A novidade tinha sido algo devastador para Airi. A jovem de cabelos vermelhos não conseguia acreditar naquilo que o seu irmão se tinha tornado. Sentia uma certa tristeza, sentia que não tinha ajudado a educar o seu irmão devidamente. Tinha deixado o pobre coitado sofrer com todas as consequências da pressão e isso fez com que ele ambicionasse, mesmo com morte, a parva Kusanagi. Espada essa que ali repousava. Brilhante e bonita como nunca tinha visto antes, a Kusanagi ali em cima da mesa estava. Pronto para ser recolhida pela sua dona de direito. Era a primeira utilizadora da kusanagi que não dominava a lava, talvez fosse a primeira e a última. O seu avô ali estava, arrumar as vestes, pronto para a festa que possivelmente ia ser uma pequena guerra. Kirigakure estava bonita, era curioso que a chuva parecia parar, por segundos, mas parava. Algo diferente em Kirigakure estava para acontecer e o tempo sabia disso. A mão de Airi tremia sem fim, não parava nem com a mão confortante do seu avô. O percurso para casa tinha de se começar, mas seria bastante doloroso sabendo que poderia estar a caminhar para um confronto com o seu irmão. - Ninguém te irá pedir para enfrentares o teu irmão, para atacares o pequeno rapaz que também ajudaste a criar. - Declarava o avô Taiki ajudando Airi a dar os primeiros passos. Avô que tomou a Kusanagi para si e rapidamente começou o percurso. Juntamente com uma Airi pensativa.

- Porque não dar a Kusanagi ao meu pai? - Perguntou Airi caminhando com a ajuda do seu avô. Estava curiosa. Qual a razão pela a espada saltar uma geração, porque razão Taiki iria optar por essa opção. O pai de de Airi, Taichi, era um shinobi bastante competente e que saberia perfeitamente o que fazer com a espada lendária do clã. Era possivelmente o portador mais provável, depois do que aconteceu com Isamu.

- Existe coisas engraçadas. - Começou o avô a discursar - Mas eu nos meus tempos de jovem, de alma guerreira, nunca quis muito saber da intuição. Pouco queria saber o que os ventos poderiam trazer, ou que as bruxas poderiam informar. As estrelas, essas para mim, não davam o conhecimento nenhum. Mas conheci uma mulher. - Começava agora por falar da avó de Airi, a senhora que segundo histórias mudou por completo Taiki. - Ela chegou perto de mim, após o nosso encontro, e bem baixinho me disse que as estrelas conspiravam em nosso favor. Eu não trocei, pois estava verdadeiramente apaixonado, mas ela também me disse que as estrelas a estavam a informar que eu era um não crente. Que eu não acreditava no que elas poderia dar. - Os olhos de Taiki brilhavam, brilhavam sempre que falava da avó. A senhora que Airi gostaria de ter conhecido, infelizmente não conseguiu, apenas lembrava-se do seu avô sozinho com lembranças de uma mulher perfeita e bastante amável. - Nessa noite ela explicou-me. Deu-me a entender que existem coisas que estão predestinadas. E sabes que mais? - Fez uma pausa, ajeitando a Kusanagi para a tornar mais visível, pois estava a dar a última curva que dava acesso ao aglomerado das casas que reuniam os membros do clã - Esta Kusanagi estava predestinada para ti, eu com a pergunta que fiz ao teu irmão apenas quis saber a razão pela a qual ela estava para ti e não para ele. - Airi absorvia toda a história, todo o conteúdo. Acabou para olhar para o céu, curiosamente, a noite estava para aparecer e as estrelas aos poucos tornavam-se visíveis. Respirou fundo. Respiração interrompida apenas por Oda Sadako.

Quem era Oda Sadako? Era uma jovem jounin que ultimamente estava mais no gabinete do kage, uma jovem talento que era conhecida pelo seu cabelo curto e pela sua enorme habilidade em jutsus rápidos. Era um talento que tinha saído da academia e que rapidamente foi aproveitado pelo Mizukage. - Taiki-Sama. - Cumprimentou o avô da Airi com um gesto cordial e olhou para Airi. - Menina. - Outro gesto para terminar os cumprimentos. - Posso falar em privado? - Perguntou Oda tentando ter um momento de privacidade com o avô.

