****** Parte V ******
Pedaços pegajosos das vespas se espalharam pelo complexo que tremeu e quase desabou, cobrindo o laboratório com uma pesada cortina de poeira. -
Falei a você que era exagerado! Cof... Cof... - Reclamava a verdadeira loira, submergindo com seu companheiro após um jutsu doton em comum. Ainda assustado com as explosões, Plague rastejava sob a proteção da densa cortina de poeira, rolando para baixo de uma das mesas de metal. Com pouca visibilidade e protegendo suas vias respiratórias com um lenço, Hana aproveitou a confusão para se concentrar e perceber a presença de dois inimigos. Um estava ao norte, perto de algumas mesas de metal que agora jaziam empilhadas, empurradas pela força das explosões, e o outro já saltava sobre Daisuke em meio à poeira. Socos e pontapés começaram a soar na escuridão quando mais uma vez o zunido fez com que os dois ninjas aliados tremessem. Vindos do corredor, mais vespas se espalharam para proteger seu líder. Ferrões à postos, elas zanzavam e picavam qualquer coisa que se movia. -
Preciso agir antes que nos peguem! - Pensou alto, juntando as mãos numa rápida cadência de selos para completar: -
Suiton: Mizurrapa! Nesse instante, uma caudalosa tromba d'água invadiu o espaço fechado do laboratório, levando as vespas, ela, Daisuke e o verdadeiro inimigo - já que o clone de insetos sumira com a força da água - entraram num vórtice da incontrolável correnteza que enchia rapidamente o ambiente até chegar ao teto. Agora todos estavam submersos.
Seu corpo embatia na correnteza súbita do laboratório, sem saber direito onde ficava a superfície e o piso de pedra. Tateando no escuro, Daisuke enfim conseguiu se agarrar em algum obstáculo que parecia ser firme o suficiente para que pudesse manobrar e retirar alguns bastões fluorescentes de sua bolsa de viagem.
A garota é louca! - Pensava ao balançar o objeto com força suficiente para que a química iluminasse onde estava. Com a visão turva, Daisuke percebeu que a água havia varrido toda poeira do recinto, deixando para trás uma mancha azulada das centenas de insetos que se afogava em agonia. Com os pés fixos no chão, Hana o observava do fundo do laboratório, prendendo a respiração aguardando o momento seguro para desfazer o jutsu. Olhando a sua volta, ela já não conseguia perceber seu inimigo, mas uma coisa ela tinha certeza: Tinha eliminado grande parte de seus insetos com a manobra. Então, acenando para seu companheiro nukenin, ela desembaraçou um pergaminho que trazia na mochila, acionando o selo desenhado previamente. Novamente a correnteza ganhou força e num turbilhão barulhento, toda água do laboratório foi selada no pergaminho, deixando o ambiente apenas úmido e bagunçado. -
Ainda bem que você sabia que eu não respiro, não é? - Perguntou o nuke, aproximando-se da garota. Mas Hana não respondeu, dando a entender que aquilo fora apenas um golpe de sorte.
Mas que traiçoeira! - Pensou a marionete, admirado e temeroso pela esperteza da jounin. Parecia que tudo estava acabado, quando algo se moveu nos fundos do salão.
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Agora vocês me deixaram furioso! - Esbravejou Plague, saindo da escuridão.
Ainda úmido, o corpo de Plague pulsava numa cor escura por onde milhares de insetos minúsculos rastejavam, deixando apenas seu rosto que revelava pouco através dos grossos óculos escuros. De frente para a única saída, o inimigo sorriu com uma loucura latente, fechando-se em seu casulo asqueroso para estender as mãos e liberar o terror. Era uma forma de poeira fina que chegava com muita velocidade contra os dois. Levantando uma das mãos, a ninja da Folha criou um escudo de energia, dividindo os dois grupos, mas logo o que se viu os assustou. Mantendo seu chakra controlado, Hana e Daisuke começaram a perceber pequenas aberturas no escudo que aumentavam à medida que o embate com a barreira aumentava. -
Insetos comedores de chakra! - Gritou à loira, agora sem saber como agiria naquela situação, já que todas as suas técnicas de defesa eram baseadas em energia.
O escudo não aguentará muito tempo. - Pensou a máquina, puxando a garota para trás de si num movimento brusco. Sem forças para resistir, Hana viu o aliado abrir os braços como se quisesse abraçar a morte. Mas o que ela não sabia é que o nukenin era vaidoso demais para se sacrificar por uma jounin bonitinha e assim convergiu as mãos para o centro, que brilhosas pela energia imposta a elas, estalaram num poderoso impacto. Um deslocamento brutal de ar se sucedeu após um grande ruído, terminando por expulsar os minúsculos insetos da área, inclusive aqueles que protegiam o mestre. Todos eles jogados contra a parede oposta junto com destroços de metal, vidro, pedra e areia.
