Manhã
Tinha passado a 2ª fase, enfim. Não tinha corrido muito bem, mas o que interessava mesmo era que tivesse saído de lá vivo, pelo menos.
Estava tão concentrado nisso que estava a andar sem olhar para o mapa que o seu sensei lhe tinha dado, de modo a encontrar o sítio onde iam treinar.
Teve de recuar uns passos para virar no sítio certo. Bolas, Konoha era uma vila difícil para se encontrar um campo para treinar.
Viu o seu sensei ao longe e soube que tinha chegado ao local. Reparou, enquanto apressava o passo, que a arena era completamente seca, sem qualquer vestígio de água. Hmm, então parece que hoje não é para treinar com Suiton. – Bom dia, Sensei.
– Estás atrasado. – Disse Kawasu severamente.
Michael ergueu uma sobrancelha. Não era normal o seu sensei estar tão mal disposto logo pela manhã. Na verdade, até era a parte do dia em que estava mais bem-humorado.
– Hoje vamos treinar a tua resistência e a tua força, essencialmente. Depois talvez possamos treinar um pouco o Ninjutsu, se ainda tiveres chakra. – Acrescentou morbidamente.
Do saco que trazia às suas costas, Kawasu tirou uns pesos. Atirou-os a Michael e disse para os usar. – O teu objectivo agora irá ser trepar aquela árvore. – Disse apontando para a mais alta que se encontrava na zona onde estavam. – Depois irás fazer uma elevações pendurado no ramo mais alto… até eu dizer para parares.
O shinobi de Kumo colocou os pesos nas pernas, braços e cintura. Mal se podia mexer com tudo aquilo. Depois Michael olhou para a árvore. O seu sensei estava à espera que subisse aquilo tudo com aqueles pesos até quando lhe apetecer? Estava cheio de sorte!
– Não sei do que estás à espera. Podes começar.
Michael ignorou o comentário do seu sensei e iniciou uma rápida corrida. Começou a canalizar o chakra pelas suas pernas. Quando chegou perto da árvore deu um pequeno salto na sua direcção e canalizou chakra que pensava ser suficiente para aguentar consigo e com os pesos.
Quando pousou o primeiro pé na árvore, a parte superficial desta quebrou-se, fazendo Michael cair. Conseguiu apoiar-se nas mãos ao cair, para não sofrer quaisquer danos.
Olhou para o tronco. Tinha aplicado demasiado chakra o que acabou por desfazer o seu suporte.
Voltou uns passos atrás para iniciar novamente a corrida. Agora estava a canalizar menos chakra. Quando voltou a por o pé conseguiu segurar-se, mas no segundo passo caiu de novo.
Desta vez tinha aplicado chakra a menos.
Levantou-se novamente. Desta vez não iria correr para dar balanço, primeiro iria tentar descobrir a quantidade de chakra que seria certa para subir.
Colocou o primeiro pé no tronco da árvore. Ajustou a quantidade de chakra que fazia fluir pelo seu pé de modo a esta ser a correcta para se aguentar, sem quebrar e sem cair. Quando achou essa porção de chakra, deu o segundo passo, canalizando a mesma quantidade de chakra para o seu pé esquerdo. Por momentos sentiu que esta quantidade não era suficiente, por isso aumentou ligeiramente. Olhou depois para o tronco. A superfície que rodeava o seu pé estava um bocado rachada. Vendo isto Michael diminuiu outro bocado a quantidade de chakra.
Estava agora unicamente dependente da sua concentração de chakra, pois já não estava de qualquer modo apoiado ao chão.
Quando estava finalmente equilibrado, Michael iniciou uma rápida corrida para subir a árvore. Ao longo desta ia escorregando, por vezes, visto que ainda estava a testar estes novos pesos que trazia consigo.
Por fim chegou ao ramo por onde deveria segurar-se para fazer as elevações de braços. Canalizou a mesma quantidade de chakra que tinha nos pés, para as mãos. Lentamente, e com cuidado para não cair, Michael pousou a primeira mão no ramo. Como este não quebrou, Michael canalizou chakra para a sua mão direita para também a pousar sobre o ramo. Quando viu que estava seguro, removeu os seus pés do tronco e ficou apoiado apenas pelas mãos.
