F5 - Lembra-te, lembra-te.

Assunto: F5 - Lembra-te, lembra-te. Dom 31 Jan 2016 - 19:41

[OST]

Após toda a chuva que tinha ocorrido ultimamente o clima tinha finalmente melhorado, representado pela temperatura agradável e largos raios de Sol que penetravam as nuvens constantes do país. No entanto uma brisa fresca erguia momentaneamente as ervas altas e secas que decoravam o campo por onde Sikira percorria sem propósito, limitando-se a espairecer e queimar tempo.
— Custava-te assim tanto esperares dois dias Zef'? É tudo o que falta para o meu baptismo. — Murmurou para si própria como uma louca, ignorando por completo a possibilidade de estar alguém por perto.
O timbre dela revelava claramente tristeza, uma emoção tão forte que havia superado a ansiedade de se tornar oficialmente ninja.

Parou então para um momento de reflexão, um raio de luz quente atingia-lhe directamente a cara e ela fechou os olhos, inspirou fundo e sentiu uma quantidade anormal de oxigénio a banhar-lhe o cérebro deixando-a ligeiramente mais relaxada.
— Zef' sempre foi excêntrico e desde bastante tempo que o vejo como um génio incompreendido, acredito que exista uma razão maior para isto.
Um vento mais forte soprou-lhe os cabelos e ouviu pássaros a cantarolar, dos quais decifrou alguns vocábulos que descreviam o bom dia que estava, no entanto no seu estado mental decidiu não se concentrar mais nisso.
Sentiu então o raio de Sol a fugir da sua cara deixando um frio vazio no seu lugar, abriu os olhos revelando as suas pupilas azul ciano e viu no céu as nuvens a fugir ao ritmo do vento, conduzindo a luz lentamente pelo campo até estacioná-la sobre uma espada. — Uma espada?!

Caminhou até ao objecto misterioso interrogando-se se aquilo era alguma espécie de mensagem enviada por Deus.
Junto à arma e spotlight que a iluminava pode observá-la melhor, tratava-se de uma espada cruciforme estranhamente familiar, tinha uma lamina de ferro com uma pequena falha e um cabo negro. Pegou nela com a sua mão esquerda ainda estupefacta e a magicar o significado daquilo. Seria um pedido de Deus?
Golpeou o inimigo invisível três vezes, desenhando um x até terminar a combinação com uma estocada.
— Consigo imaginar-me a lutar com isto. — Pensou alto, bastante agradada. Observou a espada uma vez mais, pelo seu conhecimento limitado admitiu que era como uma espada longa mas demasiado curta para ser chamada de tal. À ponta do cabo havia um orbe decorativo com o símbolo do clã Eleison. — Ó... certo. — Exclamou sentindo-se estúpida em considerar sequer a chance de a arma ter sido um sinal. Aquela arma tinha sido feita pelo seu pai e perguntar-lhe era a melhor opção que tinha no momento para decifrar a sua origem.
Dirigiu-se então à forja de Hisame que se encontrava no vilarejo Eleison, pensando pelo caminho nas inúmeras possibilidades que podiam ter levado a arma até ali, suprimindo a sua ansiedade com curiosidade.

