A vila de Konoha sempre foi muito simples e pura.
No centro encontram-se as casas dos clãs mais importantes e à medida que nos aproxima-mos do grande muro de pedra antiga, encrespado e robusto de um cinzento acastanhado, já desgastado pelo passar dos tempos. As casas, à semelhança da vila, possuem linhas de construção e decoração comuns e elementares, variando apenas em cor e tamanho conforme o número de habitantes. As cores, por sua vez, pertencem a uma gama muito clássica variando entre os tons brancos a castanho passando pelos amarelos. Cada habitação tem na entrada uma identificação, uma placa com o nome do respectivo clã em que o material variava conforme as posses dos mesmos, mármore para os mais afortunados e barro para os menos afortunados, para que a comunicação se processe de modo eficaz e eficiente.
Por entre as ruas irregulares que se cruzam como se fossem laços, passeiam muito tranquilamente os habitantes de Konoha, pessoas muito tradicionais e que transmitem simplicidade, que a pouco e pouco desgastam o cimento arenoso que pavimentava as ruas.
Em volta deste centro de casas e estradas, mas, já no exterior da fortaleza encontram-se grandes áreas densas de floresta, nas quais os aromas refrescantes das flores presenteiam os forasteiros que ao longe caminhavam. Visto de cima estas áreas assemelham-se a uma paleta de cores e tamanhos, nos quais, as mais vivas e altas encontram-se perto da fortaleza da aldeia e desde esse ponto diversifica de inúmeras maneiras, resultando assim numa interessante paisagem cheia de relevos e vida.
Ao longe da vila era de notar os cinco grandes e bem definidos bustos embutidos nas majestosas “costas” da Terra. Por entre toda esta paisagem pacífica encontra-se um grandioso edifício encarnado, cujo seu cimo serve de miradouro, finalizando com um adorno muito estético, um Kangi, de significado fogo, essência desta vila, que se situa ligeiramente abaixo do varandim do miradouro.
E é nesta pacata e simpática vila que Ayano vive, sendo ela uma excepção à regra. Detentora de grande destreza motora e uma personalidade extremamente complexa e bem decalcada, Ayano tornou-se cada vez mais recolhida, isto porque com apenas nove anos tomou consciência que o seu pai nunca mais regressaria, tinha sido dado como morto numa guerra que já tinha terminado, mas o paradeiro do seu pai nunca encontrado.
A situação foi-se agravando de ano para ano, a mãe, uma pessoa já de si deprimida, com a notícia que recebeu acerca do marido, entrou em depressão profunda e com o passar dos anos, por consequência, tornou-se demente.
No entanto, Ayano vivia com a sua mãe mas também com os seus avós paternos que a apoiavam e ajudavam incondicionalmente.
Os anos foram passando e com quinze, Ayano iria passar por um dos momentos mais traumatizantes da sua vida. Era o primeiro dia de Primavera, em Konoha, as flores começavam a desabrochar, os animais a sair das tocas, o tempo a aquecer e no ar pairava “prosperidade”, porém os ventos de este não traziam esse mesmo sentimento para Ayano e algo de grave se iria passar.
Acabava de chegar a casa quando de repente, ouve algo a partir-se, mas estava tão no seu “mundo” que nem quis saber e assim dirigiu-se para o quarto. Deitou-se de barriga para baixar aquele seria mais um dia para esquecer e por isso queria ficar a pensar e recordar os pequenos momentos bons que teve.
Todavia, na casa o ambiente estava estranho. Houve um grande silêncio como se ninguém estivesse lá dentro e depois gritos, da mãe, raivosos que se aproximavam cada vez mais do seu quarto. Trazia uma faca, teria atingido o limite e sabe-se lá porquê revoltou-se e preparava-se para aniquilar a filha.
- Que pensas fazer com essa faca? Era do pai. – perguntou Ayano tentando manter a calma.
- Enganaste é nossa, minha e do teu pai. E tu já não pertences aqui. Vou fazer com que se cumpra o destino. – respondeu a mãe com um ar doido e obsessivo, como se estivesse num campo e Ayano fosse a sua presa.
Era desta, o ponto extremo da demência tinha sido atingido. E agora, como reagiria Ayano? O que fazer?
Bem, na verdade não teve qualquer reacção, era a mãe e ela também não se encontrava de bem com a vida.
Quando estava prestes a ser atacada, algo de milagroso aconteceu, a avó entrou e antes que a mãe pudesse executar qualquer golpe sob a pequena, esta lançou um shuriken que lhe penetrou no seu cachaço, paralizando-a e consequentemente assassinando-a.
Entretanto, a avó de Ayano, já se tinha dado como assassina no entanto, tudo em prol do bem da pequena. Assim esta teve várias audiências e ao fim de um ano, mesmo assim é dada como culpada.
Ayano não aguentara aquela notícia, e num pranto desatou a chorar. Agora nada lhe prendia a Konoha, aquele sitio apenas lhe trazia más recordações e por isso tomou uma decisão abandonar a vila, fazendo a seguinte promessa “Juro voltar, quando saíres estarei cá por ti, à tua espera, mas por favor não me peças para ficar, não suporto estar mais neste sítio, neste ambiente, nesta melancolia, adoro-te e por isso por favor mantém-te forte como és, obrigada por tudo avó”. Esta por sua vez fora entregue posteriormente à avó visto que Ayano não tinha estômago para lidar com tal situação.
Pondo isto, mal a avó foi presa, Ayano seguiu para casa a chorar. Fez a mala. Levou apenas o indispensável (algumas roupas, dinheiro, água, comida e shurikens). Fechou a porta de casa, limpou as lágrimas, apesar de sentir uma imensa tristeza, não só pela sua avó ter ido parar à cadeia em sua defesa mas também pelo constrangimento das acções da sua mãe. No entanto, Ayano iria ligar aos últimos conselhos da avó “Segue em frente, faz o teu melhor, estarei sempre contigo” e por isso, partiu em caminho para o desconhecido sem grandes medos pois julgava que nada de pior poderia acontecer…