O rugir de uma multidão exaltada fazia-se sentir pelas paredes dos balneários, e cada vez mais alto, à medida que me aproximava da saída dos mesmos em direcção arena, ladeado pelo meu oponente, Takeshi Uchiha. Chegara o momento pelo qual todos ansiavam. A final do Exame Chuunin. Olhei então o meu adversário, avaliando-o. Este retribui-me o olhar, mostrando-me o seu Sharingan incompleto, enquanto eu retribuía, dando-lhe o vislumbre dos três tomoes a surgirem sobre as minhas pupilas rubis. Consegui sentir a hesitação no seu rosto, e o seu receio em relação ao duelo que se seguiria. Saímos por fim do corredor, sendo banhados pela luz irradiada pelo sol, sendo aplaudidos por toda a plateia. Entre todos os gritos de incentivo, o nome Uchiha sobressaía, mas no fim do combate, apenas o meu poderia permanecer glorificado. Os falhados não são recordados...
 - Ainda bem que somos ambos Uchiha – soltei, com uma expressão sorridente e confiante, tanto que chegava a ser presunçosa.
 - Hein?
 - Assim, a reputação do clã não é manchada por seres derrotado na final – explicitei – De qualquer maneira, só os vencedores são lembrados. Não te martirizes muito.
 O seu rosto contraiu-se, numa expressão de fúria, enquanto os seus punhos se cerravam, tentando controlar-se, antes do início do duelo.
 - Senhoras e senhores, chegamos por fim à grande final do Exame Chuunin! E uma final entre Uchihas vai ser certamente interessante! De um lado, com 17 anos o ninja renegado, Uchiha Takeshi que derrotou Osmar e Harima no seu percurso até ao derradeiro combate. Do outro, com 18 anos, Uchiha Kride, que venceu a samurai Tali e o estratega Itari no seu caminho até à final que se apresenta perante este excelente público! – anunciava o comentador, enquanto um árbitro aparecia entre nós, preparando-se para dar inicio ao combate – E todos apostos e agarrados aos vossos assentos, porque esta vai ser uma final de arrasar! Vamos lá começar!
 O árbitro estendeu o braço direito entre nós e movimentou-o, para cima e para baixo, enquanto contava decrescentemente.
 - Hajime! – gritou, sinalizando o início oficial da batalha.
 O ruivo, movido pela raiva provocada interiormente, e pela sua própria personalidade bastante explosiva, saltou de imediato com a Kusanagi nas mãos. Rodopiei, sobre mim próprio, puxando ligeiramente a lâmina, da minha espada semelhante, bloqueando o ataque sem a retirar totalmente. Continuei o movimento de rotação, enquanto puxava totalmente a lâmina da minha Kusanagi, e usando a força do meu braço direito para atingir disferir um golpe lateral na sua, fazendo-a fugir ligeiramente para o lado, e completando a volta, sobre mim mesmo, dei dois paços atrás e voltei a disferir um golpe com a minha lâmina, desta vez, ascendente fazendo a sua lâmina escapar-lhe ao controlo, indo para cima um pouco e de seguida. Rapidamente recuperava a estabilidade na sua pega da espada e já mandava outra tacada, mas desta vez, esteve à altura, mantendo-se firme e de seguida, ripostando-o. O metal das espadas chocavam, libertando o som típico, enquanto a esgrima decorria. Olhava-o fixamente nos olhos, enquanto duelávamos com as Kusanagi, enviando chakra através dos mesmos. Sorri-lhe, com um ar arrogante e de troça, provocando um aumento na força dos seus ataques, forçando-me a segurar o cabo da Kusanagi com mais força para a manter estável. Após a sequência de furiosos golpes, Takeshi esticou a sua espada, perfurando-me no torso. Ou assim pensava ele. Previra o movimento, e afastara-me a tempo, deixando-o na ilusão de me ter atingido, através do Sharingan.
 - É para aprenderes! – gritou.
 - Olha outra vez! – disse, soltando uma pequena gargalhada. O ruivo apercebeu-se então que estava a esticar a espada contra o ar – Boa tentativa.
Aproximei-me rapidamente, usando a minha força num golpe da Kusanagi, enviando a dele para longe e de seguida, baixando-o meu centro de gravidade enquanto esticava o pé na direcção da sua cara, dando-lhe um pontapé, que o fez andar para trás. Um fio de sangue escorreu-lhe por uma das narinas abaixo e mais uma vez, passou-se da tampa. Puxou o braço atrás e depois esticou-o velozmente, e atingiu-me com um soco, sendo que imediatamente respondi com outro, com toda a minha força, enterrando o punho na sua face, chegando mesmo a sentir-lhe os dentes, através da carne. O murro projectou o para trás, deixando-o caído na relva.
