Moderador | Iwa
Sexo : Idade : 68 Localização : Unknown Número de Mensagens : 4144
Registo Ninja Nome: Isamu Fujasawa Ryo (dinheiro): 417 Total de Habilitações: 36,5 | Assunto: [Filler] Volta para Casa Ter 19 Jul 2016 - 0:52 | |
| Os ruídos da floresta assustavam o menino que sempre ouvira falar dos pesadelos que se escondiam nas sombras da noite. Acuado como uma presa ao perceber os predadores, Kaneda se amuava por entre as longas vestes da idosa que parecia não se importar com o receio infantil do garoto. O medo é salutar para quem está começando a vida. E ela sabia disso. Passando pelas grandes árvores, segurando alto seu velho lampião, a estranha e misteriosa mulher parecia flutuar por entre a relva de tão silenciosa que era. Sob seus pés, uma fina neblina deixava o ambiente fúnebre e as sombras, cada vez mais numerosas, dançavam com as chamas da pequena fonte de luz que as vezes refletia nos grandes olhos dos animais sedentos por sangue. O jovem Uchiha sabia muito bem que não deveria estar ali. Principalmente à noite sem lua, e nas histórias que ouvia quando era menor, uma bruxa costumava sair nessas noites à procura do sangue dos garotos perdidos na densa vegetação. Será que é ela? A bruxa? - Inquietava-se, apertando os braços enfaixados sobre o peito buscando um conforto que seu pavor não permitia. - Argh! - Exclamou, fechando os olhos ao ver uma aranha gigantesca descer silenciosamente à frente dos dois. A mulher parou e com um gesto de com sua mão livre, fez com que a criatura asquerosa obedecesse e abrisse caminho.
Aqueles intermináveis números de olhos refletidos na lamparina enquanto passaram habitariam seus pesadelos durante as próximas semanas. Mas como ela conseguiu fazer isso? - Perguntava-se, ainda mais interessado e curioso com o que aquela mulher representava. Seria um sonho? Estaria num pesadelo? Talvez estivesse em sua cama. Coberto e confortável. - Não se preocupe, meu jovem. Pode não parecer, mas eu sou o monstro mais temível daqui. E não estou disposta a matá-lo. - A voz da idosa era fria. Rígida. E como uma faca parecia ter aberto o peito do menino que começou a choramingar, mas com um gesto materno, a mulher parou e se ajoelhou à frente do Uchiha. Kaneda tinha seus olhos fechados em desespero. O medo percorria suas entranhas e ele sentia que não poderia dar mais nem um passo à frente. - Toma. - Sussurrou para o garoto que tremia. O gennin abriu os olhos com receio do que iria encontrar, mas à medida que seus olhos se acostumavam com a fraca luminosidade, algo brilhante chamou sua atenção: Um pingente. Em forma de uma pequena magatama azulada, o pingente parecia simples e especial. Educado, Kaneda ainda imaginou negar o presente da desconhecida, mas não conseguiu, inclinando-se para frente na intenção de receber a mimo enquanto soluçava e choramingava.
- Com esse pingente, você poderá me visitar sempre que quiser. - Informou. - Só se eu não... For comido... Pelos animais gigantes. - Sussurrou a criança. - O pingente o protegerá. Acredite. A floresta respeitará você. - Sorriu a velha.
Mas como funcionaria? - Refletia consigo, quando percebeu que estava sozinho. - Onde você está? - Sussurrou, apavorado. Mas tudo o que pôde ouvir era o som dos comerciantes passando com suas mercadorias na estrada que margeava o campo de treino. Seus olhos doeram e demoraram um pouco para se acostumar com a luz do sol nascente quando finalmente percebeu onde estava. Como eu cheguei aqui? Kaneda estava à beira da cerca vazada, há poucos metros das moitas que utilizara para se esconder dos meliantes. Será que tudo aquilo fora um sonho? Não. Claro que não. Ele ainda possuía os curativos e hematomas do espancamento. Agora só lhe restava voltar à casa e com um suspiro conseguiu passar pela falha do cercado, onde algumas fibras de seu uniforme ficaram presas na tarde anterior. Caminhando dolorosamente através do descampado, ele pôde ver as marcas de sangue ressequido e mais ao longe o banheiro químico chamuscado. A lembrança recente lhe passava pela mente e a imagem de Kobayashi saindo em disparada totalmente sujo o tirou de seu torpor doloroso para lhe garantir uma prazerosa gargalhada. Maldita cerca. - Condenou-a enquanto caminhava na medida do possível. Seus pés doloridos logo o levaram para a estrada principal que desembocava no bairro Uchiha quando alguém o tomou pelo ombro e o puxou.
- Kaneda? Você é Kaneda? - Perguntou o policial, afobado. - Sim... Sou eu. - Confirmou, dolorido.