Decididamente tinha de emagrecer! Este peso todo não podia vir somente dos pesos que trazia consigo, pois não?
Quando ia na sua vigésima elevação, Michael basicamente já estava a suar por todos os lados.
– Michael, não abrandes! – Exclamou o seu sensei.
Claro, para ele é fácil de falar, pensava Michael,
sou eu quem está aqui! Aquando deste pensamento, o jovem shinobi de Kumo viu o seu mestre pegar num saco enorme que jurava não o ter visto no início do treino. De lá, viu tirar duas bolas que aparentavam pesadas.
De um momento para o outro, viu as duas bolas irem na sua direcção. A primeira conseguiu desviá-la com um pontapé, porém a segunda acertou-lhe nas costelas. A dor não foi de todo agoniante, porém distraiu-o ao ponto de alterar a quantidade de chakra que fazia correr nas suas mãos. Esta alteração fez com que deixasse de estar seguro ao ramo e estivesse agora a cair.
Teve de esbarrar contra dois outros ramos para conseguir voltar a agarrar-se a algo. Felizmente estava agora com os pés e mãos seguros no tronco devido ao chakra que estava a usar.
Era simplesmente perfeito quando o seu sensei começava a bombardeá-lo com bolas de madeira sem o avisar. Simplesmente perfeito!
Sem olhar para o seu mestre, voltou a subir a árvore.
Estava de novo suspenso no ramo, quando o seu mestre voltou a atirar as bolas. Desta vez aplicou chakra na sua perna para destruir a primeira. Em seguida inibiu os músculos dos seus braços e fez elevar todo o seu corpo, encolhendo-o e escapando à segunda bola.
Continuou com os braços no ramo quando o seu sensei começou a atirar a terceira ronda de bolas.
A primeira conseguiu destruí-la quando canalizou chakra para o seu pé direito. Da segunda desviou-se quando elevou todo o seu corpo. Na terceira largou uma das mãos do ramo – quase fazendo-o cair – e desfez a bola com o seu chakra. Na quarta torceu o sei corpo para o lado direito e sentiu a madeira a passar-lhe mesmo de raspão, junto às roupas. Na quinta, que se dirigia para os seus braços, deixou-se cair para o ramo abaixo de si, desviando-se desta.
– Muito bem. Acabamos por aqui. Vai comer qualquer coisa e volta aqui daqui a uma hora.
Michael canalizou o seu chakra para os pés, de modo a descer com segurança.
Tarde
Kawasu já estava a olhar para o relógio quando Michael chegou ao local de treinos.
– Agora quero-te a fazer bunshins. O teu objectivo será fazer pelo menos cinco.
Cinco? Não se lembrava da última vez que tinha feito tantos de uma só vez! Nas batalhas em que tinha entrado ultimamente tinha de poupar chakra, daí não ter feito tantos de uma só vez.
Olhou para o seu mestre. Parecia que ele estava à sua espera para começar.
Absteve-se de algum comentário e concentrou-se.
Bode. Cobra. Tigre. Começou a fluir chakra em todo o seu corpo, com a intenção de criar cópias de si.
–
Bunshin no Jutsu! Duas cópias de si apareceram à sua frente. A felicidade de ter feito aquilo ia começar a apoderar-se de si, quando viu dois shurikens destruírem as suas cópias. Sabia que o seu mestre queria mais sem ter sequer de olhar para ele.
Concentrou-se. Bode. Cobra. Tigre. O seu chakra fluiu novamente. Do peito até às pernas. Da barriga até aos braços, como se fosse água de um rio.
Olhou para o seu sensei. – Para que foi isso?
– Eu disse cinco e não somente dois!
Michael reprimiu parte da sua raiva. Porque raio estava ele tão rude hoje? O que tinha ele feito de mal?
Bode. Cobra. Tigre. Aumentou para ligeiramente mais do que o dobro a quantidade de chakra que tinha usado anteriormente. Pela primeira vez sentiu que o seu chakra corria a uma velocidade anormalmente depressa. Quando libertou essa quantidade de chakra sentiu que tinha feito mais cópias de si.
Olhou para a frente. Seis cópias. Olhou para o seu sensei novamente. Não mostrava quaisquer sinais de ter mudado o sentimento na sua face.
