- Então, o que é que vamos fazer hoje?
- Hoje, vamos, antes de tudo, falar. Depois logo começamos o treino.
Franzi o sobrolho.
- Como é que espera que eu aprenda alguma coisa de jeito, a falar? – questionei o meu recentemente adquirido sensei nº2 com impaciência. O outro tinha-me abandonado depois de declarar que preferia brincar ás facadas com a sua outra aluna.
Ele, todo sério durante os treinos, ignorou-me.
- Fazes exercicio quantas vezes por dia?
- Quando calha. – respondi, o meu olhar irritado descaindo para uma expressão aborrecida.- Prefiro praticar os meus jutsus e aumentar a minha capacidade de chakra, não conto com a utilização de muito taijutsu daqui para a frente. Não é o ponto forte de uma kunoichi... Mesmo quando estou a praticar taijutsu, dependo muito do meu chakra para causar danos mais fortes. Estava á espera de aprender alguns ninjutsus assim que me fosse atribuido um sensei.
- Mas isso não faz sentido. Dizes-me que os teus pontos fortes são o controlo de chakra e a execução de ninjutsus. No entanto, a tua arma, o bastão, é dependente da força e do nivel de taijutsu do usário. Não é a arma indicada para ti. Porque é que a usas?
Eu suspirei. Já sabia isso há muito tempo.
- ... Acredite em mim quando digo que não consigo usar mais nenhum tipo de arma que não seja bastão. Já o uso desde criança e, por mais que tentasse, nunca consegui mudar.
- Tens a certeza de que queres ficar-te só por isso? Eu vi-te a olhar para as espadas na minha sala de armas, não me importava de te ensinar a usá-las. Senão, vais ter trabalhar seriamente em melhorar a tua constituição e força. No entanto, tenho uma estratégia preparada – se te ficares por bastões, eu dou-te o que te mostrei ontem. O Kaito deu-me a tua ficha da academia, e eu percebi logo que, para as tuas capacidades, a longo termo o bastão não ia resultar.
Foi a pensar nisso que te arranejei um que é condutor de chakra. Enquanto o usares, podes melhorar o teu controlo, e ao mesmo tempo aumentar a tua força e taijutsu. Depois disso, começo a ensinar-te ninjutsus a sério e a tomar partido das tuas verdadeiras habilidades. No entanto, não vais poder ficar-te pelo bastão durante muito tempo – tenciono tomar partido dele enquanto não tiveres grande controlo de chakra, mas depressa vais-te fartar e ele vai limitar-te. Algures nessa altura, vou ter de te ensinar Kenjutsu a sério. A tua agilidade, resistência e velocidade são mais propiciadores a armas cortantes. Combinadas com força e precisão adquiridas com um bastão, podemos ter bons resultados.
Anuí seriamente. O homem antes podia parecer idiota, mas agora estava cada vez mais certa de que era tudo a fingir.
- Fico-me por um bastão.
- Óptimo, agora começa o verdadeiro treino. Usando bastão ou não, constituição, taijutsu e força continuam a ser indispensáveis. Vou começar por impingir-te... isto! – e sacou de dois pedaços de ferro amarrados a uma tira de tecido. Donde é que vinham, não sabia, mas perigosos não pareciam.
- O que é isso? – inquiri, já começando a reformular as minha opiniões sobre a maluquice do homem.
- Isto, - disse ele, elevando os objectos ao nivél dos ombros – são os teus novos melhores amigos: os pesos!
E, dito isto, lançou os meus novos melhores amigos na minha direcção. Bastou isso para eu perceber que não os chamavam pesos sem razão – mal os conseguia aguentar nos meus braços.
- O que é que é suposto eu fazer com isto? – perguntei, olhando para as estranhas barras de metal. O seu único adorno era uma fita que pendia de cada uma delas. Talvez tivesse que as atirar?
