Duelo do Tsu do Minho (Katsu) e da Shibi do Douro (Ayame)
Aproximava-se a passos largos os momentos finais daquele Torneio em Cha no Kuni. Mais alguns confrontos e saberiam quem sairia vitorioso daquele que era, até ao momento, o torneio com os shinobis mais poderosos que alguma vez tinha sido organizado. A economia naquele país tinha crescido consideravelmente graças aos visitantes que o torneio e o exame chuunin tinham atraído, pelo que os responsáveis se desfaziam em agradecimentos.
Naquela manhã, iriam enfrentar-se novamente dois pares que tinham já dado que falar. Por um lado Katsu Imagawa e Ayame Midori, a parelha do Akatsuki e de uma das netas dos senhores Sakuragi, nobres de Konoha que tinham uma casa de férias na região. Por outro, Kyo Kusanagi e Jow Yagami, o poderoso herdeiro dos Kusanagi de Iwagakure e dos poderes do seu já lendário avô e aquele abençoado pelo próprio Tsukuyomi, o Deus da Lua. O confronto anterior tinha valido uma vitória para a estranha parelha do nukenin e da konohanin e os espectadores questionavam-se quanto aos resultados.
Além desse mesmo assunto, um burburinho segredava nos ouvidos de muitos, discreto, algo chocante. Uma novidade apenas revelada a alguns que, por algum motivo, não resistiam a contar a outrem. Muitos ainda permaneciam alheados à mesma e, possivelmente, assim ficariam. Era nessa condição que Ayame Midori e Uchiha Takeshi estavam.
Os dois ninjas, amigos de infância, tinham ido tomar o pequeno almoço com a pequena Sekima, seguindo as orientações dadas pelo pai da criança, Katsu, que dera uma desculpa rápida para não os acompanhar. Apesar da kunoichi o tentar convencer, de nada valeu, deixando-os a fazerem de babysitter durante aquela manhã. Estavam a conversar enquanto se dirigiam para as bancadas para que se pudessem instalar até à hora do duelo quando ouviram algumas vozes conhecidas a conversar com frases entrecortadas e risos, parecendo bastante animados.
- Ui…
- Nem digas nada…
- Que belo dia para acontecer isso, né?
- Qualquer dia é bom para isto!
- Mas que… Ai.
Katsu, Kyo e Jow estavam em grupo, a observar algo que algum deles teria nas mãos, secretivos apesar dos comentários em voz alta. Era um pouco estranho aos olhos dos recém-chegados, que ficaram um pouco atordoados com a cena.
- Papi! - chamou a pequena Sekima, ao correr para o pai, pouco depois, abraçando-se à cintura dele.
O trio olhou para trás rapidamente e o Imagawa, de forma atrapalhada, tentou esconder o que tinham nas mãos atrás das suas costas. Pareciam embaraçados com a situação, outra coisa incomum.
- O que estavam a fazer? - perguntou Ayame, que agora estava desconfiada. Já os conhecia bem para saberem que andavam a tramar alguma. Tentou espreitar por cima dos ombros deles, mas em vão. Era demasiado baixa.
- Nada nada - comentou Jow, desviando o olhar.
- É, nada - confirmou Kyo.
Ela colocou as mãos na anca, desconfiada. Não acreditava neles. Algo se tinha passado naquela manhã. Naquela bancada, várias pessoas pareciam secretivas à volta de algo que tinham nas mãos. Por coincidência, um papel escorregou das mãos deles, que foi apanhado pelo Uchiha ruivo. A sua face ficou rubra e, ao sinal do trio, escondeu também o papel. Katsu pediu a Sekima para se sentar junto do varão da bancada, na esperança que ela não se apercebesse, e aproximou-se sorrateiramente do rapaz, colocando um braço à volta dos ombros dele e voltando-o para que Ayame não visse.
- Sabes Takeshi… Podias… Sei lá… Pegar nestes óculos autografados e ir fazer um negócio ali com uma pessoa… Por mais dessas…
O rapaz parecia demasiado chocado para falar, mas não foi capaz de recusar. Aceitou os óculos e dirigiu-se para onde o Akatsuki o tinha indicado, algo que deixou a kunoichi ainda mais intrigada.
- Andam a fazer porcaria, estou mesmo a ver… - suspirou ela.
O iwanin tomou a iniciativa para proteger os seus companheiros de crime. Aproximou-se dela e, tomando-lhe uma das mãos, disse-lhe:
- Ora, Ayame, achas mesmo? Está uma manhã tão bonita, quase tão bonita como tu. Podíamos… - e foi interrompido por uma questão dela.
- Que fotos são essas?
Algumas fotos tinham começado a surgir de baixo do colete do jounin, que o Yagami não hesitou em pegar. No meio daquilo, uma das fotos caiu ao chão, revelando uma foto nua de uma kunoichi bem conhecida do mundo ninja: Mei Terumi. O ruivo pegou também nessa foto e escondeu-a, mesmo sabendo que ela tinha já visto o que era, pois a face corada dela não conseguia enganar.
- O que estão a fazer com isto? - questionou ela quando foi finalmente capaz de pronunciar algo.
- Erm…
- Bem… Parece que houve uma fuga de fotos ontem e… - tentou explicar Jow, atrapalhado.
- Não é isso que estou a perguntar - interrompeu-o. - Tu és pai de família, tens inclusive uma creche. O Katsu é pai também. O Kyo… Bem… Ele… Coiso.
Jow e Katsu desmancharam-se a rir perante a descrição da Midori e respectiva reacção do iwanin, que não sabia o que dizer tendo em conta a acusação implícita dela.
