JAVALI PARA JANTAR
Um dos contratos mais estranhos que Daisuke pegara. -
Capturar um javali de Hitsokuri. - Reclamava pelo infortúnio enquanto esforçava-se para manter-se no chão enquanto puxava com toda sua força uma grande árvore. Ainda verde, a planta não quebrou com todo o movimento, arqueando-se até o chão numa longa parábola. No término da madrugada, a marionete-humana já preparava a armadilha no território de alimentação do dito javali. O problema é que ele não tinha ideia de como era esse javali.
Tomara que não demore muito. Então, levando chakra até a marca no pulso direito, ele invocou uma linha shinobi, amarrando-a com um nó forte o suficiente para segurar toda a pressão cinética da armadilha. Prendendo a linha ao redor da árvore adjacente, Daisuke terminou sua arrumação atirando algumas frutas exóticas no centro do círculo, além de alguns galhos densos para que o animal não pudesse perceber o risco que corria. Então, juntando chakra na forma de uma aura em seu corpo, o nukenin efetuou alguns selos e finalmente conseguiu tornar-se transparente. Ele sabia que não precisaria se preocupar com seu cheiro, já que não existia nada em seu corpo que o identificasse como humano.
Agora é só esperar. - Pensou ao usar a força de suas pernas para saltar numa ágil pirueta até um vigoroso galho de outra árvore. Sentando-se confortavelmente, ele aguardou por algumas horas, mas nada aconteceu. Ansioso por natureza, o ninja decidiu tomar a iniciativa da caça quando saltou ao solo e juntou chakra nas mãos após desenhar com elas uma sucessão de selos, atiçando-as contra o chão a fim de espalhar seu chakra para localizar sua presa. Os pulsos de energia invadiram o solo e rastejaram até algo grande há cerca de um quilômetro de distância.
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Um elefante, talvez? - Concluiu, estranhando o tremendo peso do animal. -
Não deve ser ele. - Convenceu-se, interrompendo o jutsu para retornar ao seu posto de vigilha... Horas se passaram e o sol já começava a se aproximar do horizonte quando algo gigantesco começou a se aproximar ruidosamente, quebrando a vegetação na direção da armadilha.
Droga... O elefante. Contudo, quando o animal começou a se aproximar, Daisuke conseguiu vislumbrar uma imensa narina em forma de tomada que chafurdava na direção da isca.
! Será que é esse bicho?! Recuando num rápido salto, o nukenin viu o maior javali que já vira. Pele grossa e presas que saíam por seus dentes serrilhados, o bicho abocanhou as frutas com uma só mordida quando o fio shinobi estalou e riscou seu focinho dolorosamente. A criatura urrou tão alto que fez toda a vegetação tremer, disparando numa corrida destruidora na direção do estrategista.
Eita! Saltando lateralmente, o ninja ainda conseguiu desviar-se agilmente do primeiro par de patas gigantes, mas não do segundo. E num "crack", o galho em que se apoiava se partiu, derrubando-o perigosamente para ser pisoteado pelo animal. Se fosse humano certamente aquilo o mataria. Mas enquanto se recuperava das pancadas, Daisuke percebeu que o animal começava a se distanciar. Ele precisava tomar uma decisão. Afinal, o javali era aquele ou outro. Pensando rapidamente, o nuke levou chakra para a tatuagem para invocar o pergaminho das marionetes, jogando chakra no objeto assim que o desenrolou com um rápido selo da mão livre. Instantaneamente as dez marionetes se libertaram dos selos e com alguns pulsos de energia, o titereiro os comandou a perseguirem a presa. Rapidamente seus vingadores partiram em velocidade, já usando as linhas shinobi que Daisuke os fornecera numa tentativa de imobilizar o porco gigante.
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Vamos! Trabalhem! - Instigava por instindo os bonecos que saltavam sobre o javali como formigas sobre seus inimigos. Amarrando as patas com rápidos laços, as marionetes conseguiram frenar o bicho que começou a se debater, exigindo das máquinas toda a sua força. Para Daisuke não era diferente. Invocando mais uma linha shinobi, Daisuke a arremessou com toda força contra o pescoço do animal, enrolando-o firmemente. Raciocinando rapidamente, Daisuke percebeu algumas árvores frutíferas na lateral e reconheceu de pronto suas propriedades físicas. -
Essa aqui tem raízes profundas. - Sussurrou ao amarrar firmemente a linha shinobi numa das raízes protuberantes da planta. Nesse momento o bicho estagnou. Usando os poderosos amortecedores de seus braços, o nukenin começou a ajudar seus lacaios, que começaram a forçar o animal a deitar. A luta foi ferrenha, mas após alguns minutos de um embate feroz, o javali finalmente deitou exausto na relva. Agora era hora de colocá-lo para "dormir". Trazendo seu bastão condutor, o nukenin largou a linha e forçou suas pernas para efetuar um rápido salto na direção da cabeça do animal. Convergindo seu chakra nos braços para lhe garantir mais força, ele rodopiou a arma com ferocidade e a despejou contra a testa do javali que guinchou de dor e desmaiou com um grande galo na na cabeça.
Ufa! Assim, fazendo o selo do coelho com uma mão só, ele liberou suas marionetes que retornaram para o pergaminho após sucessivos estouros de fumaça, soltando as linhas e folgando as amarras do gigante. Agora é hora de empacotá-lo para viagem.
Suspendendo o animal com toda força, Daisuke comandou suas marionetes que fizessem várias amarrações. Não demorou muito até que o porco gigante estava completamente imobilizado. -
Pronto. Espero que seja esse o tal do javali. - torceu o ninja, quando suas pernas começaram a tremer. Não tinha medo ou sofria de fraqueza. Aquele movimento involuntário tinha origem na trepidação do solo com a passagem de uma mãe enfurecida. Maior que o que acabara de caçar, a javali-mãe tinha cerca de dez metros de altura e guinchava desesperado ao ver seu filhote totalmente amarrado.
Aí lascou! Jogando-se para o lado, Daisuke se enrolou todo nas sobras das linhas shinobi e caiu barranco à baixo, sendo esmagado por diversas vezes pelo peso do animal inconsciente que rolava junto. Chegando no fundo da depressão, a mãe saltou sem medo contra o ninja que só teve tempo para efetuar alguns selos ao encará-la, pousando-a um genjutsu de imagem invertida. A porca, sem saber que estava indo para o lado errado, disparou atrás da ilusão, enquanto o verdadeiro sabiamente carregava o filhote na direção correta. Essa manobra pelo menos lhe ganhou tempo suficiente para fugir da mãe-porca cujos ruídos ecoavam pela floresta à medida que o nukenin se aproximava do ponto de troca. -
Muito bem. Aqui está! - Disse ao depositar o grande animal à frente da cabana do contratante. O homem saiu do casebre e arregalou os olhos. -
Perfeito. Tome seu dinheiro. - Comemorou o estranho.
FIM