Era uma manhã silenciosa, apenas se ouvia a leve brisa acariciar as folhas das árvores, o rápido correr do rio que se estendia até onde a vista alcançava e para lá dela, o murmurar da erva á medida que era pisada e remexida pelos rápidos passos de um Shinobi.
De salto em salto ia subindo a íngreme montanha onde “dormia” Kumogakure. Avancei ao longo das duas da pacífica e deserta vila, a maioria das pessoas descansavam ainda na segurança das suas casas enquanto eu revia novamente as acolhedoras ruas de Kumogakure. Tomei o meu tempo para aproveitar ao máximo o meu retorno, recordar os momentos que ali havia passado. À medida que subia ao todo da imponente montanha a visibilidade reduzia e mergulhava entre nuvens mais baixas que ocultavam o edifício do Raikage. Furtivamente infiltrei-me no edifico do Raikage sem dar vistas e dirigi-me ao seu gabinete. Abri a porta lentamente e entrei no gabinete ainda vazio. Comecei a ouvir passos vindo do exterior e a maçaneta da porta a abrir, o Raikage entrou no seu gabinete e agiu como se não me visse de cabeça para baixo preso ao tecto. A sua cara passou a centímetros da minha e dirigiu-se a sua cadeira, onde se sentou. Fez-se um momento de silêncio.
- Vejo que voltas-te do teu treino Vitan. – Disse o Raikage numa voz lenta e pautada.
- Sim, cheguei mesmo agora e não perdi tempo para visitar o meu Kage favorito. – Respondi rindo-me.
- Poupa-me Vitan… e então que tal? Ainda não tínhamos saudades tuas.
- Eu sei, não sou pessoa de deixar saudades, gosto de as levar todas comigo. Foi duro mas ainda voltei praticamente inteiro. – Enquanto estava de cabeça para baixo uma das minhas ligaduras soltou-se e escapuliu-se ligeiramente pela manga, rapidamente apressei-me a enrola-la de volta.
- Que foi isso? – Perguntou o Raikage curioso.
- Nada, nada, não é nada.
- Vitan, isso era uma ligadura?
- Não é nada.
- Vitan, como Raikage exijo que me mostres! – Disse o Raikage batendo com a mão na mesa.
- Bah, pronto.
Arregacei as mangas revelando as ligaduras que me cobriam todo o antebraço.
- Que é isso? – Perguntou o Raikage surpreso.
- O resultado de 3 meses de treino. – Respondi com um sorriso no rosto.
- Mas que aconteceu?
- Queimaduras internas no braço direito e nervos e músculos rasgado no braço esquerdo. – Respondi para choque de Denkou.
- Isso é sequer possível?
- É bem possível acredita, passei muitas noites sem dormir devido as dores.
- Mas que raio de treino masoquista foste submetido?
- Isso já não te posso revelar, são coisas das quais não posso falar, espero que compreendas. – Respondi voltando a ocultar as ligaduras com as mangas.
- Nem eu sei se quero realmente saber, mas assim temos um problema…
- Então?
- Tinha uma missão para ti, mas nesses estado nem sei se conseguirás executar jutsus decentemente…
- Sabes bem que eu não sou de mariquices, qual é a missão? – Perguntei decidido em partir em missão logo após ter regressado de treino.
- Recebemos informações acerca do paradeiro de Murimoto, ao quer parece ele está escondido num dos vales a sul da vila onde se tem mantido em segredo. Foi avaliado como Nukennin de Rank B, mas decidi guardar esta missão para ti, acho que tem contas a ajustar. – Explicou o Raikage com um sorriso de desafio no rosto.
- Até sem braços eu dava uma coça nesse traidor, é com todo o prazer que vou nessa missão. – Respondi recebendo uma folha com informações.
- Tem cuidado, e passa por Tanigakure antes de abalares, de certeza que têm saudades tuas por lá.
- Assim o farei. – Dito isto sai do escritório determinado em encontrar Murimoto e faze-lo pagar pelo que fez.