Rapidamente o ninja o olhou superficialmente e notou as ataduras e curativos espalhados no corpo.
- Mas o que aconteceu? Capitão Fujasawa está preocupado! - Exclamou. - Entrei na floresta por brincadeira... Mas sai vivo de lá. - Mentiu.
Mesmo sem explicar a origem dos curativos e o motivo que o levou a entrar na Floresta da Morte "por brincadeira", Kaneda parecia tranquilo e calmo. Seu medo já o abandonara, deixando apenas a curiosidade em conhecer mais aquela velha que o salvara dos inimigos. - Vamos ao hospital. - Concluiu o homem, colocando o jovem magrinho nos braços. O Uchiha assentiu e então ambos sumiram num pequeno estouro de fumaça, correndo em velocidade na direção do socorro. Aliviado, apesar das dores que ainda sentia nas costelas, ele agarrava o pingente com receio de perdê-lo quando finalmente ressurgiram na frente do hospital, onde sua mãe e algumas enfermeiras estavam sentadas, aflitas com o sumiço do filho da doutora Miyuki. Seus olhos brancos rapidamente reconheceram o filho por baixo de todos aqueles machucados e num rápido salto veio ao seu encontro. - Meu filho! Kaneda! O que aconteceu? - Perguntava aflita, acompanhando o policial que levava o garoto na direção da primeira maca que vira. - Estou bem, mãe. - Disse, tentando acalmar a matriarca que ativou seu byakugan para "scannear" seu filho à procura de possíveis fraturas. Não demorou muito até que a calma retornasse à Miyuki. Seja o machucado que fosse, agora estavam bem regenerados. Mas quem poderia ter feito àquilo? Ou será que ela o encontr... - Não pode ser. - Sussurrou a mulher.
- O que foi mãe? - Kaneda estranhou o comportamento repentino de sua mãe que acabou por desconversar e comandar as enfermeiras que arrastaram a maca para dentro. As rodas rangeram para dentro do hospital até que estacionou no setor de observação, onde uma enfermeira entregara a ficha médica do garoto. Miyuki agradeceu e após folhear algumas vezes a ficha do filho, percebeu que o jovem estava tremendo. O remédio. Ele não tomou hoje. - Pensou, preocupada com as consequências. Apressada, a médica se despediu do filho dizendo que iria buscar o remédio antes que ele piorasse. Kaneda ainda estava anestesiado por causa do remédio para dor que lhe deram, mas mesmo assim assentiu, concordando. - Ok, mãe. Até logo. - Despediu-se, deitando-se na cama. Olhos para o teto, ele percebia a rápida sombra do ventilador de teto do quarto enquanto ouvia o som dos passos cada vez distantes de sua mãe. A droga é que teria que tomar aquele remédio novamente. Parecia que a cada mês, dia ou até hora que se passava, o gosto daquele troço era cada vez mais insuportável e toda vez que se pergunta o porquê de eles terem que tomar a quilo, seus pais desconversam. Que doença eu tenho? Sempre curioso, Kaneda fez um esforço para se sentar novamente e com certa dificuldade alcançou sua ficha médica. A pasta bege se abriu e revelou sua foto que tirara antes de entrar na academia.
Puxando-a para ver o que havia na página, Kaneda percebeu alguns nomes científicos e logo abaixo de seu nome uma citação sobre gravidez de risco. Risco? Dando de ombros, porque queria saber apenas o nome do mal que o afligia, o menino começou a passar as páginas com o registro detalhado de todas as suas vacinas, machucados e até alimentação. Tudo detalhado. Detalhado até demais para o seu gosto. Contudo, por mais que procurasse e tentasse entender os nomes científicos dos remédios que tomara, bem como a sua condição atual de saúde, não havia nenhuma menção sobre qualquer doença que se perdurava ou daquele remédio viscoso que costumava tomar todas as manhãs. - Mas porque não haveria registro na minha pasta? - Perguntou-se, desconfiado de que havia alguma coisa que sua mãe não lhe respondia, nem nunca esclareceu. Sua curiosidade o deixou distraído o suficiente para que não percebesse a entrada de uma enfermeira com uma bandeja de curativos. Era hora de trocar os que já possuía. Envergonhado, o rapaz deixou a pasta à beira da cama, tentando colocá-la na mesma posição a qual sua mãe deixara. Deitando-se novamente, Kaneda ficou pensativo em como poderia proceder naquele caso. Ele já havia perguntado aos seus familiares por diversas vezes e ninguém parecia respondê-lo de maneira correta. Sempre arranjando desculpa para mudar de assunto.
- Cheguei Kaneda. Toma o remédio. - Sorriu a mãe, empurrando a colher pela garganta do menino. - Eca mãe! Odeio esse troço! - Reclamou. - Olha essa sua linguagem menino! - Repreendeu-o.CONTINUA... |
|