- Até parece que precisava disto - justificou-se ele com a única coisa que lhe pareceu plausível e sorriu com a brincadeira. - É demasiado fácil apanhar mulheres em trajes menores.
A afirmação chamou a atenção dos dois shinobis, que se predispuseram a ouvir o que ele tinha em mente. Kyo olhou para eles, depois para a kunoichi, que o fitava com um ar reprovador, e novamente para eles.
- Bem… Temos o henge, que até um estudante da academia consegue fazer, por isso facilmente entram numas termas na porta para as senhoras e… - começou ele a explicar. Jow e Katsu bebiam as suas palavras enquanto Ayame, demasiado chocada para conseguir expressar o que quer que fosse, se aproximara da pequena Sekima e lhe tapara os ouvidos.
Kyo listava uma boa quantidade de maneiras de espiar mulheres, surpreendendo os outros dois que, apesar de não serem propriamente santinhos no assunto, se sentiam leigos ao lado dele.
- O Kamui?! Porque é que nunca pensei nisso?! - exclamou o Akatsuki quando o iwanin terminou.
- Talvez não tenhas tido necessidade de ir a tal extremo - comentou o ruivo, rindo-se.
- Também não é que tenha feito isto tudo. São apenas… Ideias - e o Kusanagi sorriu maliciosamente.
O trio voltou a desfazer-se em risos.
- Boa… Vou ter que lutar ao lado de três frustrados sexuais… - murmurou a konohanin, tirando depois as mãos dos ouvidos da pequena Imagawa, que parecia confusa com a atitude. Passou-lhe a mão pelo cabelo. - Acredita, querida, foi para o teu bem. Não queiras saber o que se passou aqui.
Não tardou para que Takeshi aparecesse com um envelope, entregando-o a Katsu, que o guardou dentro do seu manto. Aquela fora a gota de água para Ayame, que surgiu ao lado do companheiro e lhe deu um calduço.
- Se vocês querem fazer porcaria, não envolvam terceiros nisso! Muito menos menores de idade!
- Oh Ayame, achas mesmo que o Takeshi não lê a Playninja? É uma coisa natural para um homem…
- EU NÃO QUERO SABER DESSAS COISAS! - gritou ela para os quatro homens à sua volta. - ESTÁ AQUI UMA CRIANÇA! ANDOR DAQUI PARA FORA! - acrescentou em voz baixa. - Menos tu, Takeshi. Já sabes que és o babysitter de serviço.
O Uchiha suspirou, sentando-se ao lado de Sekima, enquanto a konohanin empurrava os duelistas para fora da bancada. Já estava a aproximar-se a hora do confronto e eles muito entretidos a falar de coisas menos próprias em frente de crianças. Não que Takeshi fosse um… E ela tinha a mesma idade. Era o seu senso de decência a apoderar-se dela.
Quando chegaram à arena, ainda tiveram que esperar um pouco pelo árbitro. Pela primeira vez, não tinham feito o responsável esperar, o que devia ter acontecido desde o início. Entretiam-se demais a conversar nas bancadas, não importava qual fosse o adversário.
Com uma explicação rápida das regras, que já todos sabiam, o árbitro olhou para cada um deles em busca de confirmação. Todos assentiram e, depois de desejarem boa sorte à outra equipa, foi dado o sinal para começarem.
- Parece que estamos aqui outra vez, Kyo, Jow… - Comentou Katsu com um curto sorriso, unindo ambas as mãos num único selo e deixando que algum do seu chakra emanasse para o solo abaixo de si.
Os seus dois adversários depressa fletiram os joelhos para facilitar as esquivas do que quer que daí viesse. O Kusanagi agarrou numa kunai, obviamente para o seu Hiraishin, e Jow uniu alguns selos, espalhando chakra pelo corpo para ativar Kami no supīdo . Faíscas elétricas percorreram-lhe o corpo ao mesmo tempo que um sorriso se alastrava na sua face.
-
Ele está diferente. Talvez mais forte! Interessante… - Pensou o Imagawa, espalhando a concentração de chakra para uma larga área por debaixo dos seus oponentes. Olhou de soslaio para Ayame, que sorriu levemente para garantir que percebera o que lhe ia na cabeça, e então atacou. - Bakurai no Jutsu!
