Selim ergueu-se lesto do acampamento improvisado, e deparou-se com Daitsu, que segurava um pergaminho na mão esquerda, e avançava despreocupadamente pelas ruínas.
- Que fazes aqui? - Perguntou serenamente.
Daitsu voltou-se rapidamente.
- Ah! Não esperava ver-te aqui – disse sorrindo despreocupadamente – Encontrei este pergaminho por aqui, enquanto treinava, e vou levá-lo para estudar, e tu?
Mas Selim não lhe respondeu. Conheceu na cobertura do pergaminho o símbolo que o pai tinha tatuado no braço. Daitsu encontrara, por acaso, o que ele procurara durante dias.
- Dá-mo, pertencia ao meu clã – ordenou.
- Hum.. – reflectiu o colega – Não me parece. Não tens provas disso e não há razão nenhuma para to dar.
- Não te quero magoar, mas se tiver que ser.. – Indagou Selim.
- Achas que consegues? – riu o Genin enquanto desembainhava uma katana.
O seu parceiro não se pôs com meias medidas e agarrou a sua Sanju Gai. Correu velozmente sobre o piso branco das ruínas, e as suas lâminas colidiram com a espada de Daitsu que tiniu e faiscou. Selim tentou pontapeá-lo, mas o colega esquivou-se velozmente, e com um shunshin apareceu alguns metros atrás.
Sem lhe dar tempo, Selim correu rapidamente, segurando a foice com uma só mão, e Daitsu saltou sobre ele, mas se pretendia que o colega o enfrentasse, não resultou, Selim continuou a correr, em direcção ao rio próximo, tentando concentrar chakra e Daitsu seguiu-o.
Quando atingiu a água, Selim voltou-se, mas a espada de Daitsu já estava próxima, demasiada próxima. Mas o seu corpo desvaneceu-se em pétalas de cerejeira, e o seu inimigo observou espantado, mas atento, o estranho efeito do seu ataque. As pétalas rodopiaram rapidamente, concentrando-se atrás de Daitsu, de onde avançava agora Selim com a sua foice. Conseguiu por fim atingir o colega no ombro, de raspão no entanto. Este, moveu-se para trás com um shunshin.
- Katon: Goukakyu no Jutsu!- bradou o rapaz agora positivamente irritado.
O seu ataque atingiu Selim, ou melhor, o seu clone, que se desfez em água.
- Não vai se assim tão fácil – disse um Selim, talvez sobrestimando-se.
- Nunca disse que seria – sussurrou uma voz ao seu ouvido, enquanto lhe aplicava um potente pontapé rodopiando.
O Genin voou e caiu desamparado no chão duro, enquanto o seu adversário saltava atrás dele. Interpôs rapidamente a foice entre o seu ombro e o fio da espada do inimigo, pois tal o considerava, de ora em diante.
Enquanto Daitsu se afastava, Selim levantou-se lentamente.
- Podemos fazer isto a bem ou a mal, decide.
- Pfff.. Não passas dum idiota egocêntrico. Eu e o meu irmão crescemos, aceita-o. Aceita-o – ordenou.
- Quão vão da tua parte. – disse calmamente Selim - E chamas-me a mim egocêntrico? Que inútil.
E embora Daitsu não o soubesse, tinha já um plano de batalha. Utilizaria a água em seu proveito, afinal de contas, era o seu elemento. Com isto agarrou na foice e com um shunshin recuou para o riacho atrás de si, e sobre a água concentrou chakra.
O seu inimigo avançou, lançando kunais com precisão, que Selim desviou para longe com a foice. Enquanto o fazia, Daitsu saltava por cima dele atirando uma última kunai, desviada por Selim. Mas não era tudo, efectuou um golpe certeiro de katana que atingiu o adversário no braço, fazendo o sangue jorrar, mas não sem ele próprio ser atingido no ombro pela enorme foice, afastando-se. Enquanto este se afastava, Selim efectuava selos a grande velocidade.
- Kirigakure no Jutsu – somente a pronúncia destas palavras foi suficiente para fazer o rapaz moreno recuar rapidamente. Uma vez mais, Selim fez brotar do rio alguns clones, e desvaneceu o nevoeiro.
Juntos atacaram, lançando kunais, com a maior precisão que lhes era possível, com tantas facas a voar ao mesmo tempo. Daitsu esquivou-se das primeiras cinco, mas enquanto lançavam a segunda onde, os clones faziam selos, e utilizando a humidade do ar, quadruplicaram o número de facas que iam em direcção ao shinobi, sem piedade.
