Fujin, a irmã mais velha de Sikira tinha lhe prometido ensinar uma nova técnica de Taijutsu, e para tal as duas foram invocadas para a planície dos flamingos onde ambas podiam treinar em tranquilidade.
— Para dominares esta técnica precisas de treinar cinco coisas: Força, resistência, velocidade, flexibilidade e equilíbrio. — Explicou a chuunin.
— Certo, por onde é que vamos começar?
— Pelo chão. — Dito isto Fujin lançou dois projecteis de água, cada um do tamanho de uma bola de basket mas extremamente rápido. — Velocidade.
O golpe tinha sido inesperado e a distância entre as duas era curta, felizmente Sikira conseguiu reagir a tempo e saltitou de um lado para a esquerda e depois para a direita, desviando-se com incrível agilidade.
— Bom trabalho, toma lá mais disto! — Comemorou a mais velha antes de lançar mais três esferas.
Ainda a recompor-se dos últimos golpes, Sikira teve muita mais dificuldade desta vez, esquivou-se da primeira bola ao agachar-se no momento certo pois esta tinha sido projectada ao nível da sua cara.
«Aparentemente ela calculou os meus movimentos.» Apercebeu-se ela ao ver que a trajectória da segunda bola coincidia perfeitamente com a posição baixa em que ela se tinha colocado.
«Com a rapidez das bolas a minha única opção é um salto curto para trás, e tenho a certeza que é para aí que a terceira esfera se dirige, não vou poder desviar-me dessa.» E com esta linha de pensamento utilizou os seus músculos das pernas para depositar uma enorme força no chão, de modo a fazer um pequeno salto em marcha atrás e esquivar-se velozmente do jutsu de água. Durante esta acrobacia retirou um pequeno pergaminho da bolsa ninja e utilizando o seu chakra para activar o selo ao desdobrá-lo invocou o Kasa, guarda-chuva ninja típico de Amenins.
Com suavidade abriu-o e utilizou-o como escudo, bloqueando o impacto da terceira bola de água que tinha sido enviada para ela a extrema velocidade. Sentiu um enorme coice nos músculos dos braços a forçá-los para se moverem para cima mas agarrou-se ao guarda-chuva com unhas e dentes e a sua força permitiu-lhe manter a posição.
— Isso foi batota mas ainda passa, por enquanto chega de velocidade. Podes levantar o guarda-chuva. — Explicou a treinadora.
Sikira confiou nela e levantou a sua defesa que também lhe bloqueava a visão.
— Just kidding!
Uma última bola de água tinha sido lançada e estava praticamente na cara da jovem, tornando-lhe impossível de se desviar. Colidiu com a sua barriga explodindo em milhares de gotas de água e provocou uma enorme dor tal como um "mergulho de chapa" e como se não bastasse a força lançou-a ao chão.
A gennin resmungou mas era inútil, aquilo era exactamente o que Fujin queria ter feito e esta procedeu com o treino.
— Vamos resumir caminho, equilíbrio e flexibilidade num só treino, mas para isso temos de ir para ali. — Apontou para um lago com centenas de metros de dimensão. — Segue-me.
Fujin desapareceu por meio de uma cortina de penas cor de rosa e Sikira montou o selo do tigre com as suas mãos para descarregar bastante chakra nas suas pernas, desta forma podia libertá-lo vezes em cadeia na forma de Shunshin após Shunshin, saltitando pelo caminho por entre nuvens de penas azuis a uma velocidade enorme.
Aproximando-se da superfície do lago fez fluir uma quantidade moderada de chakra para os pés que funcionariam como uma plataforma, o Kinobiri era algo simples para ela mas devido à velocidade a que caminhava havia uma nova dimensão de dificuldade. Os seus pés ainda chapinharam e afundaram-se ligeiramente três vezes, tal que ela quase caíu, mas ao reduzir o chakra que expelia conseguiu equilibrar-se e continuar a sua correria atrás de Fujin até ao centro do lago.
Ao aproximar-se da irmã mais velha esta lançou-se uma série de shurikens e kunais numa tentativa de a apanhar despercebida.
— Tens de tentar mais. — Murmurou Sikira entusiasmada, num movimento rápido e habilidoso desembainhou a sua espada e golpeou o ar com tal destreza que bloqueou a chuva de metal por completo. — ...7, 8, 9, 10! — Contou ela o número de ferramentas que tinha bloqueado. Assim que terminou voltou a embainhar a espada.
«É melhor ganhar o hábito de guardá-la sempre que não for necessária, assim posso fico com as mãos livres para fazer selos caso seja necessário.»Bruxo, um meteorito colossal descia dos céus na direcção delas.
«É o genjutsu mais óbvio de sempre, ela não tem chakra para invocar uma coisa destes e mesmo que o tivesse não o iria fazer contra a sua querida irmã.»Satisfeita com a sua própria inteligência formou um selo para acalmar a sua corrente de chakra que estava perturbada e quando sentiu que tinha feito as preparações suficientes expulsou-o do seu corpo. A ilusão era quebrada e o meteorito rachou até que se evaporou no ar.
— Porque raios fizeste um genjutsu quando isso não é preciso praticar?
— Porque o sistema motiva a treinar um pouco de tudo.
— O quê?
— Não me questiones! Vamos fazer alongamentos, aproxima-te. — Fujin colocou-se de cócoras. — Põe a tua perna direita em cima do meu ombro.
Sem hesitação a pequena fez aquilo que a sua irmã mandou. — Assim? — Confirmou ela se estava a fazer o pretendido, com o seu pé ligeiramente à frente do ombro e a perna a repousar neste.
