Abriu os olhos. Um cheiro estranho invadiu-lhe os sentidos. Aos poucos foi reconhecendo o local.
Porque raio estava ele no hospital?
Tentou lembrar-se, mas tudo o que conseguiu foi uma dor de cabeça. A última coisa que se lembrava era ter estado debaixo de água para fugir ao ataque do seu sensei.
– Acalme-se, menino, não se devia levantar sem termos acabado todos os exames! – Disse a enfermeira enquanto Michael se saia da cama.
Andou um pouco. Não o devia ter feito, pois agora além da dor de cabeça estava com tonturas.
Do lado de fora do quarto ouvia umas vozes a discutirem.
De rompante a porta abriu-se e um vulto atirou-se a ele, deitando-o ao chão. – Porque é que fizestes aquilo ao meu pai?!
A voz era-lhe familiar. Olhou bem para a figura que estava em cima de si. Kyra Ibukoy. Também conhecida como “a filha de Kawasu-sensei”. Antes que pudesse reflectir sobre o que ela tinha acabado de dizer, Kyra foi bruscamente retirada de cima de si, quando estava prestes a dar-lhe um soco.
– Kyra, pára! Eu disse-te que ele não teve culpa. – Ouviu Kawasu dizer.
Levantou-se rapidamente, fazendo esforço para não perder o equilíbrio. Viu que o seu mestre estava a agarrar bem a sua filha e que esta o fulminava com o olhar. – Irás pagar por isto Hyage. Irás pagar no Exame Chunnin! – E com isto a rapariga deixou o quarto, fechando a porta com toda a força, fazendo a enfermeira estremecer.
Michael olhou para o seu sensei. Ele estava sem camisola e tinha ligaduras na zona do seu ombro direito. As calças que tinha usado no treino estavam manchadas. Com sangue.
Olhou para as suas próprias roupas que estavam pousadas sobre uma cadeira. Também tinham sangue. – O que é que se passou?
– Michael não tiveste culpa nenhuma, eu não…
– O que se passou! – Gritou Michael, interrompendo o seu mestre.
Entretanto a enfermeira saiu do quarto e Kawasu começou a falar. – Isto foi apenas um corte. Não te lembras de mo teres feito?
Michael pensou por breves momentos. Lembrava-se do doce cheiro a sangue e da textura agradável deste. – Não… não me lembrou.
Kawasu encolheu os ombros. – Bem, é normal, também estavas quase sem chakra que até caíste de exaustão.
Porque é que lhe parecia que ele estava a mentir?
– A tua mãe deve estar a quase a chegar para te dar alta o mais rápido possível.
Sorriu ligeiramente. De facto a sua mãe já sabia que ele odiava estar no hospital quando o doente era ele mesmo.
Michael estava tão concentrado no problema anterior que quase se esquecia. – Então o que é que a Kyra quis dizer com o Exame Chunnin?
– Pois, ela estragou a surpresa. – Disse Kawasu aborrecido. – Não se pode contar com as mulheres para guardar um segredo – Sussurrou. – Bem, eu tive a pensar e achei que talvez já tivesses preparado para fazer o Exame Chunnin.
– Pois, mas primeiro tem de sair deste hospital – Disse uma voz feminina.
Quando olhou para a porta viu Ryu e Yoichiro.
– Eu cá não sei, ouvi nos corredores que ele acabou de levar uma sova de uma rapariga! – Disse Yoi no seu largo sorriso.
– Tens alguma coisa contra as raparigas darem uma sova aos rapazes? – Perguntou Ryu num tom bastante ameaçador, que fez Yoi encolher-se. Era melhor nem responder.
– Então vocês também veêm? – Perguntou Michael.
Ambos fizeram uma careta. – O sensei pensa que não estamos preparados.
Michael olhou para Kawasu. – É verdade. Tu só vais porque és mais velho. – Respondeu.
Já em casa, começou a preparar as coisas que ia precisar para ir para Konoha.
Estava a arranjar os livros de estudo quando a sua mãe entrou no quarto. – Tens uma rapariga lá em baixo à tua espera.
Uma rapariga? A sua mãe tinha um sorriso demasiado feliz.
Espero sinceramente que não esteja a imaginar nada, pensou Michael, enquanto descia as escadas.
Quando viu que era Kyra, rezou para que a sua mãe não tivesse ficado com a ideia errada.
– Estou aqui apenas porque o meu pai me obrigou, por isso o que tenho a dizer vai ser bastante rápido. – Começou a rapariga. – Queria pedir-te desculpa pelo que aconteceu ontem no hospital. Não pensei claramente quando ouvi que tinhas magoado o meu pai. – Fez uma vénia atenciosa.
Michael ia começar a falar, mas foi interrompido – Isto não quer dizer que vá ser misericordiosa contigo se te encontrar no Exame Chunnin, muito pelo contrário.
Kyra cortou novamente a sua intenção de falar. – Eu dou com a saída.
Desta vez a porta não bateu com tanta força quando ela a fechou.
Nem tinha tido hipótese de dizer alguma coisa. Por alguma razão ela nunca tinha ido muito com a cara dele.
Suspirou.
Mulheres!Subiu as escadas, novamente para o seu quarto.
– Então, a Kyra já foi? – Perguntou a sua mãe
Michael olhou para ela em tom de gozo. – Admira-me que não tivesses a ouvir a conversa. – Depois da sua mãe revirar os olhos o melhor que sabia, continuou: – Já, não tinha muito a dizer. – Na verdade, não tinha feito outra coisa senão falar!
A sua mãe sorriu. – O teu pai voltará a tempo de te ver partir para Konoha.
Acenou e entrou no seu quarto. Voltou novamente para a estante de livros para escolher uns quantos para estudar. Mas uma coisa não lhe saía da cabeça. Kyra Ibukoy iria ser uma interessante adversária.
Um pequeno filler para dizer que a personagem vai para o Exame Chunnin (a ver se consegue alguma coisa )