- Tragam mais alcool. - Aquele corpo que ali estava repousado na mesa era um corpo cansado. As cicatrizes notavam-se e o cabelo negro tapava-lhe grande parte da cara. As vestimentas rasgadas mostravam o corpo também mal-tratado. A mesa a sua frente estava repleta de garrafas pequenas daquela bebida ardente que ofereciam. O bar em si estava repleto, era normal naquele sujo pub de Amegakure, pois não era só a bebida que chamava ali as pessoas: Para falar a verdade a bebida não chamava ninguém aquele estabelecimento, o que verdadeiramente trazia "consumidor" ao pequeno pub era as raparigas que ali dançavam e aliciavam os homens a gastarem o seu dinheiro por momentos de diversão. Rapidamente mais uma garrafa foi colocada na mesa, o homem pegou na garrafa e como um relâmpago bebeu fazendo uma careta na parte final. Levantou o olhar e viu uma jovem que permanecia quieta no seu canto, observando ao seu redor. Sem pudor, o homem levantou-se e aproximou-se daquela mulher.
- Ajoelha-te. - Ordenou o homem para a garota que olhava para eles com uns enormes olhos que pareciam ser feitos de cristal. A prostituta não teve solução e ao ver o dinheiro que o homem tinha na mão ajoelhou-se e rapidamente começou a revelar o sexo que estava escondido por aquelas calças sujas. Aquele bar era mesmo assim, o pudor não existia e ali vivia o diabo. Sexo ali, mais sexo e muita bebida. Após uns minutos, o homem agarrou forte no braço da rapariga e bruscamente levou-a até um dos quartos que ficavam na parte de trás. A porta bateu com o máximo de barulho possível. Horas depois saiu dali um homem mais satisfeito, mais pobre e uma pequena garota agarrada aos seu lençois e com uma prenda no seu ventre.
As primeiras semanas passaram, foi então que tudo se descobriu. Todos sabiam que aquela garota tinha tido o grande problema das prostitutas: Um filho. Era raro aquela que não amolece-se e não tentasse uma vida diferente por causa de uma criança: Pois naquele estabelecimento era simples - Uma grávida era sinal de menos uma prostituta o que significava que rapidamente aquela futura mãe iria estar fora das portas, em suma, sem casa para onde viver. Quando se tudo confirmou, a rua foi o destino daquela mãe. As ruas sujas e molhadas de Amegakure eram o destino e o futuro negro para aquela mãe. Deveria comer por duas pessoas, mas não comia por nenhuma. Foi então, que depois de três dias a caminhar sem quase parar, chegou a uma pequena aldeia já no país do Fogo. A barriga enorme, o corpo desidratado, só um pequeno agricultor é que conseguiu salvar aquelas duas vidas. Correu como nunca ninguém tinha corrido e segurou nos braços aquela "futura" mãe que caiu sobre o agricultor. Um anjo.
Aquele mesmo anjo que levou aquela mãe para dentro de casa, que a tratou como se da mulher dele se tratasse. Até que no final dos nove meses: Ali estava o nascimento de um novo ser. Aquele récem-nascido era uma menina, loira como a mãe, uns olhos como a mãe mas um tom de pele como aquele senhor que tinha passado uma única vez na vida da mulher e tinha deixado uma marca para sempre.
- Como se vai chamar? - Perguntou o Agricultou deixando a criança no peito da mãe. Com um sorriso fraco, e sabendo que o nome da falecida mulher do agricultor era Kaede o nome estava escolhido.
- Kaede. - Ao dizer o nome, o Agricultou agradeceu com um gesto e limpou as lágrimas que escorriam. Era um momento lindo e ali no peito tinha uma criança que chorava e fazia-se ouvir pela primeira vez num mundo tão injusto. Estava ali, aquela pequena cabana de madeira um lar. Um pequeno lar, o primeiro lar.