 - Toma lá, dá cá! Takeshi conseguiu mandar-lhe com um murro, mas Kride arranjou-lhe a cara – gritou o comentador, fazendo a multidão rir – Deve ter doído.
 O rapaz levantou-se com um olhar determinado, preparado para voltar ao combate. Correu na minha direcção e voltou a tentar um murro, que consegui evitar facilmente, mas já de seguida tentava um pontapé, que bloqueei com as mãos, e de seguida enfiei-lhe com um pontapé no estômago, fazendo-o deslizar para trás. Este aguentou-se e saltou, rodopiando, paralelo ao chão, enquanto transformava a sua perna esquerda em fogo e a fez descer, passando-me pelo braço direito, causando-me leves queimaduras na pele. Dei-lhe um soco na face e depois, pulei, acertando-lhe com ambos os pés e impulsionando-me para trás, num salto com mortal à retaguarda, fazendo-o cambalear para trás. O rapaz respondeu enviando uma torrente de kunais vindas dos selos nos seus pulsos. Enviei chakra até aos meus selos semelhantes e enviei uma torrente na sua direcção, deflectindo as armas arremessadas.  Entre as minhas kunais e shurikens, duas kunais levavam papéis explosivos atados nelas, e eram seguidas por cordas, atadas também. Na confusão toda, as cordas passaram despercebidas e quando as puxei, consegui prender o meu adversário, como planeado. Na tentativa de escapar, o rapaz transformou um dos seus braços em fogo, queimando as cordas. No entanto, o fogo percorreu as cordas até encontrar os papéis explosivos que entraram em ignição e explodiram, projectando o no ar e fazendo o cair consequentemente no chão. Quando finalmente se voltou a levantar, tinha a fúria pintada no rosto. Mas não era como qualquer raiva que lhe tivesse conseguido provocar até agora, era algo diferente, superior.
 - Sou eu que queimo, sou eu que te vou queimar! Não são os outros que me queimão, caralho! – gritou enfurecido.
 Rapidamente começou a lançar pequenas esferas ardentes e depois, com pequenas rajadas de vento aumentava-as, enviando-as contra mim. Ia-me afastando e esquivando, consecutivamente a todas elas. Correu então na minha direcção, enquanto começava a fazer selos que me eram bastante familiares. Fiz os mesmos selos, acrescentando à sequência outros cinco, com uma boa velocidade, enquanto aglomerava chakra nos pulmões, e depois, em sincronia perfeita, sopramos ambos enormes esferas de fogo gigantes em direcção uma à outra. Estas colidiram, num derradeiro espectáculo de fogo, mas a minha por ser aumentada por chakra, venceu, engolindo e integrando as chamas adversárias e ganhando mais força, atingindo o rapaz em cheio. Quando as chamas dissiparam por fim, o rapaz encontrava-se, completamente chamuscado, mas de pé e ainda com aquela expressão de fúria. Os seus braços, do cotovelo para baixo, transformaram-se em chamas e este veio na minha direcção. Ao alcançar-me, as chamas ganharam uma coloração verde e este começou a tentar sucessivos socos rápidos e fortes. Embora conseguisse prever facilmente os golpes, nem sempre o corpo era rápido o suficiente e o nukenin lá me ia atingido e provocando algumas queimaduras. Entre golpes, comecei a ver a minha roupa a ser desfeita pelas tais chamas verdes. Concentrei chakra e lancei-o através da ponta dos dedos, lançando uma enorme rajada de corvos que voaram em todas as direcções, baralhando-o, mas isso apenas não seria o suficiente para ludibriar o seu Sharingan. Enviei chakra até à ponta dos dedos, canalizando-o mentalmente até um dos corvos e conduzindo-o até ao mesmo pousar ao ombro do Uchiha renegado, criando um contacto físico para que pudesse então libertar algum chakra no seu fluxo, enchendo-lhe a mente de visões do seu próprio fim, em que o seu corpo era consumido pelas suas chamas verdes, enquanto o meu rosto permanecia, assistindo com altas gargalhadas, até ao fim da incineração. No entanto, o efeito não foi o desejado. O rapaz soltou um alto grito de raiva, enquanto via o chakra da sua técnica das chamas verdes, ser canalizado a uma velocidade maior do que a sua normal concentração de chakra, formando uma esfera das ditas chamas. Quando puxou o braço atrás para a atirar na minha direcção, tive de reagir, inspirando uma golfada de ar, juntando as mãos em vários selos diferentes, de modo a moldar o chakra e de seguida, expirando um gás inflamável. Sem tempo de parar o ataque, o rapaz atirou a esfera, contra nuvem de chakra que via agora à sua frente, criando uma enorme explosão de fogo esmeralda que nos projectou em direcção opostas, causando queimaduras em ambos. Pelo menos, também te lixaste…