Sucessivos sismos abateram-se sobre a arena, desequilibrando muitos dos espetadores que pensavam estar imunes nas suas bancadas. No entanto, em nada se comparou com a área em volta de Kyo e Jow que tremia violentamente. Pequenas placas de terra fendiam-se, brotando nos seus intervalos torrentes de água que foram rasgando tudo o que se encontrava por cima delas, como árvores. O Yagami tropeçou num dos abanões, magoando-se de leve no queixo. Essa dor foi esquecida quando, por debaixo de si, se abria gradualmente uma nova fenda e, no seu fundo, o som de água a fervilhar lhe invadiu os ouvidos. O Kusanagi, por sua vez, arremessou kunai para pontos estratégicos, movimentando-se facilmente para esquivar dos sismos e feixes de água com o Hiraishin. No entanto, foi surpreendido quando apareceu por cima de uma árvore e essa já estava a ser rasgada a meio com um dos feixes. O seu coração começou a palpitar intensamente…
O konohanin esquivou-se como um relâmpago no exato momento em que a lâmina de água surgiu, conseguindo recuar para fora da área dos sismos, arfando ofegantemente. Observou, ao longe, que o seu parceiro de equipa concentrou chakra no ar à sua volta, voando com recurso ao seu Kurōkuea para fora do golpe fatal. Este também se afastou dos tremores, fendas e torrentes de água, observando como a arena estava a ser dizimada com apenas uma única técnica. Quando esta se acalmou, pairou para a beira de Jow, acompanhando-o na observação de uma área que já não era a mesma: diversas placas de terra estavam dispersadas pelas incontáveis fendas e quase todo o solo estava inundado. Quando desviaram o olhar, viam um sorridente Katsu a fitá-los de Sharingan ativo e braços cruzados, com uma preocupada Ayame atrás dele. Essa atitude irritou Jow, que desembainhou a sua espada e correu a uma velocidade estonteante, que surpreendeu Katsu (incapaz de lhe seguir os movimentos até com o Sharingan) e Ayame. O ruivo saltou e, com um rugido, deixou que eletricidade emanasse num dos seus braços, cobrindo-o com um chilreante Chidori. Caiu sobre o Imagawa e a Midori com um estrondoso impacto, levantando um nuvem de poeira que era cortada pelas faíscas que surgiam do seu interior. A multidão silenciou-se de espanto e expectativa…
Quando a nuvem abaixou, puderam ver que Katsu e Jow estavam intactos e que Ayame simplesmente desaparecera. Dos braços do Akatsuki desceu um pequeno feixe de água, que depressa se esticou até ao pescoço de Jow, ainda debruçado sobre a cratera que criara à sua volta com uma interminável corrente de eletricidade a dançar na sua pele, e tentou esganá-lo com pura força. O ruivo depressa se queixou de agonia, arrastando os braços para cima e tentando afastar o aperto de si. Um pequeno sorriso rasgou-lhe a cara.
- Surpresa…
Numa nuvem de fumo, Kyo surgiu no seu cotovelo empunhando um pesado martelo que depressa desceu contra o criminoso. Uma pequena fada no ombro de Katsu escorregou para fora do seu manto azul, levando os braços ao ar. O seu jutsu emanou em torno de Katsu, cobrindo-o com uma pequena camada de chakra que amorteceu parte do dano do martelo. No entanto, o impacto ainda se deu, levando o Imagawa atrás com a projeção e a urrar de dor. Conseguiu equilibrar-se em pleno ar e aterrar em pé, sentindo a dor do martelo na sua cabeça a latejar.
- Se me tivesses acertado era morte imediata! - Repreendeu Katsu virado a Kyo, que pousou no solo e rodopiou o martelo na sua mão, olhando para a água à volta do pescoço de Jow a dissipar, com um tom de voz mais divertido do que sério - Parece que têm uns novos truques!
O Kusanagi então virou-se para o seu oponente para corresponder o sorriso, ignorando o erguer do Jow atrás de si, com a sua face um misto de fúria e ansiedade.
- Eu só queria saber onde está a Ayame. Estou mais interessado em falar com ela! - Ripostou o iwanin, substituindo o martelo por uma espada enorme cuja lâmina se embainhou com intensas chamas.
O Kusanagi moveu-se rapidamente contra Katsu, deixando que a sua Berserk flamejante descesse para decapitar o seu inimigo. Este que não teve outra escolha a não ser retirar a Gunbai das suas costas, levando-a lateralmente em frente para a usar como um escudo e bloquear o impacto. Chamas esvoaçaram com o impacto, descendo para as mãos do Imagawa e fazendo-o ranger os dentes ao sentir a sua pele a ser queimada. Deixou que chakra fluísse pelos seus braços, criando dois feixes de água que serpentearam em volta dos seus braços, passaram pelas suas mãos para apagar as pequenas labaredas e moveram-se sinuosamente pelas armas em choque para formarem de imediato duas lanças que tentaram trespassar a cabeça de Kyo. Este saltou para trás, consciente que o ataque de Suiton teria uma distância demasiado curta para o afetar, olhando para o seu flanco de seguida.
- Fuuton: 1000 Shinme Ya!
Com um grito choveram incontáveis flechas para cima de Katsu, Kyo e com número suficiente para ainda abrangerem Jow, que até então estava inexplicavelmente imóvel. Graças ao seu Kamui, todas elas passaram pelo Imagawa sem causarem qualquer incómodo. O Kusanagi não teve outra escolha além de emanar uma intensa camada de chakra ao longo da sua pele que absorveu os minerais mais resistentes do solo abaixo de si, formando uma dura carapaça que aguentou todas as flechas sem qualquer represália. Jow, por sua vez, elevou a cabeça quando ouviu o grito feminino, e prestou atenção nele enquanto criava uma esfera de eletricidade à sua volta, capaz de bloquear todas as flechas. Desapareceu num relâmpago para desconforto de Katsu, que, com os seus olhos rubros, reparou em Kyo munido com o seu Doton: Taitanzu Sosen, sem qualquer parte humana à mostra.
- Ficas mais feio a cada jutsu! - Opinou o Imagawa, materializando-se quando as flechas terminaram e notando que algumas se tinham cravarado na pele endurecida do iwanin, sem lhe provocar qualquer tipo de dano que o atrasasse. Agarrou na sua Gunbai quando viu as chamas da Berserk inimiga a clamarem por sangue.
- Fuuton: Shinkū Taigyoku! - Gritou Kyo, expirando uma imensa esfera de ventos que se projetou violentamente contra Katsu a uma velocidade vertiginosa.
- Katon: Gōka Messhitsu! - Gritou o Imagawa por sua vez, acabando a sequência de selos e manipulando o chakra nos seus pulmões para cuspir uma imensurável onda de chamas que colidiu contra a esfera de ventos.
