O caminho estava tranquilo e silencioso, apensar do costumeiro sol escaldante do deserto. Caminhando ao lado das carroças, Daisuke agradecia em pensamento por não mais sentir tal incômodo com a temperatura do meio-dia naquele local. Parecia que aquela missão seria uma das mais fáceis que já tinha feito. Aliás, eles já estavam há poucos quilômetros do ponto de chegada e até agora não houve qualquer indicativo de que teriam problemas. –
Agora só relaxar... – Sussurrou, sob o olhar curioso de um dos cocheiros que não parava de observá-lo como se quisesse perguntar como havia se tornado num ser gigantesco. Porém, sempre com a expressão fechada, o nukenin não deu qualquer indício de abertura para que alguma conversa acontecesse.
Melhor assim. – Pensava o boneco. Contratado para proteger um importante carregamento de água, Daisuke observava o horizonte e percebeu que atravessariam um estreitamento que cortava duas dunas gigantescas.
Perfeito lugar para uma emboscada. Seria perfeito, se tivesse numa caravana grande o suficiente para atrair olhares. Mas essa não. Aquela procissão era composta por duas carroças pequenas puxadas por camelos que – para seus contratantes – passariam despercebidas pelos larápios do deserto. De repente o plano deles havia dado certo, pois durante os três dias de viagem até agora, nada demais tinha acontecido, exceto por imprevistos normais de estrada, como foi na noite anterior, quando o nukenin forçou seus músculos mecânicos com toda força para levantar uma das carroças que havia quebrado o eixo.
Reparos complicados, mas por fim conseguiram termina-los antes de o sol nascer, quando retornaram com a jornada. Assim, com certa confiança, a caravana entrou no desfiladeiro natural, refrescando-se com a brisa e sombra que as dunas providenciavam, mas algo não parecia certo. Estranhamente a areia do topo começava a deslizar para a trilha num movimento não natural.
Há alguém lá em cima. – Concluiu o segurança, olhando na direção onde cinco homens desceram em grande velocidade com gritos ameaçadores até que ao verem o tamanho do ninja frearam o avanço com curiosidade. -
É melhor você me entregar a mercadoria, grandão! - Comandou o estranho que parecia ser o líder, enquanto os cocheiros covardes já disparavam pela duna oposta em desespero, deixando a marionete à própria sorte. Agora o impasse havia se formado. Por um lado, os ladrões – receosos pelo segurança – tinham seus olhos famintos pelas possíveis riquezas escondidas, mas se continham antes de atacar. Já no outro lado, Daisuke esperava-os, pronto para qualquer coisa.
Até que um combate no final da missão não lhe faria mal. – Pensou. Mas antes que pudesse falar qualquer coisa, um dos cocheiros gritou ao longe: -
É apenas água! Água! Não tem valor!! – Confessou.
Baka! O que havia de mais valioso no deserto senão água?
Decepcionado pela burrice do cocheiro, a marionete só inclinou o rosto como se não acreditasse que aquilo estava acontecendo. Sem paciência, e querendo chegar logo ao resultado do impasse, Daisuke suspiraria alto se pudesse respirar só para mostrar sua indignação com o cocheiro e preferiu não esperar, usando seu chakra para invocar três shurikens, arremessando-os com toda força na direção dos estranhos. Os bandidos saltaram com agilidade para esquivar-se quando se ouviu um som seco do metal enterrando na madeira. Foi assim que eles perceberam o fio shinobi e que Daisuke não mirava em nenhum deles e sim na madeira de uma carroça abandonada que descansava atrás. Num sorriso, o Hiroshi puxou a madeira com poder, fazendo-a arremeter contra as costas do primeiro bandido. O impacto foi fraco, mas suficiente para derrubá-lo na areia. O bandido deslizou pela duna na direção dele. Sem aguardar seu adversário se levantar, o boneco juntou chakra nas pernas e disparou em grande velocidade, quando o estranho se ajoelhou e juntou as mãos sobre o rosto para bloquear a joelhada que o nukenin acabara de realizar, jogando-o para trás o suficiente para que a máquina invocasse mais shurikens nos braços superiores para arremessá-los com grande força para atingir o homem mortalmente. O gemido de dor logo sumiu e o alvo desfaleceu.