Kawasu suspirou. – Muito bem. Agora penso que estás pronto.
Michael ergueu uma sobrancelha. – Pronto para quê?
– Hoje vais aprender uma nova técnica. – Viu nos olhos do seu aluno a felicidade de aprender algo novo. Sabia que era uma coisa que sempre tinha gostado… aprender. – Mas antes que fiques demasiado feliz, deixa-me dizer-te que vais precisar de muito mais do que simplesmente criar uns quantos bunshins.
Michael travou os sentimentos de lhe fugirem, ficando mais sério. – O que é que tenho de fazer.
Kawasu finalmente mostrou um sorriso. – Vais sofrer Genjutsus.
Boa! Iria ser bastante divertido, enquanto a sua mente era enganada sem ele saber fugir.
– Preparado?
Para a sua mente sofrer? Sempre!
Mal tinha acabado de ter este pensamento, o sítio onde se encontrava tinha mudado. As árvores tinham ficado mais baixas, algumas delas até desapareceram. O podia agora ouvir um rio correr mesmo atrás de si. Nuvens tinham aparecido, que não estavam lá antes. E o seu sensei tinha desaparecido.
Concentra chakra no teu cérebro.Ouviu uma voz ribombante dizer isto. A voz do seu sensei. Este homem ficava mais estranho a cada dia.
Focou-se no objectivo. Aprender a técnica de cancelamento de ilusões. Canalizou uma boa parte do seu chakra para a sua cabeça. Fez o selo do Tigre. Kai.
Olhou à volta. Ainda não tinha funcionado.
Canalizou novamente chakra para a parte mais superior do seu corpo. Tigre… Kai!
Olhou à sua volta. As árvores estavam novamente altas. O rio tinha desaparecido e o seu sensei estava à sua frente.
– Bastante bom. Mas agora vamos tentar algo mais forte. Se não conseguires, não tem problema, é normal para um iniciante.
Michael ficou atento. Viu o seu sensei fazer o selo do boi, seguido do selo do rato.
–
Magen, Narakumi no Jutsu. – Murmurou.
Michael sentiu a sua visão mudar. De repente viu pessoas que conhecia. Mas algo de diferente havia. O dia tornou em noite num piscar de olhos. Mas algo de diferente havia. O seu coração começou a bater de uma forma irregular.
Mas algo de diferente havia!As pessoas que via estavam cobertas em sangue. Os cortes que tinham eram simplesmente horrendos. E por momentos, sentiu-se paralisado. As suas mãos começaram a tremer. Mas de um momento para o outro a raiva tomou conta do seu corpo… enquanto uma réstia do seu ser mais racional gritava dentro de si para que agisse de forma correcta.
Ao contrário da última vez em que tinha sentido isto, desta vez ouvi essa voz racional. Rapidamente lembrou-se do que o seu sensei tinha dito. Não se importou em usar todo o resto do seu chakra e canalizá-lo para o seu cérebro. Fez o selo do tigre.
Kai!Não tinha resultado.
Kai! Kai! KAI!Mas isso não tinha resultado.
Como tinha usado todo o seu chakra, começava agora a ter a sua visão mais toldada.
Tudo parou repentinamente. Sentiu-se ser segurado pelo seu sensei, provavelmente para não cair.
Quando recuperou olhou para o seu sensei. Não parecia muito feliz e não falou.
– Posso perguntar, sensei, porque hoje está tão rabugento?
Kawasu suspirou gravemente. – Michael, eu estou a treinar-te para sobreviveres. Achas mesmo que poderás vencer o teu próximo combate?! Atenta ao teu adversário! Estou a treinar-te para não morreres na arena!
A verdade é que não sabia muito sobre o seu adversário ainda, apenas que era umas quantas vezes mais forte do que ele.
– Sabes, Michael, estou realmente orgulhoso que tenhas chegado até aqui, mas a partir daqui não é para brincadeira.
Michael pensou por momentos nisto. E depois sorriu. – Isto tudo é por ter ficado chateado porque eu fui treinar um sensei de Konoha, não é?
Kawasu sorriu e ajudou-o a levantar-se. – Vai é descansar. Amanhã estaremos aqui novamente, à mesma hora.
Assunto: Treino - Sem mais brincadeiras... 
Sex 18 Dez 2009 - 0:01