Sucedeu-se uma intensa explosão que espalhou calor para toda a sua volta e suspirou uma ventania, embatendo contra Katsu e Kyo, que tiveram que usar todas as suas forças nas pernas para não serem arrastados. Depois de uns segundos, algumas das chamas do Katon do Imagawa ainda avançaram numa última motivação para queimarem o Kusanagi, que apenas abanou a sua espada e as absorveu sem qualquer esforço.
-
Lutar contra o Katsu com os elementos é impossível! - Pensou, reparando como as chamas absorvidas na sua lâmina lhe aumentaram a intensidade. -
Se ele tivesse tido mais tempo para o seu Ninjutsu, a esta hora eu era um monte de cinzas! Tenho de arranjar outro método de o atingir…Aproximou-se com um Shunshin e tentou uma estocada com a sua Berserk, que foi afastada com uma varridela do leque do Imagawa. Nessa altura, as chamas da espada projetaram-se numa onda violenta.
- Uchiha Henkan… - Murmurou o Akatsuki, focando chakra na sua arma e usando-a como escudo para bloquear a onda de chamas que, quando chegou perto da Gunbai, foi repelida na direção de Kyo com velocidade redobrada, atingindo-o violentamente e atirando-o contra o solo.
Por entre pequenos resmungos de agonia, ergueu-se com a sua pele de minerais a desfazer-se em pequenos torrões de pedra. Embora evitasse os danos fatais, ainda sentia a dor do impacto no seu corpo. Persentiu que ainda segurava na Berserk, suspirando de alívio por não ter ficado totalmente desprotegido, e olhou para o leque do seu oponente.
-
Aquela Gunbai traz demasiados problemas! Vou livrar-me dela! - Pensou o Kusanagi, apertando firmemente o cabo da sua espada e inspirando profundamente.
-
Então a espada dele foi capaz de absorver as minhas chamas? Não posso usar muito katon à beira do Kyo para não lhe dar mais combustível. Vou manter-me com Suiton; devo conseguir apagar aquela arma… - Concluiu Katsu, nunca desviando o Sharingan do seu adversário e inspirando também ele profundamente.
Em Shunshins, aproximaram-se velozmente um do outro, arrastando para trás as suas armas. As duas armas chocaram com intensidade, cuspindo faíscas pelo metal a roçar, e chamas esvoaçaram pelo gume da Berserk. Quando o Imagawa pensou em usar o seu Suiton para terminar com aquela contenda, o braço de Kyo surpreendeu-o.
- Doton: Chōkajūgan no Jutsu! - Proferiu, pousando a mão suavemente no leque e transferindo o seu chakra para o mesmo.
Quando reparou no que tinha acontecido, o Imagawa já estava no solo, arrastado pelo agravamento do peso da Gunbai, que o projetou contra o mesmo. Caiu com a face numa poça de água e, algo desconexo do que se passava à sua volta, notou que, a uns centímetros de si, estava uma das fendas criadas pelo seu Bakurai. Desviou o olhar para cima e reparou que uma espada em chamas descia para o golpe fatal. Com o leque demasiado pesado para ser manuseado, alastrou chakra na água em que caíra, criando assim diversos espigões, com o cuidado de nenhum deles lhe trespassar o corpo. Estes embateram ruidosamente contra o gume em chamas da Berserk, apagando alguma delas e afastando a arma da mão do Kusanagi com o impacto. Rodopiando o corpo sobre a poça de água, Katsu esticou ambas as pernas numa rasteira contra os tornozelos do iwanin, que a evitou com um salto à retaguarda. Ainda em movimento, o Imagawa deixou que mais chakra manipulasse a água para formar dois feixes na direção do seu inimigo, notando, no seu flanco, que a espada se cravara perfeitamente na fenda, demasiado grossa para escorregar para o abismo. Quando o Kusanagi usou o seu Katon para transformar o Suiton em vapor, reparou que o olho direito de Katsu criou um vórtice que sugou o seu corpo para fora do cenário. Um semblante zangado revelou-se na cara de Kyo, insatisfeito por ter deixado o seu adversário escapar. Olhou para o lado, em busca do Akatsuki, e cancelou a invocação da sua Berserk, fazendo-a desaparecer numa nuvem de fumo.
A alguns metros, com as garras embebidas em chamas, Jow dilacerava e queimava as árvores, procurando algo sem o conseguir encontrar. Rugia a cada golpe dado, como se a própria floresta o tivesse enfurecido com a sua quietude. Sabia que a ouvira algures, mas, mesmo assim, não a conseguia encontrar. Quando outro tronco tombou ante o seu poder, encontrou Ayame, coberta por uma densa ramagem a servir de escudo, que lhe virou um semblante incomodado.
- Era mesmo necessário queimar todas as árvores?! - Resmungou, deixando que algum do seu chakra escorregasse para as plantas a seu redor. -
Estou em vantagem, mas contra o Jow não me aguento por muito tempo. Posso tentar reduzir os danos tempo suficiente para que o Katsu chegue, mas não o posso acelerar já que a homunculus está agora comigo… Tenho é de obrigá-lo a não ativar o Oni Mode!- Katon: Gōryūka no Jutsu! - Gritou Jow, como se usasse o Katon para queimar ainda mais a floresta e, consequentemente, irritar a Ayame, ao cuspir um intenso dragão de labaredas que avançou rapidamente contra ela, que estava demasiado perto para que conseguisse escapar.
