Ao explorar um campo relvado no exterior de Amegakure, Sikira depara-se com uma casa de aspecto abandonado, era baixa e a tinta branca decaia das paredes, com rachas aqui e ali.
— Que tesouros é que será que isto esconde? — Quase que babava pela sua curiosidade excessiva.
Mas podia simplesmente ser a casa de um pobre desafortunado, ou qualquer outra situação estranha, decidiu então que seria inteligente confirmar se a casa estava realmente abandonada.
Selo após selo executou a combinação de invocação, sentiu o seu chakra fluir pelo corpo até à mão direita e estampou-a no chão gritando:
— Kuchiyose no Jutsu!
Levantou a palma e após uma nuvem de fumo se dissipar, um pequeno pássaro azul empoleirava-se nela.
— Jin, explora esta casa. — Disse, procurando a forma mais clara de ditar suas ordens pois sabia que o pássaro não entendia completamente a sua linguagem.
A ave piscou-lhe o olho e voou para o interior através de uma janela partida, antes dele desaparecer na escuridão, ela realiza alguns selos e tapa o olho direito, de forma a partilhar a visão com a ave (Visão de Olho das Aves). Após confirmar que o interior estava completamente deserto, o pássaro regressou a cantarolar e ela cancelou a técnica.
— Bom saber! Podes voltar. — Disse, despendido-se do pássaro que desaparecia numa nuvem de fumo.
No entanto, ela ainda não tinha bem a certeza como entrar, o buraco da janela partida não era grande o suficiente, mas era uma boa ideia por onde começar, retirou um pergaminho da sua bolsa ninja e colocou-o no chão, de joelhos realizou outra sequência de selos e fez o seu chakra interagir com o Makimono, de modo a extrair as correntes metálicas que este guardava.
— Vou utilizar a Kusari para partir o resto vidro sem me magoar. — Pensou enquanto que utilizava a sua força para girar a corrente no ar, como se fosse um laço, e com o impulso gerado lançou-a agilmente em direcção à janela, estilhaçando-a.
Para sua decepção, por trás da janela de vidro existiam grades robustas, e acabou por se sentir um pouco estúpida.
Mas não era aquilo que a ia deter e começou logo a maquinar outro plano para entrar, olhou para a porta e após uma análise, concluiu que a madeira devia ser frágil e que podia ser arrombada, só precisava saber como.
— Força é igual a massa vezes aceleração certo? — Meditou em voz alta enquanto que se colocava a distância suficiente da porta para ganhar velocidade, quando estava pronta, realizou o selo tigre para facilitar a mover chakra até às pernas e saltou brutalmente em direcção à porta, deixando um rasto de penas na sua posição original (Hane-Shunshin no Jutsu). O seu braço direito colidiu velozmente com a porta, e nesse momento despejou todo o peso do seu corpo sobre ela, deixando os músculos respectivos magoados do forte impacto. A porta não tinha quebrado mas estava agora rachada, dando-lhe confiança de que conseguiria parti-la numa próxima tentativa.
Queria voltar à carga mas a sua respiração estava ofegante e tinha o corpo dorido, decidiu descansar um pouco. Mas Sikira detesta ficar parada e uma ideia formou-se na sua cabeça, retirou uma Senboun e espetou-a cuidadosamente pelo trinco da porta, tentando utilizá-la como se fosse uma gazua. Utilizou a sua força para cima e para baixo à procura dos pinos da fechadura, depois de várias tentativas achou-os pois sentiu-os mover ao aplicar força. Agora só faltava rodar o cilindro... Entalou diagonalmente a agulha e tentou girá-la, era preciso bastante força, e ela esforçou-se ao máximo, confiante de que iria conseguir... mas devido à falta de experiência acaba por quebrar a agulha antes de quebrar o trinco. Suspirou, lançou o resto da ferramenta quebrada ao chão e voltou a colocar-se a cinco metros de distância da porta.
A sua respiração já tinha retomado a um ritmo normal, e por isso reproduziu o selo do tigre, deixou o seu chakra fluir pacientemente para as suas pernas e quando achou que tinha junto o suficiente, libertou-o de um momento para o outro, ganhando um incrível aumento de velocidade que utilizou para chocar com a porta.
Nesse instante, a porta que já estava danificada e apodrecido devido ao envelhecimento foi arrombada por causa da força bruta que ela disferiu, e consequentemente Sikira desequilibrou-se e cai de cara no chão, recebendo uma dose de nódoas negras ao longo do seu corpo e até um arranhão na testa.
— Sugoi! — Exclamou após levantar e recompor-se.
Tal como tinha visto anteriormente com a sua Kuchiyose, tratava-se de uma pequena casa abandonada, a entrada assemelhava-se a uma cozinha com armários e balcão. À sua direita encontravam-se outras divisões mas ignorou-as por agora, queria explorar profundamente cada canto e detalhe da casa. A sua atenção focou-se num Ofuda que estava colado na parede. Tal objecto era assustador, mas a curiosidade dela era bem maior que o medo, e quando deu por si estava a remover o papel da parede.
Um turbilhão de folhas secas caiu sobre ela enquanto que observava a inscrição do talismã, o papel não parecia ter nada de especial mas colocou-o no bolso, virou-se de costas e viu os seus irmãos caídos no chão, completamente ensanguentados e com armas cravadas na sua carne. Um arrepio correu-lhe pela espinha e teve vontade de gritar, mas depois raciocinou que tudo aquilo era impossível, desde a aparição dos irmãos ao turbilhão de folhas que caiu dentro de casa no momento que retirou o Ofuda da parede.
— É isso! A ilusão estava selada no talismã... Podiam ter sido mais espertos a escolher a ilusão, esta não fez muito sentido... — Exclamou ela divertida, culminando numa situação bizarra pois a visão de seus familiares mortos estava à sua frente.
De modo a cancelar a ilusão, Sikira concentra-se em parar o seu próprio fluxo de chakra, e a partir de vários selos realiza o Genjutsu Kai para expulsar as energias inimigas.
— Kai!
Infelizmente, tinha desperdiçado demasiado chakra anteriormente e já não tinha energias suficientes para o fazer. Mesmo sabendo que aquilo era tudo ilusão, a kunoichi temia enlouquecer lentamente com aquelas visões macabras e concluiu que teria de fazer tudo o que fosse possível para escapar o genjutsu.
— Pensa... pensa... pensa! — Tinha apenas uma ideia, e apesar de estar relutante sentiu-se forçada a realizá-la. Retirou outra agulha da sua bolsa ninja com seu braço direito, e impiedosamente, utilizou toda a sua força para espetá-la no seu braço esquerdo, infligindo a si própria uma ferida profunda de onde escorria sangue.
Tal como planeara, aquele golpe dissipava a ilusão e substitui-a por uma dor insuportável.