家族
O sol penetrava as janelas da casa de uma comum família Uchiha e tornava os corredores mais vivos e levemente alaranjados quando a madeira polida refletia a luz matinal. No segundo andar a porta do quarto dos progenitores se abria, ambos já arrumados para aquele dia especial. Trocaram um sorriso e um beijo carinhoso antes de atravessarem o corredor em direção a cozinha onde prepararam o café da manhã juntos.
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Hoje você fica com a Meru e eu vou acordar a Sekai. — Disse Hosaka dando um beijo na bochecha da esposa e colocando os pratos na mesa. Enquanto Kotonoha pegava uma travessa com algumas frutas e outros itens para um bom desjejum e dispunha na bancada da cozinha.
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Só se você lavar a louça do café da manhã. — A mulher com longos cabelos loiros e olhos purpuras deu um sorriso gracioso e a voz doce preencheu o ar. Ela deslizou de um lado para o outro da cozinha manejando os utensílios com maestria e graciosidade. Não havia como resistir aquele encanto e o homem de cabelos curtos e escuros como a noite jamais tentava resistir, apenas acenou com a cabeça e deu os primeiros passos em direção a escadaria.
As madeiras rangeram sob seus pés enquanto subia os degraus, virou a esquerda no topo da escada e caminhou mais alguns metros até a uma porta a qual tinha uma pequena placa florida pendurada indicando quem ali dormia. Havia um pequeno desenho de um planetoide e o nome: “Sekai” ao lago escrito com dois belos kanjis
(世界) milimetricamente pintados com uma caligrafia impecável. O homem percorreu os dedos pela placa com um leve sorriso e um olhar de quem se lembrara de uma memória feliz, mas com algo trágico. Espantou os pensamento sacudindo a cabeça e então bateu na porta com os punhos cerrados e quando não ouviu a resposta a abriu lentamente e foi adentrando com cautela.
O quarto estava escuro, porém ainda se podia ver os brinquedos cuidadosamente organizados em um dos cantos próximos a uma cômoda com vários pentes e outro matérias como este sob ela. Do outro lado uma escrivaninha com várias folhas de desenhos e algumas tentativas de escrita, uma estante com vários livros infantis e alguns um pouco mais avançados que pareciam nunca terem sido tocados. Hosaka não olhou nada disto, conhecia aquele quarto como se fosse a palma de sua mão, talvez até melhor que sua própria mão, vinha ali muitas vezes ao dia.
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Está na hora de acordar loirinha. — Brincou o policial sentando-se ao lado da pequena figura que encontrava-se embrulhada nos lençóis apenas com a cabeleira áurea espalhada pelo travesseiro. —
Sua mãe já não mandou prender o cabelo antes de dormir? Você sempre reclama quando tem que pentear. —
Hmm… — Gemeu a garota revirando-se na cama e escondendo os cabelos com o seu cobertor.
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Não me faça usar minha técnica secreta dos Uchiha para te tirar daí. — O homem pareceu sério enquanto falava. Sekai saltou da cama com uma cambalhota e aterrissou próximo a porta, o que fez seu pai cair na gargalhada. —
Relaxa loirinha, esses olhos não são feitos para tirar meninas preguiçosas da cama.Os olhos do moreno ganharam a coloração avermelhada e três tomoes rodearam a pupila negra. Sekai conhecia aqueles olhos, o famoso e poderoso Sharingan, a habilidade mais desejada pelos membros do Clã Uchiha e também pela garota. Era a sua cobiça, entretanto também era o motivo de sua desgraça.
Hosako voltou ao normal e caminhou até a menina pegando-a no colo e atravessando o corredor enquanto lhe encorajava a treinar e se tornar uma forte Kunoichi como a sua mãe. As palavras sempre deixavam os olhos rosas da pequena com um brilho diferente, ela sorria e se animava, implorava ao pai para que a treinasse e ajudasse a se tornar tão forte quanto ele. Não era de se negar que Kotonoha e Hosaka tiveram sorte com suas filhas. A mais velha, Meru, formou-se na academia aos 10 anos e agora com 13 estava prestes a se tornar uma Chunnin. Sekai seguia os mesmos passos da irmã, era focada e determinada a ser uma incrível ninja, tinha apenas 7 anos e já era considerada uma Aluna que Excedia as Expectativas, alguns até a chamavam de gênio - algo que ela nunca foi fã de ouvir, nunca se achou digna de tal atribuição.
Enquanto isto…—
Sua pestinha, acha que pode fazer o que quer só porque vai se graduar Chunnin aos 13 anos? — A foz doce de Kotonoha desaparecia quando estava irritada e apenas se era capaz de sentir a raiva emanando pela casa quando a mulher decidia que havia algo errado.
Os passos apressados chamou a atenção do policial, quando olhou para o fim do corredor viu sua filha mais velha correndo pelo teto. Meru era assustadoramente parecida com a mãe de Hosaka, cabelos longos e negros levemente espetados nas pontas, com os olhos densos como sombras e pele clara. A jovem vinha rodopiando pelo teto fugindo de peças de roupa que lhe eram arremessadas pela sua mãe.
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Já disse para não deixar roupas espalhadas e muito menos ficar utilizando Jutsus dentro de casa. — Gritou Kotonoha correndo pelo teto atrás da menina morena. —
Hosaka faça alguma coisa.—
Mas amor, você também está… — Antes mesmo que ele pudesse finalizar a frase foi fuzilado com um olhar enfurecido da esposa que o fez engolir em seco e resolver não dizer mais nada. —
Meru, já chega. Com apenas uma mão o homem realizou um selo que fez com que a madeira do teto crescesse e se enrolasse aos pés da fugitiva e em seguida depositou a garoto no chão ainda com os pés presos. Sekai que estava no outro braço do pai riu com a situação e mostrou a língua para a irmã mais velha que fez uma careta em retribuição. Foi então que o homem sentiu um punho lhe acertar a cabeça.
Ouch. Grunhiu em protesto ao soco.
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Eu já disse para não usar Jutsus dentro de casa, muito menos aqueles que podem deformar a casa. — Bufou a matriarca enquanto os outros se entreolhavam e riam da situação. —
Agora todos vocês vão se arrumar e tomar café, daqui a pouco vamos sair. Não sei se lembram, mas hoje o avô de vocês duas vai fazer um almoço em homenagem a sua graduação como Chunnin, Meru.Kotonoha não precisou falar duas vezes para que as meninas corressem para se arrumar. Uma leve briga para quem utilizaria o banheiro primeiro, depois uma disputa entre filha mais nova e pai para colocar um vestido azulado feito pela mãe de Kotonoha especialmente para Sekai. Então finalmente um café da manhã em família e algum tempo depois estava tudo pronto para partirem.
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Mãe, me deixa ir com o arco. — Sekai tinha os olhos chorosos, suplicava por um pequeno arco para cabelo com o formato de uma coroa de princesa.
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Eu já disse que não. Agora vamos. — Respondeu Kotonoha já abrindo a porta para que todos saíssem.
Enquanto caminhavam na rua Meru se aproximou de Sekai e lhe colocou alguma coisa na cabeça. Quando a pequena tateou soube que era o seu arco de coroa e logo abriu um longo sorriso que depois virou uma risada quando sua mãe repreendeu Meru pelo ato. No fim de tudo era apenas mais um dia comum para uma família feliz de Konohagakure.