- Suiton: Suijinheki! - Proferiu, à falta de algo melhor para a situação, controlando o chakra para criar uma barreira de água que a rodeou e bloqueou eficazmente as chamas do dragão, transformando-as em vapor. No entanto, foi incapaz de evitar o impacto, que a empurrou para fora das ramagens, projetando-a para pleno ar, sem nada a que se pudesse agarrar. Aparecendo num relâmpago, Jow surgiu por cima dela com uma espada desembainhada, apressando-se golpear e trespassar o peito da adolescente com a sua ponta afiada. Esquecendo-se que ela era uma amiga, sorriu por ter conseguindo livrar-se de um dos seus adversários. O seu sorriso depressa se desvaneceu quando o corpo da rapariga se desfez em folhas…
Com uma ligeira rajada de vento, as folhas esvoaçaram para longe do Yagami, que se afastaram para um dos ramos da floresta afastados do local e reformaram o corpo de Ayame, sem qualquer ferimento por parte da espada. A sua expressão séria e o facto de ter evitado o ataque mortal sem qualquer esforço surpreenderam o konohanin. Ela ainda tinha truques na manga que ele não conhecia. Tinha que ter cuidado e estar atento. Sabia que a dominava facilmente se a apanhasse. Chegar a ela é que seria o problema...
-
Vá, Ayame… Não podes deixar que ele te apanhe, mas também não podes deixá-lo fugir. Sabe lá Deus em que enrascada possa estar o Katsu… Controlo à distância, lembra-te! - dizia ela para si mesma, tentando convencer-se das duas palavras. Tinha que o empatar até arranjarem uma solução em conjunto. Iria usar a sua (pequena) vantagem da localização para conseguir uma manutenção mais eficaz do seu chakra.
Juntando as mãos em selos e com um movimento de braços, usou folhas das árvores como uma nuvem em redor para obstruir a visão de Jow, que rapidamente começaram a rodopiar em espiral com esporos ilusórios que a kunoichi tinha lançado. O isco para ganhar um pouco mais de tempo funcionou ao vê-lo ser submetido ao seu genjutsu. Sabia que, no entanto, era temporário e apressou-se com os seus selos. Ainda antes que ele se conseguisse libertar da confusão do primeiro genjutsu, já ela conseguira colocar um segundo através de perfume no ar, na esperança de conseguir confundir a identidade dela com a de Kyo e assim baixar-lhe a guarda.
O konohanin estava a sentir-te desorientado, tonto. Aquela nuvem de folhas súbita devia estar embutida com alguma coisa. Não conseguia pensar… Seria ninjutsu ou genjutsu? Não custava, ainda assim, tentar desenvencilhar-se de uma possível ilusão. Tentou concentrar-se para parar o seu fluxo de chakra por uns momentos e reiniciou-o com força, forçando assim uma saída daquilo. Viu que a sua hipótese estava correcta quando conseguiu recuperar o total controlo da consciência e a adversária desistiu de o envolver naquelas folhas, que cairam aos poucos no chão. Foi então que viu Kyo à sua frente, a alguns metros. Ele teria derrotado Katsu? Sozinho? Se sim, tinha feito algo incrível. Estava prestes a desistir de um ataque quando se apercebeu do desaparecimento de Ayame. Novamente. Ainda tinham que a derrotar para que o combate fosse deles. E com Kyo seria bem mais fácil.
Quando deixou que chakra Raiton se concentrasse no corpo à sua volta, percebeu no seu flanco que algo de invulgar acontecia. Cancelou a concentração e afastou-se de um salto, observando um vórtice a surgir de nenhures e a expelir do seu interior Katsu. Sem ter tempo para se espantar, apoiou-se sobre um ramo atrás de si com ambas as pernas e fez toda a força que tinha nelas para, em conjunto com a sua velocidade elétrica, ganhar um velocíssimo impulso, erguendo a espada para se preparar para o impacto. O Imagawa olhou para o lado e reparou no ataque, não tendo outra escolha senão invocar uma Fuuma Shuriken e arremessá-la contra Jow, focalizando seguidamente chakra nos braços. Quando o viu a livrar-se do projétil com uma varredela da sua katana, esticou-os para a frente.
- Zankūkyokuha! - Gritou o Akatsuki, espalhando uma larga área de ventos infundidos pelas palmas das suas mãos, que apanharam Jow desprevenido e em plano ar. Incapaz de esquivar-se do ataque, foi atingido com todo o impacto e rugiu de dor enquanto era empurrado até embater violentamente contra um tronco grosso de uma árvore.
Satisfeita por ver o seu companheiro, Ayame terminou o genjutsu e surgiu à beira dele com um Shunshin, perguntando-lhe imediatamente se estava ferido. Quando o Imagawa pensou em responder, a equipa foi surpreendida por uma súbita kunai, que se cravou no ramo entre eles. Antes que pudessem reagir, surgiu Kyo numa nuvem de fumo, esticando ambas as pernas.
- Harikēndoragon!
Rodopiando, o Iwanin esticou a sua perna e embebeu-a em chamas, atingindo Ayame, que foi projetada para fora do ramo com suspiros de dor, e Katsu, que foi projetado contra o tronco da árvore. Quando as suas costas bateram contra a árvore, engasgou-se e tentou recuperar a respiração, mas reparou à sua frente que os punhos do Kusanagi também ganhavam chamas e que se aproximavam para infligir mais dor. Agachou-se para se esquivar do primeiro, mas imediatamente apareceu um joelho na direção da sua testa. Concentrou chakra à sua volta e criou uma pequena explosão de ar, suficientemente forte para afastar Kyo de si. Quando conseguiu recuperar a respiração, embora ainda a custo, notou que a Berserk voltou a aparecer nas mãos do iwanin, enquanto a sua Gunbai fora deixada para trás devido ao peso. Embora estivesse em desvantagem, invocou outra Fuuma Shuriken e abriu-a, apontando as suas lâminas na direção do seu oponente. Num rugido, as folhas por cima de si mexeram-se violentamente e o seu Sharingan reparou que Jow caía por cima de si em alta velocidade, o seu braço direito embebido com o Chidori. À sua frente, as chamas da Berserk voltaram a ameaçar transformá-lo em cinzas num corte horizontal.