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Agora só faltam quatro! - Gritou com desdém, esperando intimidar os atacantes.
Sem sucesso.
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Ótimo! Matem-nos e peguem a água para mim. - Comandou o que parecia ser o chefe.
Os três outros desceram a duna enfurecidos, sacando suas kunais com desejo assassino. Sem esperar, já sabendo que não seria bem tratado, o ninja recuou rapidamente para ficar entre as duas carroças, onde sagazmente encurtou a área de combate dos bandidos e assim tornando mais fácil o controlar as ações num espaço estreito. Ótima estratégia, pois os três chegaram ao mesmo tempo quando perceberam que tinham entrado numa cilada. Contraindo os músculos de seu braço esquerdo, Daisuke agarrou um dos galões de água com toda força e o puxou contra o rosto do primeiro bandido, derrubando-o num ruído abafado de seu nariz se quebrando. O segundo tentou estocar sua barriga, mas foi prontamente bloqueado com um giro do braço de titânio, quando deu mais um passo para trás para esquivar-se agilmente da segunda lâmina que vinha na direção de seu pescoço. Ganhando apenas um arranhão no local, Daisuke percebeu sua lataria danificada e aquilo o enraiveceu. -
Agora é a minha vez. - Sussurrou ao contra-atacar. Juntando as mãos em rápidos selos, o nukenin enviou seu chakra para a ponta dos dedos, e quando o segundo bandido recolheu a kunai para tentar golpeá-lo mais uma vez, o boneco aproveitou a deixa e levou os dedos diretamente para o abdome do meliante que tremeu e segurou a barriga tentando conter a diarreia. Ao ver a nojeira, assustado, o terceiro meliante que o atacava largou a arma e tentou correr de volta para o deserto, mas antes o nuke usou seu chakra para invocar uma kunai com um fio shinobi, arremessando-a com grande força e precisão, terminando por aprisionar o fujão. -
Parece que o problema agora é meu. - Falou o último dos bandidos, sacando a katana que levava na cintura. Ele tinha o rosto coberto por cicatrizes e um olhar de assassino.
Talvez por inocência, arrogância ou autoconfiança, mas Daisuke pensou que acabaria com aquele sujeito num só golpe, e por isso deixou a cobertura e avançou agilmente num veloz shunshin, jogando chakra para o pulso para invocar uma kunai, golpeando o ar sem sucesso, pois o líder se inclinou para se esquivar e rodopiou a lâmina no momento exato, atingindo seu ombro com certa facilidade. Com a força do golpe um dos braços direitos foram danificados, obrigando a marionete a saltar em recuo para recuperar-se do revés.
Subestimei-o. O bandido não aguardou e avançou nesse momento, manobrando de um lado a outro com sua lâmina para enganar o experiente nukenin. Com agilidade, Daisuke arqueava o corpo e saltava rapidamente após outra pirueta, utilizando os obstáculos naturais para tentar escapar dos sucessivos ataques, mas mesmo assim, não escapou de um corte profundo na testa, deixando seus sensores dos olhos defeituosos. Agora a luta ficara muito arriscada. Foi quando ele saltou por sobre a carroça com o intuito de ganhar distância, mas logo foi acompanhado pelo espadachim.
Isso mesmo. - Pensou ao juntar as mãos num rápido selo para enviar chakra ao cérebro do homem que agora não percebia que agora via a ilusão de que cairia num dos corpos inconscientes de um de seus homens. Com medo de tropeçar (ou sujar as roupas, não sei) o bandido arremeteu, fincando a espada na carroça para apoiar seus pés nela. Pendurado, o espaddachim mal percebeu que Daisuke aproveitou sua altura natural para agarrá-lo e puxá-lo com toda força contra sua testa metálica num poderoso heddo batto. O estalo indicou que agora o bandido tinha caído. A ameaça ao carregamento fora impedida.
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Agora eles tiveram o que mereceram! – Comemorou um dos cocheiros que retornavam à pequena caravana. Por fim chegariam em segurança.
FIM