 Levantei-me, recompondo-me da explosão, sentido a dor das queimaduras pelo meu corpo. Tinha o sobretudo completamente chamuscado, tal como a camisa interior de rede. Retirei o sobretudo e atirei-o para o lado e de seguida, limitei-me a puxar a camisa interior queimada, rasgando-a e deixando-a cair para o chão. Uma multidão feminina fez notar a sua satisfação em ver-me de tronco nu, sendo que um “Kride-kuuun”, num tom bastante estridente, era audível por toda arena. Do outro lado, o Uchiha adversário, também se levantara e encontrava-se até mais ferido do que eu, e a sua camisa era agora apenas um vestígio de tecido, chamuscado e rasgado, um trapo.
 - Isto já se prolongou demais, Takeshi! – afirmei – Está a ser um bom combate, mas tenho de lhe por um termo.
 - Eu é que vou vencer esta merda! Cala-te! – rabujou, preparando-se para uma nova investida, começando uma corrida até mim.
 - Tenho andado a guardar esta técnica para alguma ocasião especial. Sente-te honrado – disse, sorrindo-lhe.
 Ladeando-o, surgiram dois clones, que tornavam os braços em chamas para virem ao meu alcance, enquanto ele preparava a técnica da grande bola de fogo, como eu podia reconhecer pela familiaridade com a mesma. Foquei chakra na palma da mão direita, enquanto o moldava com uma combinação de selos da mão esquerda e assim, criei uma enorme lança de electricidade que estendi até aos clones, e num movimento horizontal os dilacerei ao meio, fazendo-os dissiparem-se, num par de nuvens de fumo, enquanto o original, ao ver a lâmina de raio, afastou-se, com um salto para trás. Aproveitei o momento e usei uma distracção para o capturar com no Sharingan. Estendi a mão e mostrei-lhe o dedo do meio, levando-o depois próximo da cara, puxando a pálpebra inferior ligeiramente para baixo. O nukenin ruivo não conseguiu evitar olhar para o gesto de provocação e acabou a olhar-me directamente nos olhos. Libertei chakra através dos globos oculares e submeti-o ao genjutsu do Sharingan. De seguida, levantei a mão esquerda e comecei a fazer alguns selos individuais e depois juntei ambas as mãos, formando uma nova sequência dos mesmos, enquanto puxava chakra das reservas. Estendi o braço direito para baixo, criando uma massa de electricidade que cantava estridentemente. Comecei então a correr, usando a força do meu braço para arrastar o trovão comigo em direcção ao inimigo. Este ficou parado, à espera do melhor momento para se esquivar da técnica. Ao alcança-lo, confundi-lhe o sentido de direcção usando a ilusão do Sharingan para o fazer pensar que esquivava para o lado oposto à mão que carregava o chakra, quando no entanto, se metia mesmo a jeito de levar com ela.
 - Isto é o fim… CHIDORI!

 Espetei-lhe com a mão, disparando uma enorme carga eléctrica pelo seu corpo, quebrando a técnica antes que lhe pudesse causar ferimentos letais e este saiu projectado para a minha frente. Endireitei-me e sorri, olhando para a bancada. Sabia que daquela ele já não se levantaria mais. Os árbitros fizeram a habitual contagem até dez, mas ele permaneceu imóvel, pelo que no fim da contagem uma equipa de três médicos entrou para averiguar a situação.

 - E o vencedor do Torneio do Exame Chuunin deste ano é, Uchiha Kride! – anunciava o comentador, enquanto o árbitro surgia do meu lado erguendo-me o braço.
 Limitava-me a olhar em volta, observando a plateia a aplaudir e celebrar a minha vitória. Era o momento de glória que recompensava todo o esforço e dedicação que me levara até ali, que me levara a vencer aquela final. Cerrei os punhos e puxei o braço para mim próprio, orgulhoso e empolgado pela minha vitória, esticando-o para cima posteriormente.

 - SUGOI!

Citação :

"Não são os outros que me queimão, caralho!"