O tempo pareceu abrandar intensamente a Katsu; cada pormenor à sua volta apareceu-lhe mais vívido do que nunca: as labaredas do gume da espada de Kyo a moverem-se com energia inesgotável, a eletricidade de Jow a faíscar com uma vontade imparável, uma pequena brisa passageira a fazer com que cabelos, folhas e outra ramagem dançassem consigo, o tronco da árvore atrás de si a tremer violentamente pelo Chidori que lhe rasgava a casca…
Na clareira abaixo dos ramos das árvores altas, uma folha enorme de um nenúfar abanou-se conforme Ayame se tentava manter confortável sobre a mesma. Usara-a como colchão para aparar a queda resultada pelo ataque de Kyo. Essa memória relembrou-lhe da queimadura que tinha acima do peito, aonde já não havia roupas, que lhe ardeu intensamente. Realizou alguns selos e espalhou chakra na área queimada, usando o Kougousei para a regenerar a ferida, deixando uma pequena cicatriz cinzenta semelhante às cinzas de uma fogueira extinguida. Segundos depois, soou uma estrondosa explosão acima de si que a sobressaltou e a fez sacar de uma kunai por impulso. Suspirou de alívio quando notou que fora muito longe de si, precisamente no exato ramo de que caíra. O alívio depressa se substituiu por preocupação para com o estado do seu companheiro, que não conseguia adivinhar como se encontrava. Aproximou-se de umas árvores e preparou-se para entrar em conexão com elas e descobrir tudo o que se estava a passar lá em cima, mas foi intercetada pela súbita aparição de um Sharingan à sua frente. Ela atacaria-o, se não reconhecesse o vórtice que à volta dele se formou, expelindo do seu interior o corpo intacto de Katsu.Este caiu sobre a relva de joelhos, respirando ofegantemente. Embora tenha conseguido sair daquela situação impune, o seu coração ainda estava em estado de alerta com toda a adrenalina do momento. Demorou um pouco a acalmar-se.
- Eles estão mesmo irritados por os termos derrotado na primeira ronda. - Declarou por entre a sua respiração ofegante, deixando-se cair para trás e relaxando um pouco. A Midori tentava dizer-lhe para não abrir tanto a guarda, mas o Imagawa não parecia importar-se tanto com isso. - Tem calma, é agora que as coisas têm de se decidir. Estamos numa clareira, onde não falta erva, árvores e plantas. Não te sentes em casa?
A adolescente olhou à sua volta; sentia-se realmente confortável, mas não tanto ao ponto de relaxar como ele. Sabia que o Kyo e o Jow ainda estavam a monte, provavelmente à procura de ambos, e que não tardariam em encontrá-los.
- Liga-te com a natureza ou lá o que isso seja e descobre por onde é que aqueles dois malucos andam! - Praticamente ordenou o Imagawa, com um tom muito mais autoritário do que o desejado, erguendo-se e apalpando o vazio nas suas costas. Sentia falta da sua Gunbai.
- Como estás de ferimento ou chakra? - Perguntou Ayame, fechando os olhos e espalhando chakra na vegetação à sua volta, focando-se profundamente à procura de qualquer obstrução.
- Não te preocupes, ainda tenho chakra para dar e vender. Vamos usar a tua habilidade para os apanhar desprevenidos enquanto eles pensam que nós é que estamos desprotegidos!
A Midori assim o fez, percebendo, após alguns segundos de pura concentração, de quatro pés a pisarem constantemente a relva, a escassos metros. Pela distância a que se dirigiam, corriam exatamente contra Katsu e Ayame.
- Eles correm para cá, acho que sabem onde estamos! - Avisou, abrindo os olhos e respirando profundamente. Ao contrário do seu parceiro não estava assim tão confiante na sua reserva de chakra, mas sabia que teria o suficiente para continuar a luta. - Oito metros, atrás daquelas duas árvores!
A Chuunin apontou para a localização que falara e o Imagawa apressou-se a realizar alguns selos e espalhar chakra na mesma. Quando Jow circundou as árvores, avistou-os e virou a cabeça para trás para gritar (certamente para avisar o Kyo), a terra à sua volta abanou.
- Doton: Kuikorosu Tsuchi!
Duas mandíbulas, formadas pela terra e rochas que se encontravam no solo, ergueram-se em ambos os flancos de Jow, arrastando consigo algumas raízes que foram forçadamente arrancadas das árvores enormes. O Yagami conseguiu escapar com a sua velocidade absurda, imune ao fecho das mandíbulas, que provocou um ligeiro tremor. Apoiou-se num tronco atrás de si e usou-o como impulso, saltando contra Katsu e Ayame sem receios, de punho em riste embebido em chamas.
- Ayame! Ele tem o selo do Hiraishin no ombro, é por isso que o Kyo consegue aparecer sempre! - Gritou o Imagawa, empurrando-a para fora do seu alcance e tornando-se intangível com o Kamui, conseguindo ver em primeira mão a cratera que se formou em torno do soco explosivo do enfurecido Jow.
Afastou-se do local como um fantasma, materializando-se a uma distância segura. No mesmo instante, Jow arremessou um par de shuriken, unindo alguns selos:
- To Shuriken no Sen Iroai!