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Minha nossa! - Exclamou a mulher, dando dois passos para trás.
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É assim que se mata insetos! - Comemorou, cambaleando para frente e caindo de joelhos, sucumbindo de vez à doença. Seu tempo se esgotava. Enquanto isso, Hana já se adiantava a procurar o inimigo que de alguma maneira ainda gemia com quase todos os ossos quebrados por entre as ferragens. Com calma, a jounin médica começou a retirar os escombros de cima do adversário, começando a fazer-lhe os primeiros socorros. Deixando seu corpo mecânico descansar, Daisuke aguardava os cuidados da médica com certo desespero. Sua febre começava a queimar suas terminações nervosas, seu sangue fervia e parecia que estava prestes a explodir. Que praga desgraçada. -
Doutora... A coisa está séria aqui. - Gemeu o nukenin, levantando com dificuldade o braço direito. Acenando positivamente, a konohanin deixou os feridos de lado, utilizando as memórias do inimigo para buscar as ampolas da vacina que por sorte ficaram ilesas após toda aquela confusão. Preparando as doses com experiência, ela injetou a primeira em si mesma, precavendo-se de que não se tratava de um engodo.
Tudo bem. - Confirmou para começar a injetar outra dose em seu companheiro peculiar. Por incrível que pareça, não demorou muito para que o nukenin começasse a se sentir melhor. Com esforço, ele se sentou para ver a mulher invocar algo brilhante que escapou pelo corredor até a saída. -
Pronto... Logo chegarão com a equipe. - Sussurrou. Já era hora de partir antes que Konoha chegasse até o local. Analisando os outros tonéis, a médica localizou os que continham a vacina, marcando-os com um marca-texto improvisado.
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Agora só preciso levar essa vacina rapidamente! - Ela falou.
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Deixa comigo doutora... Só preciso das coordenadas. - Disse.
Sem entender aquelas palavras, mas querendo ver o que o nukenin tinha a oferecer, Hana escreveu as coordenadas dos portões de Konoha e Suna em pequenos papéis de rascunho. -
Ótimo. - Daisuke juntou as mãos e se concentrou. Então, como mágica, os tonéis com a vacina começaram a brilhar quando finalmente sumiram num flash de luz na direção das coordenadas indicadas. Agora as duas Vilas tinham a vacina. -
Obrigada! - Comemorou a médica, muito feliz por ter ajudado a salvar centenas de vidas. Daisuke assentiu e se levantou, começando a caminhar de volta à saída. Olhando em volta, Hana levantou o prisioneiro com sua telecinese, começando a sair daquele ambiente insalubre pelo mesmo caminho que fizeram anteriormente. Parecia que finalmente a missão tinha terminado e como ainda existia a praga e a vacina no laboratório, seria melhor guardar o local até a chegada das equipes de extração. Sem olhar para trás, já sentindo uma melhora acentuada, a marionete saiu da escuridão quando seus olhos se adequaram a forte luz do sol. Olhando de volta para a aliada dessa campanha, ele acenou e sorriu debilmente tentando agradecer pela ajuda preciosa que lhe salvou a vida. Hana acenou com um sorriso carinhoso e se sentou à sombra para descansar, vendo seu companheiro sumir repentinamente como se nunca tivesse existido. -
Acho que não será a última vez que o verei. - Ela sussurrou temerosa. Aquele misterioso ninja sem bandeira tinha um poder difícil de entender. Mas uma coisa é certa: Não o queria como inimigo.
3 HORAS DEPOIS...
No horizonte, a Konohanin já conseguia visualizar a movimentação da primeira equipe a chegar com rapidez. Dando água para Plague que ainda estava inconsciente e amarrado por linhas shinobi, Hana levantou seu cantil e bebeu o restante da água, quando se levantou para conferir o material que ficara no subsolo. Certificando-se de que o prisioneiro não acordaria tão cedo, mais por causa de seus ferimentos, ela refez o caminho e desceu até onde o laboratório existia. Armada com uma lanterna, ela conferiu os nove tonéis em que o vírus estava acondicionado, bem como os três com a vacina que ainda estavam no local. Aparentemente estava tudo certo... Ou não. Puxando pela memória, ela se lembrou de que antes de anotar as coordenadas para o nukenin a ninja tinha contado dez tonéis com o vírus e quatro com a vacina. -
Estranho... A contagem não bate. - Intrigou-se por alguns momentos até que se lembrou das habilidades de transporte instantâneo do mercenário que a acompanhou. -
Aquele desgraçado. - Preocupou-se ao perceber que tinha sido roubada. Aquilo acendeu algo em seu peito e agora ela sabia que o reencontro com o ladrão seria mais cedo do que ela queria. Daisuke agora tinha posse de um perigoso vírus e de sua cura. Algo muito perigoso para pertencer a um nukenin estranho.
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FIM.... OU NÃO.