- É apenas um pequeno teste. Vais ter de subir aquela árvore com os pesos. - e apontou para uma árvore normal, fina e com ramos longos. Não era diferente de qualquer uma presente naquele campo de treino que simulava uma floresta.
- Okay. – dei um pequeno sorriso: o exercicio era fácil para qualquer aluno da academia. Pelos vistos o meu novo sensei não gostava de desgastar os alunos, algo sobre o qual estava grata.
- Já agora, - interrompeu Tatsugaki antes que eu pudesse começar a trepar – não podes usar chakra.
O meu sorriso quase instantaneamente evaporou-se. Trepar uma árvore sem chakra e com 10kg extra ás costas?
- Sem chakra? – perguntei, incrédula. As minhas esperanças de que tivesse ouvido mal desapareceram assim que ele anuiu.
Suspirei desesperadamente. Queria queixar-me e refilar, mas o meu orgulho impediu-me. Ele estava a testar-me, de alguma maneira eu teria de conseguir fazer aquilo – não queria que me tomassem por fraca.
Sem mais palavras, comecei a primeira de muitas das minhas muitas tentativas para subir a árvore :
Atei os pesos aos braços – depois de subir menos de um metro, cai de cabeça no chão.
Atei-os ás minhas pernas – mal me levantei do chão cai de rabo.
Atei-os ás costas – consegui subir dois metros quando voltei a cair. Tentei mais algumas vezes mas não consegui ir muito mais longe.
Após algum tempo, apesar de ter feito inumeras combinações com os pesos e ter tentando trepar a árvore ainda mais vezes, continuava a não subir pouco mais que dois metros.
Cansada e ofegante, poisei os pesos e sentei-me no chão, olhando para eles como se só isso os conseguisse derreter, tentando descarregar a minha raiva naquele objecto que me impedia de fazer quaisquer progressos.
Estava consciente dos olhos de Tatsugaki nas minhas costas, que ainda não se tinham movido de lá desde que começara o treino. Ele fazia alguns comentários e ria-se quando eu caia, mas nada que se intrometesse ou me ajudasse a completar a tarefa – claro que já lhe tinha mandado os pesos á cabeça uma vez ou duas, mas nada de fatal.
-Vá lá Suki, não sabia que eras assim tão fraca!...
Mandei um olhar mortifero na sua direcção, mas ele mal reagiu. Por alguma razão, isso fez-me ainda mais determinada a subir a árvore sem chakra.
Voltei a pegar nos pesos e concentrei-me neles.
De repente, tive uma ideia. Se soubesse que concentrar-me era assim tão eficaz, de certeza que já o tinha feito
As fitas eram bastante grandes... talvez servissem para algo mais?
Entusiasmada com a minha subita ideia, levantei-me e a tei-as num laço forte. Enrolei a a corda improvisada á volta da árvore, pegando nos pesos em cada mão. Encostei a sola do pé na árvore e comecei a andar. A fita impedia-me de cair para trás.
Haha, digere lá isto sensei! Pensei, enquanto alcançava quatro metros da árvore. A técnica era desgastante, e, quando cheguei ao topo da árvore de 20 metros, já estava bastante cansada. Mesmo assim, ainda consegui mandar um sorriso triunfante na direcção do sensei, que me olhava com um pequeno brilho de orgulho nos seus olhos enquanto subia a árvore com o seu chakra. Não demorou a alcançar-me.
- Suki-chan, conseguiste! – apanhou-me de surpresa, dando-me um abraço esmagador. Onde é que estava a seriedade e responsabilidade supostamente presente nos treinos? Talvez ele fosse bipolar?
- O treino acabou? – perguntei, tentando não soar esparançosa.
- Nem está perto. – retorquiu, para meu grande desgosto. Talvez um dia eu acordasse e descobrisse que a minha vida inteira tinha sido um sonho, e que era apenas uma rapariga normal e pacifica que trabalhava numa padaria, que não tinha de treinar nem obedecer ao Mizukage e que certamente podia fugir a sete pés assim que confrontada com perigo. Mas não, eu era uma kunoichi. – Agora vais ter de saltar de ramo em ramo, mas, desta vez, com pesos mas também com chakra.