Duas shurikens depressa se transformaram em milhares que, com o seu largo número e velocidade naquela clareira tão pequena e pouco espaçosa para movimentação, faziam da esquiva praticamente impossível. O Imagawa olhou para trás de si, reparando na Ayame que não tinha maneiras de se defender de tal tática, pelo que descartou de imediato a hipótese de usar o Kamui, pois assim os projéteis passariam por ele e atacariam a sua parceira. Sem outra escolha, afastou ambas as pernas e espalhou chakra no ar à volta dele, usufruindo-se de todo o conhecimento que tinha de Fuuton para conseguir repelir grande parte dos projéteis com movimentos leves e precisos, não conseguindo evitar ser atingido por algum deles, que se cravaram dolorosamente na sua carne, soltando pequenas quantidades de sangue, mas insuficientes para levar o Akatsuki ao chão ou mesmo matá-lo. Ayame percebeu o escudo humano que a protegera, despachando-se para lhe curar os ferimentos. Todavia, foi interrompida com o aparecimento de Kyo com recurso ao Hiraishin num dos selos colocados nas shurikens, cortando em frente com a sua Berserk flamejante. A Midori gritou o nome do seu parceiro em preocupação enquanto este invocou uma Fuuma Shuriken, usando-a como escudo. Embora estivesse ocupado a medir forças com Kyo, reparou pelo canto de olho que Jow se aproximava dele em alta velocidade, preparado para se aproveitar das brechas na defesa do Imagawa criadas pelo iwanin.
- Mugen Marō! - Gritou o Akatsuki em reflexo, induzido chakra à sua volta para criar um nevoeiro ilusório, que tanto afetou Kyo como Jow em aproximação, inundando-os numa ilusão em que eram aterrorizados por uma face aterradora. Surtiu efeito para que o Imagawa pudesse dar um salto para trás e respirar de alívio. A Midori veio a seu socorro, retirando algumas kunais do seu tronco e estancando o sangue que as acompanhava com os seus jutsus médicos, enquanto Katsu se mantinha atento aos corpos hirtos dos seus oponentes. Parecia que tudo tinha terminado com um Genjutsu…
- KAI!
Uma súbita força avassaladora abateu-se sobre Jow, que começou a emanar largas quantidades de chakra à sua volta. Os seus braços e pernas tremiam de poder, ao mesmo tempo que ia ganhando aspetos animalescos. O Imagawa reconheceu a junção de ambos os poderes: Hachimon (que nunca teve o prazer de ver na sua vida) e Oni Mode… Só de pensar que ele ainda tinha aquele trunfo na manga…
Com garras extremamente afiadas, esticou-as ao seu lado e arranhou ligeiramente o seu parceiro de equipa, para o retirar da ilusão com dor. De seguida, pulou com uma imparável raiva para cima de Katsu, tentando diversos arranhões e cortes com uma força e velocidade insuportáveis. O Imagawa não conseguia esquivar-se nem raciocinar corretamente, não podendo usar o Kamui para se afastar daquelas investidas.
- JOW! - Gritou Kyo, preocupado com o estado do seu parceiro, mas incapaz de fazer muito mais por ele. Piscou os olhos, ainda a habituar-se de já não estar mais preso no Genjutsu, e olhou para a Ayame à sua frente, que estava mais preocupada com Katsu do que com o inimigo à sua frente. - Esta luta está a ficar descontrolada. Vou acabá-la agora antes que eles se matem!
A adolescente abriu a boca, mas não foi a tempo de pará-lo antes de ele desaparecer com o Hiraishin. Conteve-se de soltar alguns impropérios e seguiu o rasto de destruição deixado por Jow.
As garras moviam-se a uma velocidade que nem o Sharingan podia ler, levando Katsu a simplesmente movimentar os braços na vã tentativa de conseguir acompanhar Jow e defender-se dele. Palmadas, joelhadas, cargas de ombro; o Yagami atingia-o com tudo e não queria parar, mesmo quando o Imagawa caía sobre a relva e aparentava não ter forças para continuar a lutar. O Akatsuki saltou para trás e viu uma raiz grossa de uma árvore em que o Jow certamente tropeçaria com a sua corrida desenfreada, suspirando quando viu que ele nem reparou nela, rasgando-a facilmente com a força da sua corrida desenfreada. Mesmo com o corpo todo dorido, certamente repleto de nódoas negras, conseguiu reunir uma mínima concentração de chakra para expirar uma pequena corrente de vento, usando-a como impulso para se afastar uns metros do seu adversário enraivecido. Este deu a entender que o afastamento não foi do seu agrado, rugindo e saltando para cima de Katsu, sem intenção de o deixar sequer respirar. No entanto, o afastamento foi o suficiente para que o elementalista pudesse concentrar-se.
- Suiton… - Pronunciou, deixando que uma larga quantidade de chakra emanasse pelo seu corpo e preparando alguns selos.
Quando tentou soltar o seu Ninjutsu, um pequena nuvem de fumo surgiu no ombro de Jow, que ainda estava em pleno ar com os braços estendidos preparados para partirem cada osso de Katsu, revelando Kyo, que pousou entre ambos.
- Genjutsu Shibari… - Murmurou, conseguindo capturar tanto o seu companheiro como o seu oponente na sua paralisação.