Daitsu desvaneceu-se em fumo, surgindo em seu lugar uma pedra próxima. Alguns metros à esquerda, a silhueta ensanguentada do Genin surgia, pois embora tivesse evitado alguns danos, não tinha esquivado todas as facas, sendo que a maior parte delas se desvanecia agora em água, deixando apenas a ferida ensanguentada como prova.
Enquanto avançava em direcção ao seu inimigo, serena a calmamente pelo rio, Selim sorria, enquanto punha a foice às costas.
- Ikazuchi no Kiba!
Fulminante e veloz um raio caiu do céu, a centímetros do local onde Selim estava, espalhando-se através da água, electrocutando o Genin, que caiu dentro de água com um estrondo, momentaneamente paralisado. Eru aproximou-se do irmão ferido e pôs-se em posição para o proteger, com uma katana em cada mão.
Selim arrastou-se para fora da água, atrapalhado pelo peso da arma que carregava às costas, ainda em estado de choque, literalmente.
- Eru – disse somente – Não esperava ver-te aqui. O teu irmão roubou algo que pertencia ao meu clã. Não quero lutar, devolve-me o pergaminho e evitamos problemas.
Mas Eru não cria nas suas palavras, e manteve-se firme, estável e seguro. Contudo, Selim havia desperdiçado demasiado chakra com Daitsu, não aguentaria muito tempo com Eru. Tinha de acabar com a batalha. Mas enquanto pensava, Eru fez algo inesperado, e muito contrário ao seu estilo de luta. Avançou com um shunshin e pontapeou Selim, que embateu numa rocha, produzindo um som seco. Avançou uma vez mais contra o Genin enfraquecido que se desfez em pétalas, que rapidamente se juntaram perto do riacho, que estava a não mais do que alguns metros de distância. Rapidamente, o rapaz de olhos azuis efectuou alguns selos, e juntou as katanas, no meio das quais surgiu como uma esfera de electricidade.
- Raikyuu!
Mas enquanto dizia estas palavras já o nevoeiro conjurado por Selim envolvia a área, impossibilitando-o de acertar no Genin seu inimigo.
Parou, à escuta, esperando um ataque vindo de qualquer lado, que nunca chegou. A cada momento, gotículas de água condensavam-se na sua pele, fazendo-o sentir-se desconfortável, mas não se comparava sequer ao deplorável estado em que o seu adversário se encontrava. O suor escorria pelo seu corpo, e a água do ar condensava em contacto com o seu corpo quente. O seu coração batia descompassada e desenfreadamente, e a sua face perdera toda a postura, tornara-se por momentos animalesca, com a fúria, e as pupilas nos seus olhos estavam reduzidas a fendas, como as de uma serpente. Já não lhe restava muito chakra, só aguentaria mais um ataque, mais do que isso e morria. Decidiu-se, por fim, e concentrou chakra, enquanto fazia complicadas sequências de selos.
Em frente a Eru, todo nevoeiro se condensou numa massa imensa, ao início disforme, mas que lentamente tomou a forma de Selim, e se pôs em guarda. Sem meias medidas, Daitsu avançou com um shunshin, socou o clone e terminou a sua ruína com um raikyuu. Quando o clone se desfez em água, viu Selim atrás dele. Fitou-o nos olhos por uma só fracção de segundo. Foi suficiente. Os olhos verdes do Genin foram reflectidos no azul intenso do olhar do adversário, e por este contacto todo o ódio foi canalizado. Todo o seu desejo de vingança que o mantivera vivo, todo o ódio que sentia pelos irmãos que lhe tentavam tirar o que era seu por direito, isso não tolerava. Para Eru, o mundo perdeu a cor, enquanto via a morte desenrolar-se diante dos seus olhos, e ouvia os seus próprios gritos de agonia na ilusão de morte. Selim aproximou-se, sem pestanejar ou quebrar o contacto visual. Ergueu a foice, enquanto o seu adversário observava impotente. A foice caiu, e o seu cabo acertou com força na nuca de Eru, que perdeu os sentidos. Com a pouca força que lhe restava, arrastou Eru para junto do irmão, e ligou as feridas de ambos.
Já sem forças, tirou o pergaminho da mão de Daitsu e levou-o consigo. Caminhou enquanto pôde, depois gatinhou, e por fim arrastou-a até um alçapão dum edifício próximo, e deixou-se cair na cave escura, com um ruído seco. Fechou por fim os olhos e não ouviu mais nada.
((perdoem-se a falta OST, prometo que no próximo há uma bonita)