Olhava para Ace com um olhar confiante, distinto daquele que assumi no último embate. Ace assumia uma posição desconfortável, via-se que não se apresentava tão seguro da vitória, tinha os braços cruzados em frente ao peito, mas evitava o meu olhar e notava-se o nervosismo nos seus movimentos.
- Parece que os papeis se inverteram, não pareces muito confiante. – Provoquei, esperando pela sua reacção.
- Achas? Não estejas tão confiante, olha que te sai o tiro pela culatra. – Respondeu ele. A sua voz saia um pouco tremida, e eu começava a pensar se era apenas o combate a fonte do seu nervosismo, eu não estava assim tão forte para intimidar assim tanto um adversário que há meses atrás me havia derrotado num piscar de olhos.
- Hoje é um dia muito importante. – Começou Ace. – É o dia em que o mundo ficará livre de uma das suas maiores ameaças, a tua morte significará a paz e a vida para milhares de pessoas, é o dia em que estaremos à prova e que teremos a oportunidade de ganhar um lugar junto dos Deuses. – Ace elevou as mãos ao céu, após um apaixonado e intenso discurso. – É o dia em que jogaremos as cartas que decidirão que vencerá, se o bem ou o mal!
Dito isto, as cartas de Ace saíram da bolsa de couro disparadas para a sua frente. Começaram a separar-se do baralho muito lentamente, uma a uma, iam-se dispondo em seu redor de forma aleatória. Ace estalou os dedos e 5 cartas saíram na minha direcção. Rapidamente retirei uma Shuriken e, após fazer os selos, realizei o Mizu Shuriken Bunshin no Jutsu aproveitando a água de um dos pequenos lagos da região, multiplicando as Shurikens e projectei-as contra as cartas, que foram perfuradas. Mas não havia reparado que algumas das cartas eram Kibaku Fuudas que rebentaram e me projectaram para trás com a explosão. Coloquei os braços em frente à cara, à medida que rodava no ar, aterrando em pé. Olhei em frente e vi Ace a preparar o seu próximo ataque.
- Ka-do Ryuu no Jutsu (Técnica do Dragão de cartas). – As cartas aglomeraram-se assumindo a forma de uma dragão que avançou na minha direcção. Reconhecia aquela técnica como a que havia terminado o ultimo combate, o dragão composto por cartas cortantes, se me engolisse era o meu fim. Reagi o mais depressa possível, realizei os selos rapidamente, concentrei o chakra na palma da minha mão e bati com ela no chão á medida que gritava: “Kuchyose no Jutsu!”
Uma nuvem de fumo surgiu, seguido de um grito de dor, por entre o fumo surgiu Anima, a enorme criatura representativa de toda a dor humana foi brutalmente atingida pelo dragão, libertando uma chuva de um liquido negro espesso, que deduzi ser o sangue daquela criatura. A criatura gritava e rugia, fazendo o chão tremer perante o impacto do Jutsu, quando terminou o tronco da criatura estava meio desfeito, lentamente via-se a revirar emitindo sons pouco agradáveis, de osso e carne a quebrar e a unir, desapareceu numa nuvem de fumo, deixando no chão um enorme molho de cartas, completamente destruídas.
- Mas que era essa criatura? - Perguntou Ace, pasmado pelo espectáculo horrendo proporcionado pela criatura.
- Apresento-te Anima, uma das minhas almas. – Respondi com um sorriso no rosto.
- Esse poder… - Reparei que gaguejava ligeiramente impressionado com Anima.
Era hora de passar eu à ofensiva, corri na direcção de Ace que recuou um pouco assumindo uma posição defensiva. Saltei contra ele tentado atingi-lo com um pontapé aéreo mas que ele conseguiu deflectir com o braço esquerdo, rapidamente rodei sobre mim aplicando um pontapé rotativo alvejando a sua cara, mas os rápidos reflexos de Ace permitiram-lhe esquivar-se do ataque ao agachar-se. Aproveitando o movimento de Ace, tentei aplicar um “Downcut” (É um uppercut para baixo lOl), que o atingiu em cheio no pescoço, mas fui surpreendido quando este se desfez em dezenas de cartas que se espalharam pelo chão. As cartas começaram a rodar em meu redor em remoinho, fazendo ligeiros cortes ao longo do meu corpo, com a visão bloqueada e com um zumbido intenso a percorrer-me os ouvidos, tive dificuldades em raciocinar, tentei apelar à Anima, mas a alma ainda se encontrava em repouso, num acto de puro desespero, concentrei uma grande quantidade de chakra na mão direita, fiz os selos de forma algo atabalhoada mas eficaz e gritei: Katon, Bakufuu Kazan!
O chão por debaixo de mim estalou, revelando pequenas falhas de cor vermelha que “rebentaram” elevando uma torrente de chamas e rocha em meu redor queimando tudo aquilo que tocava. Senti algo a bater-me nas costas, provavelmente um rochedo libertado na explosão, talvez Ace, mas quando abri os olhos constatei que as cartas havia desaparecido ou talvez fosse a enorme nuvem de fumo e poeira que me dificultava a visão. Entre o fumo apelei a toda a sabedoria que havia adquirido com a experiencia em combate e engendrei um estratégia. Deixei cair um joelho, tinha grande parte da roupa esfarrapada e alguns cortes enfeitavam-me os membros e tronco. Ace encontrava-se a alguns metros protegido por uma parede de cartas, apenas com um pequeno espaço ao nível dos seus olhos. Levantei-me lentamente (mesmo á boss
), enquanto que Ace, desfazia a parede e avançava na minha direcção, o meu chakra já começava a faltar e a minha condição física não estava no seu melhor, algum sangue manchava-me a visão e a minha audição era preenchida por um “pi” irritante. Um cemitério de cartas meio destruídas estendia-se ao meu redor, Ace entrou na área repleta de cartas… e lixou-se.
- Kai! – Ao som da minha voz foi acrescentado o estrondo das Kibaku Fuudas camufladas entre as cartas “mortas”, atingindo Ace com a explosão, este saltou no ar fugindo ao impacto da explosão, mas uma vez mais, foi má ideia. Por detrás de Ace surgiu um Bunshin que o agarrou pelas costas, deixando-o imobilizado. Fiz alguns selos e executei o Suiton, Wana Funsha (Jacto Pegajoso), Ace incapaz de se esquivar ficou colado contra uma árvore, destruindo o Bunshin com o impacto.
- É o fim! – Apelei á única alma que poderia chamar de minha, o pouco chakra que me restava mudou de cor, assumindo um Cinzento Escuro, entre as minhas mãos começou a formar-se uma esfera de chakra altamente concentrada.
- Shoukyaku! – Lancei a esfera de chakra que deixou um pequeno rasto para trás (semelhante a um cometa), e atingiu Ace brutalmente, uma explosão de um cinzento intenso reflectiu no céu, alterando a sua tonalidade.