Eu olhei para os ramos e para baixo, confirmando as minhas certezas de que, se desta vez caisse, ia para casa com muitos ossos partidos. Mesmo assim, parecia bastante fácil com chakra.
- Não te preocupes, - disse Tatsugaki jovialmente, como se lendo a minha mente – desta vez vais andar com pesos a sério. Objectivo – chegar até ali – e apontou para uma árvore a 100 metros dali, com uma kunai a marcá-la. – sem cair. Quando arrancares a kunai, vais ter de voltar mas sem usar chakra. Eu vou atirar-te balões de água. É melhor desviares-te ou levas com um em cima.
Ele presenteou-me com um sorriso ainda mais largo.
Eu retribui com um olhar ainda mais maléfico.
Inafectado pelas minhas ameaças silenciosas, tirou de debaixo do casaco quatro pesos mas com duas fitas e mais pequenas. Deu-mas e eu atei-as nos braços, contente por ver que até eram bastante leves. Contente, isto é, até o Tatsugaki vir-me dai com uma explicação qualquer sobre controlo de chakra e aumentar o seu peso depositando o mesmo naquele estranho ferro. Ensinou-me a fazer o mesmo com os três pesos restantes,e eu ainda me debati com a quantidade de chakra até meter tudo certo.
- Okay, estou pr- GAHH – gritei, desviando-me dum balão de água por meros centimetros, desiquelibrando-me por não estar habituada ao peso extra. Chakra foi a única coisa que me impediu de cair antes do balão rebentar e salpicar-me toda.
De seguida veio outro, e outro, e mais outro, e compreendi que teria de agir rápido se não quisesse ficar encharcada dos pés á cabeça.
Por isso, corri o mais depressa que pude pelos ramos, o que não era assim muito depressa com 15kg extra de carga ás costas. Aquilo que parecia uma pequena distância levou-me uma eternidade a percorrer. Evitei os balões escondendo-me atrás das árvores, e, em pouco tempo, já tinha percorrido 90 metros dos 100 – as minhas expectativas estavam tão altas que quando vi dois balões a virem ambos na minha direcção pelos meus lados, só consegui pensar que não conseguiria fugir antes de, por instinto, fazer o Kawarimi no Jutsu e substituir-me por um pequeno ramo a 5 metros de distância. Evitei mais dois balões antes de arrancar a kunai e deitar-me, ofegante, em cima de um ramo. Dois segundos depois levei com um balão na cabeça.
- Era suposto continuares mas sem chakra! – ouvi Tatsugaki gritar nas minhas costas. O meu cansaço não me permitiu responder. Os musculos doiam-me e as minhas reserva de chakra estavam já no seu limite.
- Posso só descansar dois minutinhos? – perguntei esperançosamente. Ele olhou-me criticamente antes de anuir.
Dois minutos depois, estava a correr desiquelibradamente pelos ramos. Tatsugaki tinha tido pena de mim e já não me atirava balões – desta vez eram ramos, que não me molhavam mas que dificultavam muito o meu espétaculo equilibrista. Perdi conta dos ramos que me atingiram e das vezes que quase caí.
Assim que acabei o meu treino, desci a árvore e deitei-me na relva verde e lustrosa do campo de treino. Adormeci quase instantaneamente, mal tendo a noçao de que Tatsugaki havia pegado em mim e levado para casa.
------------------------------------------------
*needs to sleep or will die*
Este treino custou MUITO a fazer - por isso aviso desde já que está numa qualidade péssima mas que, infelizmente, não deu para mais. Vou tentar postar mais um antes do torneio genin mas nao acredito que consiga.
Já agora, a primeira parte do treino de subir a árvore com os pesos foi roubada do filme Mulan...
i phail.