─ Isto é uma espécie de portal. – Disse o Conselheiro ao retirar um objecto em pedra com uma concavidade onde jorrava água cristalina. – Leva-o contigo e depois poderás regressar aqui para nos informares se descobris-te um bom sítio para vivermos.
─ Certo! – Concordou Nagatsu. – Mas não seria melhor levar alguém comigo, alguém mais experiente daqui do reino?
─ Sim, eu vou contigo. – Disse o Conselheiro.
Nagatsu agarrou no portal que anteriormente servira para conectar diferentes reinos e colocou-o nas costas preparado para sair dali. Lembrava-se agora que tinha ainda de enfrentar Taka, acabar com o combate e talvez perdoa-la, o rapaz não queria nada disso. Por intermédio de fumo branco e puro o Conselheiro e depois Nagatsu desapareceram do Reino dos Lagartos.
Voltou a ver as paisagens verdes escuras que tinha presenciado anteriormente, ainda chovia densamente e Taka encontrava-se encostada no ombro de Monda a chorar desalmadamente. A sensei da equipa doze contara a Monda tudo o que se tinha passado e as gotas que lhe caíam pela face, eram de tristeza.
─ Olha, Taka, é o Nagatsu e um daqueles lagartos. – Gritou Monda sacudindo a rapariga do seu ombro.
─ Voltei Monda, temos de falar. – Disse Nagatsu.
─ Já sabes de tudo? – Perguntou Taka.
─ Temos que falar Monda. – Repetiu Nagatsu ignorando a sua ex-namorada.
─ Diz diz. – Respondeu rapidamente para que Taka não interviesse.
─ Tenho que ajudar os lagartos a encontrar uma nova casa. – Pausa. – Ajudas-me?
─ Claro claro. Preciso de fugir do País da Onda, e podia aproveitar para aprender algo contigo.
─ Sendo assim estamos de partida. – Disse Nagatsu.
O Conselheiro aproveitava para conhecer melhor aquele rapaz que Nagatsu dizia ser um amigo de viagem. Na tenda resguardada da chuva o lagarto verde colocava o portal a um canto bem protegido de qualquer perigo. Num instante o nukenin levantou-se, com um movimento do braço esquerdo arredou a cortina de folhas e olhou para Taka à chuva. Apesar de não querer, ele não resistiu, pegou-lhe pela cintura e rodou-a para si, nisto surpreendeu a rapariga ao dar-lhe um beijo afogado pela chuva. Ela agarrou-se a ele fortemente como se não o quisesse largar nunca mais. Um som rouco e seco da garganta do Conselheiro acompanhado por uma risada de Monda interrompeu os enamorados.
─ Nagatsu penso que está na altura de partirmos. – Disse o Conselheiro.
─ Claro, Conselheiro-sama. – Respondeu Nagatsu prontamente.
─ Desculpem... Eu sei o sítio ideal. – Nisto os olhares desviaram-se para Taka. – Perto de do País do Vento existe uma pequena ilha muito sombria na qual ninguém entra, por duas razões: a primeira é que é envolta numa névoa densa e que provoca ilusões como se fosse um genjutsu a segunda é porque mesmo que entrassem lá não havia nada de especial.
─ Estou a perceber, se ninguém souber que os Lagartos habitam lá, ninguém lá vai. – Disse Monda.
─ Exacto, os pequenos contrabandistas que tentam lá entrar acabam presos em ilusões e depois a ilha tem um clima muito desregulado, ora neva num dia e no dia a seguir faz calor infernal.
─ Hmm. – Suspirou o Conselheiro. – Nós lagartos adaptamos-se muito facilmente a qualquer tipo de clima, agrada-me.
─ Então vamos, quanto mais rápido melhor.
Arrumaram os seus pertences e colocaram mochilas às costas prontos para seguirem viagem. Estavam actualmente no País da Onda, ainda tinham de percorrer bastante caminho. Como Nagatsu já havia ensinado Monda o Mizu no Kinobiri decidiram ir por mar, para evitar problemas com ninjas.
Alguns dias passaram-se, o grupo continuava a sua jornada pelo mar e nestes dias nunca haviam dormido ou se quer parado para descansar. Para comer, retiravam os alimentos das mochilas, preparados antes de começarem a viagem. Monda estava ligeiramente adoentado, num dos dias a chuva tinha caído fortemente sobre os seus corpos e Monda não era um rapaz saudável, adoecia facilmente segundo ele próprio.
Nagatsu ia entretido a olhar para a água límpida e a ver um cardume que os seguia desde algum tempo atrás. Algo de estanho aconteceu e uma agitação enorme foi provocada no cardume que voltou para trás a toda a velocidade. Nagatsu olhou para a frente e viu um nevoeiro branco e denso.
─ Chegamos!? – Perguntou Nagatsu para Taka.
─ Creio que sim.
─ Menina Taka, acha mesmo que isto será um bom sítio para os Lagartos habitarem? – Perguntou o Concelheiro com todo o respeito.
─ Conselheiro-sama, como lhe disse nunca visitei a ilha mas pelo que ouvi dizer está deserta e é de difícil acesso.
─ Vamos entrar então. – Disse o lagarto.
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