— Exacto, agora vamos ver como está essa flexibilidade, vou-me levantar lentamente e quando te começar a doer avisa.
— Certo.
Ao inicio o exercício era fácil mas à medida que Fujin se elevava tornava-se gradualmente mais difícil, com a perna direita suspensa, quanto mais alta esta estivesse mais força o seu corpo colocava automaticamente no chão com a esquerda, o que significa que tinha de processar mais chakra na palma do pé esquerdo para se equilibrar na água.
Quando as suas pernas formaram um ângulo de aproximadamente noventa graus Sikira começou a queixar-se.
— Aí, pára.
Mas a irmã maldosa fez-se de surda, continuando a elevar o seu corpo lentamente. Cada centímetro a mais que ela aumentava era mais doloroso que o anterior.
— Pronto, não me vou elevar mais mas vais ter de aguentar um minuto assim.
«Um minuto?» Pensou ela exaltada, pois tal posição insuportável exigia que ela se mantivesse concentrada a suportar a dor na perna direita e quantidade certa de chakra no pé esquerdo, sentiu a sua energia a esvair-se lentamente e a sua pálida tinha sido corado de vermelho com o fluir do seu sangue.
— ...45, 46, 47... — Contava a irmã mais velha.
Mas o chakra da pequena estava completamente devastado e a sua perna esquerda afundou-se pela água, ficando suportada apenas pela direita dobrada sobre o ombro da irmã.
Esta numa reacção rápida agarrou a sua perna esquerda e colocou-a também sobre o seu ombro esquerdo, impedindo a sua coluna de se partir por acidente, mesmo assim aquele movimento inesperado tinha-lhe provocado um mau jeito enorme e consequentemente dor nas suas costas.
A cara de Sikira estava emersa debaixo de água de onde saiam bastantes bolhas de ar, os braços dela dançavam freneticamente a tentar libertar-se daquela posição.
— Isto foi inesperado, mas também se encaixa no treino.
De longe uma multidão de flamingos observavam e riam-se, a gennin era a única que não achava piada à medida que as reservas finais de oxigénio escapavam o seu corpo, indefesa e com a sua vida nas mãos da irmã mais velha. Por fim esta pega nas pernas dela e lança-a o mais longe que pode.
Dominada pela sua fúria, Sikira nada de volta até a sua irmã com bastante agilidade, utilizando toda a sua força das pernas e braços para puxar a água para trás de si movendo o seu corpo para a frente.
— Se me disseres que vou ter de repetir o exercício até conseguir aguentar um minuto desisto já.
— Calma calma, vamos passar à perna esquerda e basta aguentares 47 segundos, que foi aquilo que conseguiste com a outra.
«47 com a perna esquerda vai ser canja, afinal eu sou esquerdina...» Analisou ela, e tudo correra melhor do que ela tinha calculado, aguentou um minuto com a esquerda e as duas retornaram à terra.
— Cansada dessa forma é melhor continuarmos amanhã, podemos dormir na planície hoje.
Sikira anuiu mas com um olhar preocupado, tamborilou toda a sua cintura à procura da bolsa ninja mas não a encontrou.
«Só pode ter caído no lago durante aquele acidente.» Olhou para o horizonte e viu aquilo que se parecia com a sua bolsa ninja a repousar sobre flores de lótus, preocupada que a sua visão a estava a enganar pensou rapidamente num método para o confirmar sem ter de nadar até lá.
Realizou cuidadosamente uma sequência de selos e terminou-a ao tapar o olho direito com a palma da mão, este processo separou uma quantia de chakra suficiente para sintonizar a sua visão com um dos flamingos que se encontrava à distância, no lago.
«Cá está... não sei se fico contente de ter achado a bolsa ou chateada de ter tido este percalço. Mas ainda tenho chakra suficiente para invocar uma ave que a pode trazer por mim.»Canalizou o seu chakra para a palma da mão esquerda a partir de uma nova sequência de selos um tanto mais complexa que a anterior, mordeu o seu delicado polegar sem piedade para que este libertasse um fio de sangue que seria utilizado como meio para a convocação e espetou a mão no chão. Letras negras surgiram neste e uma núvem de fumo elevou-se, quando esta se dissipou um pássaro tinha surgido.
— Jin, vai buscar a minha bolsa! — Ordenou ao apontar para o ponto bege que se encontrava nas profundezas da sua visão.
O pássaro fez um piado que Sikira conseguiu traduzir arduamente devido ao seu Hijutsu. «Afirmativo» dizia ele. E voou.
— Fujin, diz-me aí um quebra-cabeças para terminarmos o treino enquanto o Jin vai e volta.
— Matemática! — Clamou ela, sabendo ter atingido um dos pontos fracos da irmã mais nova. — Vamos assumir que 9 equivale a duas vezes 5, com esta lógica qual é o valor de 6 vezes 5?
«Duas vezes nove equivale a 10? Isso não faz muito sentido mas vou ter de engolir para este quebra-cabeças, e sendo a pergunta tão curta esta é a única pista. Cinco vezes dois devia ser dez, mas com esta lógica resultou em 9. Através de uma propriedade multiplicativa podemos trocar o seis e cinco na operação, 5 vezes 6 devia supostamente é 30. Para 10 chegar a 9 é preciso remover 10%, se removermos 10% de 30 chegamos a 27. No entanto esta lógica pode estar errada. Também é possível que a verdadeira lógica signifique que 5 equivale a 4.5, daí 5 vezes dois resultar em 9. Nesse caso 6 vezes 4.5... também dá...» — 27!
Contínua?