Tinha sido chamado cedo para a Central de Konoha. O Hokage, sentado na mesa, estava de frente para mim e para Mizuko, a minha sensei. Ao que parecia havia uma missão para ambos executarmos em equipa.
- Os criadores de porcos têm vindo regularmente a queixar-se do furto destes animais, e a sua utilização são corridas de porcos montados.- Dizia o Hokage, olhando fixamente para ambos.- Pediram-nos, como ninjas, que nos ocupássemos do assunto, a fim de trazer paz para eles e não terem o seu sustento em risco.
- Faremos o nosso melhor.- Respondia Mizuko, sem pausa. Olhou para mim, e apenas fez uma vénia, ao que a imitei, e ambos retiram-nos rapidamente do local.
Dali a poucos minutos, estávamos já fora da Vila, num dia com algumas nuvens e com uma brisa fria e um tanto desagradável. O caminho de terra batida levar-nos-ia as quintas assaltadas, de onde suponha seria provável conseguir algumas pistas sobre o modo como atuavam estes larápios, ou mesmo como eram.
Andávamos lado a lado, e eu estava visivelmente concentrado no que teria que fazer na missão. Porém, senti um toque no meu ombro, e meio que me assustei. Era a mulher que me treinava, e olhava naquele momento para mim, seriamente.
- Takashi, mantenha-se sempre atento ao redor. Nunca sabemos o que nos pode acontecer numa missão ou no caminho desta.- Dizia ela duramente. Distraído como estava, era um alvo simples naquele momento e ela quisera adverti-me numa missão de baixo Rank, já que as te nível mais elevado seriam bem mais perigosas.
Mais atento, continuamos mais alguns tantos metros, até avistarmos algumas cercas e um amontoado de celeiros. Três pessoas esperavam a nossa chegada, e eram paradoxalmente diferentes fisicamente.
Uma mulher gorda, com cabelos loiros e um avental azul com bolas brancos, olhava-nos de cima abaixo com os seus olhos azuis, e era claramente baixa, perto de 1,60. Acompanhada de um homem magro, de chapéu de palha e palito na boca, vestia roupas meio rasgadas e acastanhadas do trabalho na terra, um pouco mais alto que a mulher. O último, era um jovem rapaz, alto e próximo de 1,80. Possuía uma compostura forte, e vestia uma roupa mais velha e amarrotada do seu trabalho.
Mizuko logo tomou a dianteira para perto da cerca onde se encontravam os indivíduos, eu apenas a seguia, tomando posição ao lado dela perto da cerca.
-Bom dia, somos os Ninjas solicitados de Konoha, para resolver os roubos que andam a acontecer aqui na zona.- Dizia ela, enquanto era atentamente ouvida pelos outros.
- Vês, homem!! Eu bem te dizia que nos iam mandar uns ninjas fracos para resolver o nosso problema. – Disse a mulher em alto e bom som, com uma voz fina e perturbadora.- O que uma mulher e um rapazinho podem fazer contra ladrões.
O mais velho, nada disse. Apenas gesticulou para que se calasse. A mulher, furiosa, parecia pronta a protestar mais, mas uma voz tão poderosa como a de um trovão, fê-la parar antes de sequer começar.
- Mãe, cale-se ao menos temos ajuda!- Dizia o homem mais jovem, e aquilo aparentava ser uma família. Acalmou-se antes de prosseguir para a Jounin que mantivera a calma, apesar de ter sido apelidada de fraca.- Desculpem-me, a minha mãe anda um pouco stressada com os roubos dos porcos recentemente. Podem entrar que já vos informo do que se passa.
Saltamos, eu e ela a cerca e pudemos adentrar naquele pasto e quintal enorme. Era uma quinta grande, com uma belíssima horta e uma casa modesta feita de madeira. Seguimos para o grande celeiro, e enquanto isso era possível ver outros mais pequenos, e quintas e casas um pouco menores.
O celeiro, era todo ele em madeira, pintando de castanho. As portas eram grandes, mas rapidamente os dois homens que nos guiavam abriram as portas e seguimos-os. Estávamos num gigante curral com vários porcos, grandes e pequenos numa espécie de quadrado grande cercado de correntes metálicas.
- Somos os maiores produtores da região, mas daqui conseguimos com a ajuda dos nossos vizinhos exportar alguma carne para o País do Fogo e a própria Vila de Konoha.- Dizia ele, enquanto observava duas crias, pequenas a brincar.- A produção dos porcos são uma das nossas principais partes de sustento, e ainda maior é para os nossos colegas desta zona. Os ataques têm feito alguns danos no lucro desta população.
Ouvia atentamente a conversa, e podia entender o desespero da mulher agora há pouco. Estes pareciam os produtores com mais recursos na zona, mas eram claramente roubados se isso dura-se podia ser bastante prejudicial.
- Como é que ocorrem os assaltos?- Perguntei eu, instintivamente. Mizuko não expressou qualquer emoção, apenas esperava parada uma resposta que seria fundamental para pudermos resolver o problema.
- Geralmente em horários diferentes, quanto há pouca gente te vigia. E intercalam, em alguns dias, poucos esses furtos ou tentativas de furtos.- Dizia o homem, que parecia um pouco indignado com a impotência que sentia.- O último aqui ocorreu a algum tempo, mas suponho que tenham notado que está sempre alguém a vigiar o celeiro.
Mizuko até ali estática, sorriu e virou-se para mim. Com um gesto pedi para ela se aproximar, e cheguei perto dela onde, rapidamente, falei algumas palavras para ela que pareciam agradar a Konouichi, perante os olhares das três pessoas.
A noite aproximara-se. O local estava isolado, sem qualquer som ou luz acesa naquela quinta. Com o meu Sharingan, conseguia ver qualquer espécie de luz que surgisse, da cima das árvores onde eu e Mizuko já esperávamos a algumas horas ansiosamente.