Mesmo preso, as veias de Jow ainda pulsavam firmemente e a sua pele ainda estava intensamente vermelha. Igualmente preso, o Sharingan de Katsu moveu-se para o lado e reparou em Kyo, que suspirou de alívio por ter conseguindo parar os dois antes que um deles se matasse. Numa pequena descarga de chakra, a paralisação do Imagawa passou para o corpo do Kusanagi, que foi apanhado de surpresa, dando-lhe novamente controlo do corpo. Jow, por sua vez, conseguira quebrar o Genjutsu com pura força, olhando para o lado e reparando que o seu companheiro de equipa levara com a sua própria técnica. Ignorou-o e olhou para Katsu, que também desviou a atenção do Kyo para reparar no seu inimigo. O Akatsuki sabia que não podia desviar a atenção dele por um milésimo de segundo que fosse, mas isso não o impediu de reparar que, à retaguarda de Jow, apareceu Ayame. Ela fitou-o, alarmada. O Yagami não reparou na presença da adolescente, tendo apenas olhos para o seu oponente, ao qual se atirou com uma aparente inesgotável energia.
- PRENDE-NOS! - Berrou Katsu, antes de puxar os dois braços acima e tentar aparar o impacto de Jow, que o levou ao chão.
O Imagawa grunhiu de dor ao sentir os ossos das suas mãos a serem esmagados pela força bruta do seu adversário. Não podia deixar que a situação continuasse, caso contrário elas poderiam ficar inutilizáveis para o resto da sua vida. Com o Sharingan tentou procurar o olhar do Jow, mas a cabeça dele movia-se tão freneticamente que era impossível captar-lhe a atenção necessária para um Genjutsu. Rezou para que Ayame pudesse fazer alguma coisa, intensificando o apelo quando sentiu as consecutivas joelhadas do Yagami a explodirem-lhe o dorso.
- AYAME!
A adolescente aproximou-se com um Shunshin, algo atrapalhada com a situação que se desenrolava.
- Tsubaki no Shibari! - Exclamou, unindo um selo e espalhando chakra à sua volta.
Trepadeiras surgiram à sua frente, abraçando fortemente o Jow, que não lhes prestava qualquer atenção. Continuou a desferir joelhadas entre os gritos agonizantes de Katsu, ignorando as plantas que agarravam os seus braços e pernas e o tentavam afastar. Muitas das vezes conseguiu rompê-las e desferir mais um ataque ao seu inimigo, até que as plantas apareciam em número duplicado e reuniam todos os seus esforços para, por fim, o afastarem. Mesmo preso, continuou a debater-se freneticamente, conseguindo, aos poucos, rasgar as trepadeiras. Ayame sabia que a prisão não demoraria muito, mas estava a ser suficiente para atrasá-lo, apressando-se a ajudar um Katsu bastante ferido a erguer-se.
- Deixa-me curar-te, estás num estado horrível! - A adolescente tinha razão: as roupas do Imagawa estavam completamente rasgadas, revelando a pele por detrás dela que, em muitos lugares, sangrava dos arranhões e em outros lados estava completamente amassada em enormes nódoas negras. Cada passo era uma agonia para o Imagawa.
- Não, quando isto terminar… Fazes o que quiseres com o meu corpo! - Gargalhou levemente para, de seguida, tossicar. Se ele não tivesse naquele estado, Ayame certamente ter-lhe-ia dado um calduço por aquela piada de mau gosto. Colocou-se por debaixo do ombro do seu parceiro e usou toda a sua força para o equilibrar sobre as pernas bambas, reparando em Jow que ainda estava preso nas trepadeiras, tentando libertar-se de tantas plantas. Sentiu falta de Kyo e sobressaltou-se quando o viu a alguns metros. Pensou em avisar Katsu, mas notou como ele estava imóvel, sem mexer um único músculo. Preferindo ignorá-lo, ajudou o Imagawa a aproximar-se de Jow, até ambos os olhares se cruzarem. - Nehan Shōja no Jutsu…
A plateia estava silenciosa. Desde que os participantes desapareceram no bosque não tiveram mais oportunidade de ver a luta. Explosões e outros barulhos sucederam-se ao desaparecimento, levando as pessoas a especularem sobre o que acontecia, incapazes de adivinharem com exatidão. Os murmúrios intensificaram-se quando, por entre as sombras das árvores, surgiu Ayame a carregar um cambaleante Katsu aos ombros. Os olhos de Takeshi arregalaram-se por nunca ter visto o seu professor naquele estado e Sekima gritou incessantemente o nome do seu pai em preocupação. Quando os dois chegaram ao centro da arena, em mau estado e a não conseguirem conter a sua respiração ofegante, os murmúrios na plateia cessaram, dando lugar ao crescimento intenso da ansiedade.
Num Shunshin, surgiu o árbitro da partida que, tentando ignorar o aspeto horrível de Katsu, se aproximou da equipa.
- Onde está a outra equipa?
Num suspiro, o Imagawa fez um último esforço. Afastou-se da Midori, ignorando os avisos dela para não se mexer desnecessariamente, e reuniu algum chakra no seu olho direito. Um vórtice surgiu, expelindo para fora os corpos de Jow e Kyo, que pousaram, adormecidos, no solo. O árbitro aproximou-se relutantemente de ambos, cauteloso para o caso deles se erguerem de repente e atacarem qualquer um que se aproximasse deles, colocando os dedos no pescoço de um e seguidamente no outro, de forma a conseguir-lhes sentir a pulsação.
- Estão vivos… - Suspirou em alívio, erguendo a cabeça e encarando a impaciente multidão. - Katsu Imagawa e Ayame Midori... são os vencedores!
Um uivo urrante e aplausos da plateia e gritos preocupantes de Ayame e Sekima foram as últimas coisas que Katsu ouviu antes de a consciência o abandonar.