***
[OST]

Uma suave campainha anunciou a entrada da jovem no edifício. — Pai! — Chamou ela ao fechar a porta. — 'Tás aí? — Pousou a espada num barril e observou em volta.
Como sempre aquele espaço estava bem arrumado, materiais num canto, uma secretária noutro onde repousava uma vela acesa, diversas ferramentas empoleiradas em vigas que brotavam das paredes e tecto, organizadas por tamanhos diferentes. Ao centro estava uma enorme bigorna frente a um banco redondo de madeira e a grande fornalha que era o coração da casa.
Aquela arrumação quase que lhe fazia sentir-se confortável mas tal era impossível com o calor desagradável que furiosamente arrancava gotas de suor da pele dela.
— Sikira! Um momento! — Exclamou uma voz dominante e abafada vinda do piso inferior, seguiu-se o som de passos apressados a subir uma escadaria e logo surgiu Hisame de um alçapão que ligava à cave.
— Nem imaginas como nos deixaste preocupados. — Escorria emoção de cada palavra que ele dizia, limpou as mãos apressadamente a um pano e envolveu a sua filha num forte abraço.
— P... pai, pára. — Pediu ela e o homem correspondeu, encarando-a com preocupação. — Ainda vou desmaiar outra vez.
Hisame soltou uma gargalhada um tanto forçada antes de se desculpar. — Desculpa, foi difícil controlar toda a emoção. Podes a'bancar ali à secretaria. — Sugeriu por simpatia. — Sentes-te bem?
— Fisicamente... sim. Mas a ferida no meu coração vai demorar até sarar.
— Pois, ficamos todos abalados, nem tivemos a oportunidade de nos despedirmos. Mas tenho de te pedir uma coisa. — O ferreiro olhou-a nos olhos para se certificar que ela estava com atenção. — Não te preocupes mais com as relíquias, torre ou essas tretas! Não eram nada de importante.
— A mãe já me disse. Mas vamos cortar nas conversas tristes, olha só o que encontrei perto dos campos de trigo. — Declarou entregando-lhe a arma misteriosa. — Isto diz-te alguma coisa?
Hisame fez uma análise rápida mas eficiente à espada — Pouco mais de um metro de comprimento. É uma das minhas bastardas, este cabedal negro que envolve o cabo é dos melhores que já tive, infelizmente esgotou-se à uns dois anos. — De um momento para o outro uma feição de transtorno surgiu na face dele. Sikira que estava bastante interessada na explicação dele perguntou-lhe de imediato se ele tinha visto algo para o preocupar. — Estou a tentar lembrar-me de para quem fiz esta espada e tenho o nome dele debaixo da língua, pensar nisso está-me a dar um pouco de dor de cabeça.
— É exactamente isso que eu sinto quanto à espada! — Exclamou ela numa emoção mista de entusiasmo por ser compreendida e desapontamento pelo pai se ter esquecido. — Especialmente quando olho para esta falha na lâmina, sinto de que me esqueci de algo importante. — Dito isto ouviu uma voz vinda de dentro de si como uma consciência a despertar. «Lembra-te, lembra-te.» A sua expressão alterou-se imediatamente ao recordar que tinha uma prioridade para resolver no momento.
O ferreiro desapercebido continuou a falar. — Estranho, a mim isso não me recorda nada. — Com a espada verticalmente erguida, girou-a para observar o golpe que a lamina tinha em vários ângulos diferentes. — Isto é muito recente, indica que a espada colidiu com outra com uma força do caralho!
— Estou a ver. Obrigado pelo teu tempo pai mas tenho que passar pela biblioteca e tenho a certeza de que devias estar a trabalhar, tenta lembrar-te de quem é a espada. — Despediu-se apressadamente.
O homem pousou a espada na secretária e exibiu os volumosos músculos do seu braço direito. — Não te preocupes comigo que estes bracinhos agora despacham o trabalho de quatro horas em uma! Vai lá, filha.

***

«Nada correu como estava à espera e acabei por me esquecer, mas as figuras familiares — ou o Trio Anamnesis — prometeram-me algo e eu devolvi com outra promessa. Não quero entrar em problemas com o próprio clã.»
Era a linha de pensamento que a guiou pelo caminho de volta ao celeiro onde tinha estado no dia anterior, onde tinha levado um livro sigiloso do clã e descobriu bastantes segredos deste. Por sorte, novamente não estava ninguém à vista na rua e entrou no edifício sem hesitar duas vezes. Atravessou a saleta apressadamente e subiu as escadas de acesso à plataforma onde estava o livro.
«Com sorte Thoth, Seshat e Maat vão saber dizer o que é isto de que nos estamos a esquecer.»
Ao trepar os últimos degraus para o alpendre a secretária que este tinha tornou-se visível. O livro não estava lá.

Alright, este é o último filler "misterioso" que tenho nos planos da saga, a partir de agora vou parar de dar perguntas e começar a dar respostas!
Decidi tornar a Sikira esquerdina because of reasons.

Como disseste, tudo ainda muito misterioso.

Único ponto de análise que acho que posso fazer por enquanto, já que a história ainda está imenso numa fase inicial. Os fillers podiam ser um pouco maiores, apesar de em pequenos se lerem rapidamente. Já o tinha dito e volto a frisar este ponto Smile

Pela cor do teu nome tinha associado o Resumo a Kumo e fiquei ligeiramente baralhado, ainda que intrigado... Obviamente não podia fazer sentido...

Agora que já me encontrei com a tua atual história, reli o que tinha acontecido nos Fillers anteriores e li este e sim, já está tudo no sítio!

