mortes....com ryous!!
Riu e continuou o seu caminho de volta à vila com as costas um pouco mais aliviadas, pronto para encher os bolsos.
FIM