- Não. Tudo que quiseres falar, poderás falar perante a Airi. - Esclareceu o avô segurando firme o braço da sua neta. - Ela será a nova portadora da Kusanagi, e pelo que prevejo, irás falar do seu irmão Isamu. Ela terá de saber de tudo. - Explicou a razão pela a qual Airi deveria estar ali na conversa. Oda assentiu com a cabeça e com um braço indicou um espaço mais reservado, um espaço mais escondido para fugir aos olhares de todos.

- Isamu já está em nosso território. - Informou Oda com um olhar sério - Sabe-se que não vêm sozinho e que provavelmente sabe que tem de travar combates. Não temos quaisquer informações dos acompanhantes mas pelo que já sabemos são de uma sociedade de ladrões da País do Fogo. Capazes de muita coisa. - As informações eram rápidas. Oda sabia que não tinha tempo a perder. Olhou uma vez mais para trás e disse - Mizukage não quer travar batalhas nas suas fronteiras, mas se tiver de ser. - Disse Oda esperando agora uma resposta.

- Percebo completamente. - Respondeu de imediato o avô de Airi. A jovem de cabelos vermelhos ainda estava sem perceber nada. Limitava-se a olhar de um lado para o outro, tentando amealhar toda a informação que estava a receber - As batalhas serão travadas fora da Aldeia. Apenas peço uma coisa. - Exigiu o Taiki no olhar atento de Oda - O Mizukage virá a nossa festa e estará cá, prestando homenagem a nova portadora da espada e explicando todo o sucedido à minha família. - Oda assentiu e rapidamente deu a perceber que seria sem problemas. - Eu irei batalhar. - Informou Taiki para surpresa de Airi. Ela nunca tinha visto o seu avô no campo de batalha e, pelos planos dele, não iria ver. Mas era uma surpresa, uma surpresa preocupante, contudo não deixava de ser uma surpresa.

Oda desapareceu no horizonte e finalmente Taiki e Airi entraram na festa, para celebração de todos. Cumprimentos ali, cumprimentos acolá. Era a estrela da festa Taiki, mal eles sabiam, que daqui a nada seria Airi a estrela da festa. No altar preparado estava a mãe de Airi e o pai. Sorriso, um tanto ou pouco arrogante, e uma expressão de poder. Airi olhava para eles tentando prever qual seria a reação deles. Tanto para a novidade do Isamu, como a novidade da nova portadora da Kusanagi. Com passos cuidadosos Taiki foi até ao altar e deixou a Kusanagi ali, bem a mostra de toda a gente. Mostrando todos os detalhes em vermelhos e letras que ninguém conseguia ler. Airi tomou a primeira fila junto ao seu irmão mais novo, o pai Taichi ficou no altar com o seu pai e a mãe Momo juntou-se a Airi, curiosamente, olhando-a com uma expressão de quem já sabia de alguma coisa. Ou de quem já sentia alguma coisa.

- Obrigado por estarem aqui hoje. É daqueles dias hein? - Brincou Taiki - Hoje oficialmente abro a porta da reforma entregando aquilo que me deu muita companhia. Contudo hoje também terei a minha última missão. É verdade. - As pessoas começaram-se a olhar. O que viria aí? - O Mizukage sabe qual é a minha intenção, sabe a minha decisão e por isso mesmo eu tenho a liberdade de, pela última vez, ir servir a minha aldeia. Acho que estou com um pouco de ferrugem, mas tudo se resolve. - As pessoas perceberam. Por outras palavras, Taiki não iria estar nas festividades. E no momento que ele parou de falar, Okashii-sama entrou. Com a sua postura confiante, acompanhado de Oda e outro rapaz, fez com que rapidamente Taiki saísse do altar e antes de desaparecer para além dos portões tocou, carinhosamente, na mão de Airi.

Uma mão que tremia mais que tudo.