Ora bem, as tuas descrições são douradas e certas vezes também escrevi +/- assim em busca de exprimir e embelezar os detalhes, provavelmente também em alguns textos da história anterior do NRPG, mas mais noutros, aparte destes... São de louvar! Mas eu cá, cancei-me um pouco de escrever dessa forma e acho que agora me estão a sair os textos um pouco mais "manga": mais diretos, com mais diálogo e mais ação e menos narrativa descritiva... Agora ao ler o teu texto, causa-me um certo impacto que me é difícil explicar, mas o comentário positivo sobre a escrita é idêntico ao que já tinha (equivocamente) feito no outro Filler.

Também mantenho a curiosidade sobre a evolução da história e...

...aquele car**ho sem asteriscos abalou-me um pouco como um balde de água fria.. XD não estava à espera dele no meio de uma escrita tão bem tratada.

Agora, se tudo correr bem, será uma das histórias que vou tentar seguir.

@JFrias10

Poxa não consigo acertar com o tamanho

Mas se queres sempre mais é bom sinal i guess, e vem a calhar que o próximo filler terá bastante conteúdo e assim não me sinto mal de o deixar grande x)

@GhosTTerroR

Muchas gracias por ler e comentar, por vezes invejo os que escrevem nesse formato mais "teatral" e directo, dá para avançar a história muito mais rápido entre outras vantagens. Mas eu considero que descrições é uma das poucas coisas que acerto por isso agarro-me a elas x)

Abalou-te? E se eu te dissesse que tinha um stor de Física (sentada) que de vez em quando dizia essa mesma expressão... "É uma força do ca..."

Ele dizia com tal tranquilidade que passava sem ninguém se aperceber no momento

É um pouco estranho, mas sei que à stores assim... Estranhos e tal.. XD
Vah, vamos lá ver o que se segue...

Eu a ti não te convido, porque secalhar o Ikuza não ia muito à bola com a tua char... :p lol

Okay, depois de ler, acho que sei porque é que o Rich tinha dito que achava confuso.
Acho que devias sinalizar as timelines diferentes para que uma pessoa se oriente na ordem de coisas a ler. Isto supondo que vais escrever um filler de cada timeline (ou vários de uma vez e depois mudar de timeline). Senão uma pessoa não consegue orientar-se muito bem em termos de lógica de história.

Outra cena. Depois de ler o filler, voltei ao início para rever algumas frases porque fiquei um bocado confusa em relação aos acontecimentos e até fui ver o teu primeiro filler para ver se encontrava a info que me faltava. Julgo que entendi o que se passou com o Zef. No entanto, está tudo menos explícito

Pronto. Para mim, esta "timeline" é o mais confuso porque parece que está no futuro em relação à primeira timeline por lhe faltar informação, mas ao mesmo tempo a cruzar na primeira por falares do livro.

Não me interpretes mal. As tuas ideias estão boas, a tua escrita é boa e lê-se bem aquilo que escreves. Não é nada pesadão, o que é um grande plus.
Devias era organizar um bocadinho as cenas para permitir que o leitor não se confunda com o seguimento das coisas.

Fico à espera de saber o que se segue. Continua o/

Estava a ler seus outros Filler's e confesso que me perdi um pouco na parte do Zef

Acho a história que está criando para a sua personagem incrível e muito original, aproveitei muito bem os momentos que passei lendo as suas escritas e espero que continue assim.

Vamos ver se eu entendo melhor no próximo o que ocorreu aos outros irmãos da Sikira e sobre essas relíquias xd

Acabei agora de ler os teus fillers todos e devo dizer-te que estou a adorar a história!
Todas as perguntas que crias na cabeça de quem está a ler, então agora este último filler é que foi. "O que aconteceu com o Zef?", "Uma espada? A sério? Assim de repente?" e não bastava isto, tinha de vir o desaparecimento do livro. Tenho as minhas suspeitas, mas aguardarei pelo próximo para ver o que acontece. Ainda quero saber onde se encaixa aquele homem da caverna nisto tudo, e que mudanças trouxe no dia-a-dia daquela família.

Como já disse e volto a repetir, estou a adorar a história, acho que está muito bem pensada. Não sei o que tens planeado, mas parece-me que estás a andar demasiado rápido. Por outro lado, também tens possibilidade para desenvolver a história o quanto quiseres e criar sempre algo novo.

Tens uma escrita agradável. Gostei da tua maneira de apresentares a Sikira, foste mostrando-nos a maneira dela pensar e a sua sede de conhecimentos

. Muito bom!

Continua! Fico à espera do próximo Smile