O plano partira de mim e fora complementado pela ideia de utilizar o Sharingan como ponto de vigia a noite. O plano era praticamente deixar que o roubo se consumasse e segui-los de modo a encontrar os restantes porcos e recuperá-los além de prender os bandidos.
Não demorou muito após o anoitecer, que se notasse várias lanternas ao redor do celeiro, contava três homens, pelo menos. Pareciam certificar-se que não haveria ninguém para os incomodar, e quebraram rapidamente o cadeado colocado na porta.
Não muito depois, saiam com o que pareciam, pelo menos três porcos médios, amarrados em cordas. Estes, estavam com o focinho amarrado para evitar o ruído, e foram arrastados dali para fora sem muita contemplação.
Começamos a segui-los pela floresta próxima, pelas árvores ou pelos arbustos para esconder a nossa presença. Eles nada notavam, enquanto nós seguíamos com cuidado para não quebrar qualquer galho seco.
A locomoção não durou muito mais que uns minutos, até um armazém antigo e em estado de abandono, devido as paredes degradadas e aos vidros partidos que conseguia perceber devido a luminosidade que emitida de dentro da instalação.
Todos os homens, entraram por um grande portão metálico, e fecharam-no com estrondo. Era possível ouvir algo semelhante a uma fechadura a ser utilizada do lado interior.
Saltamos prontamente para o telhado, procurando algum ponto de entrada. Achamos uma janela completamente estilhaçada , na lateral direita, e que nos dava a visão do interior que estava bem iluminado. O armazém era grande, e era possível ver os porcos serem colocados em currais menores com outros dois. Aquilo era claramente pequeno demais para aquele animal, mas nada que preocupasse os três homens.
- Mais uns para as nossas corridinhas! Basta que a malta chegue para começarem a chover as apostas!- Dizia um deles, magrelo, de baixa compostura e cabelos curtos e castanhos. Usava óculos de sol negros, e calças de ganga azuis rasgadas com uma camisa da mesma cor e com as mangas ligeiramente arrancadas.
- Exatamente! Os camponeses são tão burros ao pensarem que vamos parar do nada!- Dizia outro, gordo e um pouco mais alto que eu, de olho negro e cabelo rasta, também ele negro.
O último era um homem careca, braços fortes e com ar de Ranger. A sua roupa parecia limpíssima, sem qualquer defeito. Olhava-os com os seus gélidos olhos azuis, e apenas sorria encostado a uma parede.
- Você ataca esses dois tolos, enquanto eu me ocupo do terceiro…- Sussurrou ao meu lado a Sensei. Não pensei muito, e rapidamente e com o Sharingan ativado saquei uma Kunai Satottan.
A estratégia era simples, atacar depressa os meus oponentes sem que eles tivessem tempo para reagir. O ataque iniciou-se mal, eu cai no chão onde nenhum dos homens estava a espera que eu aparecesse. Velozmente, e com apenas um impulso, saltei sobre o homem magrelo e aceitei um chute giratório na cabeça que o fizera ir contra o chão com força e desmaia-lo.
O que eu não notara é que aquele armazém era maior do que julgava. Possuía uma pista de uns 150 metros, e tinha capacidade de compactar muita gente naquele espaço que devia ter uns 50 metros por 70. E isso influenciara o meu ataque já que o gordo estava mais perto do centro do armazém do que daquilo que eu tinha percebido.
Agarrara-me por trás, e com os seus braços grandes e fortes, executava uma pressão no meu peito e dava-me dificuldades de respirar.
- Fedelho, não sei quem ousa ser. Mas sua tumba será aqui!- Gritava ele, enquanto o seu outro parceiro careca tentava a aproximação. Porém foi logo parado pela Jounin, que aparecera numa velocidade impressionante.
- Cuidado, afinal são dois!- Gritou ele para o parceiro, e aparentava estar sorridente.- E ainda por cima uma mulher, ehehe.
Mizuko apenas desapareceu em pétalas a frente dele, sem ele mesmo notar o motivo. Segundos, depois essas mesmas pétalas rodearam-no, apertando-o e sufocando-o. Era o Hanachiri Nuko, um jutsu que permitia paralisar e sufocar o oponente.
Já eu, lutava contra os braços do meu adversário que continuava a manter-se firme. Até que olhei para cima e olhei-o nos olhos, e vi o seu sorriso diabólico. Porém, este começou a ver-me livrar-me da posição de luta e, a esfaqueá-lo várias vezes com a Kunai de três pontas, e o sangue, escorria-lhe pelo abdómen.
Na verdade, ele é que me tinha largado e encontrava-se agora paralisado pelo Shikumi no Jutsu, que provocava várias visões da sua própria morte de acordo com a minha vontade assassina sobre ele. Um rápido salto com mais um pontapé giratório fora o suficiente para o desmaiar tal como o seu parceiro.
O outro tinha sido também desmaiado pela Sensei, por falta de ar. Rapidamente peguei nalgumas cordas, e amarrei as mãos dos três que seriam levados de volta para Konoha onde seriam presos.
Mais tarde, no dia seguinte, já tínhamos entregado os porcos a são e salvo aos seus respectivos donos, e os bandidos a prisão. Isso motivou um pedido de desculpas da mulher camponesa a Mizuko, que foi aceite prontamente.
Nessa mesma tarde, estava frente a frente com o Hokage, que estava de sorriso aberto, visivelmente satisfeito.
- Parabéns aos dois. Cumpririam muito bem a missão!- Disse ele, ao passo que nós agradecemos em uníssono. E depois saímos da Central prontamente, e cada um foi para sua casa. O dia seguinte seria um novo dia, e teríamos tempo para falar.